Na semana passada, estudamos sobre a liberdade e reverência no culto a Deus. Vimos o conceito do culto pentecostal e o equilíbrio que deve haver entre a liberdade e a reverência no culto; ressaltamos que o Senhor Jesus deve ser o centro da nossa adoração e da mensagem que pregamos; por último, vimos alguns aspectos da liturgia pentecostal e assembleiana.
Na lição desta semana, trataremos sobre o nosso compromisso com a Palavra de Deus. Nós, os evangélicos, genuinamente pentecostais, diferente do que nos acusam os cessacionistas, temos a Bíblia como nosso único manual de fé e doutrina. Nós não baseamos as nossas crenças em opinião humana ou nas emoções. Seguimos o princípio da Reforma Protestante "Sola Scriptura", que indica a autoridade suprema da Bíblia nas questões de fé e conduta para a vida cristã.
Estudaremos sobre o zelo para com a boa doutrina. Os nossos credos e confissões de fé não são frutos da opinião humana. São fundamentados obrigatoriamente na Palavra de Deus.
Por último, trataremos dos cuidados que devemos ter em relação aos modismos que surgem no meio da Igreja e como estes devem ser combatidos por meio da apologética cristã.
I – A AUTORIDADE DA BÍBLIA
A Reforma Protestante, no Século XVI, pode ser resumida em cinco pilares: Sola Gratia (Somente a Graça), Sola Fide (Somente a Fé), Solus Christus (Somente Cristo), Sola Scriptura (Somente a Escritura) e Soli Deo Glória (Somente a Deus a Glória). Na lição de hoje, destacaremos um destes pilares, o “Sola Scriptura”.
1. Sola Scriptura. A Igreja medieval havia abandonado a suficiência das Escrituras e estava contaminada por vários ensinos e práticas do paganismo: pregavam a salvação mediante obras e sacrifícios; vendiam indulgências e relíquias; criaram supostos mediadores entre Deus e a humanidade; restringiram o uso das Escrituras ao Clero; criaram a doutrina do Purgatório, um suposto lugar intermediário entre o Céu e o Inferno; Deram à tradição o mesmo valor e até mais do que a Escritura, etc. Diante deste quadro desolador, os reformadores Martinho Lutero, Ulrico Zuínglio, João Calvino, e outros reafirmaram o princípio bíblico de que somente a Escritura tem autoridade para doutrinar a Igreja (Sola Scriptura).
Ainda hoje, muitas religiões que se dizem cristãs, dão a outros escritos, profecias, tradições, a palavra dos seus líderes, experiências sobrenaturais, etc. a mesma autoridade da Bíblia. Os adventistas consideram os escritos de Ellen G. White, como o espírito da profecia e dão a eles o mesmo valor das Escrituras. “CREMOS QUE:… Ellen White foi inspirada pelo Espírito Santo, e que os seus escritos, o produto dessa inspiração, têm aplicação para os Adventistas do Sétimo Dia… NEGAMOS QUE: A qualidade ou grau de inspiração dos escritos de Ellen White sejam diferentes dos encontrados nas Escrituras Sagradas. (Revista Adventista, fev. 1984, pág. 37).
Os Mórmons, fazem o mesmo com o Livro de Mórmon; os Católicos dizem crer na Bíblia, mas a consideram inferior à tradição e ao magistério da Igreja; as Testemunhas de Jeová, adulteram a tradução da Bíblia para adequá-la às suas crenças. Além disso, consideram a palavra do corpo governante indiscutível.
Não podemos, de forma alguma aceitar isso. A Palavra de Deus é inerrante, infalível, inspirada pelo Espírito Santo e, portanto, suficiente para o fundamento da nossa fé. Paulo disse que, "mesmo que um dos apóstolos, ou mesmo um anjo, boa anunciar outro Evangelho, além do que já vos tenho anunciado, seja anátema." (Gl 1.9).
2. Nossos fundamentos. Para os verdadeiros pentecostais, a Bíblia sempre foi o seu manual de fé e conduta. Os inimigos do Movimento Pentecostal costumam nos acusar de cremos num "Cânon aberto", ou seja na ideia de considerar as profecias e revelações como tendo autoridade igual à Bíblia, mas isso não procede. Nós cremos que a Palavra de Deus está completa. Não necessitamos de novas revelações doutrinárias. As profecias são para a exortação, edificação de consolação da Igreja, não para doutriná-la.
