17 junho 2021

O PERFIL E FUNÇÃO DO DIÁCONO

Neste terceiro e último tópico, falaremos sobre o perfil e a função dos diáconos na Igreja primitiva e também nos dias atuais, principalmente, na Assembléia de Deus. Vimos no tópico anterior, as circunstâncias em que deu a instituição dos diáconos e as exigências iniciais para o exercício deste "importante negócio". O diaconato não é um trabalho qualquer, que qualquer pessoa pode fazer. É preciso atender a alguns requisitos para desempenhar este importante trabalho, de forma a honrar a Deus, não gerar murmurações por parte dos fiéis e não causar escândalos à Igreja.

1. Qualificações do diácono. As exigências para o diaconato envolvem três aspectos: moral, espiritual e familiar. Inicialmente, na Instituição dos diáconos, as exigências descritas em Atos 6 eram: ter boa reputação e ser cheios de Espírito Santo e de sabedoria. Depois, escrevendo a primeira epístola a Timóteo, no capítulo 3.8-11, Paulo acrescentou mais algumas exigências importantes para os candidatos ao diaconato, como veremos a seguir:

a) Caráter moral (1 Tm 3.8).  Assim como os presbíteros, os diáconos também precisam ter uma conduta ilibada e bom testemunho dos crentes, da família e até dos infiéis. Do ponto de vista moral, em Atos 6, os apóstolos exigiram que os diáconos tivessem boa reputação. A reputação está relacionada ao testemunho público, ou seja, aquilo que as pessoas pensam ao nosso respeito. Já em 1 Tm 3.8, Paulo enumera alguns requisitos morais para os candidatos ao diaconato:

a. Honestidade. Os diáconos cuidam dos recursos da Igreja e da distribuição de ajuda aos necessitados. São funções administrativas e de assistência social, que exigem honestidade e boa reputação, para não gerar desconfiança murmuração ou escândalo. Conforme já afirmamos em lições anteriores, a honestidade consistem em ser verdadeiro, transparente e completamente ausente de mentiras e falsidade.

b. Honradez na palavra. Jesus disse que a palavra do crente deve ser sim, sim; não, não e o que passar disso, é de procedência maligna. (Mt 5.37). No caso dos diáconos, a exigência de honradez na palavra é maior ainda, pois, eles administram bens da comunidade, que precisa confiar no que eles dizem.

c. Abstinência de vinho. Também já falamos em lições anteriores que o consumo de vinho e outras bebidas atrapalha nas decisões, pois, leva a pessoa à insensatez e ao desequilíbrio. Por isso, o diácono não deve consumir bebidas, outro tipo de alucinógeno, que venham alterar a sua percepção dos fatos.

d. Não ser ganancioso. O crente não pode ser ganancioso ou avarento. Os diáconos, que administram os bens da Igreja, menos ainda. Uma pessoa gananciosa pode ser tentada a roubar ou desviar os bens sob sua custódia. Portanto, a ganância e avareza são incompatíveis com o diaconato.

e. Devem ser provados. (1 Tm 3.10). Paulo ainda acrescentou que os diáconos devem ser provados e somente se forem irrepreensíveis, devem servir. Isso é importante, pois, muitas pessoas se escondem, fingindo ser o que não é. Como não somos oniscientes, precisamos observar e fazer uma avaliação prévia, antes da pessoa exercer o diaconato.


b) Caráter espiritual (1 Tm 3.9,10). Do ponto de vista espiritual, em Atos 6 é exigido que os diáconos sejam “cheios do Espírito Santo e de sabedoria”. Ser cheio do Espírito Santo no contexto de Atos dos Apóstolos, refere-se ao batismo no Espírito Santo. Na Assembléia de Deus é exigido que o candidato ao diaconato seja batizado no Espírito Santo, pois, para as funções que ele ocupa é indispensável que tenha o poder, autoridade, discernimento e sabedoria vindos de Deus, para administrar. Não basta aos diáconos ter capacidade humana para administrar os recursos da Igreja. Precisam ser capacitados pelo poder do Espírito Santo e ter visão espiritual da missão da Igreja.

Paulo, escrevendo a Timóteo, disse também que os diáconos devem “guardar o mistério da fé em pura consciência”. Esta expressão “o mistério da fé” refere-se ao Evangelho que esteve oculto antes de Cristo e foi revelado. (1 Co 2.7). Então, um diácono deve ter uma boa consciência do Evangelho. Precisa ser convertido de verdade e ter convicção da sua fé.


c) Caráter familiar. Assim como os pastores, presbíteros e bispos, é exigido dos diáconos, uma vida conjugal ajustada. O diácono deve ter um casamento monogâmico, heterossexual e vitalício. O diácono também deve governar bem a própria casa e ter o respeito da esposa e filhos. É importante destacar que respeito se conquista pelo ensino e pelo exemplo e não se impõe pela força. 


2. A função dos diáconos em Atos 6. Conforme falamos anteriormente, a função dos diáconos, quando foi instituída, era única e exclusivamente de cunho social. Nesta época, a Igreja era formada de dois grupos: os judeus gregos (hellenistai, ‘crentes de fala grega’) e os judeus hebreus (hebraioi, ‘crentes de fala aramaica’).

Houve um problema em relação ao socorro às viúvas dos cristãos de fala grega, como vimos no tópico anterior, que gerou murmuração. Então, os diáconos foram levantados, exclusivamente, para esta função. Coube aos diáconos evitar que houvesse discriminação, acepção de pessoas ou favorecimentos na assistência social. Deus é plenamente justo e não faz acepção de pessoas. (At 10.34; Rm 2.11). A sua Igreja também não deve fazer, pois, isso é abominável aos olhos de Deus. (Tg 2.1-5).


3. A função dos diáconos hoje. Muita coisa mudou na sociedade e na Igreja, em mais de dois mil anos de história da Igreja. Evidentemente, as necessidades da Igreja também mudam. Por isso, as funções de um diácono na Igreja atual é muito diferente dos tempos apostólicos. Como acontece com os presbíteros, a função do diácono nos dias atuais varia de uma denominação para outra, pois, cada Igreja tem as suas características e necessidades. 

Além dos trabalhos de assistência social, nos dias atuais temos também as necessidades dos trabalhos nos templos em apoio à liderança da Igreja: recepção, segurança, recolhimento de contribuições, servir à Ceia do Senhor, secretaria, tesouraria e auxiliar na organização do templo durante os cultos.


Pb. Weliano Pires

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