Data: 20 de Dezembro de 2020
TEXTO ÁUREO :
“Então, o SENHOR respondeu a Jó desde a tempestade […]” (Jó 40.6).
VERDADE PRÁTICA
“Mesmo transcendente, e distinto de sua criação, Deus se revela ao homem mortal.”
HINOS SUGERIDOS: 363, 380 e 434 da Harpa Cristã.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Jó 38.1-4; 39.1-6; 40.15-18,24; 41.1-3.
Jó 38
1 — Depois disto, o SENHOR respondeu a Jó de um redemoinho e disse:
2 — Quem é este que escurece o conselho com palavras sem conhecimento?
3 — Agora cinge os teus lombos como homem; e perguntar-te-ei, e, tu, responde-me.
4 — Onde estavas tu quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens inteligência.
Jó 39
1 — Sabes tu o tempo em que as cabras monteses têm os filhos, ou consideraste as dores das cervas?
2 — Contarás os meses que cumprem ou sabes o tempo do seu parto?
3 — Elas encurvam-se, para terem seus filhos, e lançam de si as suas dores.
4 — Seus filhos enrijam, crescem com o trigo, saem, e nunca mais tornam para elas.
5 — Quem despediu livre o jumento montês, e quem soltou as prisões ao jumento bravo,
6 — ao qual dei o ermo por casa e a terra salgada, por moradas?
Jó 40
15 — Contempla agora o beemote, que eu fiz contigo, que come erva como o boi.
16 — Eis que a sua força está nos seus lombos, e o seu poder, nos músculos do seu ventre.
17 — Quando quer, move a sua cauda como cedro; os nervos das suas coxas estão entretecidos.
18 — Os seus ossos são como tubos de bronze; a sua ossada é como barras de ferro.
24 — Podê-lo-iam, porventura, caçar à vista de seus olhos, ou com laços lhe furar o nariz?
Jó 41
1 — Poderás pescar com anzol o leviatã ou ligarás a sua língua com a corda?
2 — Podes pôr uma corda no seu nariz ou com um espinho furarás a sua queixada?
3 — Porventura, multiplicará as suas suplicações para contigo? Ou brandamente te falará?
COMENTÁRIO
Revisão da lição passada:
Na lição passada estudamos a teologia do jovem Eliú que se mantivera calado, ouvindo as acusações de Elifaz, Bildade e Zofar e as respectivas réplicas de Jó. Eliú expôs a sua teologia em quatro longos discursos, que estão registrados nos capítulos 32 a 37 do livro de Jó.
Em seus discursos, Eliú mostra o sofrimento como uma forma de revelar a soberania, caráter, justiça e vontade soberana de Deus. O ponto central da teologia de Eliú é que o sofrimento deve ser visto como algo pedagógico e não como uma punição pelo pecado, como disseram os outros amigos de Jó.
INTRODUÇÃO À LIÇÃO 12
Estamos chegando ao final do Livro de Jó. Vimos no prólogo do livro, um resumo da vida próspera de Jó, antes das calamidades que lhe sobrevieram. Ainda no prólogo, vimos o testemunho de Deus sobre Jó, as acusações de Satanás a Jó e a permissão de Deus para que o inimigo tocasse em tudo, exceto na vida de Jó. Jó perdera tudo o que possuía, em um único dia: bens materiais, família e a saúde.
Dos capítulos 3 ao 37, vimos os discursos dos amigos de Jó e as respectivas réplicas do patriarca. Os amigos de Jó viam no sofrimento dele, uma punição divina pelos pecados cometidos e, por isso, o acusavam de haver pecado contra Deus. Eles acreditavam que Deus pune os pecadores e prospera os justos. Logo, segundo este entendimento, todos os que sofrem estão sendo punidos por Deus.
Na presente lição, vamos estudar os questionamentos de Deus a Jó, registrados nos capítulos 38, 39, 40 e 41. Depois de tanto argumentar com os seus amigos, defendendo a sua inocência, reclamando do silêncio de Deus e desejando ser ouvido por Deus, Jó agora é confrontado pelo próprio Deus, que lhe faz diversas perguntas, que evidentemente, Jó não teria como responder.
