06 janeiro 2022

INSPIRAÇÃO DIVINA E OS AUTORES DA BÍBLIA

(Comentário do 2º tópico da lição 2: A inspiração divina da Bíblia).


Quando falamos da inspiração divina da Bíblia, de um lado há o Espírito Santo que é infalível, verdadeiro e onisciente, por consequentemente, isento da possibilidade de erros e falhas de qualquer espécie. Por outro lado, temos as pessoas que escreveram a Bíblia, que são seres humanos, pecadores, falhos e limitados. Precisamos entender que o conteúdo das Escrituras foi revelado e produzido por Deus, que usou seres humanos falhos e limitados, para registrar a sua revelação escrita à humanidade. Entretanto, o caráter, as limitações e falhas pessoais dos escritores não interferiram em nada na produção dos textos bíblicos, pois, o processo foi totalmente dirigido por Deus. 

1. A Inspiração dos autores. Deus usou as características de cada escritor, para transmitir a sua mensagem, de acordo com a cultura, vocabulário, gênero literário e gramática de cada um deles. O Espírito Santo penetra todas as coisas, inclusive as profundezas e mistérios de Deus, como escreveu o apóstolo Paulo aos Coríntios: “Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus.” (1 Co 2.10,11). Então, o Espírito de Deus tem acesso tanto ao íntimo de Deus, pois, Ele é Deus, quanto ao íntimo dos escritores da Bíblia e os influenciou a escreverem conforme os desígnios divinos. A ideia aqui não é como na falsa teoria do ditado, que afirma que Deus ditou cada palavra e os escritores escreveram como se fossem máquinas nas mãos de Deus. Também não foi como acontece na psicografia, onde um espírito se apodera de um corpo e domina os seus sentidos e escreve por ele. Na inspiração dos escritores bíblicos, segundo Stanley Horton, “o Espírito Santo não ditava as palavras, mas guiava o escritor para que este, livremente, escolhesse as palavras que realmente expressavam a mensagem de Deus. Por exemplo, o escritor poderia ter escolhido “casa” ou “construção”, segundo a sua preferência, mas não poderia ter escolhido “campo”, pois isso teria mudado o conteúdo da mensagem.”

2. As limitações dos autores. Quando lemos os relatos bíblicos, temos a impressão de que aquelas pessoas eram infalíveis ou sobrenaturais. Mas, não é bem assim. Os escritores da Bíblia eram pessoas normais como nós, cheias de falhas e limitações. O profeta Elias foi muito usado por Deus, tanto em profecias, como em milagres. Mas, Tiago disse que ele era sujeito às mesmas paixões que nós (Tg 5.17). 

Moisés foi o grande libertador de Israel e o legislador que recebeu a Lei do próprio Deus e entregou ao povo. Foi um homem que falava com Deus diariamente e era completamente dirigido por Deus. O próprio Deus deu testemunho dele, dizendo que falava com Moisés face a face: “Não é assim com o meu servo Moisés que é fiel em toda a minha casa. Boca a boca falo com ele, claramente e não por enigmas; pois ele vê a semelhança do Senhor; por que, pois, não tivestes temor de falar contra o meu servo, contra Moisés?” (Nm 12.7,8). Entretanto, Moisés também teve suas falhas. O texto bíblico diz que ele foi impedido de entrar na terra prometida, porque desobedeceu ao mandamento de Deus (Nm 20.11,12). 

Temos na Bíblia o caso de Davi, que era um homem segundo o coração de Deus e escreveu 74 Salmos. Mas a própria Bíblia registra que ele cometeu adultério com Batseba, esposa do seu soldado Urias e ainda tramou, de forma covarde, a morte de Urias e mandou executá-la indiretamente, através de Joabe, para que parecesse que ele havia morrido na guerra. (2 Sm 11.3-15). Estes dois pecados gravíssimos, segundo a lei, deveriam ser punidos com a morte. 

No Novo Testamento, temos o caso de Pedro, que era precipitado e inconsequente. A Bíblia registra que ele foi usado por satanás para desencorajar Jesus de ir à cruz (Mt 16.23); cortou a orelha do servo do sumo sacerdote (Mt 26.51) e negou a Jesus por três vezes (Mc 14.60,70,71). Pedro também não era culto e tinha limitações para escrever ( (At 4.13). Ele precisou do auxílio de Silas para escrever a sua primeira epístola (1 Pe 5.12).

3. Os diferentes gêneros literários e figuras de linguagem. O conteúdo da Bíblia não está relacionado à qualidade dos seus escritores, pois é de origem divina. Paulo disse que temos um tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não nossa (2 Co 4.7). Então os escritores bíblicos foram usados por Deus, na sua linguagem, cultura e características em geral. Mas, não lhes foi permitido errar ou interferir no conteúdo escrito. Em tudo eles foram movidos pelo Espírito Santo. 

