Data: 06 de Dezembro de 2020
TEXTO ÁUREO:
“Ou não vê ele os meus caminhos e não conta todos os meus passos?” (Jó 31.4).
VERDADE PRÁTICA
“Ao olhar retrospectivamente para o passado, lembre o quanto Deus trabalhou nele.”
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Jó 29.1-5; 30.1-5; 31.1-5.
Jó 29
1 — E, prosseguindo Jó em sua parábola, disse:
2 — Ah! Quem me dera ser como eu fui nos meses passados, como nos dias em que Deus me guardava!
3 — Quando fazia resplandecer a sua candeia sobre a minha cabeça, e eu, com a sua luz, caminhava pelas trevas;
4 — como era nos dias da minha mocidade, quando o segredo de Deus estava sobre a minha tenda;
5 — quando o Todo-Poderoso ainda estava comigo, e os meus meninos, em redor de mim;
Jó 30
1 — Mas agora se riem de mim os de menos idade do que eu, e cujos pais eu teria desdenhado de pôr com os cães do meu rebanho.
2 — De que também me serviria a força das suas mãos, força de homens cuja velhice esgotou-lhes o vigor?
3 — De míngua e fome se debilitaram; e recolhiam-se para os lugares secos, tenebrosos, assolados e desertos.
4 — Apanhavam malvas junto aos arbustos, e o seu mantimento eram raízes dos zimbros.
5 — Do meio dos homens eram expulsos (gritava-se contra eles como contra um ladrão),
Jó 31
1 — Fiz concerto com os meus olhos; como, pois, os fixaria numa virgem?
2 — Porque qual seria a parte de Deus vinda de cima, ou a herança do Todo-Poderoso desde as alturas?
3 — Porventura, não é a perdição para o perverso, e o desastre, para os que praticam iniquidade?
4 — Ou não vê ele os meus caminhos e não conta todos os meus passos?
5 — Se andei com vaidade, e se o meu pé se apressou para o engano.
INTRODUÇÃO
Na lição passada, vimos o tema: Jó e a inescrutável sabedoria de Deus. Estudamos o capítulo 28 do livro de Jó, onde ele faz uma apresentação da verdadeira sabedoria, fazendo um contraste entre a sabedoria meramente humana e a sabedoria que vem de Deus. Jó conclui dizendo que a verdadeira sabedoria é o temor do Senhor.
Na lição desta semana, veremos que Jó faz uma retrospectiva de sua vida. Ele pôde ver o quanto foi abençoado, embora o momento presente contrariasse todo o seu passado. Jó faz um discurso com três partes: a lembrança do seu passado feliz; o lamento pelo seu sofrimento no presente; a defesa da sua ética sexual e social e perspectivas em relação ao futuro.
É muito importante fazermos esse exercício retrospectivo, mas sem, contudo, perder a esperança. O que Deus fez em nosso passado deve-nos trazer a esperança para o presente.
I. JÓ RELEMBRA SEU PASSADO DE GLÓRIA
Nesta primeira parte do seu discurso, Jó lembra os tempos passados quando era visto e reconhecido socialmente por todos. Jó era muito rico e espiritualmente próspero. Ele também era socialmente reconhecido pelos jovens, necessitados e anciãos.
1. Prosperidade material e espiritual (29.1-11). Jó, num sentimento de nostalgia, recorda que no passado Deus protegia a ele é à sua família e recorda que a presença de Deus estava sempre com ele. Isso demonstra que a prosperidade de Jó não era apenas material, como já vimos em lições anteriores, mas também espiritual.
2. Reconhecimento social (29.14-25). Jó, em seus tempos de prosperidade, era um homem extremamente respeitado na sociedade em que vivia, não apenas pelos mais velhos, mas, também pelos jovens. As descrições e linguagem jurídica, contidos no capítulo 29, sugerem que ele fazia parte de um grupo de conselheiros e juízes da comunidade em que vivia. Mesmo sendo rico e influente, Jó era justo e altruísta. Ele ajudava aos pobres, órfãos e viúvas e defendia as causas dos menos favorecidos que não tinham ninguém por eles. (Jó 29.12,13).
3. Uma ponderação importante. O comentarista faz aqui uma diferenciação importante entre a justiça social e filantropia praticados por Jó e os princípios socialistas de justiça social. Na atualidade, muitos simpatizantes do socialismo distorcem textos bíblicos, com o objetivo de achar apoio bíblico para a sua ideologia. Mas, em momento algum, a Bíblia defende a justiça social, com a divisão de renda mediante a força do estado, tomando de uns para dar a outros. O que a Bíblia recomenda é que o cristão, em particular, dê do que é seu aos necessitados. A mensagem do Evangelho não tem nada a ver com mudança econômica deste mundo. Nós não somos daqui e não fomos chamados para tornar o mundo melhor.
II. JÓ LAMENTA SEU ESTADO PRESENTE
Nesta segunda parte do seu discurso, Jó trata do momento de sofrimentos que ele estava atravessando. No lugar da riqueza, Jó teve uma imensa perda de bens; no lugar de certezas espirituais, dúvidas e questões; no lugar do respeito e reconhecimento, vergonha e escárnio diante de todos da cidade. Jó, de fato, soube o que foi ter tudo e, em seguida, não ter nada.
