20 maio 2022

DEUS CONTEMPLA O BEM QUE REALIZAMOS

Comentário do 3º tópico da Lição 8.


Há um ditado popular muito conhecido que diz: “Quem não é visto, não é lembrado”. Partindo deste pressuposto, muitas pessoas fazem de tudo para aparecer para serem reconhecidos e recompensados por aquilo que fazem. Do ponto de vista humano, este ditado faz sentido, porque o ser humano não conhece o que está oculto e as intenções por trás de cada ação. Logo, é preciso mostrar aquilo que fazemos, se quisermos ser recompensados pelo nosso trabalho. Há também uma máxima do marketing que diz: “A propaganda é a alma do negócio”. Nesse caso, não basta termos bons produtos e/ou serviços. É preciso fazermos uma boa propaganda deles. 

No Reino de Deus, no entanto, não é assim. Não precisamos mostrar nada para ninguém, porque a nossa recompensa não virá do homem. Além disso, o ser humano além de não conhecer o que está oculto, ainda é injusto e parcial, muitas vezes. Em várias empresas, há muitas reclamações de que bons profissionais não são reconhecidos e maus profissionais são promovidos, devido aos apadrinhamentos. Isso acontece, principalmente no setor público. Mas, com Deus não funciona assim. 


1- O Deus que tudo vê. Um dos atributos exclusivos de Deus, chamados de atributos incomunicáveis, está a Sua Onisciência. Esta palavra é um conceito teológico, que vem de dois vocábulos latinos “Onis” (tudo) e “Scientia” (conhecimento, saber). Isto significa que Deus conhece a Si mesmo e todas as coisas visíveis e invisíveis. Nada passa despercebido diante dEle. “Senhor, tu me sondaste e me conheces. Tu conheces o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento. Cercas o meu andar e o meu deitar; e conheces todos os meus caminhos. Sem que haja uma palavra na minha língua, eis que, ó Senhor , tudo conheces.” (Salmos 139.1-4). 

Em sua sua Onisciência, Deus conhece o passado, o presente e o futuro. Ele também, tudo o que está oculto, seja no Céu, na Terra, ou mesmo em outras galáxias. No universo existem coisas grandiosas, que a ciência não consegue mensurar. Por outro lado, existem coisas tão minúsculas, que nem mesmo os microscópios conseguem ver. Todo conhecimento humano será sempre parcial e limitado, mesmo com todo avanço científico. Mas o Deus onisciente vê e sabe todas as coisas. Por isso Jesus disse: "...Teu Pai (Deus) que vê em secreto te recompensará." (Mt 6.4).


2- O Deus que recompensa. O ser humano, em sua natureza caída e pecaminosa, é normalmente ingrato e injusto. Por isso, muitas vezes ao ajudarmos alguém e a própria pessoa sequer agradece, ou no futuro esquece de quem o ajudou. Mas Deus não é assim. Além de ser onisciente e ver tudo, como vimos acima, Ele é também justo em seus julgamentos e recompensas. O autor da Epístola aos Hebreus, assim escreveu: “Deus não é injusto para se esquecer da nossa obra e do trabalho da caridade que foi mostrado para com o seu nome” (Hb 6.10). O apóstolo Paulo, no final da sua carreira, sabendo que seria executado e com a sensação de dever cumprido, disse: "Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda." (2 Tm 4.7). 

No Tribunal de Cristo, as nossas obras serão reveladas e recompensadas segundo os padrões de Deus, que vê não apenas o exterior. Ele contempla as ações e também as intenções dos corações. Por isso, não precisamos nos preocupar em demonstrar o nosso trabalho a quem quer que seja, pois Deus está vendo e é dele que virá a nossa recompensa. 


REFERÊNCIAS:

GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pág. 153-155.

Sproul, R.C. Estudos bíblicos expositivos em Mateus. 1° Ed. 2017. Editora Cultura Cristã. pág. 112.

HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento: Mateus. 1 Ed. 2001. Editora Cultura Cristã. pág. 451.

STOTT, John. Contracultura cristã. A mensagem do Sermão do Monte. Editora: ABU, 1981, pag. 61-62.


