29 maio 2023

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 10: QUANDO OS PAIS SEPULTAM SEUS FILHOS.

Ev. WELIANO PIRES

REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA


Na lição passada estudamos sobre uma família nada perfeita. Todos nós, sem exceção, somos imperfeitos e, por conseguinte, a nossa família também o é. Como exemplo de uma família nada perfeita, falamos da família do rei Davi. Não obstante, tenha sido considerado pelo próprio Deus como “um homem segundo o coração de Deus” (At 13.22), o grande salmista de Israel e um rei muito amado pelo seu povo, Davi foi um desastre como pai e como esposo. A família de Davi era numerosa e cheia de problemas que eram, na verdade, consequências das suas escolhas equivocadas. Davi teve várias esposas e concubinas, que lhe deram mais de 20 filhos. Evidentemente, não seria fácil administrar uma família com este perfil.


No primeiro tópico, falamos sobre o rei Davi e a sua família. Davi foi ungido por Deus para reinar sobre Israel, no final do desastroso reinado de Saul, que Deus havia rejeitado. Davi era também um homem de Deus, capacitado pelo Espírito de Deus para reinar sobre todo o Israel. Como rei, Davi unificou a todo o Israel, depois da morte de Saul e foi bem sucedido. Falamos também da grande família de Davi, que teve várias esposas e concubinas, que lhe deram mais de 20 filhos. Este ambiente com várias mulheres, filhos e filhas de mulheres diferentes, aliado ao descaso de Davi para com os filhos, trouxeram problemas gravíssimos para a família. 


No segundo tópico, falamos sobre os filhos e parentes na casa de Davi, envolvidos no episódio do incesto e estupro ocorrido na casa de Davi e o asssassinato subsequente. Falamos sobre Tamar, Absalão e Amnom, filhos de Davi, e sobre Jonadabe, sobrinho de Davi, que foi o mau conselheiro de Amnom. Amnom, o filho primogênito de Davi, foi tomado por um desejo incestuoso pela sua meio irmã Tamar. Jonadabe, filho de Siméia, irmão de Davi, era um conselheiro do mal e aconselhou Amnom a fingir que estava doente e pedir que a sua irmã viesse cuidar dele. Quando ela atendeu ao pedido, Amnom a estuprou e em seguida a desprezou. Absalão, que era irmão de Tamar por parte de pai e mãe, tomado pelo ódio acabou matando o seu meio-irmão Amnom, para vingar a honra da irmã. 


No terceiro tópico, falamos sobre os problemas morais na família de Davi. Falamos também sobre a falta de domínio próprio de Davi, no caso do adultério com Batseba e o assassinato de Urias. Esta atitude imoral e covarde de Davi, acabou reproduzindo em seus filhos esse tipo de comportamento. Em seguida, falamos sobre o Incesto e morte na família de Davi. Amnom, estuprou a sua irmã Tamar e, como não foi punido por Davi, acabou sendo morto pelo seu irmão Absalão. Por último, vimos a importância da vigilância, da proximidade dos pais em relação aos filhos e do exemplo na família. Nenhum de nós está livre de se deparar com problemas entre os filhos. Por isso, é importante estar atento e acompanhar de perto, principalmente dando o exemplo de integridade. 


LIÇÃO 10: QUANDO OS PAIS SEPULTAM OS FILHOS


Nesta lição falaremos sobre uma das situações mais dolorosas para uma família, que é a morte dos filhos antes dos pais. Pelo curso natural da vida, a lógica seria os filhos sepultarem os pais. Entretanto, não estamos livres de passar por uma situação dessa. 


Tomaremos como exemplo, o patriarca Jó, que perdeu todos os seus filhos em um único dia, de forma trágica. Mesmo sendo um homem reto, sincero e temente a Deus, Jó passou por esta tragédia em sua família. Diante desta tragédia na família de Jó, o Livro de Jó nos diz: “... Em tudo isso [perda de todos os seus bens e filhos], Jó não pecou com os seus lábios e não atribuiu a Deus falta alguma”. (Jó 1.22). Entretanto, Jó teve o seu período de dor e lamentação. 


A morte é uma realidade terrível, inevitável e irremediável, para todos os seres humanos. Ricos, pobres, cultos, iletrados, poderosos e pessoas de todas as tribos e nações, estão condenados à morte. Não há no mundo, ninguém que possa impedir a própria morte ou a morte de outrem, por mais dinheiro que tenha. 


A morte entrou no mundo como consequência do pecado. Deus havia falado ao primeiro casal que se eles pecassem, morreriam. A partir do pecado do primeiro casal, a morte passou a ser uma realidade inevitável para todos. A morte é dolorosa para qualquer pessoa que perde um ente querido e é assustadora, pois, não fomos criados para morrer. Para os pais que perdem um filho, no entanto, esta dor é muito maior. 


No primeiro tópico, falaremos sobre a família de Jó. Primeiro falaremos sobre a pessoa do patriarca Jó, trazendo as poucas informações bíblicas e históricas sobre este patriarca. Muitas pessoas dizem que Jó não foi um personagem real, mas, apenas uma ficção. Entretanto, além do livro de Jó contar a história dele, citando nomes, lugares e povos, há citações em outras partes da Bíblia, mencionando Jó como uma pessoa real. Falaremos também sobre a esposa de Jó. Se temos poucas informações sobre Jó, temos menos ainda sobre a sua esposa. A Bíblia não registra sequer o seu nome. Por último, falaremos sobre os filhos de Jó, que levavam uma vida de banquetes, muita comida e bebida. O patriarca se levantava de madrugada, orava e oferecia sacrifícios por eles a Deus.


No segundo tópico veremos como lidar com a morte dentro da família. Jó e sua família eram prósperos, felizes e respeitados na comunidade em que viviam. De repente foram surpreendidos com uma série de notícias trágicas, principalmente, a morte de todos os seus filhos. Evidentemente, eles tinham razões para estarem tristes e terem o seu período de luto. Entretanto, mesmo diante de tamanha dor e tristeza, Jó manteve a sua fidelidade ao Senhor e o adorou. 


