11 abril 2024

POR QUE ENTRAR PELA PORTA ESTREITA É DIFÍCIL

(Comentário do 2º tópico da LIÇÃO 02: A ESCOLHA ENTRE A PORTA ESTREITA E A PORTA LARGA) 

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, veremos por que é difícil entrar pela porta estreita. A porta está aberta a todos que quiserem entrar, mas tem muitas dificuldades e se torna difícil, principalmente por causa da natureza pecaminosa do ser humano. Entretanto, esta porta conduz-nos à Vida eterna. Por outro lado, a ponta larga oferece facilidades e oportunidades de prazer neste mundo, mas conduz os que por ela entrarem à perdição eterna. 


1. Uma porta aberta, porém, difícil. Diferente do que ensinam os calvinistas, a porta da salvação está aberta a todos os que quiserem entrar por ela. Em muitos textos bíblicos encontramos convites de Jesus aos pecadores para virem a Ele (Mt 11.28; Lc 9.23; Ap 3.20). Jesus deseja que todos sejam salvos: “Quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade.” (1Tm 2.4). 


Hoje esta porta encontra-se aberta a todos os que quiserem entrar por ela, mas em breve, ela se fechará. A porta estreita encontra-se aberta e acessível a todos atualmente. Entretanto, é difícil entrar por esta porta, porque há dificuldades e impedimentos para entrar por ela. Em Mateus 16.24, Jesus colocou algumas condições para aqueles que desejam segui-lo: autonegação (negue-se a si mesmo), fazer escolhas certas, mesmo que sejam dolorosas (tomar a sua cruz) e seguir a Ele. Estas coisas não são fáceis para o ser humano. Isso só se torna possível com o novo nascimento, que é obra do Espírito Santo. 


Além da renúncia à própria natureza, outra coisa que torna a entrada pela porta estreita difícil é a chamada contra cultura. O mundo em que vivemos jaz no maligno e, portanto, anda na contramão dos valores cristãos e se opõe a eles. O Evangelho de Cristo é considerado ofensivo aos ouvidos da sociedade pós-moderna que não apenas vive  sem Deus, mas é contra Deus. 


No final do diálogo de Jesus com Nicodemos, Ele disse: “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.” (Jo 3.20). Atualmente, as pessoas aborrecem não apenas a Luz que é Jesus, mas aborrecem também todo aquele que prega a luz. A tolerância religiosa e harmonia inter-religiosa, que é tão falada hoje em dia, não se aplica ao Cristianismo.  Os cristãos são vistos como fundamentalistas e comparados aos terroristas muçulmanos. Em países de maioria islâmica, ser cristão consiste em um risco permanente de morte. 


2. As oportunidades da porta larga são atraentes. Do ponto de vista desta vida, a porta larga e o caminho espaçoso são atraentes e vantajosos. O salmista Asafe observou o estilo de vida dos ímpios e quase se desviou (Sl 73.2-16). O salmista viu que os ímpios prosperavam e passou a invejá-los. 


Na porta larga não há cobranças ou exigências. Antigamente, mesmo para as pessoas que não serviam a Deus, existiam alguns padrões morais que a sociedade exigia, principalmente para as mulheres. No caso dos homens, havia uma tolerância maior. Mas algumas práticas não eram bem vistas e os homens evitavam fazê-las publicamente. 


As pessoas que usavam drogas, praticavam o adultério, o homossexualismo, a prostituição e outras coisas, que são condenadas na Bíblia, faziam estas coisas às escondidas. Ter um filho ou parente que fosse usuário de drogas ou que foi preso, era vergonhoso. Hoje, tem mulheres que namoram com criminosos sabendo o que eles fazem e vão aos presídios fazer visitas íntimas. 


Atualmente, estas coisas são praticadas abertamente e até incentivadas. Quem pratica estas coisas é visto como pessoas de mente aberta. As mulheres andam seminuas, sentam-se em bares para consumir bebidas alcoólicas e falam palavrões como se fosse algo natural. As drogas são consumidas publicamente e quem não usa ou critica o uso é considerado careta ou antiquado. 