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Pb. Weliano Pires

19 maio 2022

AUXILIANDO O PRÓXIMO SEM ALARDE

Comentário do 2º tópico da Lição 8

Ajudar ao próximo era um preceito muito importante no Judaísmo. Na Lei Mosaica, Deus ordenou que os israelitas socorressem aos pobres: “Quando entre ti houver algum pobre de teus irmãos, em alguma das tuas portas, na tua terra que o Senhor, teu Deus, te dá, não endurecerás o teu coração, nem fecharás a tua mão a teu irmão que for pobre; antes, lhe abrirás de todo a tua mão e livremente lhe emprestarás o que lhe falta, quanto baste para a sua necessidade.” (Dt 15.7,8). A esmola era um dos quesitos mais importantes da espiritualidade judaica. Era considerada a primeira na lista das boas obras. O termo hebraico para esmola é “tzedakah”, que origina-se da raiz  “tzedek”, que significa justiça ou integridade. Sendo assim, para o judeu, dar esmolas e ser justo são sinônimos. 

No Cristianismo primitivo também sempre foi visto como obrigação dos cristãos socorrer aos necessitados. Jesus ensinou os seus discípulos a fazerem doações ao s necessitados: “Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando, vos deitarão no vosso regaço; porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo.” (Lc 6.38). Era uma prática comum entre os discípulos: “Porque, como Judas tinha a bolsa, pensavam alguns que Jesus lhe tinha dito: Compra o que nos é necessário para a festa; ou que desse alguma coisa aos pobres.” (Jo 13.29). A Igreja Primitiva também, desde cedo adotou como regra a ajuda aos pobres: “Não havia, pois, entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido, e o depositavam aos pés dos apóstolos. E repartia-se a cada um, segundo a necessidade que cada um tinha.” (At 4.34,35). 

O apóstolo Paulo também, em suas epístolas, sempre faziam menção a ajuda aos pobres, ordenando que se fizessem coletas para a assistência aos pobres: “Ora, quanto à coleta que se faz para os santos, fazei vós também o mesmo que ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que não se façam as coletas quando eu chegar.” (1 Co 16.1,2). Tiago, por sua vez, caracterizou a ajuda aos necessitados como característica de uma religião pura e imaculada: “A religião pura e imaculada para com Deus e Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo.” (Tg 1.27). O apóstolo João questionou se o amor de Deus estaria em alguém que tendo condições não socorre aos necessitados: “Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o amor de Deus?” (1 Jo 3.17).


1- Qual é a motivação do teu coração? Como vimos acima, a generosidade para com os necessitados é algo inerente tanto ao Judaísmo, como ao Cristianismo. Não se discute a sua importância. Entretanto, o que Jesus tratou nessa parte do Sermão do Monte são as motivações que levam as pessoas a ajudar os necessitados. Os judeus não crêem como nós, em salvação pela Graça, mediante a fé. A teologia judaica é retribucionista, ou seja, é baseada na retribuição. No pensamento judaico, Deus retribui com o bem a quem faz bem e, com o mal, a quem faz o mal. Quando lemos os Salmos, isso fica muito claro. Os salmistas expressavam o desejo de que Deus retribuisse aos seus inimigos, os males que estes lhe causavam. 

No Cristianismo, tanto Jesus como os apóstolos ensinaram que Deus é bom e faz o bem a quem não merece: “Para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que está nos céus. Porque ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos.” (Mt 5.45). O apóstolo Paulo, falando sobre a justificação pela fé disse: “Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” (Rm 5.8). Jesus também disse para amarmos os inimigos, orar pelos que nos perseguem, bendizer os que nos maldizem, para que sejamos filhos de Deus. 

Então, a motivação para ajudarmos aos necessitados não deve ser para receber recompensas, ou a justiça própria. Deve ser unicamente a compaixão pela necessidade dos nossos semelhantes. Há pessoas que fazem obras de assistência social louváveis. Mas, as motivações são egoístas e com interesses escusos. Há políticos que desenvolvem trabalhos sociais, com o objetivo de obter votos. Muitos religiosos também fazem obras sociais, com o objetivo de fazer propaganda da sua religião, ou por acreditar na justificação pelas obras.


