18 novembro 2020

LIÇÃO 08 - A TEOLOGIA DE ZOFAR: O JUSTO NÃO PASSAM POR TRIBULAÇÃO?




TEXTO ÁUREO

“E terás confiança, porque haverá esperança; olharás em volta e repousarás seguro” (Jó 11.18).


VERDADE PRÁTICA

“Segundo as Escrituras, até mesmo o justo passa por tribulação.”


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Jó 11.1-10; 20.1-10.


Jó 11


1 — Então, respondeu Zofar, o naamatita, e disse:

2 — Porventura, não se dará resposta à multidão de palavras? E o homem falador será justificado?

3 — Às tuas mentiras se hão de calar os homens? E zombarás tu sem que ninguém te envergonhe?

4 — Pois tu disseste: A minha doutrina é pura; limpo sou aos teus olhos.

5 — Mas, na verdade, prouvera Deus que ele falasse e abrisse os seus lábios contra ti,

6 — e te fizesse saber os segredos da sabedoria, que é multíplice em eficácia; pelo que sabe que Deus exige de ti menos do que merece a tua iniquidade.

7 — Porventura, alcançarás os caminhos de Deus ou chegarás à perfeição do Todo-Poderoso?

8 — Como as alturas dos céus é a sua sabedoria; que poderás tu fazer? Mais profunda é ela do que o inferno; que poderás tu saber?

9 — Mais comprida é a sua medida do que a terra; e mais larga do que o mar.

10 — Se ele destruir, e encerrar, ou juntar, quem o impedirá?


Jó 20


1 — Então, respondeu Zofar, o naamatita, e disse:

2 — Visto que os meus pensamentos me fazem responder, eu me apresso.

3 — Eu ouvi a repreensão, que me envergonha, mas o espírito do meu entendimento responderá por mim.

4 — Porventura, não sabes tu que desde a antiguidade, desde que o homem foi posto sobre a terra,

5 — o júbilo dos ímpios é breve, e a alegria dos hipócritas, apenas de um momento?

6 — Ainda que a sua altura suba até ao céu, e a sua cabeça chegue até às nuvens,

7 — como o seu próprio esterco perecerá para sempre; e os que o viam dirão: Onde está?

8 — Como um sonho, voa, e não será achado, e será afugentado como uma visão da noite.

9 — O olho que o viu jamais o verá, nem olhará mais para ele o seu lugar.

10 — Os seus filhos procurarão agradar aos pobres, e as suas mãos restaurarão a sua fazenda.


HINOS SUGERIDOS: 524, 539 e 562 da Harpa Cristã.


COMENTÁRIO


Revisão da lição anterior


Na lição passada, estudamos os três discursos do segundo amigo de Jó, chamado Bildade, o suíta.


Vimos na lição passada os seguintes tópicos: 


  • Bildade faz um contraste entre um Deus justo e santo, e as imperfeições do ser humano. 

  • Bildade mostra o pecado como a quebra da moralidade tradicional, que ele acreditava ser correta e diz que os sofrimentos de Jó ocorreram, porque Jó e os seus filhos teriam atentado contra esta moralidade. 

  • Bildade faz um contraste entre o pecado e a Majestade de Deus, insinuando que Deus é onipotente, mas, ausente do mundo. 


INTRODUÇÃO À LIÇÃO 08:


Nesta lição veremos o discurso de Zofar, o último amigo de Jó a falar na série de debates (Jó 11; 20). Zofar insiste na tese de que o justo não passa por tribulação, à semelhança do que pensavam seus amigos Elifaz e Bildade. Todavia, Zofar é mais duro e impiedoso nas acusações contra Jó. Diferente dos seus amigos, ele faz apenas dois discursos (nos capítulos 11 e 20 do livro de Jó), suficientes para derramar todo o seu ressentimento contra o patriarca. Zofar acusa Jó de se levantar contra sabedoria divina e o aconselha a voltar-se para Deus através de arrependimento e conversão baseada em rituais legalistas.

A teologia de Zofar é chamada de deísmo. Esta teologia afirma a existência de Deus, porém, diz que Ele criou o mundo, se afastou dele, não interfere em seu funcionamento e não se interessa em se relacionar com o ser humano.


I. DEUS SE MOSTRA SÁBIO QUANDO AFLIGE O PECADOR


1. Deus grande e sábio. Segundo o pensamento de Zofar, os sofrimentos de Jó faziam parte de um sábio julgamento da parte de Deus. De forma agressiva e sem nenhuma compaixão, Zofar chama Jó de mentiroso e diz que ele se comporta como um “animal irracional” ou “um jumento”, pois, não estaria aceitando a sábia punição de de Deus. 

De fato, Deus é grande e sábio e nós muitas vezes não entendemos as suas ações. Mas, não era verdade que Jó estava sendo punido por Deus por causa dos seus pecados, pois, o próprio Deus havia dado testemunho da sua integridade.

2. Deus não é indiferente à ação do ímpio. Jó havia defendido a sua inocência diante dos seus amigos e desejava debater com Deus para que, se porventura, houvesse pecado, Deus os apontasse. Zofar entendeu que Jó estaria se declarando “puro e sem culpa” e que se Deus debatesse com Jó, revelaria os seus pecados e ele seria condenado.