No terceiro tópico, veremos como os cristãos devem enfrentar a triste realidade do luto na família. Em primeiro lugar, jamais devemos culpar a Deus ou blasfemar contra Ele. Há mistérios nesta vida que jamais os entenderemos, somente na eternidade. Em segundo lugar, o cristão deve viver o seu momento de luto, manifestando naturalmente as suas reações emocionais, como choro, silêncio e tristeza. Até o Senhor Jesus, em sua condição humana, chorou diante do túmulo de Lázaro. Por último, devemos manter viva a esperança na ressurreição, pois, o Nosso  Senhor Jesus Cristo venceu a morte, ressuscitando dos mortos, e garantiu que nós também iremos ressuscitar para nunca mais morrermos  e estaremos para sempre com o Senhor, se permanecermos fiéis a Ele até à morte. 


REFERÊNCIAS:

CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 171-172.

Revista Lições Bíblicas, Adultos. Rio de Janeiro: CPAD, 4º Trimestre de 2020.

STAMPS, Donald C. (Ed) Bíblia de Estudo Pentecostal: Antigo e Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

26 maio 2023

O PROBLEMA MORAL NA FAMÍLIA DE DAVI

(Comentário do 3º tópico da Lição 09: Uma família nada perfeita)


Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos sobre os problemas morais na família de Davi. Falaremos sobre a falta de domínio próprio de Davi, no caso do adultério com Batseba e o assassinato de Urias. Esta atitude imoral e covarde de Davi, acabou reproduzindo em seus filhos esse tipo de comportamento. Em seguida, falaremos sobre o Incesto e morte na família de Davi. Amnom, estuprou a sua irmã Tamar e, como não foi punido por Davi, acabou sendo morto pelo seu irmão Absalão. Por último, falaremos sobre a importância da vigilância, da proximidade e do exemplo na família. Nenhum de nós está livre de se deparar com problemas entre os filhos, por isso, é importante estar atento e acompanhar de perto, principalmente dando o exemplo de integridade. 


1- As consequências de sua falta de domínio próprio. A vida de Davi teve cinco fases, completamente diferentes uma da outra: a sua infância e juventude junto aos seus pais, como pastor de ovelhas; uma temporada no palácio de Saul, como músico do rei e escudeiro; a fase como fugitivo de Saul, vivendo em desertos, cavernas e até no exterior; os tempos áureos como rei de todo o Israel; e após ter sido confrontado pelo profeta Natã, por causa dos pecados de adultério e assassinato de Urias. 

Nas primeiras duas fases, com os seus pais e depois na casa de Saul, Davi era um moço temente a Deus, que tocava harpa e o espírito maligno se retirava. Na segunda fase, ele venceu Golias, era obediente e fazia tudo para exaltar a Deus. Nesta segunda fase, Davi casou-se com Mical, filha de Saul. Não temos relato de nenhum deslize dele, nestas duas primeiras fases da vida. 

Na terceira fase, no entanto, Davi enfrentou muitas lutas e aflições. Para sobreviver teve que se juntar a outros também fugitivos e enfrentar muitas batalhas sanguinárias. Nesta fase, como a sua esposa o ajudou a fugir, Saul a concedeu a outro homem. Foi nessa fase também que ele começou a colecionar mulheres, casando-se com Ainoã, a Jezreelita, e com Abigail, a carmelita, que havia sido esposa de Nabal.

Na quarta fase da vida, Davi assumiu o trono de Israel e prosseguiu em sua poligamia, casando-se com Maaca, mãe de Absalão e Tamar, e com Hagite, a mãe de Adonias, e colecionando concubinas. Foi nesta fase que Davi se deixou seduzir pelo poder e cometeu os dois piores pecados da sua vida: o adultério com Batseba e assassinato covarde de Urias, seu fiel soldado e marido dela. Passaram-se dois anos e Davi esqueceu-se dos pecados gravíssimos que havia cometido. A essa altura, certamente, o seu relacionamento com Deus também já havia declinado. 

A quinta e última fase da vida de Davi foi a partir da repreensão do profeta Natã, quando Davi passou a colher as consequências do seu pecado, até o fim da sua vida. Nesta fase, Davi se  arrependeu do seu pecado e se reconciliou com Deus, conforme nos mostra o Salmo 51. Nesta fase, ele também planejou construir o Templo e, como Deus não lhe permitiu, ele adquiriu o terreno e juntou muito do material que seria usado na construção.

Deus enviou o profeta Natã para confrontá-lo e levá-lo ao arrependimento. Natã contou a ilustração de um homem rico, que possuía muitas ovelhas e gado. Este homem tinha um servo, que tinha apenas uma ovelha, que ele havia criado desde pequena, junto com os seus filhos, dando-lhe leite, pois não aquele filhote de ovelha não tinha mãe. Era um animal de estimação da família. Vindo um amigo do homem rico à casa dele, o homem em vez de pegar uma das suas muitas ovelhas e bois, pegou a ovelha do servo e a matou para servir ao seu hóspede. 

Ouvindo esta história absurda, sem saber que era uma ilustração, Davi levantou-se indignado e deu a sentença: Digno de morte é o homem que fez uma coisa dessa! O profeta, prontamente, lhe respondeu: Este homem és tu, ó rei! Assim diz o Senhor: Eu te tirei do meio das ovelhas e te constituí rei sobre todo o Israel. Dei-te também riquezas, mulheres e te daria muito mais, se te parecesse pouco. Mas, desprezaste a palavra do Senhor, tomaste a esposa do teu servo Urias e ainda tramaste a morte dele. Agora, a espada jamais se afastará da tua casa; o que fizeste em oculto, eu farei com te façam publicamente. Eu permitirei que as tuas mulheres sejam entregues ao teu próximo aos olhos de todo o Israel.  (2 Sm 12.7-12). Confrontado com a dura repreensão e acusado pela própria consciência, Davi respondeu ao profeta: Pequei! Natã lhe disse: Também o Senhor já te perdoou. Não morrerás. Entretanto, como deste motivo os inimigos do Senhor blasfemarem contra Ele por causa deste pecado, o filho que te nasceu certamente morrerá. (2 Sm 12.14).

