12 fevereiro 2021

Lição 7: Cultuando a Deus com liberdade e reverência

14 de Fevereiro de 2021

TEXTO ÁUREO:
“Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” (Jo 4.24)

VERDADE PRÁTICA:
“A adoração em espírito diz respeito à posição espiritual do adorador, isso quer dizer que o que vale diante de Deus é como adorar, não onde adorar.”

HINOS SUGERIDOS: 124, 243, 543 da Harpa Cristã

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: 1 Coríntios 14.26-32

26 – Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.
27 – E, se alguém falar língua estranha, faça-se isso por dois ou, quando muito, três, e por sua vez, e haja intérprete.
28 – Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja e fale consigo mesmo e com Deus.
29 – E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.
30- Mas, se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro.
31 – Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros, para que todos aprendam e todos sejam consolados.
32 – E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas.

INTRODUÇÃO

Nós não somos adeptos de um formalismo absoluto em nossos cultos, onde tudo é previsível. Evidentemente, temos a nossa liturgia e elementos que são previsíveis durante o culto, como oração, leitura devocional, os hinos da Harpa, apresentação dos grupos de louvor, pregação da Palavra de Deus, oração final e bênção apostólica. Temos até manuais de liturgia, para auxiliar os dirigentes dos cultos a realizarem um culto com equilíbrio e aproveitamento do tempo. Mas, deve haver liberdade na adoração e culto a Deus. Os cultos pentecostais são dirigidos pelo Espírito Santo e não podem ser mecanizados. Entretanto, é preciso haver equilíbrio, pois, a Bíblia nos recomenda  reverência, ordem e decência nos cultos. (1 Co 14.40).

Nesta lição veremos três pontos sobre a liberdade e reverência no culto a Deus:
1) O conceito do culto pentecostal e o equilíbrio entre liberdade e reverência;
2) O Senhor Jesus como o centro da nossa adoração e da mensagem que pregamos;
3) Aspectos da liturgia pentecostal e assembleiana.

I – O CULTO PENTECOSTAL: LIBERDADE E REVERÊNCIA

Infelizmente, há muitos crentes que acham que a sua cultura, gênero musical, tipo de roupa, etc. devem ser impostos ao mundo. A mensagem do Evangelho e os seus princípios, de fato, são universais e válidos em qualquer época e local. Entretanto os costumes, estilos musicais, linguagem, etc. variam de acordo com o tempo e local. Não é porque alguém gosta de música erudita, sertaneja, ou outro estilo, que este deve ser obrigatório nos cultos. 
1. A flexibilização cristã. Devemos ter reverência na forma de adorar a Deus. Porém, deve haver flexibilização da liturgia, de acordo com o ambiente em que estamos. Precisamos tomar cuidado para não introduzir elementos do culto judaico em nossos cultos, pois, estamos na Nova Aliança. Deve-se evitar também que os cultos sejam totalmente de acordo com os costumes antigos, ignorando a juventude ou priorizar somente a juventude, desprezando os mais velhos. 
2. O culto. A palavra culto vem do substantivo grego "latreia" e do verbo "latreuo" que significa “serviço ou adoração". A palavra correspondente em hebraico é ‘avodá’, que significa “culto ou serviço”. Tanto no Antigo, quanto no Novo Testamento é dito que devemos cultuar somente a Deus (Ex 20.3; Dt 6.13; Mt 4.10). Os católicos, para tentar justificar o uso das imagens e dos inúmeros santos e padroeiros, dizem que há diferença entre adorar e venerar. Para explicar isso, usam três palavras: Latria, Dulia e Hiperdulia.
a - Latria. (Do Grego "latreuo", que significa adoração). Principal culto na Igreja Católica, seria a adoração a Deus.
b - Dulia (em grego: “douleuo”, que significa veneração). É o culto prestado a Deus, por meio de alguma mediação de santos. 
c - Hiperdulia (do grego: "hyper", acima de; e "douleuo", honra ou veneração). É o culto de adoração a Deus por meio da Virgem Maria, a quem o catolicismo dá um lugar eminente.
Entretanto, na Bíblia não há esta distinção e não há nenhum mediador entre Deus e a humanidade, além de Jesus Cristo. (1 Tm 2.15). A Bíblia proíbe o culto ou orações a qualquer pessoa, além de Deus.  (Ex 20.4; MT 4.10). 
3. A reverência no culto. O culto ao Senhor é um momento especial, em que separamos uma parte do nosso tempo para servi-lo, reconhecendo a sua divindade, majestade e senhorio. Portanto, não podemos nos ocupar com outras coisas, alheias ao culto ou fazer coisas incompatíveis com a sacralidade do culto ao Senhor.
Reverência, segundo o dicionário, é o respeito profundo por alguém ou algo, em função das virtudes, qualidades que possui ou parece possuir; consideração, deferência. Quando estamos cultuando a Deus, estamos falando com Ele e ouvindo-o falar conosco. Faria algum sentido, em um momento desse, tratarmos de coisas banais ou ficar em redes sociais falando de outras coisas? Seria razoável, alguém fazendo brincadeiras ou até paquerando durante o culto? Certamente, não. 
 