2 - O que buscamos quando auxiliamos o próximo? Conforme vimos acima, o cristão deve ajudar àqueles que precisam, movidos unicamente pela compaixão. Jesus conhece as intenções dos nossos corações. Leia Mt 9.4; 12.25; 22.18 e Jo 16.19. Sendo assim, as perguntas que devemos fazer a nós mesmos, antes de fazer qualquer coisa para Deus ou pelo próximo é: Por que estou fazendo isso? Com que objetivo? Se ninguém estivesse vendo, eu faria isso da mesma forma? Estou esperando receber alguma coisa por isso?

Se os nossos objetivos forem obter reconhecimento humano, deduzir no imposto de renda, obter ganhos políticos, promover a nossa denominação ou o nosso ministério, estamos nos comportando como hipócritas. Não podemos também considerar a ajuda ao próximo como um favor a ser retribuído por ele, ou um "carta na manga" para usá-lo em momento oportuno contra ele. Isso é coisa de mercenário, que é aquele que faz qualquer coisa para se dar bem, até "ajudar" os outros. 


3- A maneira de ofertar segundo Jesus. Ofertar aqui não é ofertar na Igreja, pois Jesus não estava tratando desse assunto e sim da oferta aos necessitados. Entretanto, os mesmos princípios se aplicam também às contribuições que fazemos no templo. As nossas motivações devem ser única e exclusivamente a sustentação e crescimento da obra de Deus. Convicto de que nada se faz neste mundo sem dinheiro, o crente em Jesus sabe que para a Igreja funcionar também precisa de dinheiro e, por isso, contribui. 

Jamais devemos contribuir na obra do Senhor fazendo propaganda dos valores doados. Também não devemos contribuir para ser bem vistos pela liderança da Igreja. Outra coisa importante que devemos destacar é que as contribuições à Igreja não são um seguro social, que obriga a Igreja a sustentar a pessoa quando estiver em dificuldades, ou que o crente possa acionar a justiça para rever os valores pagos. Além do mais, não devemos contribuir esperando recompensas humanas ou exigir contrapartida, como querer mandar na Igreja porque contribui com valores elevados. Nenhum pastor deve aceitar esse tipo de chantagem. A obra é de Deus e Ele proverá os recursos necessários, caso alguém deixe de contribuir. 


REFERÊNCIAS: 


CHILDERS, Charles L.; EARLE, Ralph; SANNER, A. Elwood (Eds.) Comentário Bíblico Beacon: Mateus a Lucas. Vol . 6. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.63.

GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 149-153.

LOPES, Hernandes Dias. Mateus Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. pag. 214.

STOTT, John. Contracultura cristã. A mensagem do Sermão do Monte. Editora: ABU, 1981, pag. 61.

TASKER, V. G. Mateus, Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. 1 Ed 1980. pag. 57.


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Pb. Weliano Pires


18 maio 2022

O ATO DE DAR ESMOLAS E A HIPOCRISIA


(Comentário do 1º tópico da Lição 8)


Jesus iniciou esta parte do Sermão do Monte dizendo: "Guardai-vos de fazer a vossa esmola [justiça] diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus." (Mt 6.1). A palavra grega, usada por Mateus é dikaiosyne que significa justiça. Na versão Revista e Corrigida está escrito “esmolas”. Mas, nas versões mais atualizadas, foi traduzida por “justiça”, que é a palavra mais adequada para o contexto que Jesus falou. Na sequência, Jesus ensinou aos seus discípulos a, quando darem esmolas, não fazerem como os hipócritas, que faziam isso com o objetivo de serem vistos e elogiados pelos homens. 


1- Definição de hipócrita.  A palavra hipócrita, no grego é “hupókrisis”, foi transliterada como hypocrisis no latim. Inicialmente se referia à atuação de um artista de teatro, que usava máscara em uma peça teatral e interpretava um personagem. No Antigo Testamento, a palavra ḥānēp, que significa "falar poluído", "ímpio", foi traduzida para o grego como huypókritēs, como em Jó 34.30 e 36.13. 

