24 fevereiro 2021

Lição 09 – Vivendo o Fervor Espiritual

Crédito da imagem: Editora CPAD


TEXTO ÁUREO:

“E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito.” (Ef 5.18)


VERDADE PRÁTICA:

“Ser cheio do Espírito pode se referir tanto ao batismo no Espírito Santo como também à vida plena no Espírito.”


HINOS SUGERIDOS: 153, 155, 556  da Harpa Cristã


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Efésios 5.15-20


15 – Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios,

16 – remindo o tempo, porquanto os dias são maus.

17 – Pelo que não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor.

18 – E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito,

19 – falando entre vós com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração,

20 – dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo.


INTRODUÇÃO


Na semana passada, estudamos sobre o nosso compromisso com a Palavra de Deus. Vimos que a Bíblia é nosso único manual de fé e doutrina e que não baseamos as nossas crenças em opinião humana ou nas emoções. Estudamos o princípio da Reforma Protestante "Sola Scriptura", que indica a autoridade suprema da Bíblia nas questões de fé e conduta para a vida cristã. 

Falamos sobre o zelo para com a boa doutrina e que os nossos credos e confissões de fé não são frutos da opinião humana. Eles são fundamentados obrigatoriamente na Palavra de Deus.

Por último, vimos os cuidados que devemos ter em relação aos modismos que surgem no meio da Igreja e como estes devem ser combatidos por meio da apologética cristã. 


Na lição desta semana, vamos falar sobre o fervor espiritual. No primeiro tópico, estudaremos a importância da devoção pela oração e leitura da Palavra, viver sábio e aproveitamento consciente do tempo, como sinais de uma vida de fervor espiritual. 


No segundo tópico, trataremos do viver cheio do Espírito em oposição à vida em contendas, confusão e devassidão. Em Efésios 5.18, Paulo exorta os crentes a “encherem-se do Espírito, e não se embriagarem com vinho”, mostrando que uma coisa é oposta à outra.


Por último, trataremos a respeito da vigilância contra a frieza espiritual. A frieza espiritual paralisa o crente e, consequentemente, o leva à degeneração moral e até à morte espiritual. Um dos requisitos exigidos para o exercício do diaconato em Atos 6 é “ser cheio do Espírito Santo”. O apóstolo Paulo nos mostra três características de alguém que é cheio do Espírito Santo: o testemunho transbordante, a vida de gratidão e de submissão. Veremos no terceiro tópico, os detalhes de cada uma delas. 


I – A IMPORTÂNCIA DA DEVOÇÃO PELA PALAVRA E ORAÇÃO


A vida devocional é fundamental para a sobrevivência espiritual do crente.  Assim como o corpo físico necessita de boa alimentação e exercícios físicos para estar saudável, com o nosso espírito acontece a mesma coisa. O crente que não pratica as disciplinas da vida cristã, esfria na fé e pode até morrer. 


1. Devoção. A palavra devoção vem do latim “devotio” e significa dedicação às coisas religiosas; culto especial a um santo; práticas religiosas. Os católicos usam muito esta palavra em relação aos santos. Quando alguém segue a um determinado santo, dizem que é devoto dele. Do ponto de vista evangélico, devoção é o apego, dedicação e zelo às coisas de Deus. A nossa devoção se evidencia na nossa dedicação à oração, jejum, leitura e meditação na Palavra de Deus. Entretanto, é preciso tomar cuidado para que a nossa devoção não se torne motivo de auto exaltação como faziam os fariseus.  

2. A oração e a Palavra. A oração e o estudo da Palavra de Deus são indispensáveis ao crente. Os dois devem caminhar juntos e um não substitui o outro. Por meio da oração, o crente fala com Deus, adorando, agradecendo e intercedendo por si e pelos outros. O senhor Jesus é o nosso maior exemplo de oração. Mesmo sendo Deus, Ele viveu como ser humano nesta terra e, como tal, orava constantemente ao Pai. O estudo da Palavra de Deus, por sua vez, nos torna sábios e prudentes (2 Tm 3.15; Sl 119.100). Através da Palavra de Deus, Ele fala conosco. Jesus disse que é a Sua Palavra que testifica dEle (Jo 5.39). Oração sem Palavra de Deus se torna fanatismo e conduz o crente às heresias, por falta de entendimento. Por outro lado, estudo bíblico sem oração se torna intelectualismo vazio e sem comunhão com o Espírito Santo. 3. O viver sabiamente (v.15). O apóstolo Paulo faz um contraste entre a vida sábia do cristão e a insensatez dos pagãos. No versículo 15, ele usa a palavra grega “asophos”, traduzida como “néscio”, que significa “tolo”, “sem juízo”. No versículo 17, Paulo usa a palavra “aphron” também traduzida como “néscio” e contrasta com aquele que não entende a vontade do Senhor. Sendo assim, viver uma vida sábia é viver segundo a vontade de Deus. O principal ponto destacado por Paulo para uma vida sábia neste mundo é “remindo o tempo”. 4. Remindo o tempo (v. 17). A Nova Versão Internacional (NVI) traduziu a expressão “remindo o tempo” por “aproveitando as oportunidades''. Remir pode significar comprar de novo, resgatar algo, ou aproveitar melhor. Nesse texto, este último faz mais sentido, pois, o apóstolo fala da razão pela qual devemos remir o tempo: os dias são maus.


