24 abril 2023

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 05: MOTIM EM FAMÍLIA

Ev. WELIANO PIRES

REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA: ÍDOLOS EM FAMÍLIA

Na lição passada estudamos sobre os ídolos na família. Falamos a respeito da idolatria, não de modo geral, mas no ambiente familiar. Tomamos como base dois exemplos bíblicos: primeiro, o caso de Raquel, a esposa amada de Jacó, que furtou os ídolos do pai dela; segundo, o caso de um homem da tribo de Efraim, chamado Mica, que construiu um ídolo e um santuário idólatra em sua própria casa. 


Depois de vinte anos trabalhando com o seu sogro, Jacó e sua família saíram escondidos e voltaram para a terra dos seus pais. Raquel furtou os ídolos do seu pai, Labão. Quando descobriu que os seus ídolos domésticos haviam sido furtados, Labão foi atrás de Jacó. Depois que o alcançou, Labão vasculhou as tendas, mas não encontrou os ídolos. Raquel os escondeu na sela do camelo e usou uma mentira para impedir que o pai não revistasse o camelo.


Falamos também sobre um santuário de deuses na casa de um homem das montanhas de Efraim, chamado Mica. O povo de Israel vivia uma anarquia e se entregou ao sincretismo religioso. Neste contexto surge a figura de Mica, um homem idólatra, antiético e de comportamento abominável, que roubou a própria mãe, sem que ela soubesse quem era o ladrão. A mãe lançou maldição e ele, com medo da maldição, devolveu o dinheiro. Com o dinheiro, a mãe dele mandou construir um ídolo e Mica nomeou o seu filho como sacerdote deste ídolo. Era uma família de Israelitas, que dizia servir a Deus, mas tinha em sua própria residência uma "casa de deuses", representados por pequenos ídolos, chamados de "terafins". 


Por último estudamos sobre a idolatria dentro dos lares na atualidade. Identificamos também os principais ídolos domésticos atuais, que estão presentes na chamada “cultura da mídia”. Entretanto, os meios de comunicação não são os únicos ídolos domésticos da atualidade. Há muitos outros ídolos nos corações, como o desejo descontrolado de ganhar dinheiro, a preocupação excessiva com o próprio corpo, a obsessão pela fama, o hedonismo, etc. Precisamos urgente reagir e quebrar os ídolos domésticos que ocupam o lugar de Deus na família. 


INTRODUÇÃO À LIÇÃO 05: MOTIM EM FAMÍLIA


O nosso tema esta semana são os motins na família. Motim é um ato de rebeldia contra um poder ou autoridade estabelecida. Usaremos como exemplo bíblico para está lição, o caso de Miriã e Arão, irmãos de Moisés, que se levantaram contra a liderança dele sobre o povo de Israel. 


Os irmãos de Moisés reclamaram do fato dele ter se casado com uma mulher cuxita, que não pertencia à família dos hebreus e era descendente de Cam. Miriã e Arão insinuaram que Moisés estaria querendo ter a primazia entre o povo e exigia equiparação, pois, segundo eles, Deus havia falado com eles também. Mas eles estavam muito enganados, pois, Moisés nunca quis ser líder de Israel. Foi Deus que o chamou pessoalmente  em Midiã e ele relutou o máximo que pôde.  


Ora, a família é o primeiro grupo social estabelecido por Deus e deve ser um ambiente harmonioso e seguro, onde todos os membros se respeitam e cooperam mutuamente para a comunhão e valorização mútua. Esta rebelião, motivada pela inveja, foi praticada no seio da família, provocando a desunião entre os irmãos. Como membros da família, cabia a eles orar por Moisés e ajudá-lo e não murmurar. Deus não se agrada desse tipo de coisa e tratou com rigor este levante dos irmãos contra Moisés. Enquanto eles murmuravam, Deus mandou que os três saíssem da tenda. Em seguida, defendeu a liderança de Moisés, repreendeu os outros dois e Miriã, que liderou o motim, ficou leprosa. Que isso sirva de alerta para aqueles que afrontam os pais e a liderança da Igreja. 