3. As razões das exigências. Entrar pela porta estreita e seguir pelo caminho apertado não é algo que pode ser realizado pelo homem natural. Antes é preciso ouvir a voz do Espírito Santo e crer em Jesus. A partir daí, acontece uma transformação na mente do ser humano e ele passa a ter a mente de Cristo. 


É nesse sentido que o apóstolo Paulo diz: “Se alguém está em Cristo, nova criatura é. As coisas velhas já passaram e tudo se fez novo”. (2Co 5.17). Somente a partir do momento em que a pessoa tem consciência de que é um pecador e arrepende-se dos seus pecados, é que ela é capacitada pelo Espírito Santo a viver uma nova vida e andar na contramão do mundo. Falaremos mais sobre isto no próximo tópico. 


REFERÊNCIAS:

GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.
REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 97, pág. 36, 2º Trimestre de 2024.
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento: Mateus — Atos. Volume 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.61
Dicionário Bíblico Baker.  Rio de Janeiro: CPAD, 1ª Ed. 2023, p.400.
Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.1576

09 abril 2024

PORTAS E CAMINHOS

(Comentário do 1º tópico da LIÇÃO 02: A ESCOLHA ENTRE A PORTA ESTREITA E A PORTA LARGA) 

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico falaremos sobre os dois tipos de porta e caminho: o estreito e apertado, e o largo e espaçoso. Veremos que a porta estreita e o caminho apertado ilustram a maneira de viver do cristão, que vai na contramão deste mundo. A porta larga e o caminho apertado, por sua vez, apontam para uma vida sem compromisso com Deus, com a aprovação do mundo.


1. A porta estreita. Em seus ensinos, Jesus usava muitas figuras que faziam parte do cotidiano dos seus ouvintes, como o semeador e a semente, os pescadores e os peixes, o pastor e as ovelhas, e muitas outras. No capítulo 7 de Mateus, que é o assunto do nosso estudo, Jesus usou as figuras da porta e do caminho, para falar, respectivamente, da entrada na vida cristã e do estilo de vida do cristão neste mundo. 


As cidades antigas eram cercadas por muros de grande espessura para evitar invasões de inimigos. Para o acesso dos moradores da cidade havia a porta de entrada. Não havia saídas de emergência como hoje e todos entravam e saíam pelo mesmo local. Na vida espiritual, existem apenas duas portas: uma que conduz à vida eterna e outra que conduz à perdição eterna. 


A porta que conduz à salvação é Jesus (Jo 10.9). Jesus não é uma das portas ou uma das opções para se chegar ao Céu. Ele é a única porta de entrada do Céu. A ideia de que todos os caminhos levam a Deus e todas as religiões são boas, não tem apoio nas Escrituras. 


Quando falou da porta que conduz à vida eterna, Jesus falou que ela é estreita. O adjetivo grego traduzido por estreita é “stenês”, que significa “apertado”, onde só passa uma pessoa por vez e não cabe bagagens. Isto significa que para entrar pela porta estreita, precisamos renunciar à velha natureza e deixar a vida de pecado. 


Jesus, de fato, recebe a qualquer um que crer nele e recebê-lo como Salvador, independente do estilo da vida de pecado que a pessoa levava antes de conhecê-lo. Costumamos dizer para pessoas que ainda não conhecem a Cristo: Venha como está. Isto é correto, pois Jesus não veio chamar os justos e sim, os pecadores. Entretanto, a pessoa vem como está, mas não pode permanecer como quiser. “E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.” (Lc 9.23).


2. O caminho apertado. O Caminho é usado na Bíblia, tanto em sentido literal como em sentido figurado. Em sentido literal, caminho é uma referência a uma estrada, uma trilha, etc. O Antigo Testamento também a palavra caminho para se referir aos processos da natureza, como o caminho do relâmpago e do trovão (Jó 28.26); o trabalho da formiga (Pv 6.6); ou aos comportamentos de animais como a águia e a cobra (Pv 30.19). Em sentido figurado, a palavra é usada para se referir ao curso de vida do ser humano (Jó 3.23), ou à sua conduta moral: o caminho dos justos e o caminho dos ímpios (Sl 1).


