26 julho 2024

BOAZ, O REMIDOR

(Comentário do 1º tópico da Lição 04: O ENCONTRO DE RUTE COM BOAZ).

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos de Boaz como o remidor da família de Elimeleque. Veremos que Boaz era um homem próspero, que tinha muitos trabalhadores em seu plantio de trigo e cevada. Falaremos também das prescrições da Lei Mosaica sobre “Goel” e “Levir”, respectivamente, a Lei do Resgatador e a Lei do Levirato. Por último, falaremos do temor a Deus e do respeito ao próximo, demonstrados nas palavras de Boaz. 


1- Um homem próspero. Aqui temos um resumo biográfico de Boaz. O nome Boaz significa “rapidez” ou “força”. O texto de Rute 2.1 nos dá a informação de que ele era um homem “valente e poderoso, da família de Elemeleque”. A Nova Versão Internacional (NVI) traduziu a expressão “valente e poderoso” por “rico e influente”. De fato, era isso que Boaz era. 


Boaz era natural de Belém, da tribo de Judá. Era filho de Salmom e Raabe, descendente de Perez, filho de Judá e Tamá (Rt 4.21; Mt 1.5). Era parente próximo de Elimeleque. Segundo a tradição judaica, ele era sobrinho de Elimeleque. Não há confirmação bíblica desta informação, mas faz sentido, pois ele era o segundo parente mais próximo de Malom, que já havia falecido e não tinha mais irmãos, nem sobrinhos. 


Era também um rico agricultor, que possuía muitas terras, plantava trigo e cevada e tinha muitos trabalhadores a seu serviço (Rt 2.5,6,23). O texto bíblico nos informa que ele tinha uma equipe de trabalhadores na colheita e tinha um encarregado dessa equipe. No contexto atual, Boaz seria um grande empreendedor do ramo do agronegócio. 


2- “Goel” e “Levir”. Neste subtópico, o comentarista usou duas palavras praticamente desconhecidas, “Goel” e “Levir”, para explicar, respectivamente, a posição de Boaz como o resgatador das terras de Elimeleque, e também como aquele que deveria casar-se com a viúva, para suscitar descendência ao parente falecido. 


A substantivo hebraico goel, deriva do verbo gaal, que significa redimir ou resgatar. Na Lei Mosaica, a terra não podia ser vendida a estranhos. Quando o proprietário falecesse, a terra deveria continuar com os descendentes. Isso explica a relutância de Nabote, o jezreelita, em vender a sua vinha ao rei Acabe (1 Rs 21.1-3). Se um israelita empobrecesse, a ponto de perder a sua terra, o seu parente mais próximo era obrigado por lei a comprar a terra e devolvê-la à família (Lv 25.25-29). O mesmo acontecia no caso de um israelita ser escravizado por causa de dívidas (Lv 47-49). Se não houvesse quem resgatasse, a terra seria devolvida e o escravo seria liberto, sete anos depois, no ano do jubileu.


A palavra Levir não aparece na Bíblia. É uma palavra latina e significa literalmente “cunhado”. Não tem nada a ver com a tribo de Levi, ou com os levitas. O Levirato era uma prática do tempo dos patriarcas (Gn 38.6-11), que foi incorporada à Lei Mosaica. Segundo esta lei, se um israelita morresse e não tivesse filhos, o seu irmão solteiro casaria com a viúva e o primeiro filho seria considerado filho do falecido (Dt 25.5-10). 


Aqui, há um equívoco do comentarista, quando disse que esta lei previa que “o irmão do cunhado se casasse com a viúva”. Na verdade era o cunhado que deveria se casar com a viúva e não o irmão do cunhado. Na Lei Mosaica, esta regra se aplicava apenas ao irmão do falecido. Parece que no tempo dos juízes ela foi ampliada e abrangia o parente mais próximo e não apenas o irmão. Boaz não era o parente mais próximo, pois havia outro mais chegado. Porém, este se recusou a casar-se com Rute, a moabita, e o direito passou a ser de Boaz (Rt 3.12; 4.6).


3- Temor e respeito. Boaz não era apenas um homem rico e influente, ele era temente a Deus e respeitador. Mesmo vivendo em um contexto de anarquia e apostasia, Boaz demonstrou em suas palavras e atitudes, que temia a Deus e tinha respeito pelo ser humano, inclusive pelos de condição inferior à dele. 


Boaz se dirigiu aos seus empregados dizendo: “O Senhor seja convosco!” (Rt 2.4). Isso nos mostra que ele tinha um bom relacionamento com Deus e com os seus subordinados. Lamentavelmente, muitas pessoas, inclusive as que se dizem cristãs, são arrogantes e maltratam os seus funcionários ou subordinados, tratando-os com desdém e indelicadeza. Acham que, pelo fato de estarem pagando, podem fazer e exigir o que quiserem. Por causa desse tipo de postura, perdem bons profissionais, são processados e obrigados a pagarem indenização por assédio e por danos morais. 


Há o outro lado também. Muitos empregados não respeitam o patrão e não cumprem as suas obrigações, para as quais foram contratados. Depois são demitidos ou perdem a ascensão profissional e reclamam que são perseguidos. Dificilmente, um empresário ou administrador quer perder um bom profissional, exceto se ele for um mau caráter e tiver interesses escusos. O apóstolo Paulo prescreveu as orientações para patrões e empregados cristãos (Ef 6.5-9). Tanto um como o outro deve respeitar os direitos do outro e cumprir os seus deveres legais. 


REFERÊNCIAS: 


QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág.38.

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.358

CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

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