A partir destes pecados de adultério e assassinato, Davi colheu as duras consequências em sua própria família, conforme a sentença proferida pelo profeta Natã. Estes gravíssimos pecados de Davi aconteceram, por vários fatores, principalmente, porque lhe faltou uma virtude do fruto do Espírito chamada domínio próprio. Esta virtude consiste em dominar os próprios impulsos e apetites e impor limites à nossa natureza humana pecaminosa. Naquela época, os reis tinham um poder absoluto e podiam fazer o que quisessem, principalmente com mulheres, que eram vistas como propriedade do homem, praticamente não tinham direitos e os poucos que tinham, não eram respeitados. No caso de Israel, os limites dos reis eram os profetas de Deus que os repreendiam severamente. Mas alguns não ouviam e ainda mandavam matar os profetas. 

Davi viu aquela mulher se banhando, sem saber quem era. Ele poderia ter desviado o olhar, ou mandado alguém avisá-la para não se banhar ali. Entretanto, ele a cobiçou e perguntou quem era. Mesmo sendo informado que era a mulher do seu soldado, mandou buscá-la e deitou-se com ela. Após o adultério, quando soube que a mulher estava grávida, ele cometeu o segundo pecado, tentando fazer com que Urias fosse para casa se relacionar com a esposa, para que todos pensassem que o filho era dele. Urias se recusou e Davi, então, cometeu o terceiro pecado, ordenando que o comando do exército recuasse e deixasse Urias sozinho na linha de frente da guerra para ser morto. 

Evidentemente, neste adultério, Batseba também não era inocente, como muitos dizem. Ela era casada e conhecia a fama de Davi, que tinha muitas mulheres e concubinas. Poderia ter se banhado escondido e não em um local à vista do palácio. Nas obras da carne, descritas em Gálatas 5 19-21, há dois pecados na área sexual, que estão relacionados entre si: a lascívia e a impureza sexual. O primeiro é o ato de exibir o corpo ou se insinuar sensualmente, para atrair a cobiça do outro. O segundo é olhar para uma pessoa com olhar impuro, imaginando um relacionamento sexual. Em resumo, peca quem se mostra e quem fica olhando e cobiçando. 


2- Incesto e morte na família. Pela Lei Mosaica a punição para os pecados de adultério e assassinato era a morte. Entretanto, Deus iria punir Davi de três maneiras: (1) O filho dele com Batseba, fruto do adultério, iria morrer (2 Sm 12.16-18); (2) A espada não iria se apartar da casa de Davi (2 Sm 12.14); (3) Alguém da própria casa de Davi iria se relacionar publicamente com as suas concubinas (2 Sm 12.11,12). Não demorou muito e veio o cumprimento destas três punições. 

A primeira foi a morte da criança, que se cumpriu logo após a repreensão de Natã, mesmo Davi tendo orado e jejuado durante sete dias, para que a criança não morresse (2 Sm 12.14-18). Deus já havia dado a sentença e não voltaria atrás. Em seguida, veio o caso do incesto e estupro de Tamar por seu irmão Amnom (2 Sm 13.11-14), que teve como consequência o assassinato de Amnom por ordem de Absalão (2 Sm 13.28,29), conforme vlmos no tópico anterior. Por último, houve a revolta de Absalão contra o próprio pai, usurpando o reino. Davi teve que fugir e, após a sua fuga, Absalão armou uma tenda e se relacionou publicamente com as concubinas do pai.

Como está escrito no Texto Áureo da lição: "Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará." Esta é a lei da semeadura, que está presente na natureza. Ninguém planta uma árvore e colhe frutos diferentes dos da árvore que plantou. Assim também é na nossa vida. Não podemos plantar injustiças e imoralidade e esperar colher coisa boa. É verdade que na vida também sofremos as consequências de coisas ruins que outros plantaram. Mas, isso não anula a Lei da semeadura, segundo a qual colhemos os frutos daquilo que plantamos. 

É preciso tomar cuidado, no entanto, para não confundir a Lei da Semeadura, que é bíblica, com a Lei do Carma, que é uma doutrina antibíblica, que está presente em várias religiões e é a base do Espiritismo. Segundo este falso ensino, tudo o que acontece em nossas vidas é a retribuição do que fizemos em supostas vidas anteriores. Nessa falsa doutrina não há espaço para a Graça de Deus e todos têm que pagar pelos seus erros cometidos aqui neste mundo. Por isso, eles não acreditam que a morte de Cristo tenha sido expiatória, para purificar os nossos pecados, e não acreditam em condenação eterna. 


3- Vigilância, proximidade e exemplo. Na família numerosa e mista de Davi, os valores morais e os laços familiares haviam desaparecido, principalmente, pelo mau exemplo do chefe de família. Naqueles tempos, nas famílias reais, isso era comum, pois os membros da realeza disputavam a sucessão do reino na base da espada, eliminando os próprios irmãos, que estivessem na linha sucessória. Isso, no entanto, jamais deveria ser o modelo de família do povo de Deus, que deveria seguir a Lei que Deus entregou a Moisés, com mandamentos para os filhos honrarem pai e mãe, com as regras para o casamento e outros relacionados aos irmãos, filhos e parentes em geral. 

Aprendemos com esta trágica história da família de Davi, o que devemos fazer  como pais e o que devemos evitar, para que tenhamos uma família equilibrada, com laços familiares fortalecidos. O comentarista coloca três coisas fundamentais que devemos fazer como pais:

a. Vigilância. Além de ensinar aos filhos, os valores da Palavra de Deus, os pais devem estar atentos sobre o que acontece no meio deles, desde pequenos. Precisamos estar atentos quanto aos perigos que os cercam e também com relação aos perigos internos. Davi foi omisso, pois não percebeu o comportamento pervertido de Amnom e autorizou que a sua filha fosse sozinha à casa dele, para ser estuprada. Ele também não desconfiou da emboscada armada por Absalão para assassinar Amnom. 

b. Proximidade. Os pais precisam acompanhar de perto o crescimento dos filhos e participar da educação deles. Não basta gerar filhos, é preciso estar presente em todos os momentos da vida deles, para ensinar, elogiar, criticar, corrigir os erros, e sobretudo, oferecer-lhes amor.

c. Exemplo. Este é o ponto principal, pois, sem ele, os demais se tornarão mera hipocrisia. Nós ensinamos muito mais com o nosso exemplo do que com as nossas palavras. A idéia do “faça o que eu digo, mas não o que eu faço” não funciona. Os filhos podem até segui-la, enquanto pequenos, por medo. Mas, crescem revoltados e sem respeito algum pelos pais. 


REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª Edição: 2023. pág.163-164 

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 2. 11ª Ed. 2013. pag. 21.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1282-1284.

PFEIFFER, Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. 2 Ed. 2007. pág. 14-15.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento: Josué a Ester. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pág. 394-395, 397.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pág. 999.


25 maio 2023

FILHOS E PARENTES NA CASA DE DAVI

(Comentário do 2º tópico da Lição 09: Uma família nada perfeita)

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos sobre os filhos e parentes na casa de Davi, envolvidos no episódio do incesto e estupro ocorrido na casa dele e o assassinato do estuprador, que aconteceu dois anos depois. Falaremos sobre Tamar, Absalão e Amnom, filhos de Davi e sobre Jonadabe, sobrinho de Davi, que foi o mau conselheiro de Amnom. Amnom, o filho primogênito de Davi, foi tomado por um desejo incestuoso pela sua meio irmã Tamar. Jonadabe, filho de Siméia, irmão de Davi, era um conselheiro do mal e aconselhou Amnom a fingir que estava doente e pedir que a sua irmã viesse cuidar dele. Quando ela atendeu ao pedido, Amnom a estuprou e em seguida a desprezou. Absalão, que era irmão de Tamar por parte de pai e mãe, tomado pelo ódio, acabou matando o seu meio-irmão Amnom, para vingar a honra da irmã. 


1- Tamar. Tamar, cujo nome em hebraico, significa “palmeira”, era uma bela moça, filha de Davi com Maaca, filha de Gesur, um rei que possuía um pequeno reino nas cercanias das terras de Israel. Naturalmente, este casamento de Davi deve ter sido por algum acordo de amizade e comércio, que era uma prática comum na época. 

A beleza de Tamar despertou uma paixão incestuosa doentia em seu meio-irmão Amnom, que era o filho mais velho de Davi, com Ainoã, a jezreelita (II Sm 13.2). Amnom fingiu estar doente e pediu ao rei que mandasse a sua irmã à casa dele, para preparar-lhe dois bolos (2 Sm 13.6). Sem desconfiar de nada, Davi autorizou e a moça foi. Quando estavam a sós, Amnom se levantou e forçou a sua irmã a ter relações sexuais com ele, cometendo os graves pecados de fomicação, incesto e estupro, ignorando os apelos dela para que não fizesse esta loucura (2 Sm 13.12). Após o estupro, ele sentiu aversão por ela e passou a odiá-la. Chamou o seu servo e mandou colocá-la para fora de casa. 

Ela rasgou a sua roupa de muitas cores, que era típica das filhas virgens dos reis, jogou cinza sobre a cabeça e saiu andando e clamando (2 Sm 13.18). Absalão, que era irmão de Tamar por parte de pai e mãe, viu a sua irmã neste estado, e desconfiou que Amnon tivesse feito algum mal a ela. Provavelmente, ele já sabia que Amnom era um depravado. Absalão, então, perguntou a Tamar se o seu irmão Amnom havia estado com ela. Diante da confirmação, ele a abrigou em sua casa e pediu que ela se calasse. Davi soube do ocorrido, ficou indignado, mas não tomou nenhuma providência contra os crimes de Amnom. Tamar foi a única vítima nesta sequência de horrores na família de Davi.


2- Absalão. Absalão, cujo nome em hebraico significa “o pai é da paz”, era o terceiro filho de Davi. Era também filho de Maaca e irmão de Tamar, por parte de pai e mãe. Era admirado por sua beleza impecável e por sua longa e vasta cabeleira. O estupro da sua irmã Tamar, causou revolta em Absalão, contra o seu meio irmão, Amnom. Porém, ele não agiu de imediato e maquinou friamente a vingança, por dois anos. Vendo que o rei não havia tomado nenhuma providência contra os males causados por Amnom à sua irmã, Absalão resolveu se vingar. Convidou o rei e todos os seus filhos para a festa da tosquia das ovelhas, Baal-Hazor (2 Sm 10.23-25). Davi recusou o convite, alegando que não queria ser pesado a Absalão. Ele insistiu para que deixasse ir pelo menos Amnom e, depois de muita insistência, o rei permitiu. 

Antes de iniciar a festa, Absalão deu ordens aos seus servos para que, quando Amnom estivesse alegre por causa do vinho, eles o matassem. Os servos fizeram assim e os demais filhos do rei, que estavam presentes na festa, fugiram todos, com medo de também serem mortos. Um mensageiro correu e contou a Davi, que Absalão havia matado todos os filhos dele, mas Jonadabe, sobrinho de Davi, corrigiu a informação, dizendo que apenas Amnom havia sido assassinado. Absalão fugiu para Gesur, terra da sua mãe, e ficou lá por três anos. 

Davi chorou por alguns dias a morte de Amnom, mas logo esqueceu e já sentia saudades de Absalão. Joabe, que era comandante do exército e primo de Davi, elaborou um plano para trazer Absalão de volta. Mandou buscar uma mulher de Tecoa, para que se passasse por viúva diante do rei, dizendo que os seus dois filhos haviam brigado e um deles havia matado o outro, sem que ninguém separasse a briga. Agora, a sua família exigia a morte do assassino e ela iria ficar sem ninguém. Davi deu garantias à mulher de que ninguém iria tocar no filho dela. 

A mulher, então, seguindo as orientações de Joabe, pediu permissão para falar uma palavra ao rei. O rei permitiu e ela disse que, com aquele julgamento, Davi estava se tornando culpado, pois não trazia o próprio filho fugitivo. Imediatamente, Davi entendeu que Joabe estava por trás disso e a mulher confessou. Davi, então, mandou Joabe trazer Absalão de volta. 