II – O CENTRO DO CULTO PENTECOSTAL

Muitas pessoas fazem confusão entre Igreja e templo, ou entre Igreja e denominação. Embora, atualmente usamos o termo Igreja para se referir ao templo ou à nossa denominação, há diferença entre estas coisas. 
O termo Igreja, no grego é "ekklesia", que significa um grupo de pessoas chamadas para fora. Refere-se ao conjunto de pessoas que foram salvas por Jesus e pertencem a Ele. 
Entretanto, há duas dimensões da Igreja. Há a Igreja universal, [não a denominação liderada por Edir Macedo] que são os salvos de todos os lugares, em qualquer denominação. E, há também a Igreja local, que é uma congregação que se reúne num determinado lugar. 
1. O centro da nossa adoração. O centro do nosso culto é o Deus trino: Pai, Filho e Espírito Santo. Conforme já vimos em lições anteriores, os membros da Santíssima Trindade são iguais e habitam um no outro, em perfeita comunhão. Sendo assim, quando adoramos a qualquer um deles, estamos adorando a Deus.
Os adversários dos pentecostais costumam nos acusar de dar ênfase exagerada ao Espírito Santo, para com isso nos acusar de sermos "montanistas". 
O montanismo foi um movimento fundado por Montano, um profeta que se revelou na Frígia, por volta dos anos 155-160 e afirmava ser porta-voz do Espírito Santo. Segundo ele, em sua própria pessoa, se encarnara o "Paracleto" (Consolador) prometido em João 14,16; 16,7. 
As principais características do montanismo são a glossolalia [falar em línguas] e uma linguagem espiritual tendente ao êxtase e ao entusiasmo. Negavam a autoridade eclesiástica, pregavam o iminente fim do mundo e uma moral ascética rigorosa, com proibição do matrimônio e a prática rigorosa de esmolas que jejuns. 
2. Um culto vibrante no poder do Espírito. O modelo do culto descrito por Paulo, no capítulo 14 de 1 Coríntios, demonstra que há diferença entre os cultos nas sinagogas judaicas e o culto cristão. 
Nas sinagogas, somente os rabinos poderiam falar e não havia manifestações dos dons espirituais. O culto cristão na Igreja Primitiva não era formalista e entediante, onde apenas a liderança fala e as pessoas são meros expectadores. Os crentes em geral, podiam participar conforme o Espírito Santo lhes concedia. 
3. Característica pentecostal. O culto pentecostal, conforme o modelo descrito no Novo Testamento deve conter os seguintes elementos:
a) Oração. (1 Co 14.15). A oração deve ser o início do nosso culto e deve acontecer também durante o culto e no final dele. 
b) Cânticos. Em mais de um versículo, Paulo fala de hinos e cânticos espirituais durante o culto (Ef 5.18,19; Cl 3.16). Os louvores são uma parte importante do culto, onde exaltamos a Deus através da música. Entretanto, precisamos cantar hinos cristocêntricos e não antropocêntricos. 
c) Exposição da Palavra de Deus. Paulo diz que "quando vos ajuntais, cada um de vós… tem doutrina...". Isso se refere ao ensino da Palavra de Deus. É indispensável em nossos cultos, um período de leitura e exposição da Palavra de Deus. Uma Igreja sem o ensino bíblico, torna-se presa fácil dos falsos mestres. Não podemos substituir a Palavra de Deus por profecias e revelações. 
d) Manifestação dos dons espirituais. Em um culto pentecostal deve haver liberdade para a profecia, revelações do Espírito, variedade de línguas e operações de maravilhas. Entretanto, deve haver ordem e decência no uso dos dons espirituais. 