1. Desprezo por parte dos jovens e das classes menos favorecidas (30.1-23). No antigo Oriente, os mais velhos eram respeitados e considerados sábios. Além disso, Jó havia conquistado o respeito dos jovens e dos menos favorecidos, por conta da sua conduta justa e humanista. Entretanto, agora com o seu infortúnio, ele era desprezado e escarnecido por estes grupos sociais. Isso nos mostra a ingratidão do ser humano sem Deus. As pessoas valorizam mais o "ter" do que o "ser". Há uma frase que diz: "Quer saber quantos amigos você tem? faça uma festa. Quer saber a qualidade deles? Fique doente ou precise deles."
2. Abatimento físico e emocional (30.16-31). Jó sentia-se abandonado por Deus e nessa parte do seu lamento, Jó relembra o seu sofrimento físico e emocional. No capítulo 30, versículo 18, Jó olha para as suas vestes desfiguradas e vê a marca do seu sofrimento. Alguns comentaristas dizem que palavra traduzida por "desfigurada", pode ser traduzida por "manchada", dando-nos a ideia de que as vestes de Jó haviam sido manchadas pelos seus ferimentos.
3. Deus teria abandonado Jó? Jó sentia-se abandonado por todos: sua esposa, seus "amigos" e até por aqueles que ele ajudara nos tempos de prosperidade. Diante de tamanha amargura, Jó achava que Deus estava por trás do seu sofrimento e também o havia abandonado. Mas, isso não era verdade. Em todo o tempo, Deus estava com ele. Jó só compreendeu isso depois. Deus jamais abandona um filho seu. Nas lutas e aflições, temos a impressão de que Deus nos esqueceu e não nos ouve. Mas, isso jamais acontecerá. (Is 49.15).
III. O FUTURO EM ABERTO DE JÓ
Na terceira e última parte do discurso, Jó defende a sua ética sexual. Não havia nada que manchasse a sua vida nessa área. Ele faz também uma defesa de sua ética social. Jó tinha compromisso com os menos favorecidos, com os seus servos e com as pessoas que tinham contato direto com ele. Diante desse quadro todo, Jó deseja algo: ser inocentado diante de Deus.
1. Jó em defesa de sua ética sexual (31.1-4). Mesmo vivendo antes da Lei mosaica, quando Deus estabeleceu os parâmetros para a sexualidade, Jó tinha uma consciência pura. Jó vivia a monogamia e não se deixar engodar pela impureza sexual. Jesus disse que um olhar malicioso para uma mulher, já é considerado adultério diante de Deus. (Mt 5.27,28). Existem dois pecados nesse sentido: o pecado da lascívia, que é cometido pela pessoa que expõe o próprio corpo para provocar desejos; e o pecado da impureza sexual, que é cometido por quem olha e fica imaginando coisas impuras.
2. Jó em defesa de sua ética social (31.16-23). Jó tinha um coração amoroso e disposto ajudar o próximo, sem esperar nada em troca, pois, as pessoas que ele ajudava (os pobres, viúvas e órfãos) não tinham com que lhe retribuir. A verdadeira filantropia deve ser feita no anonimato e sem interesses de autopromoção. Há pessoas que até ajudam aos necessitados, mas, fazem questão de tirar fotos, fazer vídeos e divulgar nas redes sociais, com o objetivo de obter vantagens políticas ou elogios à sua religião. Jesus disse que devemos "dar esmolas com a mão direita, sem que a esqueceu saiba."
3. Jó busca a resposta de Deus (31.35-37). Por último, Jó nutre esperança em relação ao seu futuro. Ele está consciente da sua inocência e deseja apresentar-se diante de Deus e ser ouvido por Ele, pois, tem certeza de que seria inocentado. Na verdade, nenhum ser humano tem condições de se justificar diante de Deus, por seus próprios méritos. Mas, Jó não tinha o conhecimento da Graça de Deus, que foi revelada através de Jesus Cristo, nosso Senhor. Segundo a concepção da sociedade da época, Deus punia os ímpios e poupava os justos. Os amigos de Jó, partindo deste pressuposto, diziam que os sofrimentos eram a punição pelos pecados cometidos. Jó, porém, tinha a consciência tranquila de que não era ímpio. Sendo assim, ele almejava se apresentar diante de Deus e fazer a sua defesa.
CONCLUSÃO
Não podemos perder a esperança. Quando estamos debaixo de alguma pressão, é necessário olhar para o que Deus fez e confiar que Ele pode fazer hoje. O que Deus fez no passado, pode fazer no presente e no futuro.
Pb. Weliano Pires
Ministério do Belém
São Carlos - SP.
Assembleia de Deus
REFERÊNCIAS:
REVISTA LIÇÕES BÍBLICAS. Rio de Janeiro: CPAD, 4º Trimestre de 2020.
REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Rio de Janeiro: CPAD, 4º Trimestre de 2020.