Cada escritor bíblico foi usado por Deus em seu próprio idioma, com diferentes gêneros literários, figuras de linguagem e outros aspectos da sua cultura. Na Bíblia temos narrativas (Livros históricos); poesias e provérbios (Livros poéticos);  figuras de linguagem como a alegoria (Gl 4.22-24; Hb 9.9); enigmas (Jz 14.14); parábolas (Ez 17; Mt 13, etc); hipérboles (Jo 21.25; Cl 1.23); metáforas (2.8). Temos linguagens cultas, como as de Paulo e Lucas e de pessoas com pouca instrução como Pedro. Isso, no entanto, não interfere, nem invalida a inspiração divina da Palavra de Deus. 

4. A linguagem do senso comum. Para tentar desacreditar a Bíblia, uma das principais acusações dos céticos é de que ela usa afirmações que ‘contrariam’ a ciência moderna. Como exemplo, colocam o relato de Josué 10.12-15, onde está escrito que Josué mandou o sol parar. Entretanto, a Bíblia não é um tratado científico. O que o texto bíblico mostra é a linguagem do senso comum, ou seja aquilo que a população em geral usa no dia a dia. Até hoje, mesmo pessoas cultas usam as expressões pôr do sol, nascer do sol e outras. A intenção do texto bíblico aqui é apenas fazer as pessoas compreenderem o que aconteceu e não dar aula de astronomia. É uma figura de linguagem chamada prosopopeia, que consiste  em atribuir a seres inanimados, características de seres animados ou atribuir características humanas a seres irracionais, para tornar mais dramática a comunicação. 


REFERÊNCIAS: 


BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.    

CONFORT, Philip Wesley. A Origem da Bíblia. Editora CPAD. pag. 49.    

HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Editora CPAD.    

CHAFER, Lewwis Sperry. Teologia Sistemática. Vol I e II. Editora Hagnos. 1 Ed. 2003. pag. 110.    

GEISLER, Norman William. Introdução Bíblica: como a Bíblia chegou até nós. Editora Vida. 5 Ed. 2012. pag. 22-24. 

GEISLER, Norman William. Enciclopédia De Apologética, respostas aos críticos da fé cristã. Editora Vida. 1 Ed. 2002. pág. 120-121.  

HUNT, Dave. Em defesa da fé. Editora CPAD. 1 edição/2006. pág. 92-93.    

A Bíblia Responde. Editora CPAD. 2 Ed. pág. 18-19.    



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Pb. Weliano Pires


05 janeiro 2022

A DOUTRINA DA INSPIRAÇÃO BÍBLICA


(Comentário do 1º tópico da lição 2: A inspiração divina da Bíblia).


Toda a Bíblia foi inspirada por Deus e não apenas algumas partes, como prega a teologia liberal. Não há um livro ou texto mais inspirado do que outros. O apóstolo Paulo diz que “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (2 Tm 3.16 NAA). A palavra grega usada por Paulo, traduzida por “inspirada por Deus” é “theopneustos”. É a junção dos termos “Theos” (Deus) e “pneõ” (soprada), significando literalmente “soprada por Deus”.


1. A inspiração bíblica é divina. A inspiração bíblica é um trabalho divino. Deus escolheu e usou os escritores para escrever a Sua Palavra. O conteúdo da Bíblia não é de origem humana, como vimos na lição passada. Em várias partes da Bíblia, encontramos os escritores dizendo que, aquilo que eles escreviam ou citavam, era a Palavra de Deus. A expressão “Assim diz o Senhor” e outras semelhantes aparecem cerca de 3.800 vezes nos textos do Antigo Testamento. Depois que recebeu a Lei de Deus, Moisés transmitiu oralmente o que recebeu do Senhor ao povo e também escreveu. O texto bíblico diz que eram “Palavras do Senhor”: “Moisés foi e transmitiu ao povo todas as palavras do Senhor e todos os estatutos. Então todo o povo respondeu a uma voz e disse:

- Tudo o que o Senhor falou nós faremos. Moisés escreveu todas as palavras do Senhor e, tendo-se levantado de manhã cedo, edificou um altar ao pé do monte e ergueu doze colunas, segundo as doze tribos de Israel.” (Êx  24.3,4). Da mesma forma, os profetas Jeremias, Ezequiel, Isaías, Jonas e muitos outros, se referiram às palavras que eles escreveram como Palavra do Senhor (Jr 26.2; Ez 1.3; Os 1.1; Jn 1.1; Jl 1.1; Mq 1.1; Hc 3.2; Ag 1.1; Zc 1.1; Ml 1.1). No Novo Testamento, tanto o Senhor Jesus como os seus apóstolos, ao citarem as Escrituras do Antigo Testamento, também se referiram a elas como a Palavra de Deus: (Mc 7.13; Hb 4.12; 1 Pe 4.11).


Deus falando a Jeremias, deu garantia de que a Sua Palavra se cumpre, pois, Ele vela por sua Palavra para cumpri-la. (Jr 1.12). O profeta Isaías também foi usado por Deus para escrever que "... a Palavra do Senhor subsiste eternamente." (Is 40.8). O Senhor Jesus também assegurou a imutabilidade da Palavra de Deus, dizendo que até mesmo os símbolos diacríticos hebraicos, que mudam o som das palavras, contidos nas Escrituras, não cairão por terra (Mt 5.18). Ainda em Mateus 24.35, o Senhor reiterou: "Passarão os céus e a terra, mas as minhas palavras não hão de passar". Estas afirmações bíblicas de que as palavras foram inspiradas por Deus, de que são Palavras de Deus e a garantia dada pelo próprio Deus de que se cumprirão, provam que o conteúdo da Bíblia foi produzido pelo próprio Deus. 


