10 novembro 2020

LIÇÃO 7 - A TEOLOGIA DE BILDADE: SE HÁ SOFRIMENTO, HÁ PECADO OCULTO?

Data: 15 de Novembro de 2020

TEXTO ÁUREO

 “Se teus filhos pecaram contra ele, também ele os lançou na mão da sua transgressão” (Jó 8.4).


VERDADE PRÁTICA

“A existência do sofrimento não quer dizer que haja pecado oculto”.


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Jó 8.1-4; 18.1-4; 25.1-6.

 

Jó 8

1 — Então, respondeu Bildade, o suíta, e disse:

2 — Até quando falarás tais coisas, e as razões da tua boca serão qual vento impetuoso?

3 — Porventura, perverteria Deus o direito, e perverteria o Todo-Poderoso a justiça?

4 — Se teus filhos pecaram contra ele, também ele os lançou na mão da sua transgressão.

 

Jó 18

1 — Então, respondeu Bildade, o suíta, e disse:

2 — Até quando usareis artifícios em vez de palavras? Considerai bem, e, então, falaremos.

3 — Por que somos tratados como animais, e como imundos aos vossos olhos?

4 — Ó tu, que despedaças a tua alma na tua ira, será a terra deixada por tua causa? Remover-se-ão as rochas do seu lugar?


Jó 25

1 — Então, respondeu Bildade, o suíta, e disse:

2 — Com ele estão domínio e temor; ele faz paz nas suas alturas.

3 — Porventura, têm número os seus exércitos? E para quem não se levanta a sua luz?

4 — Como, pois, seria justo o homem perante Deus, e como seria puro aquele que nasce da mulher?

5 — Olha, até a lua não resplandece, e as estrelas não são puras aos seus olhos.

6 — E quanto menos o homem, que é um verme, e o filho do homem, que é um bicho!


ESBOÇO DA LIÇÃO 07


TEMA - A TEOLOGIA DE BILDADE: SE HÁ SOFRIMENTO, HÁ PECADO OCULTO?


I. O PECADO EM CONTRASTE COM O CARÁTER JUSTO E SANTO DE DEUS

1. Deus é justo e reto

2. Uma compreensão limitada da natureza de Deus. 

3. A imperfeição humana.


II. O PECADO VISTO COMO QUEBRA DA MORALIDADE TRADICIONAL

1. Moralismo por tradição.  

2. A subversão da ordem moral. 

3. Contemplando a cruz. 


III. O PECADO EM CONTRASTE COM A MAJESTADE DE DEUS

1. A grandeza de Deus. 

2. Onipotente, mas não ausente.


COMENTÁRIO


REVISÃO


Na lição passada estudamos o tema: A teologia de Elifaz: Só os pecadores sofrem?


  • Iniciamos o estudo das teorias que os amigos de Jó começaram a fazer acerca das calamidades que Jó estava sofrendo.

  • O eixo da teologia de Elifaz é a chamada justiça retributiva. 

  • No primeiro tópico vimos a lei da semeadura e colheita: o ser humano colhe o que planta. 

  • O segundo tópico vimos que a teoria de Elifaz representa a tradição religiosa da época e as palavras de Jó representavam a quebra dessa tradição. 

  • No terceiro tópico, um paralelo entre um Deus transcendente e o homem finito. Segundo a teologia de Elifaz, Deus não se importaria com as queixas humanas, pois Ele está muito acima do homem. 

 

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 7


Nesta lição estudaremos os três discursos de Bildade, o suíta, o segundo amigo de Jó, que falou logo após as réplicas de Jó aos discursos de Elifaz, o temanita. Segundo alguns estudiosos, a expressão “suíta” significa que Bildade era filho de Suá, filho de Abraão com a sua segunda esposa Quetura. (Gn 25.1). 


Nesta lição estudaremos três tópicos: 


  • No primeiro tópico, Bildade faz um contraste entre um Deus justo e santo, e as imperfeições do ser humano. 