Na língua grega existem três palavras para tempo: 

a. Chronos. Tempo cronológico (anos, meses, dias, horas, minutos e segundos); 

b. Kairós. Tempo propício, ou oportunidade; 

c. Aion. Tempo indefinido ou eterno. Este é o tempo de Deus. Ele não está sujeito ao tempo cronológico ou às ocasiões. Ele age quando quiser, pois, um dia para Ele é como mil anos e mil anos como um dia. 


Paulo usa a palavra "Kairós", indicando que o cristão deve “remir o tempo”, ou aproveitar as oportunidades para fazer algo para Deus e em prol dos perdidos. Escrevendo a Timóteo, no capítulo 4, versículo 2, Paulo recomenda que ele pregue a Palavra “em tempo e fora de tempo”. Ou seja, em tempo oportuno, com tudo planejado, ou de improviso, criando oportunidades para a evangelização. 


II – A IMPORTÂNCIA EM MANTER-SE “CHEIO DO ESPÍRITO”

Não podemos confundir a expressão “foram cheios do Espírito Santo” do dia de Pentecostes (At 2.4) com o “enchei-vos do Espírito” de Efésios 5.18. Os discípulos no dia de Pentecostes foram cheios do Espírito Santo. Ou seja, eles receberam uma capacitação sobrenatural, para testemunhar com ousadia, do Evangelho de Cristo. Mas, aquela ação do Espírito foi uma única vez. Em Efésios 5.18, Paulo recomenda que os crentes não se embriaguem com vinho mas, encham-se do Espírito Santo, fazendo um contraste entre a vida de alguém embriagado e alguém cheio do Espírito. Esta seção de Efésios, que vai de 4.17 a 5.21, tem vários contrastes, entre o modo de vida dos crentes antes e depois de conhecerem a Cristo; o velho homem e o novo; as obras das trevas e as da luz; os néscios e os sábios; e os que se embriagam com vinhos e os que são cheios do Espírito.
1. “E não vos embriagueis com vinho” (v.18a). O vinho na Bíblia sempre aparece de forma negativa. Em Provérbios 23.31, o vinho é comparado ao veneno de uma serpente. Os sacerdotes e nazireus não podiam beber vinho ou bebida forte (Lv 10:8-10). Aos reis também não era recomendado beber vinho ou bebida forte, para não tomar decisões impensadas. (Pv 31.4; Isaías 28:7-8). Há também muitos relatos de pessoas que cometeram erros graves, por causa da embriaguez: Noé (Gn 9.20); Ló (Gn 19.33); Belsazar (Dn 5); etc. 

Paulo diz: “Não vos embriagueis com vinho em que há contenda…”. A palavra traduzida por contenda também significa devassidão e dissolução. Então, as atitudes de uma pessoa embriagada são incompatíveis com as de um cristão cheio o Espírito. Infelizmente, há teólogos liberais ensinando que não há problema em o crente consumir vinho e outras bebidas alcoólicas, desde que não se embriague. Eu, porém, não recomendo nenhum tipo de bebida embriagante, pois, além de causar diversos males à saúde, pode viciar e levar a pessoa ao alcoolismo. Um abismo chama outro abismo. 


2. “… Mas enchei-vos do Espírito” (v.18b). O tempo verbal de “enchei-vos”, denota uma ação contínua. Existem dois tipos de imperativos, na conjugação dos verbos gregos: O tempo aoristo, que indica uma ação única; e o tempo presente, que indica uma ação contínua. Por exemplo, em João 2, Jesus manda encher as talhas de água, usando o imperativo aoristo, indicando que as talhas seriam enchidas uma única vez, até completar. Paulo, no entanto, usa o imperativo no presente, exortando aos efésios que eles deveriam encher-se do Espírito, em uma ação contínua. A Obra do Espírito Santo é dinâmica e não automática, onde alguém recebe o batismo no Espírito Santo e estaciona. 