No primeiro tópico, falaremos sobre a influência negativa da murmuração. Falaremos sobre as murmurações do povo, que antecederam este motim de Miriã e Arão. Depois falaremos das três queixas levantadas contra Moisés pelo povo e por seus próprios irmãos: a queixa de que Moisés os trouxe para morrer de fome no deserto; a queixa contra o Maná, o alimento que Deus mandava diariamente; e a queixa dos irmãos de Moisés contra a sua liderança. 


No segundo tópico, falaremos do motivo da rebelião de Miriã e Arão contra Moisés. Veremos que esta rebelião foi motivada pela inveja dos dois irmãos que, inconformados com o papel que Deus lhes deu, respectivamente, de profetisa e sumo sacerdote, sentiam-se no direito de liderar o povo também. Depois veremos que o motim no seio da família promove dissabores e ofensas entre os seus membros. A falta de respeito entre os membros de uma família causa  desequilíbrio e desunião na família. 


No terceiro tópico, falaremos da mansidão e humildade de Moisés. O texto de Números 12.3 afirma que Moisés era o homem mais manso que havia sobre a terra, por isso não revidou aos ataques injustos dos seus irmãos contra ele. Falaremos também do fardo que é uma liderança do povo de Deus. Moisés sofreu muitas murmurações e rebeldia do povo de Israel. Ele chegou a desabafar com Deus, achando pesado o seu cargo (Nm 11.11-15). Por último, falaremos da punição de Deus contra Miriã e Arão. Deus se manifestou do meio da nuvem e deixou claro que Ele escolhera Moisés e que falava com ele de forma diferenciada. Imediatamente, Miriã ficou leprosa e teve que ser retirada do meio da congregação. Não sabemos porque Deus não puniu Arão da mesma forma. Segundo o comentário de John Wesley, “Miriã foi punida e Arão não, porque ela foi a chefe da transgressão ou porque Deus não teria sua adoração interrompida ou desonrada, o que deveria ter acontecido se Arão tivesse sido leproso.”


REFERÊNCIAS: 


CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 83-84.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 641.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pág. 430.

Estudo de Números 12:.0 – Comentado e Explicado: Comentário de John Wesley. 


22 abril 2023

A IDOLATRIA DENTRO DOS LARES



(Comentário do 3⁰ tópico da Lição 04: Os ídolos na família).

Ev. WELIANO PIRES

Vimos nos dois tópicos anteriores os casos de ídolos domésticos, protagonizados por Raquel e por Mica. A primeira, buscava obter vantagem econômica ou talvez algum tipo de proteção. O segundo fez um ídolo, consagrou o seu próprio filho como sacerdote e mandou fazer um manto sacerdotal, para ter um culto à sua maneira, ignorando os parâmetros da Lei do Senhor.


Neste terceiro tópico falaremos sobre a idolatria dentro dos lares na atualidade. Tudo aquilo que requer honra, lealdade e dedicação acima de Deus, pode ser considerado um ídolo. Identificaremos os principais ídolos domésticos atuais, que estão presentes na chamada “cultura da mídia”. Precisamos, urgentemente, reagir e quebrar os ídolos domésticos que ocupam o lugar de Deus na família. 


1- Os ídolos domésticos dos tempos atuais. Em nosso texto áureo, temos o alerta do apóstolo João, à Igreja do seu tempo: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos” (1Jo 5 21). A região para onde o apóstolo escreveu era a Ásia Menor, uma região completamente entregue à idolatria. Além dos inúmeros deuses pagãos, havia pequenos ídolos e amuletos por toda parte. Em Éfeso, principal cidade da Ásia Menor que depois se tornou a capital desta província romana, estava o templo de Diana, que era uma das sete maravilhas do mundo antigo. Por causa do culto a Diana, vinha gente de várias partes do mundo para esta adoração. 


Em Éfeso também havia um negócio muito lucrativo dos ourives que fabricavam pequenos amuletos. Acreditava-se que o poder de Diana estava presente nestes objetos e que estes garantiam proteção, fertilidade e segurança econômica e política. Era muito forte também em Éfeso, a magia e a feitiçaria. Por todos os cantos da cidade estavam disponíveis os encantamentos, a astrologia e o exorcismo. Para completar era exigido o culto ao Imperador, inclusive queimava-se incenso a ele. 