Absalão voltou, mas ficou dois anos em Jerusalém sem ver o pai.  Neste período, ele mandou chamar Joabe duas vezes, para mediar o encontro, mas Joabe não foi. Absalão, então, mandou os seus servos incendiarem o campo de cevada dele. Joabe perguntou-lhe porque ele fez isso e Absalão respondeu que foi porque ele havia mandado chamá-lo duas vezes e Joabe não veio. Joabe, então levou Absalão ao rei e este o perdoou pelo assassinato de Amnom. 

A partir daí, Absalão sabendo que os seus dois irmãos mais velhos já haviam morrido e que o reino estava prometido a Salomão, usurpou o trono do pai. Primeiro, ele tratou de conquistar a confiança do povo, de forma astuta. Ele ficava na entrada do palácio e, quando as pessoas traziam alguma demanda ao rei, ele dizia: A tua causa é justa, mas, ninguém da parte do rei irá ouvi-lo. (2 Sm 15.2,3). Em seguida dizia: Quem me dera ser rei em Israel para que pudesse fazer justiça a todas as demandas do povo!. (2 Sm 15.4). 

Depois de quatro anos, Absalão resolveu dar o golpe final. Pediu ao rei para ir a Hebrom pagar um voto que teria feito em Gesur e quando chegou lá, enviou espias por todas as tribos de Israel dizendo: “Quando ouvirdes o som das trombetas, direis: Absalão reina em Hebrom.” (2 Sm 15.10). Com esta revolta, Davi se viu obrigado a fugir para não ter que matar o próprio filho. Absalão assumiu o reino e se relacionou publicamente com as concubinas do seu pai. Isso gerou uma guerra civil e Absalão acabou sendo assassinado por ordem de Joabe, mesmo contra as ordens de Davi para poupá-lo. (2 Sm 18.14,15). 


3- Amnom. Amnom, cujo nome em hebraico significa "fiel", não tinha nada de fiel. Era um homem pervertido, desajustado emocionalmente e dominado por paixões infames. Ele era o filho primogênito de Davi, com Ainoã, a jezreelita (1 Sm 25.43; 2 Sm 3.2). A esposa de Saul também se chamava Ainoã e, por causa disso, há pessoas que pensam que Davi casou-se com a esposa de Saul. Mas, isso não é verdade. Elas apenas tinham o mesmo nome, mas eram pessoas diferentes. Ainoã, esposa de Saul, era filha de Aimaás, que era da tribo de Benjamim, assim como Saul (1 Sm 14.50). Ainoã, esposa de Davi, era de Jezreel, uma cidade de Judá, que ficava ao sudeste de Hebrom. Além disso, antes de casar-se com Ainoã, Davi casou-se com Mical, filha de Saul, que não teve filhos. Isso demonstra que Davi era muito mais novo que a esposa de Saul e tinha idade para ser seu filho. 

Davi ainda não era rei, quando Amnom nasceu em Hebrom. Porém, ele já sabia que Deus o havia escolhido para ser o rei de Israel, pois Samuel o havia ungido, conforme vimos no primeiro tópico. Saul tinha dado a sua filha Mical como esposa a Davi, porém, depois que passou a odiar Davi, tomou a filha e deu-a a outro homem (1 Sm 25.44). Neste período em que fugia de Saul, Davi casou-se com Ainoã e nasceu Amnom, em Hebrom. A infância de Amnon foi nesse contexto de fugas e perseguições de Saul ao pai dele, que duraram aproximadamente dez anos. Além disso, Davi também casou-se neste período com Abigail, a carmelita, viúva de Nabal. Certamente, não participou da infância de Amnom. 

Sendo o filho primogênito, Amnom poderia ter sido abençoado e, pelo direito de primogenitura, receber o dobro da herança do pai e a sucessão no reino. Mas, por causa da sua conduta abominável, entrou para a história como um homem que estuprou a própria irmã e depois foi assassinado por seu irmão. Tornou-se a maior vergonha para a família de Davi. 


4- Jonadabe, um conselheiro do mal. Jonadabe era primo de Amnom e filho de Simeia, irmão de Davi. Segundo o que a Bíblia registra, era homem sagaz e de maus pensamentos em seu coração (2Sm 13.3). O mal sempre atrai o mal e, por isso, esse homem induziu a Amnom a satisfazer sua paixão com um plano de mentira que envolvia Davi e Tamar, a vítima dessa situação (2Sm 13.5-11). Jonadabe é o tipo de amigo que não se deve ter por perto quando se vive algum problema pessoal ou familiar. Ele é um exemplo concreto de mau conselheiro.


O último personagem, envolvido nesta tragédia ocorrida na família de Davi, foi Jonadabe, filho de Siméia, irmão de Davi e, portanto, primo de Amnom, Absalão e Tamar. Jonadabe era um sujeito astuto, que usava a sua mente com maus pensamentos para enganar (2 Sm 13.3). Além de primo, Jonadabe era confidente e conselheiro de Amnom. Como diz o adágio popular: "Dize-me com quem andas e eu te direi quem és". Um homem pervertido e descontrolado como Amnom, só poderia ter como conselheiro, um sujeito igual ou pior do que ele. 

Se Jonadabe fosse uma pessoa de bem e um amigo de verdade, teria pelo menos tentado demover Amnom desta ideia maligna de se relacionar com a própria irmã, que era também prima dele. Deveria ter feito como a própria Tamar fez, alertando o irmão para não cometer esta loucura, pois, esse tipo de comportamento não era tolerado em Israel e era punido com a morte. Caso não conseguisse fazer Amnom desistir da loucura, poderia ter alertado a sua prima Tamar, para que não se aproximasse de Amnom, pois ela corria perigo. Enfim, Jonadabe poderia ter feito muitas coisas para evitar esta tragédia. Mas ele fez o contrário, elaborou um plano diabólico para que a tragédia acontecesse. 

Tenhamos muito cuidado com os maus amigos, pois os seus conselhos podem nos levar à destruição. É preciso ter cuidado também com os bajuladores, pois estes dizem sempre aquilo que nos agradam para não contrariar e jamais nos alertam sobre os perigos que nos espreitam. O bom amigo é aquele que nos diz a verdade e nos repreende quando estamos errados, mesmo que isso nos desagrade. 


REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª Edição: 2023. pág.157-159.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 1. Ed. 11ª Ed. 2013. pág. 136.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia da Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 3. 11ª Ed. 2013. pág. 575.

PFEIFFER, Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. 2 Ed. 2007. pág. 14-15.


23 maio 2023

O REI DAVI E SUA GRANDE FAMÍLIA

(Comentário do 1º tópico da Lição 09: Uma família nada perfeita)

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos sobre o rei Davi e a sua família. Inicialmente, falaremos de Davi, como o ungido de Deus para reinar sobre Israel, no final do desastroso reinado de Saul, que Deus havia rejeitado. Na sequência, veremos que Davi era também um homem de Deus, capacitado pelo Espírito de Deus para reinar sobre todo o Israel. Como rei, Davi unificou a todo o Israel, depois da morte de Saul e foi bem sucedido. Por último, falaremos da grande família de Davi, que teve várias esposas e concubinas, que lhe deram mais de 20 filhos. Este ambiente com várias mulheres, filhos e filhas de mulheres diferentes, aliado ao descaso de Davi para com os filhos, trouxeram problemas gravíssimos para a família.

1- Davi, o ungido por Deus. Davi era o filho mais novo dos 8 filhos de Jessé, o belemita, filho  de Obede e neto de Rute e Boaz (Rt 4.18-21). Era um adolescente ruivo e destemido, responsável por pastorear as ovelhas do pai nas montanhas de Belém de Judá. Davi tinha habilidade no manuseio da funda, uma espécie de estilingue que os antigos usavam como arma arremessando pedras.  Era também um moço temente a Deus, habilidoso tocador de harpa e poeta,  com 73 dos  Salmos da Bíblia atribuídos a ele.

Davi aparece pela primeira vez na narrativa bíblica, no capítulo 16, de 1 Samuel, durante o reinado de Saul. Deus falou para o profeta Samuel: "Até quando terás dó de Saul, havendo-o eu rejeitado, para que não reine sobre Israel? Enche um chifre de azeite, e vem, enviar-te-ei a Jessé o belemita; porque dentre os seus filhos me tenho provido de um rei". (1 Sm 16.1).   Inicialmente, Samuel relutou, pois temia que Saul o matasse por estar ungindo outra pessoa como rei. Mas Deus lhe deu a estratégia, mandando-o convidar Jessé e os seus filhos para um sacrifício ao Senhor. Chegando lá, Samuel impressionou-se com a aparência de Eliabe, o primogênito de Jessé, e achou que ele seria o escolhido. Mas Deus o repreendeu, dizendo que não olhasse para a aparência, pois Deus vê o coração. 

Jessé fez passar os seus sete filhos adultos perante Samuel e Deus não escolheu nenhum deles. Indagado se não tinha mais filhos, Jessé respondeu que ainda tinha o menor, que estava no campo com as ovelhas. Samuel mandou chamá-lo e disse que não se assentaria para comer, antes que ele chegasse. Quando Davi entrou, o Senhor mandou  Samuel ungi-lo e, a partir daquele momento, o Espírito do Senhor se apoderou dele (1 Sm 16.12,13). 

No Salmo 89.20, o Senhor diz: "Achei a Davi, meu servo; com santo óleo ungi." A palavra hebraica traduzida por achei dá a ideia de que Deus procurou em todo o Israel um homem que executasse o seu propósito como líder do seu povo e "achou" a Davi. Já a palavra ungido, em hebraico é “Mashiach" e foi transliterada para o português como “Messias”. No grego, a palavra correspondente é “Christos”. Literalmente, significa derramar óleo em uma pessoa ou objeto, consagrando-o para um serviço ou finalidade específica. Quando se tratava de unção de pessoas, através deste ato simbólico, a autoridade de Deus era conferida à pessoa ungida. Esta autoridade conferida é chamada de unção. A pessoa ou objeto ungido, se tornavam santos (Êx 30: 22-33; 1 Sm 24: 6; 10). No contexto do Antigo Testamento, a unção era determinada por Deus e só se ungia três tipos de pessoas: reis, profetas e sacerdotes. 

Pelos critérios humanos, Davi jamais seria escolhido rei. Ele não era de família real, não fazia parte do exército e, certamente, não era culto, pois vivia nas montanhas cuidando de ovelhas. Mas Deus o escolheu para ser o rei de todo Israel. Entretanto, desde a sua escolha até ele assumir o trono, passaram-se aproximadamente dez anos. Alguns comentaristas dizem que ele tinha 20 anos, quando foi ungido e quando Saul morreu, ele tinha 30 anos.  Davi passou pela escola de Deus nas perseguições, lutas, humilhações e fugas por desertos e cavernas. Certa vez, ele teve que fingir-se de louco para não ser morto. Davi aprendeu a ser dependente de Deus e, neste período, ele compôs muitos salmos, nas suas angústias e aflições. 

2- Davi, o homem de Deus. Após ser ungido como rei de Israel, como vimos acima, o Espírito Santo se apoderou de Davi e o capacitou para a missão de governar Israel. Deus rejeitou a administração de Saul e escolheu pessoalmente Davi para substituí-lo no reino. Deus não rejeitou apenas Saul, pois se fosse esse o caso, teria deixado o seu filho em seu lugar. Deus rejeitou a dinastia de Saul e entregou o governo a Davi e seus descendentes. 

O Espírito do Senhor se retirou de Saul e um espírito mau passou a atormentá-lo. Os seus servos o aconselharam a buscar um músico que tocasse bem, para afugentar o espírito mau. Foi informado a Saul que Davi, o filho de Jessé, tocava harpa muito bem, era corajoso, homem de guerra, sensato, de boa aparência e o Senhor Deus estava com ele (1 Sm 16.14-18). Saul, mandou buscar a Davi para tocar para o rei. Quando ele tocava, o espírito mau se retirava de Saul e ele se sentia melhor. Então, Saul se apegou a Davi e mandou a dizer a Jessé que Davi passaria a morar no Palácio e tornou-se seu escudeiro. 