Estas perguntas de Deus revelam:
1. Deus como um ser pessoal e não uma energia como dizem os panteístas;
2. A infinita sabedoria de Deus expressa nas coisas criadas e na sustentação do universo;
3. O poder e a justiça de Deus, através das figuras de duas grandes criaturas indomáveis: o behemoth e o leviatã.
I. A REVELAÇÃO DE UM DEUS PESSOAL
Diferente do que dizem os panteístas, que acreditam que Deus é uma energia e se confunde com a criação, o Deus da Bíblia é um ser pessoal, pois, Ele tem intelecto, vontade e sentimentos.
1. O Deus que tem voz. (Jó 38.1). Até este momento, Jó, a esposa e os seus amigos haviam falado. Mas, não se tinha ouvido a voz de Deus. Agora, Deus quebrou o silêncio e se revelou a Jó do meio de um redemoinho e falou. O Deus da Bíblia não é um ídolo mudo ou uma energia. Ele é uma pessoa e tem voz. (Sl 115).
2. A poderosa manifestação de Deus. Conforme vimos na lição passada, temos aqui uma manifestação teofânica de Deus, ou seja, uma manifestação pessoal de Deus, antes da encarnação de Cristo. Deus se manifestou de forma poderosa a Jó, por meio de um redemoinho e o patriarca ouviu a sua voz. No capítulo 40, Jó responde humildemente, ao ouvir os questionamentos de Deus: “Então Jó respondeu ao Senhor, dizendo:
"Eis que sou vil; que te responderia eu? A minha mão ponho à boca. Uma vez tenho falado, e não replicarei; ou ainda duas vezes, porém não prosseguirei.” (Jó 40:3-5)
Qualquer ser humano, ao presenciar uma manifestação de Deus, fica maravilhado. Moisés era um profeta que conversava e tinha intimidade com Deus. Mas, quando ele se aproximou do monte para receber as tábuas da Lei e viu o monte fumegando, disse: “Estou todo assombrado e tremendo” (Hb 12.21).
3. O Deus que está presente. Jó conhecia Deus apenas de ouvir falar. Nos capítulos 3 a 37, fala-se de Deus como o "El Shaddai", o Deus Todo-poderoso. A concepção que os amigos de Jó tinham sobre Deus, era de um ser infinitamente superior à criação, que era distante e ausente dela. Mas, agora Deus se revela como o Deus onipresente, que está presente em todos os lugares, que se envolve na criação e nos problemas dela e que se relaciona com o ser humano.
II. A REVELAÇÃO DE UM DEUS SÁBIO
Deus é o criador do Céus e da terra e todas as coisas, visíveis e invisíveis, que há no universo. Como criador e sustentador de todas as coisas, Deus conhece todos os mistérios da natureza. Nesta revelação de Deus a Jó, por meio de várias perguntas sobre os mistérios da natureza, Deus desafia Jó sobre o funcionamento dos astros, dos mares, da terra e dos animais.
1. Na mecânica celeste. O universo foi criado por Deus, com leis estabelecidas para que ele funcione sem a necessidade da intervenção humana. Aliás, as intervenções humanas têm causado prejuízos e destruição ao meio ambiente ao longo dos anos. Através de perguntas, Deus desafia Jó a contemplar a complexidade do Universo que Ele criou, mostrando as limitações do patriarca, que era tido como um sábio. Jó simplesmente se calou e ouviu Deus falar.
2. Na dinâmica da vida. Jó, provavelmente, tinha algum conhecimento sobre o reino animal, pois era criador de grandes rebanhos. Porém, Deus o desafiou com muitas perguntas sobre a vida, reprodução e alimentação e autopreservação dos animais selvagens, como a cabra montês, o jumento e o boi selvagens, os leões a águia e a avestruz. Ainda hoje, muitos se acham sábios com teorias mirabolantes sobre o surgimento do Universo, como o Big bang e a teoria da evolução. Mas, não resistiriam a meia dúzia de perguntas do Criador sobre a criação e sustentação das coisas criadas.
3. Na necessidade de se conhecer melhor a Deus. Jó era um sábio e falou muitas verdades sobre Deus. Mas, esqueceu das suas limitações e do quanto não sabia sobre Deus. Jó necessitava ter um pouco mais de humildade, pois, ousou questionar a majestade e soberania de Deus. Alem, disso desejava falar com Deus de igual para igual, apresentando a sua defesa. Após Deus lhe revelar a imensa sabedoria divina nas coisas criadas, Jó humilhou-se perante Deus e perguntou-lhe: “...Que te responderia eu?”. Por mais que o homem tenha conhecimento bíblico e científico, ele será sempre pequeno e limitado. Nós só podemos conhecer a respeito de Deus, até ao ponto em que Ele se revelar.