2.   A inspiração bíblica é verbal e plenária. Conforme falamos na introdução desta lição, há várias teorias erradas a respeito da inspiração divina da Bíblia. A teoria correta, que a Assembleia de Deus adota, é chamada de inspiração verbal plenária. Esta teoria afirma que o Espírito Santo, agiu sobre os escritores da Bíblia e os conduziu na transcrição daquilo que Deus queria que fosse escrito. Esta ação do Espírito Santo manteve a inerrância das Escrituras e deu-lhe a autoridade divina. O Pr. Raimundo de Oliveira, assim escreveu sobre a inspiração divina da Bíblia: "Deus os usou tal qual, com seu caráter e temperamento, seus dons e talentos, sua educação e cultura, seu vocabulário e estilo; iluminou suas mentes, os impulsionou a escrever, excluindo a influência do pecado sobre suas atividades literárias."


A inspiração divina é verbal, porque Deus soprou na mente dos escritores exatamente aquilo que eles deveriam escrever e não apenas as idéias, para que eles as interpretassem e escrevessem conforme o entendimento deles. A inspiração verbal significa que todas as palavras da Bíblia são inspiradas por Deus. Por outro lado, a inspiração bíblica também é plenária, ou seja, todo o texto bíblico foi inspirado por Deus e não apenas algumas palavras. Sendo assim, rejeitamos as idéias da teologia liberal que afirma que a Bíblia não é a Palavra de Deus, mas, "contém a Palavra de Deus". 


REFERÊNCIAS:

BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.    

CONFORT, Philip Wesley. A Origem da Bíblia. Editora CPAD. pag. 51-53.    

HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Editora CPAD.    

OLIVEIRA, Raimundo de. As grandes doutrinas da Bíblia. 9ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006. p.22.


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Pb. Weliano PIres


04 janeiro 2022

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 2: A INSPIRAÇÃO DIVINA DA BÍBLIA


REVISÃO DA LIÇÃO ANTERIOR


Na primeira lição deste trimestre falamos sobre a autoridade da Bíblia. Vimos que a autoridade da Bíblia fundamenta-se em Deus que é o seu autor. A Bíblia autentica-se a si mesma e a sua veracidade pode ser confirmada por evidências internas e externas. 


As evidências internas são percebidas através da sua unidade, consistência, ação do Espírito Santo na vida dos seus leitores e através das profecias que já se cumpriram. As evidências externas, por sua vez, são as confirmações das suas narrativas históricas, pelas descobertas arqueológicas.

Falamos também sobre a mensagem da Bíblia, enfatizando a Supremacia das Escrituras, o poder da Palavra de Deus e o propósito das Escrituras, que é levar-nos à redenção em Jesus Cristo.


INTRODUÇÃO À LIÇÃO 2


Nesta segunda lição, falaremos sobre a doutrina da inspiração divina da Bíblia. A Bíblia é diferente de todos os livros que já foram escritos, exatamente porque ela foi inspirada por Deus. Quando falamos de inspiração, no sentido físico, referimo-nos à introdução do oxigênio nos pulmões. Em relação à Bíblia, significa que Deus soprou nos escritores, para que eles escrevessem em seu próprio vocabulário a revelação de Deus. Entretanto, Deus supervisionou tanto as idéias quanto as palavras usadas.


O saudoso pastor Antonio Gilberto, em um estudo publicado no site CPADNEWS, explica que existem várias teorias equivocadas a respeito da inspiração divina da Bíblia. Transcrevo abaixo, um resumo destas teorias:


a) Teoria da inspiração natural. Esta teoria diz que os escritores da Bíblia eram pessoas dotadas de um capacidade extraordinária, como outros escritores geniais. 

b) Teoria da inspiração divina comum. Ensina que a inspiração dos escritores da Bíblia é a mesma que recebemos de Deus para pregar, cantar, orar, etc. 

c) Teoria da inspiração parcial. Ensina que algumas partes da Bíblia são inspiradas por Deus e outras não. 

d) Teoria do ditado verbal. Ensina que Deus ditou as palavras e os escritores escreveram como a fossem robôs. 

e) Teoria da inspiração das idéias. É o contrário da teoria do ditado verbal. Diz que Deus inspirou apenas as idéias, mas não guiou as palavras.


No primeiro tópico da lição falaremos sobre a doutrina da inspiração bíblica, explicando como se deu esta inspiração. Veremos que a inspiração bíblica é divina, verbal e plenária. Deus soprou nos autores o que eles deveriam escrever e como deveriam escrever. 


No segundo tópico, falaremos sobre a relação entre a inspiração divina e os escritores da Bíblia. Eles não eram perfeitos e tinham várias falhas como todo ser humano. Isso, porém, não interferiu no processo da escrita da Bíblia, que foi supervisionada pelo Espírito Santo, usando os gêneros literários, figuras de linguagem e linguagem comum do meio em que eles viviam, para se fazer compreender. Isso não anula, em hipótese alguma, a inspiração divina.