Como João escreveu à Igreja, é bem provável que não era aos deuses que ele se referia. Este versículo é uma espécie de resumo da Epístola e se refere à idolatria espiritual, ou seja quando há honra demasiada a qualquer pessoa, instituição, objeto a si mesmo, tomando o lugar que é de Deus. A Bíblia Viva traduz assim este versículo: “Meus queridos filhos, afastem-se de qualquer coisa que possa tomar o lugar de Deus no coração de vocês”. Sobre esta recomendação do apóstolo João, o pastor Hernandes Dias Lopes assim escreveu: "Os mesmos ídolos ainda nos tentam: dinheiro, segurança, prazer, pessoas, carreiras e posses são ídolos que exigem que cultuemos a eles em vez de prestar culto a Deus. Nossos ídolos podem ser qualquer coisa ou pessoa que ameace ocupar o trono do nosso coração. Substitutos de Deus podem exigir muito de nosso tempo, dinheiro e energia."


2- Identificando os ídolos modernos dentro dos lares. No mundo antigo, os ídolos eram de ouro, prata, gesso, madeira, barro, etc. Eram reconhecidos e cultuados como se fossem realmente deuses. Muitos cristãos que vieram do paganismo tinha dificuldades de abandonar completamente estes ídolos. Na atualidade, pelo menos no meio evangélico, não existem ídolos desse tipo. Não vemos nas casas dos crentes, estatuetas de deuses ou imagens de escultura, servindo de instrumentos de proteção. Entretanto, há outros tipos de ídolos que ocupam o lugar de Deus em muitos corações. Quais são os ídolos que se instalam nos lares nos dias atuais? 


O comentarista coloca os meios eletrônicos de comunicação (rádio, televisão e internet) como instrumentos a serviço "da concupiscência da carne, da concupiscência dos olhos e da soberba da vida," que são as três principais portas de entrada para o pecado. (1 Jo 2.16,17). De fato, os meios de comunicação, embora sejam indispensáveis à vida moderna e tenham muita utilidade, oferecem muitos riscos, servindo como instrumentos de manipulação diabólica e podem roubar o nosso tempo de dedicação às disciplinas da vida cristã: oração, leitura e meditação na Palavra de Deus. 


Recentemente tivemos uma lição em nossa Escola Bíblica Dominical, falando sobre "a sutileza das mídias sociais", comentada pelo Pr. José Gonçalves. Na ocasião, foi destacado os aspectos positivos das mídias sociais, para a comunicação e principalmente para a proclamação do Evangelho. Entretanto, foi alertado para os problemas advindos delas. As redes sociais contribuem para a desumanização do ser humano, pois as pessoas trocam o real pelo virtual e mostram um universo fictício em seus perfis nas redes sociais. 


Há também outros problemas graves nas redes sociais, como o mundanismo, o materialismo, o hedonismo, a sensualidade e o narcisismo. A facilidade de se comunicar escondido tem levado muitos a flertar com o pecado, trocando mensagens e imagens íntimas, que levam ao adultério e à fornicação. Os criminosos, como pedófilos, traficantes e golpistas, também estão escondidos nas redes sociais. Por isso, todo cuidado é pouco, principalmente com adolescentes, crianças e idosos. 


Os meios de comunicação não são os únicos ídolos domésticos da atualidade. Há muitos outros ídolos nos corações, como o desejo descontrolado de ganhar dinheiro, a preocupação excessiva com o próprio corpo, a obsessão pela fama, o hedonismo, que é a busca pelo prazer a qualquer custo, etc. Estes e outros ídolos modernos constituem-se em grandes empecilhos para as pessoas servirem a Deus. Se Deus pedisse para as pessoas abrirem mão de qualquer uma destas coisas para servi-lo, imediatamente as pessoas se "retirariam tristes", como fez o jovem rico (Mt 19.22). 


3- Precisamos reagir contra os inimigos da família. Diante de tantos ídolos domésticos modernos precisamos, urgentemente, reagir para evitar que a nossa família e a nossa comunhão com Deus sejam destruidas por eles. Mas, o que fazer para combater e destronar estes ídolos do nosso lar? O primeiro passo, como vimos acima, é identificá-los. Para saber se há ídolos em nosso lar ou no nosso coração, precisamos fazer uma varredura e destruir tudo aquilo que estiver recebendo honra e dedicação igual, semelhante, ou maior do que aquela que é devida somente a Deus. 