O apóstolo Paulo nos dá algumas recomendações nesse sentido:

a) As profecias devem uma por vez e devem ser julgadas pela Igreja;
b) As mensagens em línguas estranhas devem ser acompanhadas de interpretação;
c) Os portadores de dons espirituais não estão inconscientes e devem se controlar no culto público. 

4. Ofertas. Tanto no Antigo como no Novo Testamento, as contribuições faziam parte do culto  (Dt 26.10; 1 Co 16.1,2; 2 Co 9.7). É até através das contribuições que a Igreja avança em sua missão de evangelização do mundo. Se não houver contribuições dos fiéis, não há como fazer isso. Entretanto, o objetivo do culto não pode se resumir a arrecadações. É lamentável quando líderes evangélicos destinam a maior parte dos cultos para arrecadar dinheiro, usando os mais diversos tipos de manipulação e distorção de textos bíblicos. 
  
III – COMO SE EXPRESSA A LITURGIA DE NOSSAS IGREJAS?

Cada denominação difere na forma de cultuar a Deus. Uns são mais formalistas, seguindo rigorosamente um modelo pré-estabelecido. Outros, no entanto, são totalmente espontâneos e não seguem critério algum. Na Assembléia de Deus, conforme o comentarista descreveu, temos vários tipos de cultos, com finalidades diversas. Embora todos os cultos sejam direcionados a Deus, os objetivos são distintos: temos os cultos públicos, onde o objetivo principal é a evangelização. Nestes, todos os elementos do cultos são direcionados à salvação de almas; cultos de jovens, onde há maior participação da mocidade, com o intuito de desenvolvê-los na obra do Senhor; cultos de missões, onde o objetivo é a conscientização missionária; cultos de doutrina, cujo objetivo principal é o ensino bíblico; e assim, sucessivamente. 
1. Nossas reuniões de adoração. Segundo ensinou o Pr. Antônio Gilberto, liturgia é o conjunto de elementos que compõem o culto cristão. Esta palavra vem do grego “leitourgia” e, inicialmente, significava qualquer serviço prestado à coletividade ou a uma pessoa. No Antigo Testamento, referia-se ao ministério dos sacerdotes ou aos atos realizados por eles durante o culto. 
Nos tempos apostólicos, os cultos eram praticamente informais e não havia um padrão a ser seguido, principalmente, porque eles não tinham templos e se reuniam nas casas, na maioria das vezes às escondidas, por causa das intensas perseguições. Entretanto, encontramos nas Epístolas citações sobre a leitura do texto bíblico, cânticos, orações, pregação, celebração da Ceia e invocação da bênção apostólica. 
Somente algumas décadas após o período apostólico, entre o final do primeiro e início do segundo século é que surgiram as formas de culto mais bem elaboradas, principalmente, por causa do crescimento da Igreja, visando também a beleza e harmonia no culto ao Senhor.  

Na Didaquê, um manual eclesiástico do início do 2º século, encontramos a seguinte orientação referente à ministração da Ceia do Senhor: 

“No tocante à eucaristia, dareis graças desta maneira – primeiramente sobre o cálice: ‘Damos-te graças, Pai nosso, pela santa vinha de Davi, teu servo, que nos deste a conhecer por meio de Jesus, teu Servo. A ti seja a glória eternamente’”. 

A seguir, vinham as palavras a serem ditas sobre o pão partido e, por último, a belíssima oração de ação de graças, que assim começava: 

“Damos-te graças, Pai nosso, por teu santo nome, que fizeste habitar em nossos corações, e pelo conhecimento, pela fé e pela imortalidade que nos revelaste mediante Jesus, teu Servo. A ti seja a glória eternamente”.

Infelizmente, com o passar dos anos, foram incorporados à liturgia, elementos do paganismo, contrários às Escrituras, como as invocações a Maria e aos santos, a adoração aos elementos da Ceia, uso de velas, orações pelos mortos, etc. 

2. Culto pentecostal. Como mencionei anteriormente, no culto pentecostal deve haver equilíbrio entre a liberdade de cultuar a Deus, sem deixar de lado a ordem e decência recomendados na Bíblia. Na Assembléia de Deus todos têm liberdade para adorar a Deus e testemunhar nos cultos. Mas, deve-se seguir um modelo litúrgico organizado, que siga os princípios bíblicos, aproveite melhor o tempo e glorifique a Deus. Devemos nos atentar para os objetivos de cada culto, para não perdermos o foco. Não podemos, por exemplo, em um culto público, onde há várias pessoas necessitando ouvir a pregação do Evangelho, pregar mensagens para crentes ou ficar falando em línguas estranhas, pois, além das pessoas não entenderem nada ainda podem zombar das coisas de Deus. 