No Evangelho segundo Mateus, Jesus usou esta palavra, no sentido de ímpio (Mt 22.18; 23.13-29; 24.51). Em Lucas, Ele usa a mesma palavra com o sentido de infiel (Lc 12.46). Já em Marcos, com o sentido de astúcia e malícia (Mc 12.15). Em Mateus 22.18 e Lucas 20.23 também a palavra significa malícia e astúcia. No Sermão do Monte, Jesus usou a palavra hipócrita para se referir aos religiosos, que praticavam atos de justiça como orações, jejuns e esmolas, não porque estivessem preocupados em agradar a Deus, ou porque se preocupavam com os pobres. A motivação deles era unicamente serem vistos pelos homens e reconhecidos por eles.


Existem pelo menos três tipos de hipócritas: 

  1. Aqueles que são maus interiormente e fingem ser bons para enganar as pessoas. São astutos e maliciosos e sempre escondem as suas verdadeiras intenções;

  2. Aqueles que falam contra algo que eles mesmos praticam às escondidas. Não querem aplicar a si mesmos, a medida com que medem os outros;

  3. Aqueles que até praticam coisas boas como dar esmolas, jejuar e orar, mas fazem  isso sempre com muita visibilidade, para obter ganhos e elogios para si. 


Estas pessoas jamais farão estas coisas, se ninguém estiver vendo. Portanto, hipócrita é todo aquele que finge ser o que não é, fala uma coisa e faz outra ou faz boas obras para obter benefícios e elogios. 


2- A justiça pessoal. Jesus não está condenando estes atos de justiça pessoal como a oração, a esmola e o jejum, pois, Ele mesmo recomendou aos seus discípulos que  fizessem isso. Também não está proibindo dar esmolas ou orar em público, como alguns ensinam. O que Jesus contesta aqui é a publicidade desses atos, para demonstrar superioridade espiritual ou obter elogios. Em Mateus 6.1, Jesus nos ensinou três coisas muito importantes, sobre a justiça pessoal: 

a. “Guardai-vos de fazer a vossa esmola [justiça] diante dos homens”. Isto significa que a justiça deve ser praticada, mas não com propaganda para nosso engrandecimento ou promoção da nossa denominação. Podemos fazer relatórios e prestação de contas das ações filantrópicas que a Igreja pratica, para justificar os gastos e incentivar os irmãos a contribuir. Mas isso não pode ser uma propaganda para nos engrandecer. Todos os atos de justiça praticados devem glorificar a Deus e não ao homem, pois, praticar a justiça para ser vista pelos homens é hipocrisia.

b. “Para serdes vistos por eles”. Toda espiritualidade que busca visibilidade humana, com o propósito de ganhar aprovação humana e não agradar a Deus, representa soberba e vai na contramão da espiritualidade cristã. 

c. “Não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus”. Se recebermos elogios ou recompensas humanas pelos nossos atos, não teremos mais nenhuma recompensa a receber de Deus. Precisamos tomar muito cuidado com a ostentação e publicidade dos nossos atos. Deus não olha apenas para aquilo que fazemos, Ele olha principalmente para as nossas intenções e motivações. 


3 - As três práticas da ética cristã. No capítulo 6 do Evangelho segundo Mateus, Jesus faz menção de três práticas da ética cristã: esmolas, oração e jejum. Nesta lição falaremos apenas das esmolas, porque a próxima lição será sobre oração e jejum. Estas três práticas envolvem os nossos bens (esmolas /ofertas), o nosso espírito (oração ) e o nosso corpo (jejum). Estas práticas estão presentes em várias religiões, principalmente nas monotéistas como o Judaísmo e o Islamismo. A fala de Jesus sobre isso, usando a palavra “quando” e não “se”, indica que esta era uma obrigação dos seus discípulos e não uma opção. O cristão não é salvo pelas obras que pratica e sim pela fé em Cristo (Ef 2.8-10). Entretanto, quem é salvo pratica boas obras a Deus e ao próximo, pois, a fé sem as obras é morta (Tg 2.17). Tiago diz também que “A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo.” (Tg 1.27). 

Como vimos, estes atos de justiça são importantes, não para a nossa salvação, mas indica que fomos salvos, pois a fé e amor nos impulsionam a estas práticas. Entretanto, como já falamos no ponto anterior, estas práticas devem ser feitas com discrição, visando agradar a Deus e ajudar o próximo, sem interesses pessoais de auto glorificação. No versículo 2, da leitura bíblica em classe, lemos o seguinte: “Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.” (Mt 6.2). 