Outra evidência de que Deus estava com Davi, foi a sua predisposição de enfrentar Golias, um gigante filisteus, guerreiro desde a sua mocidade, temido por todo o Israel (1 Sm 17.32). Golias propôs um desafio às tropas de Israel, para que arrumassem um homem para lutar com ele. Se o homem o vencesse, os filisteus se renderiam a Israel. Se o homem fosse derrotado pelo gigante, então, Israel se renderia (1 Sm 17.4-10). 

Os homens de Israel tiveram medo do gigante e ninguém se aventurou a lutar contra ele (1 Sm 17.11). Golias afrontou Israel por vários dias. Quando Davi viu aquela afronta, se prontificou a enfrentá-lo. Saul tentou fazê-lo desistir, mas ele estava decidido a enfrentar o gigante, em nome do Senhor (1 Sm 17.33). Saul mandou ele vestir as suas roupas de guerra, mas ele não se adaptou e resolveu enfrentar Golias com a sua funda e algumas pedras (1 Sm 17.38-40).. Quando o Gigante viu Davi, o desprezou. Davi seguiu em sua direção e atirou-lhe uma pedra na testa e o golpe foi fatal. 

Esta vitória de Davi sobre Golias fez com que os filisteus fugissem de Israel (1 Sm 17.51). Depois disso, Davi conquistou a amizade sincera de Jônatas, filho de Saul, o respeito de todo o povo e foi elogiado pelo cântico das mulheres mais do que Saul: “...Saul feriu os seus milhares, porém Davi, os seus dez milhares.” (1 Sm 18.7). Este cântico, no entanto, provocou a inveja de Saul que passou a persegui-lo incansavelmente, tentando matá-lo, até o fim da sua vida. Davi foi obrigado a viver como fugitivo, por aproximadamente dez anos, para escapar das mãos de Saul. Em uma das investidas de Saul. Davi teve a oportunidade de matá-lo, mas, se recusou a tocar no ungido do Senhor. 

Davi sabia que Deus o tinha escolhido para ser o rei de Israel, mas esperou a promessa se cumprir no tempo de Deus e nunca intentou tomar o reino de Saul. Depois que Saul foi morto, o povo da tribo de Judá, à qual Davi pertencia, o escolhera como o seu rei em Hebrom. As demais tribos, lideradas por Abner, tio de Saul e comandante do exército, escolheram Isbosete, filho de Saul como rei. Isso gerou uma guerra civil entre as tribos de Israel e o grupo de Davi saiu vitorioso. Depois da vitória, Davi foi escolhido para ser rei de todo o Israel e pacificou a nação, fazendo as pazes, inclusive com os descendentes de Saul. 

Como rei de Israel, Davi foi um homem de Deus. Davi nunca adorou outros deuses e sempre consultava a Deus, antes de tomar decisões importantes no reino. Desejou construir um templo para o Senhor, mas Deus não permitiu. Ele derrotou muitos inimigos do povo de Deus, conquistou Jerusalém e a estabeleceu como a capital do seu reino. Davi tinha um coração perdoador e lamentou a morte de inimigos que queriam matá-lo, como Saul, Abner e Absalão. Ele muitos pecados, inclusive o adultério com Batseba e o assassinato covarde de Urias, marido dela. Mas, quando confrontado pelo profeta, se arrependeu e não colocou a culpa em ninguém. 

3- A grande família de Davi. Conforme está escrito em 2 Samuel 12.11,12, Davi iria colher as consequências amargas do seu pecado e crimes covardes contra o seu soldado Urias: “Assim diz o Senhor: Eis que suscitarei da tua mesma casa o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres perante os teus olhos, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com tuas mulheres perante este sol. Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei este negócio perante todo o Israel e perante o sol.” O seu filho Amnom estuprou a irmã Tamar e depois foi morto por outro filho de Davi chamado Absalão. Falaremos mais detalhadamente desse episódio no próximo tópico. 

Após o assassinato de Amnon, Absalão fugiu para Gesur e permaneceu por três anos com seu avô, o rei Talmai. Depois disso voltou para Jerusalém e ficou dois anos esperando que o seu pai o perdoasse e recebesse de volta. Com a mediação de Joabe, que era primo de Davi e comandante do Exército, Davi recebeu Absalão de volta. No palácio, de forma astuta, Absalão foi conquistando o coração do povo. Posteriormente, se rebelou contra o pai, tentando tomar o reino e relacionou-se publicamente com as mulheres de Davi. Para não ter que matar o próprio filho, Davi abandonou o palácio e fugiu. No enfrentamento, o grupo que apoiou Absalão contra Davi foi derrotado. O próprio Absalão foi morto por Joabe, o mesmo que havia intermediado a sua volta. 

Durante o período de sucessão do reino de Davi, também houve disputa e assassinato entre os seus filhos. Deus havia falado para Davi, que Salomão seria o seu sucessor. Davi garantiu a Batseba que o seu filho seria o sucessor. Entretanto, quando Davi envelheceu, Adonias, o quarto filho dele, nascido em Hebrom e filho de Hagite (2 Sm 3.4), usurpou o trono e se declarou rei (1 Rs 1.3). Naquela ocasião ele era o filho mais velho, pois os três primeiros já haviam falecido. Porém Davi já havia prometido o reino a Salomão, por ordem de Deus (1 Rs 1. 29,30). 

Natã, o profeta, quando soube que Adonias havia se autoproclamado rei, chamou Batseba e orientou que ela fosse a Davi, para lembrá-lo do juramento que ele fizera sobre Salomão. Davi reafirmou o juramento e garantiu que Salomão seria o rei. Quando Salomão assumiu o trono, Adonias desejou se casar com Abisague, a jovem sunamita que havia cuidado de Davi em seus últimos dias de vida. Salomão interpretou esta atitude de Adonias como uma usurpação do trono e mandou matá-lo (1 Rs 2.24,25). Este foi o terceiro filho de Davi que foi assassinado. 


REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 156-157..

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 1182.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento: Josué a Ester. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pág. 285-286; 664

SELMAN, Martin, J. Introdução e Comentário 1 e 2 Crônicas. Editora Vida Nova. pág. 134.