No Sermão do Monte, Jesus disse que os seus discípulos são "o sal da terra…" (Mt 5.13). 

A principal função do sal sempre foi dar sabor aos alimentos. Qualquer alimento, exceto os que são adocicados, não tem graça nenhuma se não tiver sal. A outra função do sal, nos tempos bíblicos era a preservação da carne, pois, não havia refrigeração como hoje. Sendo assim, além da sua função principal que usamos atualmente como item de tempero para dar sabor, o sal servia para preservar a carne da putrefação. 


Estas duas funções do sal, dar sabor e preservar os alimentos, ilustram a diferença que o cristão deve fazer neste mundo, exercendo uma boa influência, através da moderação, amabilidade, paz, justiça, etc. É importante destacar que o cristão não é um sal no saleiro. Jesus falou que somos o sal na terra, para dar sabor. Neste sentido, o sal precisa se misturar aos alimentos e não ficar isolado. Durante muito tempo, alguns cristãos tinham uma postura antissocial e isolacionista. Mas Jesus nunca agiu assim. Aliás, esta era uma das principais razões das críticas, que ele recebia dos escribas e fariseus, pelo fato de ir às casas de publicanos e pecadores. 


Esta analogia entre os discípulos de Jesus e o sal indica que a Igreja é a única instituição neste mundo, que tem a prerrogativa de impedir a degeneração generalizada dos valores morais e espirituais neste mundo, evitando assim, a sua destruição. 

 

REFERÊNCIAS:


CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 73-77.  

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 6. pag. 303.

LOPES, Hernandes Dias. 1, 2, 3 JOÃO: Como ter garantia da salvação. Editora Hagnos. pag. 123-126; 225-227.

GONÇALVES, José. Os ataques contra a Igreja de Cristo: As sutilezas de Satanás neste dias que antecedem a volta de Jesus Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. 

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 2. pag. 773-774.

RIENECKER, Fritz.  Comentário Esperança Evangelho de Mateus. Editora Evangélica Esperança. 1° Ed. 1998.

SPROUL, R. C. Estudos bíblicos expositivos em Mateus. 1° Ed 2017. Editora Cultura Cristã. pag. 77-78.

GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 37-40.

20 abril 2023

UM SANTUÁRIO DE DEUSES NA CASA DE MICA


(Comentário do 2⁰ tópico da Lição 04: Os ídolos na família).

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico daremos um salto histórico, do período dos patriarcas para o período dos juízes. Falaremos sobre um santuário de deuses na casa de um homem das montanhas de Efraim, chamado Mica. Nesse período,  o povo de Israel vivia uma anarquia e se entregou ao sincretismo religioso. Neste contexto surge a figura de Mica, um homem idólatra, antiético e de comportamento abominável, que roubou a própria mãe, sem que ela soubesse quem era o ladrão. A mãe lançou maldição e ele, com medo da maldição, devolveu o dinheiro. Com o dinheiro, a mãe dele mandou construir um ídolo e Mica nomeou o seu filho como sacerdote deste ídolo. Era uma família de Israelitas, que dizia servir a Deus, mas tinha em sua própria residência uma "casa de deuses", representados por pequenos ídolos, chamados de "terafins". 


1- A idolatria e o caráter antiético de Mica (Jz 17.1-4). O povo de Israel serviu ao Senhor durante todos os dias de Josué. Entretanto, Josué não preparou um sucessor e após a sua morte, o povo ficou sem liderança espiritual e virou uma anarquia. Cada um fazia aquilo que achava correto. O povo não expulsou completamente os povos que viviam na terra de Canaã, conforme o Senhor havia ordenado. A convivência com alguns destes estrangeiros e a falta de liderança espiritual acabou fazendo com eles se entregassem à idolatria e ao sincretismo religioso, que é a mistura de elementos de várias crenças em um culto. 

O povo de Israel entregou num ciclo vicioso: pecavam contra Deus e Deus levantava inimigos para os libertar; o povo clamava a Deus e Deus levantava um juiz que os libertava; depois da morte do libertador, o povo se entregava de novo à idolatria. Este período durou aproximadamente 300 anos, desde a morte Josué até os dias de Samuel. 