CONCLUSÃO

Embora o Novo Testamento não nos apresente um manual de liturgia, nas Epístolas paulinas encontramos princípios para um culto público com ordem e decência. Então, devemos nos equilibrar nesta questão: adorar a Deus com liberdade, sem esquecer a reverência, ordem e decência, conforme nos recomenda a Palavra de Deus. O culto pentecostal não é apenas um auditório onde uma pessoa fala e as outras apenas escutam. Todos podem participar da adoração coletiva, sob a direção do Espírito Santo. 

Pb. Weliano Pires
Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Ministério do Belém
São Carlos - SP

REFERÊNCIAS: 

REVISTA LIÇÕES BÍBLICAS. Rio de Janeiro: CPAD, 1º Trimestre 2021. 
REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Rio de Janeiro: CPAD, 1º Trimestre 2021. 
Declaração de Fé das Assembleias de Deus. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp.144,145.
Matos, Alderi Souza de. LITURGIA: É MESMO NECESSÁRIA?. Texto publicado em: https://www.ipb.org.br/index.php/informativo/liturgia-e-mesmo-necessaria-4279




04 fevereiro 2021

LIÇÃO 6: SANTIFICAÇÃO: COMPROMETIDOS COM A ÉTICA DO ESPÍRITO

 



TEXTO ÁUREO:


“Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor.” (Hebreus 12.14)


VERDADE PRÁTICA:

“Santificação é especialidade do Espírito Santo; ela é instantânea e ao mesmo tempo progressiva, pois acompanha o crescimento espiritual do crente.”


Hinos sugeridos: 247, 363 e 455 da Harpa Cristã.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE:  1 Pedro 1.13-23


13 – Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo,

14 – como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que antes havia em vossa ignorância;

15 – mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver,

16 – porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.

17 – E, se invocais por Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um, andai em temor, durante o tempo da vossa peregrinação,

18 – sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que, por tradição, recebestes dos vossos pais,

19 – mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado,

20 – o qual, na verdade, em outro tempo, foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado, nestes últimos tempos, por amor de vós;

21 – e por ele credes em Deus, que o ressuscitou dos mortos e lhe deu glória, para que a vossa fé e esperança estivessem em Deus.

22 – Purificando a vossa alma na obediência à verdade, para caridade fraternal, não fingida, amai-vos ardentemente uns aos outros, com um coração puro;

23 – sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva e que permanece para sempre. 


OBJETIVO GERAL:

Mostrar o quanto devemos estar comprometidos com a ética do Espírito.


OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

  • Apresentar a santificação no Antigo Testamento;
  • Explicar a santificação no Novo Testamento;
  • Aplicar o exemplo de santificação à vida dos alunos.


INTRODUÇÃO


Na lição passada, estudamos o tema o fruto do Espírito: o eu crucificado.  Vimos nessa lição, o fruto do Espírito na vida do crente; a relação entre fruto do Espírito e os dons espirituais; e a oposição que há entre o Espírito e a carne.

Na lição desta semana, estudaremos o tema: Santificação: comprometidos com a ética do Espírito. Discorreremos nesta lição sobre a santidade no Antigo e no Novo Testamento e sobre a santidade na vida do crente.

Quando falamos de santidade, precisamos ter em mente, que somente Deus é santo em si mesmo, na sua essência e natureza. Portanto, ninguém pode ser santo por si mesmo, ou na mesma proporção que Deus é. Se andarmos no Espírito, Ele nos santifica e assim, refletiremos a Sua santidade em nosso modo de viver.


I. A SANTIFICAÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO

Deus é absolutamente Santo, em seu caráter e essência. Nele não há trevas nenhuma. Deus é Santo em si mesmo, sem necessitar de nenhuma interferência externa. Deus não se mistura com o mal. Sendo assim, Ele exige que o seu povo seja também santo. (Lv 20.7). No Antigo Testamento há três palavras para tratar da santificação: Santificação, consagração e purificação. 

1. A santificação.  A santificação é a separação de tudo o que é impuro ou profano, para pertencer exclusivamente a Deus ou ao seu serviço. Em todo o Antigo Testamento, Deus faz questão de separar o seu povo das nações idólatras e os objetos e pessoas usadas no culto ao Senhor, das coisas imundas. Profanar as coisas de Deus é considerá-las comuns, não lhes dando o devido valor. 