Neste ensino de Jesus, o caminho é uma referência ao estilo de vida. Jesus disse que o caminho que conduz à vida é apertado. Conforme explicou o comentarista, a palavra grega traduzida por apertado é thlíbō, que tem o sentido prensar ou espremer, como se faz com as uvas. Em sentido figurado, a palavra  thlíbō é usada com o sentido de aborrecer, afligir ou angustiar. Portanto, quando Jesus diz que o caminho é apertado, significa que para seguir a Jesus, precisamos aborrecer, afligir e angustiar a nossa própria natureza e viver o estilo de vida proposto por Jesus. 


O ensino de que seguir a Cristo é sinônimo de uma vida de vitórias e sucessos neste mundo, não tem apoio nos ensinos de Jesus. Ele chamou os seus discípulos para deixarem tudo e segui-lo, e disse que no mundo eles teriam aflições e seriam odiados por todos por causa do Seu Nome (Mt 10.22; Jo 16.33). Falou também que chegaria o tempo aqueles em que os matassem, o fariam achando que estariam prestando um serviço a Deus (Jo 16.2). Na mesma direção, o apóstolo Paulo escreveu a Timóteo e disse: “Todos os que querem viver piamente em Cristo Jesus, padecerão perseguições.” (2Tm 3.12). 


Além das lutas e perseguições, o caminho que conduz à vida eterna é apertado, porque os ensinos de Cristo são contrários aos valores deste mundo e à nossa própria natureza humana, que foi corrompida pelo pecado. Não é próprio do ser humano amar os inimigos, abençoar os que lhe maldizem, orar pelos que lhe perseguem, ajuntar tesouros no Céu e outros preceitos expostos por Jesus no Sermão do Monte. 


3. Porta larga e caminho espaçoso. A porta larga e o caminho espaçoso são o oposto da porta estreita e do caminho apertado. Simbolizam a vida sem compromisso com Deus e de acordo com os padrões deste mundo, que jaz no maligno. 


A primeira característica da porta larga é que não há nenhuma exigência para entrar por ela. Basta ignorar Deus e já estará entrando pela porta larga. Também não é preciso renunciar a nada, é só seguir os próprios pensamentos.


Para prosseguir no caminho largo, também não há perseguições, pois ele é muito popular. No caminho largo, as pessoas seguem a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, ignorando os princípios bíblicos, criando os seus próprios critérios e vivendo como se Deus não existisse. 


O primeiro casal, Adão e Eva, seguindo a sugestão do diabo, fizeram esta escolha e as consequências foram terríveis para eles e para toda a humanidade. Na atualidade também, a maioria das pessoas escolhem o caminho largo, ignoram as exigências de Deus e, em busca de uma suposta felicidade, caminham a passos largos para o abismo. Este caminho parece sedutor, mas ele conduz à perdição.


REFERÊNCIAS:
GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.
REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 97, pág. 36, 2º Trimestre de 2024.
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento: Mateus — Atos. Volume 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.61
Dicionário Bíblico Baker.  Rio de Janeiro: CPAD, 1ª Ed. 2023, p.400.
Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.1576

08 abril 2024

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 02: A ESCOLHA ENTRE A PORTA ESTREITA E A PORTA LARGA


Ev. WELIANO PIRES

REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA

Na lição passada, fizemos uma introdução ao tema do trimestre, falando sobre o ponto de largada da jornada do cristão neste mundo.

Vimos o significado da nossa caminhada com Cristo, compreendendo o caminho da vida natural neste mundo e o caminho com Cristo. Em nossa caminhada com Cristo, teremos lutas e dificuldades, mas nunca estaremos sozinhos, pois temos três companheiros: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Na sequência, falamos do Novo Nascimento, que é condição indispensável para entrar no Reino de Deus (Jo 3.3-5). Vimos que todo ser humano, sem exceção, precisa nascer de novo, pois todos nascemos pecadores. Entretanto, a religiosidade humana não é capaz de fazer alguém nascer de novo. É um processo miraculoso realizado pelo Espírito Santo, através da Palavra de Deus.