No terceiro e último tópico, falaremos sobre a ação do Espírito Santo na composição da Bíblia. Veremos que tanto o Antigo quanto o Novo Testamento possuem declarações internas de que foram inspirados por Deus. Por último, falaremos sobre a obra do Espírito Santo na iluminação da mente dos que ouvem a Palavra de Deus, para fazê-los entender, produzindo em seu interior a fé regeneradora. 


REFERÊNCIAS:


BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.    

ANDRADE, Claudionor de. Teologia Sistemática Pentecostal. Editora CPAD. 2 Ed. 2008. pag. 19. 

HUNT, Dave. Em defesa da fé. Editora CPAD. 1 edição/2006. pag. 62-63.  

http://www.cpadnews.com.br/blog/antoniogilberto/fe-e-razao/30/a-biblia-e-a-palavra-de-deus-(parte-i).html


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Pb. Weliano Pires

03 janeiro 2022

LIÇÃO 2: A INSPIRAÇÃO DIVINA DA BÍBLIA

TEXTO ÁUREO:

“Toda a Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça.” (2 Tm 3.16)  

VERDADE PRÁTICA:

"A inspiração da Bíblia Sagrada é divina, verbal e plenária. Portanto, a Bíblia toda nos ensina, corrige e instrui."

HINOS SUGERIDOS: 252, 456, 558 da Harpa Cristã.

LEITURA DIÁRIA

Segunda – 2 Pe 1.21

Os autores bíblicos escreveram inspirados pelo Espírito Santo  

Terça – Rm 15.4

Tudo o que está escrito serve para o nosso ensino  

Quarta – 2 Co 4.7

As Escrituras não estão condicionadas às limitações de seus autores humanos  

Quinta – 1 Co 14.9-11

A linguagem bíblica busca alcançar a compreensão de todos  

Sexta – Lc 24.44

Cristo reconheceu a inspiração divina do Antigo Testamento  

Sábado – 1 Pe 1.23

A Palavra inspirada pelo Espírito Santo opera na regeneração dos pecadores    

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: 2 Timóteo 3.14-17; 2 Pedro 1.19-2 1

2 Timóteo 3

14 – Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido,

15 – E que, desde a tua meninice, sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.

16 – Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça;

17 – Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.

2 Pedro 1

19 – E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem faz eis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia esclareça, e a estrela da alva apareça em vosso coração.

20 – Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação.

21 – Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.  

PLANO DE AULA

INTRODUÇÃO

Cremos que a Bíblia é inspirada divina, verbal e plenariamente, ou seja, a Bíblia é a Palavra de Deus revelada aos nossos corações. Nesse sentido, trazer luz a respeito da importante doutrina da Inspiração das Escrituras é o objetivo maior desta lição. Todo trabalho pedagógico deve concorrer para isso. Nossos alunos, ao final desta lição, devem aprofundar as raízes de sua fé na inspiração divina da Bíblia.

APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO

A) Objetivos da Lição:

I) Refletir que a própria Bíblia reivindica sua inspiração divina;

II) Evidenciar que as limitações humanas não anulam a inspiração divina da Bíblia;

III) Explicitar que o Espírito Santo atua na regeneração e iluminação do pecador e, por isso, nos ajuda a compreender as Escrituras.

B) Motivação:

O que faz a Bíblia ser diferente de todos os outros livros? Por que a Bíblia está acima da literatura de William Shakespeare, dos romances de Machado de Assis ou de outras obras clássicas? A resposta para essas perguntas está na transformação que o leitor sofre dentro de si enquanto lê a Bíblia com o auxílio do Espírito Santo.

C) Sugestão de Método: Apresente relatos que mostram o quanto as pessoas que leram a Bíblia foram impactadas; e quantas vidas foram transformadas a partir do contato com as Escrituras. Você pode fazer pesquisas em sites especializados ou em obras de história da Igreja. 

CONCLUSÃO DA LIÇÃO

A) Aplicação: Conclame os alunos, a toda vez que se prepararem para ler a Bíblia, a pedir o auxílio do Espírito Santo. A Bíblia é um livro divino, por isso, precisamos do divino auxílio para lê-la e compreendê-la.    

SUBSÍDIO AO PROFESSOR

A) Revista Ensinador Cristão: Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios às Lições Bíblicas. Na edição 88, p.37, você encontrará um subsídio especial para esta lição B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará um auxílio que dará suporte na preparação de sua aula:

1) O texto “A Inspiração Divina da Bíblia” aprofunda o conceito de Inspiração Divina apresentado no primeiro tópico;

2) O texto “Fundamentos bíblicos para uma filosofia de ensino” traz uma reflexão a respeito da Bíblia como fundamento inspirador para o ensino, conforme o segundo tópico.    

PALAVRA-CHAVE: INSPIRAÇÃO

INTRODUÇÃO 

A inspiração divina das Escrituras foi operada sobrenaturalmente pelo Espírito Santo, que nos deu a Bíblia, a única revelação escrita de Deus para a humanidade. Nesta lição, veremos que a inspiração da Bíblia é divina, verbal e plenária. Nesse sentido, a Bíblia Sagrada é para o crente salvo a inspirada, inerrante e infalível Palavra de Deus.    