3. Tolos se passando por sábios. Jó reagiu com ironia às declarações dos seus amigos, que de forma arrogante, se achavam os detentores do saber. Para Jó, não passava de charlatanismo: “Vós, porém, sois inventores de mentiras e vós todos, médicos que não valem nada” (Jó 13.4). Quando somos julgados pelos homens e acusados injustamente, devemos descansar no Senhor, pois, Ele é onisciente e sonda as mentes e os corações. Ele conhece o profundo e o escondido e fará justiça. 


II. A CONVERSÃO COMO RESPOSTA À AFLIÇÃO

Zofar insiste na idéia de que Jó está sofrendo punição de Deus pelos pecados cometidos. Como solução ele uma espécie de purificação moral de Jó e conclama ao arrependimento ritualístico.

1. Purificação moral. Nos versículos 13 a 20 do capítulo 11, Zofar sugere a Jó uma conversão e arrependimento baseados na conduta correta (v.13); na oração (v.13) e renúncia ao pecado (11.14). 

Deus realmente deseja que o ser humano se arrependa dos seus pecados e tenha uma conduta correta. Mas, Zofar está insinuando uma espécie de negociação com Deus, baseada no legalismo, ou seja alcançar o favor de Deus com base no cumprimento de regras e rituais. Nós devemos abandonar o pecado e obedecer a Deus por amor a Ele e não para receber algo em troca. 

2. É possível negociar com Deus? As sugestões de Zofar se encaixam perfeitamente nas acusações de Satanás, de que Jó possuía uma fidelidade interesseira. Ou seja, se Deus tirasse tudo, ele blasfemaria. Agora, Zofar sugere que Jó está em pecado e que se abandonasse o pecado, Deus daria tudo de volta. 

Essa teologia da barganha com Deus é o discurso da teologia prosperidade: Se você der tudo o que tem à Igreja, Deus lhe dará muito mais. Em várias religiões de matrizes africanas, também há esta prática. Oferecem sacrifícios e oferendas, para receber favores dos guias e orixás ou aplacar a sua ira. 


3. A angústia de Jó. Diante de tanto sofrimento, acusações falsas dos seus amigos e do silêncio de Deus, Jó dá sinais de cansaço. No capítulo 14, Jó usa a metáfora de uma árvore corda e diz que há esperança de que ela se restaure. Mas, morrendo o homem, diz ele, porventura, voltará a viver? (Jó 14.14). É importante destacar que a doutrina da ressurreição ainda não havia sido revelada. Então a esperança de Jó se resumia a esta vida. 


III. DEUS JULGA E CASTIGA OS PECADORES

Zofar diz que todos os maus são punidos, mas Jó apresenta um paradoxo: a experiência mostra que muitos deles são bem sucedidos.

1. O castigo dos maus. Em seu segundo discurso, no capítulo 20, Zofar afirma que a aparente prosperidade dos ímpios é passageira, ilusória e que estes serão punidos por Deus nesta vida. A realidade, no entanto, é outra. Há muitos ímpios que prospera financeiramente, são saudáveis e vivem muito tempo. Negar isso e negar a realidade dos fatos. Basta olhar para cantores, jogadores, artistas, empresários, etc. que nunca serviram a Deus e são milionários. Na história que Jesus contou do rico e Lázaro, o rico era o ímpio e Lázaro, o justo. Lázaro viveu a vida inteira na miséria e morreu cheio de chagas. O rico viveu a vida inteira em regalias e morreu por último. Asafe observou a prosperidade dos ímpios e quase se desviou.(Sl 73). 


2. Jó diante de um paradoxo. No capítulo 21, Jó contrasta os argumentos de Zofar, mostrando a realidade. Em sua resposta, Jó mostra que:

a) Não é verdade que os ímpios morrem na juventude. (Jó 21. 7-16

b) Não é verdade que os ímpios sempre sofrem calamidades (Jó 21. 17-22)

c) Não é verdade que a morte é mais severa com os ímpios. (Jó 21.23-26).

Estas três afirmações de Jó, com base e sua própria experiência de vida, desmontaram os argumentos de Zofar e dos outros dois amigos. 

3. A verdade vem à tona. Conforme já dissemos em lições anteriores, a lei da semeadura e da colheita não se aplica a todas as esferas da vida humana. É verdade que colhemos aquilo que plantamos, mas, não apenas isso. Colhemos aquilo que plantamos, mas colhemos, também, o que outros plantam; sofremos consequências das ações diabólicas; e somos agraciados com o favor de Deus. Deus é bom e não nega o sol e a chuva aos pecadores. Então, nem sempre os sofrimentos são punições ou a prosperidade material é bênção de Deus. 


CONCLUSÃO


A soberania de Deus é um grande mistério. Nem sempre teremos explicações corretas para dar acerca das questões humanas. Muitas vezes o crente fiel passa por muitas injustiças e provações, contudo, ele não é desassistido por Deus. Jó, mesmo sendo justo, passou por sofrimentos terríveis. Porém, mesmo diante das acusações falsas dos seus amigos e do silêncio de Deus, Jó manteve as suas esperanças em Deus e não blasfemou.


Pb. Weliano Pires
Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Ministério do Belém

São Carlos - SP.

REFERÊNCIAS:

Revista LIÇÕES BÍBLICAS. RJ: CPAD, 4° Trimestre de 2020. 
Revista Ensinador Cristão.  RJ: CPAD, 4° Trimestre de 2020.
CHAPMAN, Milo L.; PURKISER, W. T.; WOLF, Earl C. (et al). Comentário Bíblico Beacon: Jó a Cantares de Salomão. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, pp.50 e 64.




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