Por último, falamos do Novo Testamento e a caminhada de fé do cristão. Falamos do conceito do Novo Testamento e do seu processo de formação na vida da Igreja. Depois falamos do tema principal do Novo Testamento, que é Jesus Cristo, e da importância do Novo Testamento para a caminhada do cristão.

LIÇÃO 02: A ESCOLHA ENTRE A PORTA ESTREITA E A PORTA LARGA

INTRODUÇÃO

Nesta lição estudaremos a analogia da porta estreita e da porta larga, usada por Jesus no Sermão do Monte, para se referir, respectivamente, à vida com Cristo e à vida segundo o curso deste mundo. Jesus apresentou duas opções para o ser humano escolher: a porta estreita, que conduz à vida eterna, mas que tem muitas dificuldades e exige renúncias; e a porta larga conduz à perdição e não tem exigências. Deus não escolhe por nós, como dizem os calvinistas. Ele coloca as opções diante do ser humano e recomenda a escolha correta, mas cabe a cada um escolher.


No primeiro tópico falaremos sobre os dois tipos de porta e caminho: o estreito e apertado, e o largo e espaçoso. Veremos que a porta estreita e o caminho apertado ilustram a maneira de viver do cristão, que vai na contramão deste mundo. A porta larga e o caminho apertado, por sua vez, apontam para uma vida sem compromisso com Deus, que tem a aprovação deste mundo.

No segundo tópico, veremos por que é difícil entrar pela porta estreita. A porta está aberta a todos que quiserem entrar, mas tem muitas dificuldades e se torna difícil, principalmente por causa da natureza pecaminosa do ser humano. Entretanto, esta porta conduz-nos à Vida eterna. Por outro lado, a ponta larga oferece facilidades e oportunidades de prazer neste mundo, mas conduz os que por ela entrarem, à perdição eterna. 

No terceiro tópico, veremos três condições para entrar pela porta e pelo caminho estreito, com base na pregação de João Batista. A primeira delas é o arrependimento dos pecados, que não consiste em uma questão emocional, mas na disposição para mudar de idéia em relação ao pecado e abandoná-lo. A segunda condição é a confissão de pecados, pois aquele que não reconhece a sua condição de pecador, jamais entenderá que necessita de um Salvador. A terceira condição é produzir frutos de arrependimento. No registro de Lucas sobre a pregação de João Batista, ele registra exemplos destes frutos: misericórdia, honestidade e respeito às autoridades e às leis.


REFERÊNCIAS:

GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.
REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 97, pág. 37, 2º Trimestre de 2024.
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento: Mateus — Atos. Volume 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.61.
Dicionário Bíblico Baker. 1ª. Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.400.
Dicionário Bíblico Wycliffe. 
Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.1576

06 abril 2024

O NOVO TESTAMENTO E A CAMINHADA DE FÉ DO CRISTÃO

(Comentário do 3º tópico da Lição 01: O início da caminhada) 

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos do Novo Testamento e a caminhada de fé do cristão. Falaremos do conceito do Novo Testamento e do seu processo de formação na vida da Igreja. Depois falaremos do tema principal do Novo Testamento, que é Jesus Cristo, e da importância do Novo Testamento para a caminhada do cristão. 


1. O Novo Testamento. A Bíblia inteira é a Palavra de Deus, pois foi totalmente inspirada pelo Espírito Santo. Não há, portanto, nenhuma parte dela que não seja inspirada por Deus, ou uma parte mais inspirada do que outras. A isso chamamos de inspiração verbal e plenária das Escrituras. Verbal, porque cada palavra foi inspirada por Deus, e plenária, porque a totalidade das Escrituras foi inspirada por Deus. 