3. Não somos deístas. O deísmo acredita na Onipotência e Soberania de Deus, mas rejeita a sua imanência. Ou seja, acredita que Deus criou o Universo, estabeleceu leis físicas e morais para que funcionasse e se ausentou dele. Nós, os pentecostais, não somos deístas, somos teístas. Cremos na autoridade e suficiência das Escrituras. Isso não significa que Deus tenha deixado de se comunicar com o seu povo, através das Escrituras. Ele fala também, através dos dons espirituais, sonhos e visões. Entretanto, nenhuma experiência ou manifestação espiritual está no mesmo patamar da Bíblia.
II – ZELO PELA DOUTRINA
A Igreja Primitiva, além de evangelizar, fazia apologética cristã, ou seja a defesa das doutrinas fundamentais do Cristianismo. Apologética é a disciplina da teologia que trata da defesa das doutrinas bíblicas, contra as distorções e os ataques dos adeptos das seitas.
1. Ensino ou instrução. É muito comum, as pessoas confundirem doutrina, com costumes de um povo, ou regras de uma denominação. São coisas diferentes. Doutrina significa literalmente, ensino ou instrução. Doutrinas bíblicas, portanto, são os princípios fundamentais da fé Cristã, que estão na Bíblia.
As doutrinas bíblicas são universais e atemporais. Ou seja, são válidas em qualquer local e época. Aquilo que foi estabelecido como Doutrina para a Igreja do primeiro século, continua valendo para a Igreja do Século XXI.
Os costumes, por sua vez, são locais e temporais. O costume de um país não pode ser imposto a outro. Os costumes de uma época também não são válidos para outra época. Por exemplo, as roupas e o estilo de cabelo que se usavam no início da Assembleia de Deus, não são os mesmos de hoje.
As regras ou normas de uma denominação também variam de acordo com o estatuto, a forma de administração e época. Por exemplo, as Igrejas episcopais são diferentes das presbiterianas e das congregacionais. Desde que não contrariem os princípios bíblicos, não há nenhum problema em serem diferentes.
2. O conteúdo da fé. Quando lemos a Bíblia, percebemos que ela fala sobre diversos assuntos. No Antigo Testamento temos: Lei, história, poesia e profecia. Em nossa Bíblia, seguindo a ordem da versão grega Septuaginta, os assuntos estão nesta ordem e não na ordem cronológica. No Novo Testamento temos: A vida e Obra do Senhor Jesus (Evangelhos) História da Igreja (Atos dos Apóstolos), Epístolas e revelação (Apocalipse). Além disso, temos as linguagens literal, figurativa e profética. Há também assuntos que foram escritos para Israel, em um determinado período e não para a Igreja.
Diante disso, ao longo da sua história, a Igreja estabeleceu, com base na Bíblia, o nosso credo e a nossa confissão de fé. O credo é um breve resumo dos pontos principais que nós cremos. A confissão de fé, por sua vez, é um documento oficial criado pela Igreja, com uma abrangência maior que o credo, como forma de defender as doutrinas bíblicas.
3. A nossa confissão de fé e a Bíblia. Tanto o credo, como a nossa declaração de fé não são de autoria particular, ou a opinião de algum líder da Igreja. Todos os pontos doutrinários precisam estar fundamentados na Palavra de Deus, interpretada corretamente, seguindo as regras da hermenêutica bíblica.
Na Bíblia não temos um credo completo ou uma declaração de fé, com todos as doutrinas, como temos hoje. Mas, temos declarações de vários pontos da Fé Cristã, em textos diferentes, que foram juntados posteriormente pela Igreja de forma sistemática, para facilitar o entendimento.
III – CUIDADO QUANTO AOS MODISMOS
Modismo significa literalmente aquilo que está na moda. Da mesma forma que ocorre com os estilos de roupas, no campo teológico também surgem novas modas e inovações.
O comentarista cita alguns modismos que surgiram nos anos 80 e 90, como o dente de ouro, o Movimento G-12, o cai-cai e a febre dos anjos.