III. A REVELAÇÃO DE UM DEUS PODEROSO E JUSTO
Deus faz referência a duas criaturas misteriosas, temidas e indomáveis, para revelar o seu imenso poder. Se estas criaturas terríveis causavam medo e pânico naqueles que a encontrassem, imagine o Criador delas!
1. O Behemoth e o Leviatã. Não sabemos que tipo de animais eram estes. Sabemos pelo livro de Jó, algumas características deles.
a. O Behemoth. A palavra hebraica Behemoth vem da mesma raiz de Behema, usada para se referir a grandes animais, independente da espécie. Behemoth está no plural, talvez porque os antigos hebreus usavam o plural não apenas para indicar quantidade, mas também intensidade.
O texto de Jó 40.15-24 mostra-nos algumas características deste terrível animal:
- Ele come erva como o boi;
- Possui grande força nos seus lombos e na musculatura do seu ventre;
- Sua cauda se endurece como cedro e os tendões de suas coxas são entretecidos (entrelaçados);
- Seus ossos são como tubos de bronze, e seus membros são como barras de ferro;
- Ele pasta nos montes ao lado dos animais do campo;
- Ele se deita debaixo das árvores sombrias, fica oculto entre os juncos e a lama, e os salgueiros dos ribeiros o cercam;
- O beemote não se assusta com a violência das águas no transbordamento dos rios;
- Ninguém pode capturá-lo quando ele está olhando, ou lhe furar-lhe o nariz e prendê-lo com um laço.
Alguns estudiosos identificam este animal com o hipopótamo. Mas, outros dizem que a sua cauda, que é comparada ao cedro, não se parece com a do hipopótamo. Outros dizem que era possivelmente um dinossauro ou algum monstro pré-histórico. Há ainda os que sugerem que seria apenas um ser mitológico das crenças antigas e Deus estaria usando-o para mostrar a inutilidade destas crenças. Em linguagem figurada, o behemoth pode simbolizar a força bruta de um grande animal selvagem.
b. O leviatã. A palavra leviatã tem origem incerta. Muitos a definem como “monstro marinho”, “dragão” ou “grande réptil aquático”. Algumas versões da Bíblia traduzem esta palavra por crocodilo.
O texto de Jó 41:18-35 descreve o Leviatã como sendo uma criatura muito grande, que possui uma força descomunal, com uma pele extremamente resistente e que expelia fogo de sua boca. Por isso, alguns estudiosos o identificam com alguma espécie de dinossauro marinho. Simbolicamente, o leviatã representava tanto a força natural, como os poderes sobrenaturais.
2. Justiça e graça. Deus queria mostrar a Jó, através da complexidade destes dois grandes animais, que Jó era incapaz de lidar com a complexidade dos dilemas humanos, como o sofrimento dos justos e a prosperidade dos ímpios. Por mais justos e honestos que sejamos, a nossa justiça jamais poderia ser comparada à Justiça de Deus, Os padrões de Deus são altíssimos e nenhum ser humano, por sua própria conta, jamais os alcançaria. Por isso que somos justificados unicamente pela fé em Cristo. (Rm 5.1; Ef. 2.8-10).
CONCLUSÃO
Depois de muitos questionamentos dos amigos de Jó e das suas respectivas réplicas, reafirmando a sua inocência, Deus se revelou a Jó, fazendo-lhe diversas perguntas sobre a criação e sobre os mistérios do universo. Jó, evidentemente, não tinha respostas para estas perguntas e se humilhou diante de Deus.
O objetivo de Deus não era recriminá-lo ou acusá-lo, mas, mostrar as limitações e imperfeições do patriarca e o seu desconhecimento sobre a majestade e soberania divina.
Nos momentos de angústia, aflição e desespero, o nosso Deus sempre está conosco. Ele se revela e fala conosco de diversas formas. Mesmo que Ele esteja, aparentemente, em silêncio, Ele está trabalhando e estará sempre no controle de tudo.
Pb. Weliano Pires
Igreja Evangélica de Deus
Ministério do Belém
São Carlos - SP
REFERÊNCIAS:
Revista LIÇÕES BÍBLICAS. RJ: CPAD, 4° Trimestre de 2020.
Revista Ensinador Cristão. RJ: CPAD, 4° Trimestre de 2020.
(HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Antigo Testamento: Jó a Cantares de Salomão. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.186).