A Bíblia Sagrada foi escrita em um período de aproximadamente 1.600 anos, por cerca de quarenta escritores diferentes, que viveram em épocas e regiões diferentes e a maioria não se conheceu. Ela é composta de sessenta e seis livros e se divide em partes principais: o Antigo Testamento, com 39 livros e o Novo Testamento, com 27 livros. Entre estes dois volumes há um espaço de quatrocentos anos, que é chamado de período interbíblico. 


O Antigo Testamento é uma espécie de introdução ao Plano de Salvação de Deus. Esta primeira parte da Bíblia nos fornece as bases para entendermos o Novo Testamento. Mostra também o governo de Deus, os seus princípios morais, a pecaminosidade humana e a incapacidade de salvação através da lei. As figuras, tipos e profecias do Antigo Testamento apontam para Cristo, o único Salvador e Mediador entre Deus e a humanidade. 


Os Livros do Antigo Testamento estão organizados por assuntos e não por ordem cronológica: Livros da Lei (Pentateuco), Livros históricos, Livros poéticos e Livros proféticos. Estes últimos, se dividem em profetas maiores e profetas menores. O conteúdo da Bíblia hebraica é o mesmo do nosso Antigo Testamento, porém a ordem, a quantidade e os nomes dos livros são diferentes, pois a nossa Bíblia segue a ordem da versão grega Septuaginta (LXX). 


Nos tempos do ministério terreno de Jesus e início da Igreja Primitiva, o Novo Testamento ainda não havia sido escrito. As Escrituras que eles usavam era o Antigo Testamento. Foi um processo gradual, que foi sendo escrito, conforme as revelações e a inspiração do Espírito Santo. O Novo Testamento representa o cumprimento e a explicação do Antigo Testamento. Muitas coisas que eram incompreensíveis no antigo pacto se tornam claras no Novo Testamento. Os tipos, figuras alegorias e profecias se tornam claras com o registro do Novo Testamento. 


Os livros do Novo Testamento, assim como os do Antigo Testamento, também não estão classificados na ordem em que foram escritos, nem na ordem em que os fatos aconteceram. Foram classificados por assuntos, divididos em quatro grupos: Evangelho, História da Igreja, Epístolas e Revelação. 


2. O tema principal do Novo Testamento. O tema principal de toda a Bíblia é o Senhor Jesus Cristo, pois, o objetivo principal da Bíblia é nos revelar Jesus Cristo, o Filho de Deus, como o único que pode nos salvar da condenação eterna. O próprio Jesus disse; “...São elas [as Escrituras] que de mim testificam.” (Jo 5.39). O Antigo Testamento não trata exclusivamente de Jesus, mas todo o seu conteúdo aponta para Ele, seja de forma alegórica, tipológica ou profética. 


O Antigo Testamento inicia-se com a revelação de como Deus criou todas as coisas, inclusive o ser humano. Depois, relata a queda do ser humano. A partir daí, Deus coloca em prática o plano que Ele tinha antes da fundação do mundo, de salvar o homem. Temos os relatos de como Deus formou a nação de Israel, a partir da chamada de Abrão, a Lei de Deus para esta nação e como eles deveriam se comportar na terra prometida, sendo o povo escolhido de Deus. Todo o restante do Antigo Testamento conta as histórias desta nação, as poesias e as profecias relacionadas ao futuro desta nação e à vinda do Messias, o salvador do mundo. 


No Novo Testamento, Jesus Cristo é o personagem principal e tudo gira em torno da sua pessoa, da sua mensagem e da promessa da sua segunda vinda. As Bíblias mais antigas continham a seguinte descrição do Novo Testamento: O Novo Testamento de Nosso Senhor Jesus Cristo. De fato, esta porção da Bíblia é exatamente isso. Nos seus 27 livros temos a história do ministério terreno de Jesus, contada pelos apóstolos Mateus e João, e por Marcos e Lucas, respectivamente, cooperadores dos apóstolos Pedro e Paulo. Depois temos a história do Início da Igreja Cristã, relatada por Lucas. Temos as doutrinas cristãs, que foram reveladas por Jesus aos seus apóstolos. Por último, as revelações das coisas futuras, reveladas por Jesus ao apóstolo João. 