3. Não confundir com o batismo no Espírito Santo. Na lição 3, nós estudamos sobre ser cheio do Espírito Santo, fazendo referência ao batismo no Espírito Santo. Já vimos também que o batismo no Espírito Santo é diferente da entrada do Espírito Santo no crente, que ocorre no momento da sua conversão. Aqui, Paulo fala de alguém que já foi batizado no Espírito Santo, mas, necessita manter-se cheio do Espírito, contrastando com alguém que está embriagado com vinho e vive em contendas, confusões e devassidão. O crente cheio do Espírito Santo, tem em sua vida o Fruto do Espírito que se evidencia em nove virtudes: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão e domínio próprio. (Gl 5.22).


III – VIGILANTES CONTRA A FRIEZA ESPIRITUAL


Na ocasião da escolha dos diáconos, em Atos 6, os apóstolos recomendaram a escolha de seis homens que tivessem “boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria”. Depois, nas recomendações para o episcopado e diaconato, em 1 Timóteo 3 e Tito 2, Paulo não traz a recomendação para que sejam cheios do Espírito Santo. Mas, ele coloca uma série de exigências, que são características de alguém que é cheio do Espírito Santo: Irrepreensível, de bom testemunho, não neófito, não avarento, não dado ao vivo, não espancador, moderado, marido de uma só mulher, honesto, apto para ensinar, etc. 

Como, então, saber se alguém é cheio do Espírito Santo? Pelas línguas que ele fala? pelo barulho que faz nos cultos? Paulo nos apresenta pelo menos três pontos a serem observados: o testemunho transbordante, a vida de gratidão e a submissão.


1. Testemunho transbordante (v.19). A forma como alguém testifica de Cristo, seja através de cânticos, de pregações ou de diálogo com as pessoas, pode evidenciar se ele é cheio do Espírito Santo ou não. Jesus disse que a boca fala daquilo que o coração está cheio. (Mt 12.34). Alguém que está cheio do Espírito Santo tem uma linguagem sadia e fala sempre das coisas de Deus. É inconcebível alguém que se diz cheio do Espírito Santo falar palavrões, contar piadas imorais e viver zombando dos outros o tempo todo.  

2.  Dar graça em tudo (v.20). Toda reclamação ou murmuração contra Deus é injusta. Deus fez e faz por nós, muito mais do que nós merecemos. Alguém cheio do Espírito Santo será sempre grato a Deus por tudo, pois,, reconhece-se como um pecador remido, que estava morto em seus pecados e ofensas e foi salvo por Cristo. Paulo diz em 1 Ts 4.3: “Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco.” (1Ts 5.18). Quando vir algum crente que vive reclamando de tudo e ameaçando sair da Igreja por qualquer motivo, saiba que o tal não tem uma vida cheia do Espírito Santo.


3. Sujeição (v.21). A arrogância, soberba e auto exaltação são incompatíveis com um crente cheio do Espírito Santo. A Bíblia nos recomenda a sujeição uns aos outros (Ef 5.21); às autoridades constituídas (Rm 13.1); aos pais (Ef 6.1,2); ao esposo (Ef 5.22). aos patrões (Ef 6.5); aos pastores (Hb 13.17). A submissão é derivada da humildade. Quem não é humilde, jamais será submisso. Jesus é o nosso maior exemplo de submissão e humildade. Mesmo sendo Deus, Ele veio a este mundo e sujeitou-se aos seus pais terrenos, às autoridades e, principalmente, ao Pai. Em Mateus 11.29. Jesus nos diz para aprendermos dele, que é “manso e humilde de coração”. 


CONCLUSÃO


Aprendemos nesta lição o que significa ser cheio do Espírito Santo. O fervor espiritual é característico de quem pratica a sua devoção diária através da oração e meditação na Palavra de Deus e vive constantemente cheio do Espírito Santo. O viver cheio do Espírito Santo consiste em viver sábio, aproveitando as oportunidades, sendo grato a Deus por tudo e considerando os outros superiores a si mesmo. 


Pb. Weliano Pires

Assembléia de Deus

Ministério do Belém

São Carlos, SP


REFERÊNCIAS: 

Lições Bíblicas. Rio de Janeiro: CPAD, 1º Trimestre de 2021.

Ensinador Cristão. Rio de Janeiro: CPAD, 1º Trimestre de 2021.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento: Romanos – Apocalipse. Vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p.451).

GEE, Donald. Como Receber o Batismo no Espírito Santo: Vivendo e testemunhando com poder. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, pp.43-44.


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