Este ensino de Jesus confronta diretamente algumas práticas e pregações da atualidade como: a divulgação de que está a tantos dias em jejum; que passou tantas noites em vigílias; que passou tantos dias no monte orando; que ora várias horas por dia; etc. Não há nenhum problema, o crente ir ao monte orar, desde que a razão seja unicamente ter privacidade com Deus. O próprio Jesus fez isso muitas vezes, por causa das multidões que não lhe davam um minuto de privacidade. Entretanto, se acharmos que a oração feita no monte tem mais poder que as que são feitas em outro lugar, constitui-se em idolatria. Da mesma forma, a ajuda aos necessitados deve ser praticada pelo cristão, mas a motivação deve ser apenas o amor pelo próximo e a compaixão pelo sofrimento alheio. Se houver publicidade para autopromoção, não haverá nenhuma recompensa de Deus. Lembrando mais uma vez, que a recompensa nesse caso não é a salvação, pois é concedida pela Graça de Deus mediante a fé. 


REFERÊNCIAS: 

GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pág. 144-147.

LOPES, Hernandes Dias. Mateus Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. pág. 211-213.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 1. pág. 319.

STOTT, John. Contracultura cristã. A mensagem do Sermão do Monte. Editora: ABU, 1981, pág. 59.

TASKER, V. G. Mateus, Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. 1 Ed 1980. pág. 57.

ARRINGTON, French L; STRONSTAD, Roger (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Rio de Janeiro : CPAD, 2003, pp.59,60.


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Pb. Weliano Pires



História da Harpa Cristã

1922-2022: Centenário da Harpa Cristã

Hinário oficial das Assembléias de Deus


"Salmos e hinos" foi o primeiro hinário

Usado pelos pioneiros pentecostais

Mas ele não refletia o viés doutrinário

Era o hinário das Igrejas tradicionais

Isso desagradou aos missionários

E criaram um com hinos confessionais.


Este hinário foi o "Cantor pentecostal"

Sob a supervisão de Almeida Sobrinho

Para uso em todo o território nacional

Quarenta e quatro hinos e dez corinhos

Formaram o primeiro hinário oficial

Produzido com muito amor e carinho. 


Em mil novecentos e vinte e dois 

Foi lançada a sua primeira edição 

Com trezentos hinos de Doutrina Sã

Novo hinário da nossa denominação

Que foi denominado Harpa Cristã

Tendo Adriano Nobre na supervisão.


Dez anos depois, na segunda edição

O número de hinos foi a quatrocentos

Samuel Nyström teve participação

O idioma não lhe trouxe impedimentos

Para que ele realizasse a tradução

Das letras sacras naquele momento.


Foram criadas algumas comissões

E alguns hinos foram revisados

Para simplificar as suas execuções 

Outros hinos foram acrescentados

São belíssimas poesias e canções

Os hinos pátrios foram incorporados.


Foi muito importante a participação

Do grande violonista e compositor

Saudoso Pastor Paulo Leivas Macalão

O maior autor, compositor e adaptador

Mais de duzentos, tiveram sua atuação  

Pescador de almas no mundo de horror. 


Tivemos muitos outros compositores

Que em grandes lutas e desalentos

Escreveram os seus lindos louvores

Frida Vingren, compôs em lamentos

Passando por terríveis dissabores

Hinos de renovo e encorajamento.


Há muitos pastores e missionários

Que estão na lista de compositores

Escreveram hinos extraordinários

Falando da fé, das alegrias e dores

De Jesus e seu sacrifício vicário

Para salvar os perdidos pecadores.


Emílio Conde, escritor e jornalista

Adriano Nobre, pioneiro pentecostal

Também estão presentes nesta lista

Almeida Sobrinho e Antônio Cabral

José Pimentel e outros avivalistas

Escreveram de forma magistral 


Há outros hinários certamente

Com hinos de louvor e adoração

Para mim, a Harpa Cristã mormente

Toca-me e alegra o meu coração

E creio que ela é para todo crente

Uma coletânea de profunda devoção. 