No final dos anos 90, em algumas Igrejas em Goiânia, os seus adeptos afirmavam que os seus dentes cariados eram transformados em dentes de ouro. Depois, essa onda desapareceu e não se ouviu falar mais.
O Movimento G-12 foi fundado pelo pastor colombiano César Castellanos e implantado no Brasil pelo apóstolo Renê Terra Nova e outros. Este movimento consistia em encontros secretos, onde havia regressão psicólogica para libertação. São adeptos também da evangelização através de Grupos de 12 pessoas chamados de células. Muitas Igrejas tradicionais na época aderiram ao movimento.
O movimento dos anjos também foi um modismo dos anos 90, principalmente, nós EUA, na Assembleia de Deus de Boston, liderada pelo Pastor Ouriel de Jesus. Era anjo aparecendo para todo lado e falavam mais em anjo que no próprio Jesus. Infelizmente, em muitas campanhas e vigílias, esta prática ainda é muito comum.
Nos EUA também surgiu a prática de soprar e as pessoas caírem. O pastor Benny Hinn é um dos principais adeptos dessa prática. Há muitas outras práticas exóticas que surgem de tempos em tempos e depois desaparecem.
O que precisamos nos perguntar, quando aparece algum modismo é se isso tem base bíblica e se isso contribui de alguma forma para a pregação do Evangelho ou se glorifica a Deus.
2. “Procura apresentar-te a Deus aprovado”. O obreiro deve ser um homem de Deus e não um homem do povo. É a Deus que devemos procurar agradar e ser aprovado por Ele. Já no tempo dos apóstolos, a Igreja enfrentava as heresias dos judaizantes e dos gnósticos e os maus obreiros. Um líder da Igreja não pode ser covarde e medroso, nem fazer aquilo que o povo quer, a fim de ganhar popularidade. O obreiro deve ser fiel ao Senhor e à sua Palavra, custe o que custar.
3. Como obreiro que não tem de que se envergonhar. Literalmente, obreiro é alguém que trabalha em uma obra. Nos tempos bíblicos, seria um trabalhador do campo. No sentido figurado é alguém que trabalha no Reino de Deus, especialmente os que exercem algum ministério.
Paulo recomenda a Timóteo, que se apresente a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar. A conduta de um obreiro precisa ser ilibada e estar de acordo com aquilo que ele prega. O que envergonharia um obreiro diante de Deus? Se ele for um mentiroso, hipócrita, cínico, preguiçoso e não fizer aquilo que Deus mandou.
4. Que maneja bem a palavra da verdade. A palavra manejar no grego é "orthoroméo". Literalmente significa cortar em linha reta. Paulo a usa em sentido figurado, para fazer referência ao ensino correto das Escrituras. Ensinar corretamente a Palavra de Deus é estudá-la, interpretar corretamente e ensiná-la à Igreja sem distorcer, manipular, acrescentar ou diminuir nada. O obreiro de ensinar a Palavra de Deus como Ela é, usando linguagem sadia e boa educação. Não devemos jamais usar o púlpito da Igreja para atacar ninguém, jogar indiretas, fazer política ou se autopromover. Quem maneja bem a Palavra da Verdade prega somente o que a Bíblia diz. Isso vale também para o professor da Escola Dominical. Devemos nos ater ao assunto da lição e não ficar falando coisas que não convém, ou que não estão relacionadas ao tema.
CONCLUSÃO
A Palavra de Deus é o nosso único manual de fé e prática. Todas as nossas ações e ensinos, como Igreja do Senhor, devem ser pautadas pelas Escrituras. Nenhuma opinião humana, escritos, revelações, tradição, costumes ou modismos podem estar acima da autoridade da Bíblia. Brademos como os reformadores: Sola Scriptura!
Pb. Weliano Pires
Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Ministério do Belém
São Carlos - SP
REFERÊNCIAS:
REVISTA LIÇÕES BÍBLICAS. Rio de Janeiro: CPAD, 1º Trimestre 2021.
REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Rio de Janeiro: CPAD, 1º Trimestre 2021.
Declaração de Fé das Assembleias de Deus. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp.15, 27, 28.
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