Como em todos os outros ministérios, Jesus Cristo é o nosso modelo também no diaconato. O seu estilo de vida era diaconal em todos os sentidos, pois, Ele veio a este mundo não para ser servido e sim para servir. Jesus foi o “apóstolo da nossa confissão” (Hb 3.1); o profeta que havia de vir ao mundo (Lc 24.19); o grande evangelista (Lc 4.18,19); o bom pastor (Jo 10.10); o mestre por excelência (Mt 7.29); e, principalmente, diácono por excelência. “O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.” (Mt 20.28).
1. Significado do termo. Na cultura grega, a palavra “diakonia” significa um serviço voluntário, prestado por alguém para a sua comunidade. Segundo o dicionário bíblico de Strong, a palavra diácono (diákonos) significa literalmente, “levantar rapidamente”. Essa palavra era usada para descrever um servo que, rapidamente, atendia a um trabalho. No Novo Testamento, a palavra aplica-se àquele que executa os comandos ou ordens de uma força ou autoridade maior.
2. Serviço de escravo. Vimos que a diakonia é um serviço voluntário, feito por alguém que se dispõe a servir à comunidade. Há também outra palavra grega, usada para se referir à função de servir, que é “doulos”. Esta palavra significa um “escravo”, “servo”, ou “homem de condição servil”. Em sentido figurado, é alguém que se rende à vontade de outro. São aqueles, cujo serviço é aceito por Cristo, para estender e avançar a sua causa entre os homens.
No Antigo Testamento, a expressão “Servo do Senhor”, do hebraico “Ebed Yahweh”, foi usada de forma profética de modo a apontar para o ministério do Senhor Jesus Cristo. O profeta Isaías usa esta expressão para se referir ao Messias como o Servo do Senhor. (Is 42.1-7). Isso demonstra que, mesmo sendo Deus, Jesus assumiu a posição de escravo, nasceu como ser humano e veio para servir e doar-se (Fp 2.7-9).
Em várias ocasiões, Jesus fez serviços que eram de escravos, como no caso de lavar os pés dos discípulos (Jo 13.4-16) e servir a ceia (Mt 26.26-29). Estas duas funções eram tarefas executadas pelos escravos. Os viajantes naquela época viajavam vários dias e até meses a pé. Quando chegavam nas casas dos ricos, estes davam ordens para que os escravos lhes lavassem os pés empoeirados. Por isso, é compreensível a relutância de Pedro para que Jesus não lavasse os seus pés. (Jo 13.6-8). As refeições também eram servidas pelos escravos aos seus senhores e não o contrário.
Paulo, Pedro, Tiago, Judas e João também usaram a palavra "doulos" para se identificarem em suas epístolas. (Rm 1.1; 2 Pe 1.1; Jd 1.1; Tg 1.1; Ap 1.1). Paulo tinha várias credenciais: poliglota, fariseu, doutor da lei, conhecedor da filosofia grega, cidadão romano, apóstolo, missionário, etc. Mas, identificava-se como Paulo, servo (escravo) de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo. Pedro era um dos três apóstolos mais próximos de Jesus, ao lado de Tiago e João. Andaram com o Mestre e participaram de momentos especiais ao seu lado, como a Transfiguração e a ressurreição da Filha de Jairo. Mas, quando ele escreve a sua segunda epístola, identifica-se como Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo. Tiago e Judas eram irmãos de Jesus, que se converteram após a sua ressurreição. Cresceram junto com Ele. Mas, se identificaram em suas epístolas como “servos de Jesus Cristo”. O apóstolo João também era muito próximo de Jesus, conhecido como “o discípulo a quem Jesus amava”. Ele também se identifica no Livro de Apocalipse, como “o seu servo João" [de Cristo].
Algumas pessoas se colocam apenas na condição de filhos de Deus e arrogantemente, passam a exigir "direitos". De fato, nós somos filhos de Deus. Mas, todos nós éramos escravos do pecado. Cristo nos comprou com o seu sangue e passamos a ser escravos dele. Por seu infinito amor, Ele nos adotou como filhos de Deus. Então, não temos direito algum diante de Deus e sim, privilégios que Ele nos concedeu em Cristo.
3. O discípulo é um serviçal. A proposta de Jesus é diferente daquilo que o mundo e o diabo oferecem. Jesus nunca ofereceu lugar de destaque aos seus discípulos. Quem ofereceu os reinos deste mundo em troca de adoração foi satanás e não Jesus. “Tudo isso te darei, se prostrado me adorares.” (Mt 4.9).
Jesus disse que Ele veio a este mundo para servir e dar a sua vida para nos resgatar. Ele disse também que o maior entre nós será o serviçal. Mc 10.43-45). Sendo assim, nós os discípulos do Senhor, devemos ter a consciência de que somos escravos do Senhor, embora Ele nos considere como filhos. Como escravo que ganhou liberdade, devemos servi-lo com toda dedicação e gratidão e também servir ao próximo, sem esperar nada em troca, como Ele fez.
Pb. Weliano Pires
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