Foi neste contexto de anarquia e falta de liderança espiritual, que viveu Mica, um homem da Montanha de Efraim, cujo nome significa "Quem é como Yahweh?". A sua história está registrada nos capítulos 17 e 18 de Juízes. Não temos informações sobre a família de Mica. Sabemos apenas que ele vivia com a mãe e tinha um filho. Apesar do nome dele ter uma referência positiva ao Deus de Israel, Mica tinha sérios desvios de caráter e teológicos. Primeiro, ele furtou mil e cem siclos de prata da da própria mãe. Considerando que um siclo de prata era o equivalente ao salário de um mês de trabalho, era um valor bastante alto.  

A mãe de Mica, sem saber que o ladrão era o próprio filho, começou a amaldiçoá-lo. Naquele tempo o povo acreditava que o poder divino estava por trás da benção e da maldição. Por isso, Mica teve medo e acabou devolvendo o dinheiro furtado à sua mãe. A mãe de Mica, ao invés de repreender o filho, mandou o ourives construir um ídolo, com parte do dinheiro devolvido. Isso nos mostra que este era o propósito inicial dela, ao guardar esta quantidade de dinheiro. Provavelmente ela era uma comerciante rica, pois não era normal uma mulher ter tanto dinheiro naquele tempo. 


2- A abominação de Mica (Jz 17.5). A família de Mica, embora aparentemente servirem a Deus, como mostram as declarações e o próprio nome de Mica, eles violavam a Lei Mosaica em vários mandamentos. Mica construiu em sua própria casa um santuário para estes pequenos deuses, chamados de "terafins". Ele foi mais além e mandou fazer um éfode, que era um manto litúrgico, usado apenas pelos sacerdotes de Israel. Depois consagrou um dos seus filhos para exercer o sacerdócio em sua casa. E tinha este homem, Mica, uma casa de deuses, e fez um éfode e terafins, e consagrou a um de seus filhos, para que lhe fosse por sacerdote.” 

Deus abomina todas as formas de idolatria, mas ela não se limita à adoração de outros deuses. A idolatria começa quando o ser humano introduz formas de culto diferentes dos parâmetros que Deus estabeleceu em sua Palavra. Sobre isso, assim diz Champlin: "O culto estranho começou na casa de Mica, mas não demorou a desenvolver-se sob forma mais elaborada. E foi assim que a idolatria cresceu e floresceu, e tudo feito no nome de Yahweh! E isso tem prosseguimento até os nossos próprios dias, dentro das igrejas cristãs."


3- Mica tinha uma casa de deuses (Jz 17.5,6). A religião de Mica se afastara completamente do monoteísmo judaico e da Lei que o Senhor entregou a Moisés. Os cultos na casa de Mica eram semelhantes ao que aconteceu com o Catolicismo Romano, onde se acrescentou por conta própria, vários elementos e práticas que contrariam a Palavra de Deus. O Catolicismo se apresenta com Igreja Cristã, mas incorporou vários elementos, crenças e rituais do paganismo, como o uso de velas nos cultos, oração pelos mortos, intercessão dos santos, uso de água benta, uso de imagens nos cultos, etc. Assim também aconteceu na casa de Mica. 

Mica abandonou completamente os princípios estabelecidos na Lei, se é que os conhecia, e criou a sua própria religião, achando que estava servindo ao Deus de Israel. O primeiro mandamento da Lei reafirmou o monoteísmo e proibiu Israel de ter outros deuses. Mica, no entanto, transformou a sua casa numa casa de deuses. A Lei Mosaica estabelecia um único local para adoração que era o tabernáculo e, posteriormente, o templo. Deus não autorizou ninguém a construir o seu próprio santuário, como Mica fez. O segundo mandamento da Lei proibia terminantemente o uso de imagens de escultura nos cultos (Ex 20.4,5). Contrariando também este mandamento, Mica construiu um ídolo em sua casa e vários ídolos pequenos, chamados de "terafins". Deus estabeleceu que os sacerdotes seriam os filhos de Aarão. Havia uma linhagem sacerdotal estabelecida. Mica, por sua própria conta, consagrou o seu filho como sacerdote. Ora, o filho de Mica era da tribo de Efraim e não da linhagem sacerdotal. 