I – A DOUTRINA DA INSPIRAÇÃO BÍBLICA

1. A inspiração bíblica é divina. Nas páginas do Antigo Testamento, a expressão “Assim diz o Senhor” e similares são usadas mais de 3.800 vezes. Ao receber a revelação no Monte Sinai, Moisés “escreveu todas as palavras do Senhor” (Êx 24.4). Jeremias foi advertido: “não esqueças nem uma palavra ” (Jr 26.2). No texto do Novo Testamento, Paulo disse que usava as palavras “ que o Espírito Santo ensina” (1 Co 2.13). João assegura que o Senhor lhe revelou “coisas que brevemente devem acontecer” (Ap 1.1). E o Senhor Jesus asseverou que até os sinais diacríticos do texto hebraico eram inspirados: “nem um jota ou um til se omitirá da lei” (Mt 5.18). Assim sendo, as Escrituras reivindicam que a mensagem bíblica veio da parte de Deus.

2. A inspiração bíblica é verbal. Ratificamos que a Bíblia é “divinamente inspirada” (2 Tm 3.16). Essa tradução vem do termo grego "theopneustos", que significa literalmente “ soprada por Deus”. Desse modo, a inspiração é chamada de verbal porque Deus soprou nos escritores sagrados aquilo que deveria ser escrito (Ap 19.9; 1 Co 14.37). Porém, os autores bíblicos não foram usados automaticamente como se escrevessem um ditado; eles foram instrumentos de Deus e, cada qual com sua própria personalidade e talento, escreveram “ inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pe 1.21). Essa ação divina foi tão intensa que todas as palavras registradas na Bíblia eram exatamente as que Deus queria ver empregadas nas Escrituras. 

3. A inspiração bíblica é plenária. A inspiração da Bíblia também é plenária, isto é, a inspiração é total e completa, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento. Paulo afirma que “toda” a Escritura é inspirada (2 Tm 3.16). Nossa Declaração de Fé professa que a “inspiração da Bíblia é especial e única, não existindo um livro mais inspirado e outro menos inspirado, tendo todos o mesmo grau de inspiração e autoridade”. Significa que nenhum texto deve ser desprezado. Aos Romanos, lemos que “tudo que dantes foi escrito para nosso ensino foi escrito ” (Rm 15.4). Nesse aspecto, ratificam os que a Bíblia não apenas “ contém” ou “torna-se” a Palavra de Deus, mas sobretudo ela é a inspirada Palavra de Deus – plena, sem erros e sem falha alguma.    

SINOPSE I

A Bíblia é a inspirada Palavra de Deus. Seus autores a escreveram inspirados pelo Espírito Santo e os seus livros têm o mesmo grau de autoridade.

AUXÍLIO TEOLÓGICO

A Inspiração Divina da Bíblia 

O que diferencia a Bíblia de todos os demais livros do mundo é a sua inspiração divina (Jó 32.8; 2 Tm 3.16; 2 Pe 1.21). É devido à inspiração divina que ela é chamada a Palavra de Deus […] Que vem a ser inspiração divina ? Para melhor compreensão, vejamos primeiro o que é inspiração. No sentido fisiológico, é a inspiração do ar para dentro dos pulmões. É pela inspiração do ar que tem o fôlego para falar. Daí o ditado ‘Falar é fôlego’. Quando estamos falando, o ar é expelido dos pulmões: é o que chamamos de expiração.

Pois bem, Deus, para falar a sua Palavra através dos escritores da Bíblia, inspirou neles o seu Espírito! Portanto, inspiração divina é a influência sobrenatural do Espírito Santo como um sopro, sobre os escritores da Bíblia, capacitando-os a receber e transmitir a mensagem divina sem mistura de erro. A própria Bíblia reivindica para si a inspiração de Deus, pois a expressão ‘Assim diz o Senhor’, como carimbo de autenticidade divina, ocorre mais de 2.600 vezes nos seus 66 livros; isso além de outras expressões equivalentes.

GILBERTO, Antonio. A Bíblia através dos Séculos: A história e formação do Livro dos livros. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2019, p.41. 

II – INSPIRAÇÃO DIVINA E OS AUTORES DA BÍBLIA

1. A Inspiração dos autores. O Espírito Santo garantiu a liberdade dos escritores bíblicos conforme a capacitação de cada um. Portanto, a Bíblia possui particularidades quanto ao gênero literário, gramática, vocabulários e outros. Apesar disso, os autores não se tornaram intérpretes do divino. Isso porque Deus não inspirou aos escritores apenas os pensamentos ou as ideias. O Espírito Santo também inspirou cada uma das palavras que expressam com exatidão a mensagem divina (l Co 2.10,11).

2. As limitações dos autores. Os escolhidos por Deus para escreverem a Bíblia eram pessoas assim como nós, inclinadas às mesmas paixões e falhas (Tg 5.17). Moisés, por exemplo, mesmo sendo o autor do Pentateuco, foi impedido de entrar na Terra Prometida porquanto transgredira contra o Senhor no deserto de Zim (Dt 32.51,52). Entretanto, nenhum texto das Escrituras, quanto à sua inspiração e veracidade, está condicionado às limitações de seus autores humanos (2 Co 4.7).  