3. A importância do Novo Testamento na caminhada do cristão. O Antigo Testamento não pode ser deixado de lado pelo cristão, pois ele é parte das Escrituras Sagradas e nos ajuda a compreender o Novo Testamento. Não há como saber que Deus criou todas as coisas, de onde viemos, a Queda da raça humana e a necessidade de salvação, sem o Antigo Testamento. Mas, é preciso entendermos que o Antigo Testamento teve o seu cumprimento no Novo Testamento. As promessas, leis, sacrifícios, rituais, etc. não são para a Igreja e sim, para o povo de Israel naquela época. 


Como disse o comentarista, é no Novo Testamento que o cristão deve começar a sua jornada de fé. Se o cristão se prender no Antigo Testamento e não o interpretar em seu devido contexto, fatalmente se tornará um judaizante e anulará o sacrifício de Cristo. O Novo Testamento contém 27 livros canônicos, que são chamados pelos próprios apóstolos de Escrituras e de Palavra do Espírito Santo, que foram divinamente inspiradas. (1 Co 2.13; 2 Tm 3.16; 2 Pe 1.21). Vejamos abaixo, um pequeno resumo do conteúdo do Novo Testamento. 


Os quatro primeiros livros: Mateus, Marcos, Lucas e João são chamados de Evangelhos e registram o ministério terreno do Senhor Jesus. Encontramos nesses livros, a genealogia de Jesus Cristo, os registros do anúncio do nascimento de Jesus pelo Anjo Gabriel, as circunstâncias do nascimento de Jesus, os seus discursos, os milagres, a sua prisão, morte, ressurreição e ascensão ao Céu. Os livros de Mateus, Marcos e Lucas são chamados de "Evangelhos Sinóticos" devido à semelhança dos relatos. Já o Evangelho segundo João, destoa um pouco, pois dá ênfase ao ministério de Jesus na vida adulta e aponta para a sua divindade.  


O livro de Atos dos Apóstolos, escrito por Lucas, o 'médico amado', historiador, companheiro de ministério do apóstolo Paulo, relata os últimos momentos de Jesus com os seus discípulos, após a sua ressurreição e a sua ascensão ao Céu. Em seguida, relata o início da história da Igreja Primitiva, com a descida do Espírito Santo. Nos 12 capítulos iniciais, temos o protagonismo de Pedro e João, como principais líderes da Igreja. No capítulo 9 temos a conversão de Saulo de Tarso, e a partir do capítulo 13, a ênfase recai sobre ele e o trabalho missionário de Paulo e Barnabé, terminando com a sua prisão de Paulo no templo, em Jerusalém.


As Epístolas foram livros escritos pelos apóstolos a Igrejas específicas, outras à Igreja em geral e algumas foram escritas a uma pessoa em particular. Nas Epístolas temos a sistematização das doutrinas cristãs para a Igreja em todas as épocas. Entre as Epístolas temos três tipos:

1. Epístolas Paulinas. São as que foram escritas pelo apóstolo Paulo: Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Timóteo, Tito e Filemon. 

2. Epístolas Gerais. São as Epístolas escritas para serem lidas em todas as Igrejas e que não tinham destinatário específico. Neste grupo estão: Hebreus, Tiago, 1 e 2 Pedro, 1, 2, 3 João e Judas. 


Por último, temos o livro do Apocalipse, que traz as revelações de Jesus ao apóstolo João, quando este se encontrava exilado na Ilha de Patmos. O livro contém o prefácio de João e a aparição de Jesus ressuscitado ao velho apóstolo. Depois, contém sete cartas de Jesus aos líderes de sete Igrejas da Ásia Menor: Éfeso, Esmirna, Sardes, Pérgamo, Tiatira, Filadélfia e Laodicéia. Depois, uma série de revelações sobre os juízos de Deus sobre a humanidade na Grande Tribulação, as visões do Milênio, a Nova Jerusalém, o Juízo Final e a eternidade. 


REFERÊNCIAS:


GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 97, pág. 36, 2º Trimestre de 2024.