Assim, a casa de Mica se transformou numa casa de deuses e era abominável, em todos os sentidos, aos olhos do Senhor. Quando o crente ignora a Palavra de Deus e cria uma Igreja de acordo com os seus próprios pensamentos, consagrando obreiros e fazendo cultos do seu jeito, o resultado é desastroso. A Palavra de Deus é o nosso manual de doutrina e prática. Os parâmetros para o funcionamento da Igreja, doutrina e liturgia tem que estar, obrigatoriamente, embasados nas Escrituras. 


REFERÊNCIAS: 


CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 70-73

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 1068-1069.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pág. 156-157.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pág. 156-157.

HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Matthew Henry: Deuteronômio.  Editora CPAD. 4 Ed 2004. pág. 174.

OS ÍDOLOS ENCONTRADOS NA TENDA DE RAQUEL


(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 04: Os ídolos na família).

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico falaremos sobre os ídolos encontrados na tenda de Raquel. Depois de vinte anos trabalhando com o seu sogro,  Jacó e sua família voltaram para a Terra Prometida. Após a saída deles, Labão descobriu que os seus ídolos domésticos haviam sido furtados e foi atrás de Jacó. Quando alcançou Jacó, Labão vasculhou as tendas, mas não encontrou os ídolos. Raquel os escondeu na sela do camelo e usou uma mentira para impedir que o pai não revistasse o camelo.


1- A fuga de Jacó e sua família para a Terra Prometida. Para entender esta fuga de Jacó, precisamos retornar ao assunto estudado na Lição 2, que foi a predileção dos pais por um dos filhos. Isaque preferia Esaú, enquanto Rebeca preferia Jacó. Por causa disso, Rebeca arquitetou um plano, para que Isaque abençoasse Jacó em vez de Esaú. Isso deixou Esaú furioso, a ponto de querer matar o seu irmão Jacó. Por causa disso, Jacó teve que deixar a terra dos seus pais e fugir para Padã-Arã, onde moravam os parentes da mãe dele. 


Chegando a Padã-Arã, Jacó encontrou primeiro a sua prima Raquel, filha mais nova do seu tio Labão, irmão da sua mãe Rebeca. Jacó ficou encantado com a beleza da moça e por ela se apaixonou. Começou a trabalhar com o seu tio e, no momento de acertar o quanto ganharia, Jacó propôs trabalhar sete anos para se casar com Raquel. Labão aceitou a proposta, porém, ao final dos sete anos, enganou Jacó e deu-lhe como esposa, a sua filha mais velha Lia, que não era bela como Raquel. Devido ao costume da época, em que as noivas se cobriam com o véu, Jacó só percebeu no outro dia, que era Lia e não Raquel. 

Jacó foi questionar a Labão sobre o engano, e este arranjou uma desculpa de que na terra deles, a filha mais nova não poderia casar-se antes da mais velha. Mas, no momento do acordo, ele não falou isso. Percebendo que não havia mais o que fazer, Jacó aceitou trabalhar outros sete anos por Raquel. 

Ao todo, Jacó trabalhou vinte anos para o seu tio Labão e foi enganado várias vezes por ele. Jacó disse a Labão que o seu salário já havia sido mudado "dez vezes". Não se sabe ao certo, se estas dez vezes foram literais ou se era apenas uma ilustração para indicar que Labão havia mudado o salário muitas vezes, como costumamos dizer hoje em dia, "mil vezes". A verdade é que Labão estabelecia um salário e, conforme Jacó ia prosperando, ele mudava as regras. Mas não tinha jeito, pois Deus abençoava Jacó e o fazia prosperar.  

Chegou um ponto, em que a permanência de Jacó com o seu sogro tornou-se insustentável. Os filhos de Labão falavam mal de Jacó, insinuando que ele estaria enriquecendo às custas do seu pai. O próprio Labão já se mostrava incomodado com a presença de Jacó (Gn 31.1,2). Foi aí que Jacó decidiu retornar à terra dos seus pais. Jacó recebeu a orientação de Deus para fazer isso (Gn 31.3). Depois comunicou a Lia e a Raquel, suas mulheres, que iria deixar a casa do pai delas e retornar à casa dos pais dele. As mulheres concordaram com a saída, mas Jacó temendo que Labão não permitisse, saiu escondido e não falou nada para o seu sogro.