3. Os diferentes gêneros literários e figuras de linguagem. Cada autor fez uso de gêneros literários distintos, tais como: narrativa (1 e 2 Samuel), poesia (Salmos), provérbios (livro de Provérbios) etc. Os autores sagrados também fizeram uso de figuras de linguagem, tais com o: o emprego de parábolas e enigmas (Jz 14.14; Ez 17.2); de alegorias (Gl 4-22-24; Hb 9.9); de hipérboles (Jo 21.25; Cl 1.23); de metáforas e símiles (Zc 2.8; Tg 3 3 – 5); de vocabulário simples ou rebuscado, a depender do grau de instrução do autor (2 Pe 3.15,16). O emprego dos recursos literários evidencia a cultura do escritor, mas em hipótese alguma invalida a inspiração da Palavra de Deus (Pv 2.6; Tg 1.17).    

4. A linguagem do senso comum. Na descrição de fenômenos científicos, por exemplo, os autores sagrados usaram a fraseologia comum e popular. Para citar um dos casos, ao descrever a herança dos rubenitas, também dos gaditas e à meia tribo de Manassés, Josué fez alusão aos“ nascer do sol” (Js 1.15); e, na batalha contra os amorreus, ele registrou que o “sol parou” (Js 10.13). Essa linguagem não ignora os fundamentos científicos, nem desacredita a inspiração da Palavra de Deus, apenas busca alcançar a compreensão de todos (1 Co 14.9-11).  

SINOPSE II

As limitações humanas, o uso de diferentes gêneros literários e o emprego de linguagem comum não anulam a inspiração divina dos autores da Bíblia.

AMPLIANDO O CONHECIMENTO

A Inspiração 

“As Escrituras eram sopradas por Deus à medida que o Espírito Santo inspirava seus autores a escrever em prol de Deus. Por causa de sua incitação e superintendência, as palavras dos escritores eram verdadeiramente a Palavra de Deus. Pelo menos em alguns casos, os escritores bíblicos tinham consciência de que a sua mensagem não era meramente sabedoria humana, mas ‘as palavras que o Espírito Santo ensina’ (1 Co 2.13)”. Amplie mais o seu conhecimento, lendo a Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal, CPAD, p.115.    

AUXÍLIO DE EDUCAÇÃO CRISTà

Fundamentos bíblicos para uma filosofia de ensino 

Uma filosofia cristã de ensino começa na Bíblia e faz parte do conceito maior de educação cristã. A Palavra de Deus oferece mais do que o conteúdo do ensino cristão; fornece também a estrutura filosófica essencial. Questões fundamentais, como: ‘Por que ensinar?’; ‘Que resultados devem os esperar?’; ‘Quem é o mediador do ensino cristão?’; ‘Como devemos ensinar?’; e ‘A quem devemos ensinar?’ encontram respostas provocativas na Bíblia. Um mandato e uma meta claramente definidos emaranham-se de forma precisa com os notáveis discernimentos das Escrituras sobre o professor, o aluno e Deus para, com isso, formar um a superestrutura estável. Cada ensinador cristão constrói uma filosofia pessoal de ensino ao entender, correta ou incorretamente, a estrutura bíblica. Portanto, o desafio de construir uma filosofia verdadeiramente cristã começa de maneira correta examinando cada parte do componente fornecido pela Bíblia” 

GANGEL, Kenneth O.; HENDRICKS, Howard G (Eds.). Manual de Ensino para o Educador Cristão: Compreendendo a natureza, as bases e o alcance do verdadeiro ensino cristão. 4 .ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.66.

III – O ESPÍRITO SANTO E A BÍBLIA

1. A inspiração do Antigo Testamento. A Bíblia é categórica em reiterar sua inspiração divina. O registro de Juízes ensina que os livros de Moisés são mandamentos do Senhor (Jz 3.4). Esdras reconhece como inspirados os livros de Jeremias, Ageu e Zacarias (Ed 1.1; 5.1). A respeito da inspiração da Lei de Moisés e dos profetas, Zacarias ensinou que os seus escritos eram “as palavras que o Senhor dos Exércitos enviara pelo seu Espírito, mediante os profetas precedentes” (Zc 7.12). O próprio Cristo mencionou a Lei de Moisés, os Profetas e os Escritos como livros inspirados (Lc 24.44). Essas declarações atestam o Espírito Santo como a fonte originária de inspiração do Antigo Testamento.    

2. A inspiração do Novo Testamento. O Novo Testamento possui dois pressupostos básicos de sua inspiração: a) a promessa de Cristo de enviar o Espírito Santo para guiar os discípulos (Jo 14.26); b) os escrito s bíblicos que vindicam esse cumprimento (At 2.4; 1 Co 2.10; Ef 3.5). Nesse aspecto, Paulo declara que escreve sob orientação do Espírito, e que suas epístolas são a Palavra de Deus (Rm 15.15,16; 1 Co 14.37; G1 1.12; 1 Ts 2.13). Pedro reconhece essa verdade e classifica os livros de Paulo como Escrituras (2 Pe 3.16). Nessa direção, vários outros textos apontam para a ação do Espírito Santo nos escritos da Nova Aliança (Jo 16.13).    