O verbo hebraico “kadash” (santificar) ou o substantivo “kadosh” (santo) significam “ser santo, ser santificado, santificar, ser posto à parte”. Esta palavra e os seus derivados são usados 830 vezes no Antigo Testamento. O conceito de “kadosh” no Antigo Testamento é separar algo ou alguém do uso comum para o serviço de Deus.(1 Sm 7.1).

2. A consagração. A consagração é parte da santificação. Se por um lado, santificar é separar daquilo que é profano para o serviço de Deus, a consagração é a dedicação de pessoas, lugares ou objetos a Deus. Uma vez consagrado ou dedicado a Deus, não pode ser usado para outros fins. 

Embora sejam palavras distintas, santificação e consagração podem significar a mesma coisa em algumas partes do Antigo Testamento, dependendo do contexto. Por exemplo, em Êxodo 28.3, Deus ordena que se façam vestes para Aarão e seus filhos para santificá-lo, ou para consagrá-lo. 

3. A purificação.  O termo hebraico ‘tahor’, que significa “puro, limpo” derivado do verbo taher, “ser limpo, puro”, e “qadosh”, “santo”, do verbo qadash, pertencem ao mesmo campo semântico. Referem-se à santidade de Deus (Is 6.3; Hc 1.13) e às pessoas que se aproximam dEle e se purificam de toda sorte de pecado e idolatria (Sl 51.10; Ez 36.25).

A versão grega do Antigo Testamento, a Septuaginta, traduziu a palavra “tahor” pela palavra grega “katharizo”, que significa “tornar limpo, limpar, purificar” e o verbo “kadash” por “hagiazo”, que significa “santificar ou consagrar”. O adjetivo grego “hagíos”, “santo”, traduz 20 palavras hebraicas do Antigo Testamento como kadash, kadosh, kodesh, entre outras. 


SÍNTESE DO TÓPICO I:

O Antigo Testamento mostra que a santidade de Deus se originou nEle mesmo, ela é a plenitude gloriosa de sua excelência moral.


II – A SANTIFICAÇÃO NO NOVO TESTAMENTO

Diferente do que acontece no Antigo Testamento, no Novo Testamento inexiste o conceito de consagração e pureza rituais ou lugares e objetos sagrados. Entretanto, há também a exigência da santificação, como condição indispensável para se ver a Deus (Hb 12.14). 

1. Uma obra da Trindade. Nós cremos em um único Deus, que subsiste eternamente em três pessoas: O Pai, o Filho e o Espírito Santo. Estes três são um único Deus, iguais em substância, poder, majestade e atributos. Como vimos nas duas primeiras lições deste trimestre, os três atuam juntos na obra da redenção. A santificação é um dos aspectos da salvação, junto com a justificação e a regeneração e é uma obra da Trindade na vida do crente.

2. Natureza da santificação. A santificação no Novo Testamento é operada pelo Espírito Santo no interior do homem e tem duas dimensões: 

a) Santificação posicional. Acontece no momento em que o pecador aceita a Cristo como Seu salvador e é declarado santo. (1 Co 1.30)

b) Santificação progressiva. Acontece durante a nossa vida cristã, conforme nos entregamos a Deus e praticamos as disciplinas da vida cristã.

3. Uma necessidade.  A santificação não é uma opção na vida do cristão. É uma necessidade. Sem ela, ninguém verá o Senhor. (Hb 12.14). Quando recebemos a Cristo como salvador, somos justificados por Ele. A sentença de morte que havia contra nós é rasgada por Cristo. A nossa dívida é perdoada e somos declarados justos. Este aspecto da salvação é chamado de justificação. Depois disso, o Espírito Santo opera em nós o novo nascimento. Estávamos mortos em nossos pecados e ofensas e não teríamos condições de sozinhos, buscar a Deus. O Espírito Santo nos capacita a vivermos uma nova vida. Somos criados novamente em Cristo. Este aspecto da salvação é chamado de regeneração. Por último temos a santificação que é a separação de tudo que é impuro e dedicação exclusiva a Deus. Esta santificação é instantânea, na santificação posicional, mas, é também um processo, na santificação progressiva. 


SÍNTESE DO TÓPICO II

No Novo Testamento a santidade é a semelhança do caráter de Cristo.