2- Labão descobre o furto de seus ídolos domésticos. Labão estava no campo tosquiando as suas ovelhas, a uma distância de três dias de viagem, quando Jacó fugiu. Depois de três dias que Jacó havia saído, Labão foi informado de que Jacó e a sua família haviam fugido. Labão voltou para casa e quando chegou, percebeu que os seus ídolos domésticos haviam desaparecido e logo imaginou que Jacó os havia furtado. Na verdade, quando Jacó saiu da casa de Labão, a sua esposa Raquel furtou os ídolos da família, chamados de terafins, sem Jacó saber. 

Não há consenso entre os estudiosos sobre o motivo deste furto, se ela pretendia adorá-los, se buscava a proteção deles, ou se era por medo de ficar sem a herança. O comentário da Bíblia de Estudo Pentecostal diz que Raquel furtou os ídolos da família, "não para adorá-los, mas visando um ganho econômico". Esta é também a interpretação do comentarista. Alguns comentaristas judeus no intuito de limpar a barra de Raquel, diziam que ela queria livrar a família da idolatria. 

Labão reuniu os homens da sua família e seguiu atrás de Jacó. De noite, em sonhos, Deus lhe avisou que ele não deveria falar nada contra Jacó, nem bem nem mal (Gn 31.24). Sete dias após a saída de Jacó, Labão conseguiu alcançá-lo na Montanha de Gileade e disse:

- Por que fizeste isso? Saíste escondido, levando as minhas filhas como prisioneiras de guerra, sem me permitir beijar as minhas filhas e netos! Além disso, furtaste os meus deuses! Eu tenho poder em minhas mãos para te fazer mal, mas o Deus de teus pais me falou em sonhos ontem à noite, para não te falar bem nem mal.

Inocente na questão do furto dos ídolos, Jacó se justificou que saiu escondido, porque temia que Labão não o deixasse sair. Depois disso, falou para o seu sogro revistar as tendas e se achasse os ídolos com alguém, este alguém deveria ser morto. 


3- Raquel usa a mentira para esconder o ídolo. Labão vasculhou as tendas, mas não encontrou os ídolos, pois Raquel os escondeu na capacha (capa que cobria o assento) do camelo, enquanto ele os procurava e sentou-se em cima. Quando Labão foi em sua direção, Raquel mentiu para o pai, dizendo que não poderia levantar dali, pois estava no período de menstruação. 

Depois que Labão vasculhou todas as tendas e não encontrou os ídolos, Jacó se irritou com ele, por tê-lo acusado injustamente do furto dos seus ídolos, e fez-lhe um desabafo, sobre aquela injusta perseguição que sofreu e sobre todas as injustiças que sofrera na casa do sogro, com as constantes mudanças de salário circunstanciais. Por último, falou que se ele fosse culpado, Labão o teria despedido sem nada. Mas o Deus dos seus pais atentou para a sua aflição e repreendeu a Labão.

Raquel era a culpada daquela situação vexatória que o seu marido passou, sendo inocente. Conforme falamos acima, não sabemos com certeza a razão pela qual Raquel furtou os ídolos. Mas, independente do motivo, o fato é que ela escondeu ídolos no seio da família e ainda mentiu para evitar que fosse descoberta. Assim como Raquel, muitas pessoas dizem servir a Deus, mas guardam ídolos dentro de casa: servem ao dinheiro, à fama, à própria beleza, etc. Mas Jesus deixou claro que não podemos servir a dois senhores, pois iríamos amar a um e aborrecer o outro (Mt 6.24).


REFERÊNCIAS: 


CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 67-68.

Bíblia de Estudo Pentecostal. Editora CPAD, pág. 82. 

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 204-206.

HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Matthew Henry: Deuteronômio.  Editora CPAD. 4 Ed 2004. pág. 156-157.

LOPES, Hernandes Dias. Gênesis, O Livro das Origens. Editora Hagnos. 1 Ed. 2021.