22 maio 2023

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 09: UMA FAMÍLIA NADA PERFEITA



Ev. WELIANO PIRES

REVISÃO DA LIÇÃO 08: A IMPORTÂNCIA DA PATERNIDADE NA VIDA DOS FILHOS


Na lição passada estudamos sobre a importância da paternidade na vida dos filhos, tomando como exemplo a história das famílias de dois sacerdotes: Eli e Samuel. Os dois eram tementes a Deus, mas os seus filhos eram ímpios. Nos dois casos, os pais falharam na educação e correção dos filhos. 


Falamos do papel dos pais na primeira família: Adão e Eva e os seus filhos, onde o pai era o líder do lar, responsável pela provisão do alimento e segurança. A esposa, como ajudadora do esposo, era a responsável por cuidar da casa e dos filhos. Depois, falamos sobre a falta de autoridade no lar, usando como exemplo os sacerdotes Eli e Samuel, que exerciam autoridade sobre todo o Israel, mas não exerceram autoridade em suas próprias casas. Tratamos também dos problemas advindos de uma paternidade ausente, na formação moral e espiritual dos filhos.

 

Vimos dois tipos de paternidades extremistas: a autoritária e a permissiva. São dois extremos, que são prejudiciais ao bem estar da família. A paternidade autoritária apenas impõe regras sem considerar os sentimentos, a vontade e a memória dos filhos. A paternidade permissiva, que ignora os princípios bíblicos e deixa os filhos decidirem o que querem. Como exemplo de paternidade permissiva e negligente, falamos do caso de Eli, que era sumo sacerdote, e os filhos eram filhos de belial e profanos. 


Por último, falamos dos fracassos de dois pais que foram negligentes na criação dos filhos: Eli e Samuel. Ambos, foram líderes importantes de Israel, mas foram omissos na disciplina e repreensão dos filhos e se isentaram da responsabilidade para com os próprios filhos. Eli tinha 40 anos de sacerdócio e os seus dois filhos não conheciam o Senhor. Samuel não percebeu que os seus filhos corrompiam a justiça, agindo com ganância e recebendo suborno. Falamos também das relações do líder de uma Igreja com os seus filhos. Não se pode admitir tratamento inadequado a eles, seja para corrigi-los ou beneficiá-los. 


LIÇÃO 09: UMA FAMÍLIA NADA PERFEITA


Nesta lição estudaremos sobre uma família nada perfeita. Se ficássemos somente no título, não saberíamos dizer a qual família o comentarista se refere, pois não existe família perfeita. Todos nós, sem exceção, somos imperfeitos e, por conseguinte, a nossa família também o é. Quando buscamos no dicionário o significado de perfeição, encontramos logo na primeira definição: “Condição ou estado do que não apresenta falhas, incorreções ou defeitos; qualidade do que é perfeito” (Dicionário Priberam). Evidentemente, nenhum de nós possui este perfil. 


Como exemplo de uma família nada perfeita, falaremos da família do rei Davi. Não obstante, tenha sido considerado pelo próprio Deus como “um homem segundo o coração de Deus” (At 13.22), o grande salmista de Israel e tenha sido um rei muito amado pelo seu povo, Davi foi um desastre como pai e como esposo. A família de Davi era numerosa e cheia de problemas, que eram consequências das suas escolhas equivocadas. Davi teve várias esposas e concubinas e mais de 20 filhos. Evidentemente, não seria fácil administrar uma família com este perfil.

 

No primeiro tópico, falaremos sobre o rei Davi e a sua família. Inicialmente, falaremos de Davi, como o ungido de Deus para reinar sobre Israel, no final do desastroso reinado de Saul, que Deus havia rejeitado. Na sequência, veremos que Davi era também um homem de Deus, capacitado pelo Espírito de Deus para reinar sobre todo o Israel. Como rei, Davi unificou a todo o Israel, depois da morte de Saul e foi bem sucedido. Por último, falaremos da grande família de Davi, que teve várias esposas e concubinas, que lhe deram mais de 20 filhos. Este ambiente com várias mulheres, filhos e filhas de mulheres diferentes, aliado ao descaso de Davi para com os filhos, trouxeram problemas gravíssimos para a família. 


No segundo tópico, falaremos sobre os filhos e parentes na casa de Davi, envolvidos no episódio do incesto e estupro ocorrido na casa de Davi e asssassinato subsequente. Falaremos sobre Tamar, Absalão e Amnom, filhos de Davi e sobre Jonadabe, sobrinho de Davi, que foi o mau conselheiro de Amnom. Amnom, o filho primogênito de Davi, foi tomado por um desejo incestuoso pela sua meio irmã Tamar. Jonadabe, filho de Siméia, irmão de Davi, era um conselheiro do mal e aconselhou Amnom a fingir que estava doente e pedir que a sua irmã viesse cuidar dele. Quando ela atendeu ao pedido, Amnom a estuprou e em seguida a desprezou. Absalão, que era irmão de Tamar por parte de pai e mãe, tomado pelo ódio acabou matando o seu meio-irmão Amnom, para vingar a honra da irmã. 


No terceiro tópico, falaremos sobre os problemas morais na família de Davi. Falaremos sobre a falta de domínio próprio de Davi, no caso do adultério com Batseba e o assassinato de Urias. Esta atitude imoral e covarde de Davi, acabou reproduzindo em seus filhos esse tipo de comportamento. Em seguida, falaremos sobre o Incesto e morte na família de Davi. Amnom, estuprou a sua irmã Tamar e, como não foi punido por Davi, acabou sendo morto pelo seu irmão Absalão. Por último, falaremos sobre a importância da vigilância, da proximidade e do exemplo na família. Nenhum de nós está livre de se deparar com problemas entre os filhos, por isso, é importante estar atento e acompanhar de perto, principalmente dando o exemplo de integridade. 


REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 154-164..

SWINDOLL. CHARLES R. Davi, Um homem Segundo o Coração de Deus. Editora Mundo Cristão. 5ª Ed. pág. 224-225.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 1182.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 6. 11 ed. 2013. pag. 317-318.

RICHARDS, Lawrence O. Comentário Devocional da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, pp. 191- 92).

RENOVAÇÃO DA ESPERANÇA

SUBSÍDIOS DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO / CPAD Chegamos ao final de mais um trimestre e rogamos a Deus que as ricas bênçãos continuem a se de...