III – A SANTIFICAÇÃO APLICADA AO CRENTE

A santificação não é uma obra humana. O Espírito Santo é quem produz santidade no crente. O nosso padrão de santidade é o Senhor Jesus. O Espírito Santo nos molda, tornando-nos parecidos com Cristo. 

1. A comunidade de Jesus.  Assim como a nação de Israel era considerada propriedade particular de Deus, a Igreja também é considerada Coluna e firmeza da verdade (1 Tm 3.15); reis e sacerdotes de Deus (Ap 1.6) geração eleita, o sacerdòcio real, a nação santa, o povo adquirido (1 Pe 2.9). Sendo assim, da mesma forma que Deus exigiu santidade do povo de Israel, Ele exige que a sua Igreja seja santa. 

2. Uma vida santificada. Somos santificados de três formas: Pela Palavra de Deus (Jo 17.17), pelo sangue de Cristo (Hb 9.12) e pelo Espírito Santo (1 Pe 1.2). Através da leitura e meditação na Palavra de Deus somos confrontados na nossa velha natureza e somos orientados a ter o caráter de Cristo. O Espírito Santo, por sua vez, opera em nós a transformação e nos aproxima de Deus. O sangue [ou a morte] de Cristo pagou o preço da nossa e aplaca a ira de Deus, trazendo-nos paz com Deus. O caráter de Cristo não combina com ódio, inveja, discórdias, brigas, mentiras, palavrões, violência, falsidade, avareza e outras coisas desse tipo. A santificação nos torna parecidos com o estilo de vida de Cristo.


3. O que é ética? A palavra ética vem do termo grego “ēthos”, que significa “hábito”, “costume”. A Ética é definida pela filosofia como um conjunto de valores morais, que estabelecem as diretrizes que regulamentam a vida da humanidade em sociedade. Existem pelo menos três categorias de ética, com as suas respectivas subcategorias: Humanista, naturalista e religiosa. 

a) A ética humanista. Tem o ser humano como o centro de tudo. Dentro desta perspectiva, tudo aquilo que trouxer ‘benefício’ à sociedade deve ser aceito. Dentro desta ética estão o existencialismo, o utilitarismo e o hedonismo. 

b) Ética naturalística. Fundamenta-se nas leis da natureza e considera que tudo aquilo que é natural é bom. 

c) Ética religiosa. Tem como fundamento aquilo que a religião acredita ser moralmente correto, de acordo com os princípios da divindade que acredita. 


A ética cristã está nesta última categoria. Os princípios e práticas do que é certo e errado no Cristianismo estão baseados nas Escrituras Sagradas. Portanto, o que norteia o padrão de conduta do cristão é a Palavra de Deus. 


SÍNTESE DO TÓPICO III

O Espírito Santo é a fonte de santidade, segundo o padrão de Jesus Cristo. 


CONCLUSÃO


A santificação é a marca de uma vida na plenitude do Espírito. Ser santo é fugir de toda aparência do mal e ter um estilo de vida semelhante ao de Cristo. Entretanto, precisamos entender o conceito de santificação na Bíblia, para não a confundirmos com legalismo, isolacionismo, ritualismos, monasticismo ou ascetismo. 


Pb. Weliano Pires

Igreja Evangélica Assembléia de Deus

Ministério do Belém

São Carlos - SP

REFERÊNCIAS: 

REVISTA LIÇÕES BÍBLICAS. Rio de Janeiro: CPAD, 1º Trimestre 2021. 

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Rio de Janeiro: CPAD, 1º Trimestre 2021. 

LENNOX, John C. Contra a Correnteza: A inspiração de Daniel para uma época de Relativismo. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp.49-50.

GEE, Donald. Como Receber o Batismo no Espírito Santo: Vivendo e testemunhando com poder. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, pp.60,61.

CONEGERO, Daniel. O que é étca cristã. https://estiloadoracao.com/o-que-e-etica-crista/


08 janeiro 2021

Estudo da Lição 02: A atuação do Espírito Santo na Obra da Redenção


 

Lição 2 - A atuação do Espírito Santo no plano da redenção

 


Data: 10 de Janeiro de 2021

 

TEXTO ÁUREO

“Assim, pois, as igrejas em toda a Judeia, e Galileia, e Samaria tinham paz e eram edificadas; e se multiplicavam, andando no temor do Senhor e na consolação do Espírito Santo” (At 9.31).

 

VERDADE PRÁTICA

"A atuação do Espírito é contínua e dinâmica na igreja, na vida dos crentes e os conduz desde a conversão até ao final da jornada cristã."