Weliano Pires é presbítero e professor da Escola Dominical

na Assembléia de Deus, Ministério do Belém, em São Carlos, SP.  


16 maio 2022

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 8: SENDO PERFEITOS


REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA

Na lição passada estudamos o tema: Não retribua pelos padrões humanos. Falamos sobre a quinta e a sexta antítese, proferidas por Jesus no Sermão do Monte, que tratam, respectivamente, da lei do talião (Mt 5.38-42) e do amor ao próximo (v. 43-47). Jesus citou uma parte do texto de êxodo 21.24, que tratava das penas para os crimes de lesão corporal e dizia: “Olho por olho e dente por dente”. Depois falou sobre a questão do amor ao próximo, que os rabinos acrescentavam: “...odiarás ao teu inimigo”. 


Os rabinos judeus interpretavam a lei de forma distorcida, na questão do amor ao próximo, para adequá-la às suas conveniências, e diziam: “amarás o teu próximo e odiarás os teus inimigos." Mas, em parte alguma da Lei dizia para odiar os inimigos. A lei mosaica previa pena proporcional ao crime praticado, para evitar que a parte ofendida se excedesse e aplicasse a vingança. 


A lei do talião esta prevista em outros códigos penais das sociedades antigas, como no código de Hamurabi, da Mesopotâmia, que foi o primeiro código de leis da história. As penas, no entanto, eram previstas em lei e tinham que ser aplicadas por juízes, no devido processo legal. Não se tratava, portanto, de vingança. 


Jesus, apresentou o seu ensino sobre estas questões e mandou: amar os inimigos, não se vingar, dar a outra face ao que nos ferir e socorrer aos que nos pedirem ajuda. É um padrão de justiça altíssimo e inatingível pela natureza humana, corrompida pelo pecado. O natural do ser humano é se vingar e retribuir as ofensas no mesmo padrão ou até mais. Somente alguém transformado pelo Espírito Santo será capaz de esboçar estas reações apresentadas por Jesus.


LIÇÃO 8: SENDO PERFEITOS

 

Estudamos até agora, três seções principais do Sermão do Monte. Na primeira seção, em Mateus 5.3-12, falamos sobre as bem-aventuranças, que são a essência daquilo que o cristão nascido de novo deve ser. Na segunda seção, em Mateus 5.13-16, falamos sobre a influência do cristão no mundo, representada pelas figuras do sal da terra e luz do mundo. Depois, na terceira seção em Mateus 5.17-20, vimos como deve ser a relação de Jesus com a Lei mosaica. 


Na lição desta semana veremos a quarta seção do Sermão do Monte, que trata da verdadeira espiritualidade e as motivações por trás dos atos de justiça do cristão. Jesus fala a respeito de ajudar aos necessitados em público, com o objetivo de ser elogiado pelos homens e chama de hipócrita aqueles que agem dessa forma. Os fariseus praticavam esmolas, jejuns e orações. Mas o objetivo era serem vistos e tidos como piedosos. 


Jesus não condenou a prática de dar esmolas aos necessitados, que naquela época eram muito mais do que hoje. Ao contrário, Ele ensinou que, quando socorremos os necessitados, estamos fazendo isso a Ele. Entretanto, no Sermão do Monte, Jesus ensina que devemos fazê-lo sem tocar trombetas, ou seja, sem aparecer. 


Na sequência, o Senhor Jesus ensina que Deus vê tudo e recompensa a cada um. Tudo o que fazemos, seja para Deus ou para o próximo, terá recompensa. Portanto, não devemos nos preocupar se estamos sendo vistos ou não, pois a recompensa é Deus quem nos dá e Ele é justo e bom ao recompensar. 


REFERÊNCIAS:


GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 142-144.

LOPES, Hernandes Dias. Mateus Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. pag. 211.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 1. pág. 318.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. 1Ed 2008. pag. 61.



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Pb. Weliano Pires

AS ARMAS DO CRENTE

(Comentário do 1º tópico da Lição 06: As nossas armas espirituais)  Ev. WELIANO PIRES No primeiro tópico, falaremos sobre as armas do crente...