Bíblia de Estudo Pentecostal. Edição Global. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, p.1847. 

HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma perspectiva Pentecostal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1995.

TENNEY, Merril C. Tempos do Novo Testamento: Entendendo o mundo do Primeiro Século. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, pp.24,25. 

BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras: A inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.   

COMFORT, Philip Wesley. A Origem da Bíblia. Editora CPAD. pag. 22-23.    


05 abril 2024

O NOVO NASCIMENTO

(Comentário do 2º tópico da Lição 01: O início da caminhada) 

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos do Novo Nascimento, que é condição indispensável para entrar no Reino de Deus (Jo 3.3-5). Todo ser humano, sem exceção, precisa nascer de novo, mas, a religiosidade humana não é capaz de fazer alguém nascer de novo. É um processo miraculoso realizado pelo Espírito Santo, através da Palavra de Deus. Por último, falaremos do processo do novo nascimento. 


1. Por que precisamos do Novo Nascimento? Ao iniciar o diálogo com Jesus, Nicodemos reconheceu que Ele era um rabino (mestre) vindo de Deus, por causa dos milagres que Ele fazia. Como resposta, Nicodemos ouviu de Jesus a afirmação de que aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus. Nicodemos interpretou a expressão “nascer de novo” literalmente e indagou como poderia o homem nascer sendo adulto. 


Conforme explicou o comentarista, a palavra grega traduzida por “homem”, usada por Nicodemos em João 3.4, é ánthrōpos, que significa o gênero humano em sua totalidade e não apenas uma pessoa do sexo masculino. Isto significa que todo ser humano, sem exceção, precisa nascer de novo, porque todos pecaram, conforme escreveu o apóstolo Paulo em Romanos 3.23: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. 


Se todos pecaram, logo todos precisam nascer de novo. Esta doutrina é chamada de universalidade do pecado. Quando Adão pecou, a natureza humana foi corrompida pelo pecado e, portanto, todo ser humano nasce pecador e precisa ser regenerado. Os católicos, no intuito de divinizar Maria, dizem que ela foi concebida sem pecado, mas isso contraria o ensino bíblico, que diz que não há ninguém que tenha nascido sem pecado (Ec 7.20; Rm 3.10-12,23). O único que nasceu e viveu neste mundo sem pecado foi Jesus. 


2. A religião não faz nascer de novo. Nicodemos, cujo nome grego significa “conquistador do povo”, aparece na Bíblia somente no Evangelho segundo João, em três ocasiões. Na primeira vez, Nicodemos aparece em um diálogo com Jesus, em João 3.1-21, que é o assunto desta lição. Depois, em João 7.50-52, ele aparece em uma discussão com os fariseus sobre Jesus, na qual, ele deu um parecer favorável a Jesus, quando os seus pares mandaram prendê-lo, e foi chamado de ignorante. Por último, em João 19.39-40, no sepultamento de Jesus, ele aparece auxiliando José de Arimatéia. 


A Bíblia não informa nada sobre a origem de Nicodemos. Em João 3.1, diz que, havia um homem entre os fariseus, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus”. Por estas informações, concluímos que ele era membro do partido dos fariseus e era membro do Sinédrio. O termo grego usado para se referir à sua posição entre os judeus é archon, que significa governador ou príncipe. Algumas versões o traduzem como “líder dos judeus”. Este termo era usado para se referir aos membros do Sinédrio. 


Os fariseus eram um grupo religioso de Israel, que surgiu provavelmente no período que antecedeu a guerra dos macabeus, com o objetivo de resistir e fazer oposição aos costumes helenísticos. Este nome apareceu pela primeira vez durante a época do governo de João Hircano, que governou a Judéia entre 135 e 105 a.C. O próprio João Hircano, que era sumo sacerdote, era também um fariseu. Mas, depois passou para o partido dos saduceus. 