HINOS SUGERIDOS: 360, 447 e 470 da Harpa Cristã.

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: João 16.7-13.

7 — Todavia, digo-vos a verdade: que vos convém que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se eu for, enviar-vo-lo-ei.

8 — E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo:

9 — do pecado, porque não crêem em mim;

10 — da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais;

11 — e do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado.

12 — Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora.

13 — Mas, quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade, porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir.

 

INTRODUÇÃO

 

Na lição da semana passada, tivemos uma visão geral sobre a Pessoa do Espírito Santo e o que a Bíblia diz sobre a personalidade, divindade e atributos divinos do Espírito Santo. Depois, estudamos sobre a pericorese, que é o relacionamento e a comunhão perfeita que há entre o Espírito Santo, o Senhor Jesus Cristo e o Pai. Por último, vimos sobre a ação do Espírito Santo na sustentabilidade do Universo e também no ser humano, para convencê-lo do seu real estado de pecaminosidade e da necessidade de redenção.

Na lição desta semana, vamos nos aprofundar mais sobre o último tópico da lição passada, que trata da atuação do Espírito Santo no plano da redenção. Estudaremos sobre as promessas referentes ao Espírito Santo no Antigo Testamento e os seus respectivos cumprimentos no Novo Testamento; veremos o que a Bíblia nos mostra sobre o Espírito Santo como Consolador, Ensinador e Ajudador; por último, estudaremos a ação do Espírito Santo no mundo, reprovando as suas más ações e convencendo os seres humanos do pecado, da justiça e do juízo. 

 

I. O ESPÍRITO SANTO COMO PROMESSA

 

Na atualidade, está na moda falar em "sonhos de Deus", ou "aquilo que Deus sonhou". Mas, isso é um grande equívoco, pois, Deus não sonha. Ele é presciente e conhece tudo antecipadamente. Deus não sonha, porque Ele não dorme e não deseja fazer algo que talvez não dê certo. Ele planeja tudo e decide antecipadamente. Na eternidade passada, antes da fundação do mundo, Deus sabia que o ser humano iria pecar e, portanto, elaborou o plano de salvação. 

1. A promessa messiânica. O plano redentor de Deus é perfeito e foi elaborado pelo Pai, Filho e Espírito Santo. Neste plano estava contida a vinda do Messias para pagar o preço da redenção. A sua vinda foi anunciada pelos profetas por todo o Antigo Testamento e incluía também o envio do Espírito Santo (Is 32.15; 42.1,2; Is 61.1). 

2. Na antiga aliança. O Espírito Santo atuou também no período do Antigo Testamento, concedendo habilidades especiais para algumas pessoas, como liderança, profecias, revelações, milagres e até aptidões para obras artísticas. Porém, o Espírito Santo não habitava continuamente no coração das pessoas como na Nova Aliança. As pessoas não tinham acesso direto a Deus e precisavam da mediação de um sacerdote ou profeta. 

3. A promessa do Consolador. Jesus, pouco antes de subir ao Céu, prometeu aos discípulos que eles não ficariam órfãos com a sua partida, pois, Ele enviaria "outro Consolador", que ficaria para sempre com eles. O consolador seria alguém da mesma natureza de Jesus. Mas, Ele só viria se Jesus fosse. É o que veremos no próximo tópico. 

 

II. O ESPÍRITO SANTO CONSOLA E ENSINA

 

Em sua promessa aos discípulos, Jesus disse que rogaria ao Pai e Ele lhes enviaria “outro consolador”, em Seu Nome (o de Jesus), para que ficasse para sempre com eles. Quando o consolador vier - disse Jesus - Ele vos ensinará tudo e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito.

1. O Consolador (v.7). A expressão grega traduzida por “outro consolador”, conforme vimos na lição passada, é “Allos parákletos”. Allos, significa “outro da mesma espécie”. É diferente de “heteros”, que significa “outro diferente”. “Parákletos”, por sua vez, vem de “pará” (ao lado de) e “Kaleo” (chamar, convocar). Portanto, esta palavra significa um defensor, advogado, intercessor ou ajudador, que foi chamado para representar outra pessoa no tribunal. A palavra "parakletos'' aparece cinco vezes no Novo Testamento. Em quatro delas se refere ao Espírito Santo (Jo 14.16,26; 15.26; 16.7) e em uma, se refere a Jesus (1Jo 2.1).