3. A obra da regeneração e a iluminação. A Bíblia ensina que o Espírito Santo testifica de Cristo e convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo (Jo 15.26; 16.8-11). Desse modo, o Espírito Santo atua no processo da salvação e produz a fé regeneradora (Ef 2.8) que vem pelo ouvir a Palavra (Rm 10.17). Nesse aspecto, o Espírito Santo não apenas inspirou as palavras da salvação, mas também as aplica ao coração humano a fim de regenerar os pecadores (1 Pe 1.23). Sem esse mover do Espírito não é possível nem aceitar e nem entender a Palavra de Deus (Mt 13.15; 1 Co 2.14). Essa ação em conduzir o pecador a compreender as verdades bíblicas chama-se iluminação (Ef 1.18). Porém, ressalta-se que o Espírito Santo ilumina o que Ele já tem inspirado, não se trata de nenhuma nova revelação (Gl 1.8,9).    

SINOPSE III

A Bíblia reivindica a inspiração do Espírito Santo em todas as palavras das Escrituras.

CONCLUSÃO

A Bíblia é a Palavra de Deus escrita. Ela foi inspirada verbalmente, e seus autores a escreveram inspirados pelo Espírito Santo. A inspiração da Bíblia é plena, todos os livros e palavras da Bíblia têm total e completa autoridade. Esse ensino concorda com a nossa Declaração de Fé que professa crer “na inspiração divina verbal e plenária da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé e prática para a vida e o caráter cristão.   

VOCABULÁRIO:

Alegoria: Modo de expressão que procura representar pensamentos e ideias sob forma figurada. Hipérbole: Figura de linguagem que consiste no exagero de uma expressão ou ideia. Exemplos: “Morrer de rir”, “chorar rios de lágrimas”. 

Símile: Figura de linguagem que denota o que é semelhante, análogo. Exemplos: “Sedes prudentes como a serpente”. 

Sinal diacrítico: Sinal gráfico que junto à letra altera sua fonologia. Exemplos: acento agudo, cedilha, til etc. 

Q U E S T I O N Á R I O

1) O que as Escrituras reivindicam? 

As Escrituras reivindicam que a mensagem bíblica veio da parte de Deus.  

2) O que é Inspiração Plenária? 

A inspiração plenária da Bíblia é a inspiração total e completa, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento.  

3) Cite um gênero literário e três figuras de linguagens. 

Narrativa; parábola, hipérbole e metáforas.  

4) Quais os dois pressupostos básicos de inspiração divina do Novo Testamento? 

O Novo Testamento possui dois pressupostos básicos de sua inspiração: 

a) a promessa de Cristo de enviar o Espírito Santo para guiar os discípulos (Jo 14.26); 

b) os escritos bíblicos que vindicam esse cumprimento (At 2.4; l Co 2.10; Ef 35).  

5) O que não é possível acontecer sem que haja o mover do Espírito Santo? 

Sem o mover do Espírito não é possível nem aceitar e nem entender a Palavra de Deus (Mt 13.15; 1 Co 2.14


02 janeiro 2022

A MENSAGEM DA BÍBLIA


LIÇÃO 1: A AUTORIDADE DA BÍBLIA

(Comentário do 3º tópico: A MENSAGEM DA BÍBLIA


Neste terceiro e último tópico, falaremos sobre a mensagem da Bíblia. Discorreremos sobre a  Supremacia das Escrituras, o poder da Bíblia e o seu propósito. Sendo a Palavra de Deus, a Bíblia tem autoridade final e é poderosa para penetrar no íntimo do ser humano e produzir transformação. O objetivo principal da Bíblia é nos revelar o Senhor Jesus Cristo, como o único que pode nos salvar da condenação eterna. O próprio Jesus disse; “...São elas [as Escrituras] que de mim testificam.” (Jo 5.39)

1. A Supremacia da Bíblia. Segundo o dicionário de língua portuguesa, a palavra supremacia significa “superioridade completa e que não se pode contestar; hegemonia”. Esta definição se aplica perfeitamente à Palavra de Deus, pois ela é a revelação escrita de Deus à humanidade e não pode jamais ser contestada. Tudo aquilo que precisamos saber sobre Deus, o pecado, a salvação, o nosso crescimento espiritual e a vida futura, já está revelado na Palavra de Deus. Não se pode retirar ou acrescentar nada dela (Ap 22.18,19). 

No Século XVI, os reformadores reafirmaram a supremacia das Escrituras, utilizando a expressão latina “Sola Scriptura", que significa “somente a Escritura” tem autoridade em questões doutrinárias para a Igreja. Nessa época, a Igreja havia mergulhado no paganismo e na idolatria. Criavam doutrinas e dogmas segundo as suas conveniências, como as indulgências, que eram as absolvições do tempo de pena no purgatório pelos papas. Inicialmente, uma das formas de penitência era a prática de esmolas. Depois passaram a vender as indulgências. Vendiam também relíquias, que eram objetos sagrados, que supostamente haviam pertencido aos apóstolos. 