A palavra “fariseu” tem origem incerta. O sentido mais provável é “separado”. Eles eram muito rigorosos na observância não apenas da Lei escrita, mas também da tradição oral. Além dos mandamentos da Lei de Moisés, os fariseus criaram muitas regras preventivas, para “evitar que as pessoas pecassem”. O apóstolo Paulo, antes da sua conversão fazia parte deste grupo. 


O Sinédrio, do qual Nicodemos também era membro, era a suprema corte judaica, formada por sacerdotes anciãos e escribas. Os anciãos que faziam parte do Sinédrio eram líderes comunitários muito respeitados, que eram indicados para representar os israelitas na corte, ao lado dos escribas e sacerdotes. Eram semelhantes ao corpo de jurados que acontece hoje nos tribunais. Porém, naquela época os membros do Sinédrio não eram qualquer pessoa, escolhida aleatoriamente como acontece atualmente nos tribunais. Precisavam ser pessoas idôneas, notáveis e respeitadas na sociedade. 


Sendo Nicodemos um rabino, membro do partido dos fariseus e membro do Sinédrio, era um homem importante da nobreza de Jerusalém, que conhecia profundamente a religião judaica e a praticava. Entretanto, a sua religião não foi capaz de trazer aquilo que ele precisava, que era o novo nascimento. 


A religião é importante para o ser humano, pois há questões existenciais que a ciência não consegue responder. Ela também pode formar bons cidadãos, ensinando bons princípios e valores. Mas é incapaz de reconciliar o homem com Deus. Há um pensamento equivocado de que todas as religiões são boas e que todos os caminhos levam a Deus. Isto não é verdade, pois, há religiões que são malignas, escravizam o ser humano e o afastam de Deus. O único caminho que conduz o ser humano a Deus é Jesus Cristo (Jo 14.6). Não há salvação para a humanidade fora de Jesus (At 4.12). 


3. O Novo Nascimento e seu processo. O novo nascimento é fundamental na doutrina da salvação. Sem ele, disse Jesus, ninguém pode ver, nem entrar no Reino de Deus (Jo 3.3-5). A expressão grega traduzida por “nascer de novo”, também pode ser traduzida por “nascer de cima” ou seja, nascer do céu. Isto significa que o novo nascimento, ao qual Jesus se referiu, é uma obra miraculosa do Espírito Santo e nenhum ser humano pode consegui-lo, através dos seus próprios esforços e méritos. 


Para explicar a Nicodemos sobre o Novo nascimento, Jesus usou duas figuras: a água e o Espírito. Há interpretações diversas sobre o que seria nascer da água. Alguns acham que seria uma referência às águas do batismo. Mas isso é pouco provável, pois o batismo em águas ainda não havia sido ensinado por Jesus e ele não é condição para a salvação. É apenas uma ordenança, que serve como um testemunho público de que a pessoa nasceu de novo. O batismo não é realizado para salvar a pessoa, é ministrado a quem já é salvo. A água era símbolo da purificação no Antigo Testamento e aqui, evidentemente, é uma referência à Palavra de Deus que nos limpa (Jo 15.3; Ef 5.26). 


Por outro lado, nascer do Espírito é uma referência à degeneração operada pelo Espírito Santo em nosso interior, que transforma a nossa mente para ser conforme a mente de Cristo. O Espírito Santo esteve presente na criação do homem e, de igual modo, se faz presente na recriação do novo homem, que renasce segundo Deus. O apóstolo Paulo, escrevendo aos Romanos, disse: “Se alguém não tem o Espírito de Deus, esse tal não é dele”. (Rm 8.9). Segundo o teólogo Stanley M. Horton, “a regeneração é a ação decisiva e instantânea do Espírito Santo, mediante a qual Ele cria de novo a natureza interior.” 


REFERÊNCIAS:

GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 97, pág. 36, 2º Trimestre de 2024.

Bíblia de Estudo Pentecostal. Edição Global. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, p.1847. 

HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma perspectiva Pentecostal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1995.

A PROMESSA DA SALVAÇÃO

( Comentário do 1º tópico da Lição 05: A promessa de Salvação) Ev. WELIANO PIRES  No primeiro tópico, falaremos mais detalhadamente sobre a ...