18 abril 2023

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 04: IDOLOS NA FAMÍLIA


Ev. WELIANO PIRES


O tema da lição desta semana é a idolatria dentro do lar. A idolatria é um pecado durante condenado na Bíblia, tanto no Antigo como no Novo Testamento. O primeiro dos mandamentos de Deus a Israel foi: "Não terás outros deuses diante de mim". (Ex 20.3). O segundo mandamento é uma extensão do primeiro e ordena que o povo de Deus não deve fazer nenhuma imagem ou representação de Deus, ou das coisa criadas, nem tampouco se curvar diante destas imagens (Ex 20.4,5). 


Quando falamos de idolatria para evangélicos, o que lhes vem à mente, imediatamente, são os cultos politeístas, onde há a adoração a vários deuses; e as profissões católicas, com o uso abundante de imagens de escultura representando Maria, nas suas mãos diversas formas, e uma infinidade de padroeiros e santos, que supostamente intercedem por eles diante de Deus. Entretanto, a idolatria é muito mais abrangente e vai muito além do politeísmo, panteísmo e do uso de imagens nos cultos. 


A palavra idolatria é a transliteração do termo grego "eidololatria", que é formado por duas palavras: "eidolon" e "latreia". A primeira palavra, eidolon, significa imagem ou corpo. Deriva da palavra eido, que significa “ver”. Sendo assim, eidolon significa algo visível ou representado por uma imagem. A segunda palavra é "latreia", que significa serviço sagrado, ou prestação de culto. 


A idolatria, portanto, é o culto ou adoração a alguém, seja real ou imaginário, através de uma representação visível. Do ponto de vista bíblico, um ídolo não se limita a imagens. ídolo é qualquer pessoa ou objeto, real ou imaginário, que alcança a lealdade absoluta, honra e glórias, que são exclusivas de Deus. Jesus, por exemplo, considerou as riquezas (Mamom, em aramaico) como um ídolo (Mt 6.24). O apóstolo Paulo, por sua vez, falou que a avareza é idolatria (Ef 5.5). 


O enfoque desta lição, no entanto, não é a idolatria de modo geral. Como o assunto deste trimestre são os desafios e problemas nos relacionamentos familiares, o comentarista trata apenas da questão dos ídolos no ambiente familiar. Para isso, ele toma como base dois exemplos bíblicos: primeiro, o caso de Raquel, a esposa amada de Jacó, que furtou os ídolos do pai dela; segundo, o caso de um homem da tribo de Efraim, chamado Mica, que construiu um ídolo e um santuário idólatra em sua própria casa.  


No primeiro tópico falaremos sobre os ídolos encontrados na tenda de Raquel. Depois de vinte anos trabalhando com o seu sogro,  Jacó e sua família voltaram para a Terra Prometida. Depois da saída deles, Labão descobriu que os seus ídolos domésticos haviam sido furtados e foi atrás de Jacó. Quando alcançou Jacó, Labão vasculhou as tendas, mas não encontrou os ídolos. Raquel os escondeu na sela do camelo e usou uma mentira para impedir que o pai não revistasse o camelo.


No segundo tópico daremos um salto histórico, do período dos patriarcas para o período dos juízes. Falaremos sobre um santuário de deuses na casa de um homem das montanhas de Efraim, chamado Mica. Nesse período,  o povo de Israel vivia uma anarquia e se entregou ao sincretismo religioso. Neste contexto surge a figura de Mica, um homem idólatra, antiético e de comportamento abominável, que roubou a própria mãe, sem que ela soubesse quem era o ladrão. A mãe lançou maldição e ele, com medo da maldição, devolveu o dinheiro. Com o dinheiro, a mãe dele mandou construir um ídolo e Mica nomeou o seu filho como sacerdote deste ídolo. Era uma família de Israelitas, que dizia servir a Deus, mas tinha em sua própria residência uma "casa de deuses", representados por pequenos ídolos, chamados de "terafins". 


No terceiro tópico falaremos sobre a idolatria dentro dos lares na atualidade. Tudo aquilo que requer honra, lealdade e dedicação acima de Deus, pode ser considerado um ídolo. Identificaremos os principais ídolos domésticos atuais, que estão presentes na chamada “cultura da mídia”. Precisamos urgente reagir e quebrar os ídolos domésticos que ocupam o lugar de Deus na família. 


REFERÊNCIAS: 


CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 64-65.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 204.

GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pág. 188-191.

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