Estas e outras práticas abusivas adotadas pela Igreja Romana, não encontrava nenhum amparo nas Escrituras. Mas, esta Igreja adota um tripé como fonte de suas doutrinas: as Escrituras, a tradição e o magistério da Igreja. O magistério é a central de ensinamento oficial da Igreja, incluindo o papa e os bispos em união com ele. Os católicos acreditam que a tradição da Igreja tem o mesmo valor das Escrituras e o magistério tem a prerrogativa de interpretá-la. Na prática, o que eles fazem é criar dogmas e doutrinas que contrariam as Escrituras. 

Em 31 de Outubro de 1517, houve a Reforma Protestante. Martinho Lutero, que era um monge agostiniano e professor de teologia, se revoltou contra estas práticas antibíblicas, escreveu 95 teses contestando-as e fixou-as na porta da Igreja de Wittenberg, na Alemanha. Ele foi intimado a comparecer em Roma para dar explicações ao Papa e renegar o que havia escrito nas teses e nos livros. Cheio da ousadia do Espírito Santo, Lutero reafirmou a sua posição em Roma:


“Contendemos pela firmeza e pureza da fé e das Escrituras […]. Devemos estabelecer a distinção mais nítida possível entre o que nos foi entregue por Deus nos textos sagrados e o que foi inventado na Igreja pelos homens, não importa a eminência da santidade ou da erudição deles.”

Insistiram para que ele se retratasse e renegasse o que disse, mas ele manteve-se firme: 


“A menos que me convençam, pela Escritura ou por razões claras, de que estou errado, eu permaneço constrangido pelas Escrituras. Não posso nem quero me retratar, de vez que não é seguro nem correto agir contra a consciência. Deus me ajude. Amém.”

Lutero foi excomungado (excluído da comunhão) pela Igreja. Escapou da morte, porque autoridades alemãs, que eram simpatizantes às suas idéias o raptaram e o colocaram em segurança. A partir da Reforma Protestante, ficou estabelecido o princípio bíblico de que somente a Escritura pode ser normativa em questões doutrinárias para a Igreja. O maior dos Salmos, o 119, foi dedicado exclusivamente à Palavra de Deus. Este Salmo é um acróstico, contendo 22 estrofes, cada uma delas começa com uma palavra cuja inicial é uma letra sequencial do alfabeto hebraico. Em cada um dos versos há uma referência à Palavra de Deus, com palavras sinônimas: Lei do Senhor, Testemunhos, Mandamentos, Estatutos, etc. No verso 105, está escrito: "Lâmpada para os meus pés é a tua Palavra e luz para o meu caminho”.

2. O poder da Palavra de Deus. A Palavra de Deus é mencionada pelo apóstolo Paulo, quando falou da armadura de Deus, como “a espada do Espírito” (Ef 6.17). A espada é uma arma de ataque e defesa. Com a espada do Espírito podemos atacar o inimigo e nos defendermos dos seus dardos inflamados. O Senhor Jesus venceu o inimigo usando a Palavra de Deus (Mt 4-4,7,10). É necessário, no entanto, saber usar esta espada. Um soldado que não tem habilidade para manejar uma espada, pode ser ferido com ela pelo inimigo. O profeta Jeremias também usou a metáfora de um martelo que despedaça uma penha, referindo-se à Palavra de Deus (Jr 23.19). De fato, muitos corações de pedra tem sido quebrantados pelo poder da Palavra de Deus. Nenhum outro livro tem este poder de transformar milhões de pessoas, mudando comportamentos e tradições milenares. 

3.   O propósito da Bíblia. A Bíblia foi escrita para revelar ao mundo quem é Deus, os seus valores morais. O Antigo Testamento inicia com a revelação de como Deus criou todas as coisas, inclusive o ser humano. Depois, relata a queda do ser humano. A partir daí, Deus coloca em prática o plano que Ele tinha antes da fundação do mundo, de salvar o homem. A Bíblia traz os relatos de como Deus formou a nação de Israel, a partir da chamada de Abrão. Relata também a Lei de Deus para esta nação e como eles deveriam se comportar na terra prometida, sendo o povo escolhido de Deus. Todo o restante do Antigo Testamento conta as histórias desta nação, as poesias e as profecias relacionadas ao futuro desta nação e à vinda do Messias, o salvador do mundo. 

O Novo testamento conta a história do Salvador, desde o seu nascimento, a sua apresentação e circuncisão, o seu batismo, os seus discursos, os milagres realizados, a sua morte, a sua ressurreição e assunção aos Céus. Depois, os seus apóstolos deram continuidade ao seu ministério terreno “ensinando a guardar tudo aquilo que Ele havia mandado”. (Mt 28.19). Portanto, o propósito das Escrituras é revelar o próprio Deus e o seu plano de salvação para o mundo perdido. (1 Tm 1.15).  


REFERÊNCIAS:

BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras - A inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 1. pag. 400-401.

COMFORT, Philip Wesley. A Origem da Bíblia. Editora CPAD. pag. 67-68.

SOARES, Esequias. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. Editora CPAD. pag. 27-28.

MAC ARTHUR, John. Por que crer na Bíblia. Editora Thomas Nelson. 2. ed. 2017.

LEBAR, Lois E. Educação que é Cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p.55.


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Pb. Weliano Pires


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