2. O Ensinador. Tendo as mesmas características de Jesus, o Espírito Santo é também um ensinador. Ele nos ensina e nos capacita a entender as Escrituras, para a tarefa da evangelização (Jo 14.26). Vale salientar, que o Espírito Santo nos faz lembrar daquilo que Jesus ensinou. Logo, o seu ensino não dispensa o estudo das Escrituras, como alguns sugerem por aí. Só podemos ser lembrados daquilo que já aprendemos. O Espírito Santo também é chamado por Jesus de “Espírito da Verdade”. Isto significa que a sua atuação é sempre de acordo com a Palavra de Deus, que Ele mesmo inspirou. Todo ensino ou manifestação espiritual que contraria as Escrituras não provém do Espírito de Deus. Devemos ler, entender e praticar as Escrituras, seguindo o exemplo dos bereanos (At 17.11).

3. O Ajudador. Algumas versões bíblicas traduzem "parakletos" por “ajudador”. De fato, o Espírito Santo é também o nosso ajudador. Ele nos ajuda em nossas fraquezas e nas nossas orações (Rm 8.26); nos conforta, edifica e consola, através das profecias (1 Co 14.2); e também nos guia na obra de evangelização. (At 16.6).

 

III. O ESPÍRITO SANTO REPROVA E CONVENCE O MUNDO

 

Conforme vimos nos tópicos anteriores, o Espírito Santo participou ativamente da obra da redenção, desde o seu planejamento. Mas, Ele atua também no mundo para persuadir ou convencer os pecadores da sua situação de perdidos e da necessidade de um Salvador, que é Jesus Cristo. 

1. O Espírito Santo convence o mundo do pecado (v.9). Quando o ser humano nasce, já é um pecador, porque herdou de Adão e Eva a natureza pecaminosa. Porém, durante o período de inocência, Deus não lhe imputa o pecado. Quando chega à consciência, ele é responsabilizado pelo seu pecado e precisa conhecer o único Salvador, que pode livrá-lo da condenação eterna. O Espírito Santo faz este papel. De forma poderosa, Ele atua no coração do homem, para que ele compreenda a mensagem do Evangelho. Por isso, não podemos substituir a ação do Espírito Santo na Igreja, por técnicas humanas. Sem a ação do Espírito Santo, ninguém se converterá. 

2. O Espírito Santo convence o mundo da justiça (v.10). Se por um lado, o Espírito Santo atua para convencer os pecadores da sua condição miserável diante de Deus, por outro lado Ele atua para convencê-lo da Justiça impecável de Cristo, pois, é somente através da fé nEle, que podemos ser salvos. Ninguém será salvo por causa da sua própria justiça, obras ou sofrimento. 

3. O Espírito Santo convence o mundo do Juízo (v.11). Em terceiro lugar, o Espírito Santo atua para convencer o mundo do juízo ou julgamento. Qual julgamento? Jesus explica: "Porque o príncipe deste mundo já está julgado". É uma referência ao julgamento de Satanás, que já começou e será concluído no final dos tempos. É também uma referência ao julgamento dos nossos pecados. Jesus recebeu sobre si, a condenação e punição pelos nossos pecados. Na cruz, ele derrotou a morte e nos deu a possibilidade de vencer também, através da fé nEle. 

 

CONCLUSÃO

 

Aprendemos sobre a ação do Espírito Santo no plano de salvação da humanidade. Junto à promessa da vinda do Messias, havia também a promessa do envio do Espírito Santo. 

A lição mostrou também o Espírito Santo como consolador, ensinador e ajudador da Igreja, na sua missão de evangelizar o mundo. 

O Espírito Santo age no mundo para convencer os pecadores da sua situação de miséria espiritual. O Espírito Santo atua também para convencer o pecador sobre a Justiça impecável de Cristo, a qual nós é atribuída pela fé nEle e é por esta justiça que somos salvos. 

Finalmente, o Espírito convence o pecado de que satanás já está condenado e que a punição pelos nossos pecados foi paga por Jesus na Cruz. 

 

Pb. Weliano Pires

Assembléia de Deus

Ministério do Belém

São Carlos - SC

 

REFERÊNCIAS:

REVISTA LIÇÕES BÍBLICAS. Rio de Janeiro: CPAD, 1º Trimestre 2021. 

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Rio de Janeiro: CPAD, 1º Trimestre 2021. 

NORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 10ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, pp.396,398,399).

 


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