  • No segundo tópico, Bildade mostra o pecado como a quebra da moralidade tradicional, que ele acreditava ser correta e diz que os sofrimentos de Jó ocorreram, porque Jó e os seus filhos teriam atentado contra esta moralidade. 

  • No terceiro tópico, Bildade faz um contraste entre o pecado e a Majestade de Deus, insinuando que Deus é onipotente, mas, ausente do mundo. 


I. O PECADO EM CONTRASTE COM O CARÁTER JUSTO E SANTO DE DEUS


1. Deus é justo e reto (Jó 8.1-22). Assim como Elifaz, Bildade insiste no discurso de que todos os sofrimentos são punições de pecados cometidos. Sendo assim, ele argumenta que sendo Deus justo e reto, se Jó está sofrendo é porque cometera pecados e deve confessá-los. Bildade chega ao absurdo de dizer que os filhos de Jó foram mortos por Deus, como punição pelos pecados cometidos. Imaginem a tortura psicológica que isso foi para Jó! Mesmo tendo perdido todos os seus filhos em um dia, perdeu os seus bens e a sua saúde e ainda ter que ouvir esse tipo de acusação!

2. Uma compreensão limitada da natureza de Deus. Bildade, com o seu discurso, demonstra uma compreensão equivocada sobre o caráter e a natureza de Deus. Ele dá enfoque à meritocracia humana, para se justificar diante de Deus. A teologia de Bildade  é parecida com o pelagianismo que nega os efeitos do pecado original na raça humana e defende que o homem por seus próprios esforços e obras pode ser salvo. Infelizmente, muitas religiões e até pessoas que se dizem evangélicas adotam este discurso de se obter o favor de Deus pelas obras e esforços humanos. Na opinião de Bildade, Jó estava sendo punido por seus pecados e se houvesse esforço e boas obras da parte dele seria restaurado. (Jó 8.5,6).

3. A imperfeição humana. De fato, Deus é absolutamente reto, justo e santo. Deus é santo e não pode conviver com o pecado. Em contrapartida, o ser humano após a entrada do pecado no mundo, teve a sua natureza corrompida e tornou-se inimigo de Deus. Diante desta defesa que Bildade fizera da santidade de Deus, Jó pergunta: “Como se justificaria o homem para com Deus?” (Jó 9.2). Nenhum ser humano na face da terra tem condições de se autojustificar-se diante de Deus. Se não fosse as misericórdias do Senhor, todos nós seríamos consumidos (Lm 3.22). A única forma de humano ser aceito por Deus é através dos méritos de Cristo, o Único mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2.5). A Graça de Deus revelada em Cristo Jesus, o nosso Senhor, é oferecida ao mundo perdido, como um favor não merecido, única e exclusivamente pela bondade de Deus. (Hino 205, Harpa Cristã). 


II. O PECADO VISTO COMO QUEBRA DA MORALIDADE TRADICIONAL

1. Moralismo por tradição. Assim como Elifaz, Bildade também defende a tradição religiosa herdada dos seus antepassados. Ele defende o moralismo. Não há nada de errado em defender princípios morais. Entretanto, o moralismo apenas por tradição se torna legalismo. Esta era a conduta dos fariseus. Eles se apegavam tanto à tradição, que em nome dela desprezavam o principal da Lei que era o amor, a justiça e a misericórdia. Eles criavam duras regras que tornavam a lei muito mais rigorosa. Infelizmente, em nossos dias também há Igrejas ditas evangélicas, com esse tipo de comportamento, criando regras e impondo ao povo, sem nenhum fundamento bíblico. 

2. A subversão da ordem moral. Bildade entendia que o Universo foi criado por Deus, com leis morais inflexíveis para regê-lo assim como há as leis da física. Os que quebrarem estas leis seriam severamente punidos por Deus. Nesta perspectiva, ele enxerga que se Jó estava sofrendo é porque havia subvetido a ordem moral estabelecida por Deus. 

3. Contemplando a cruz. No capítulo 19, Jó decide abandonar as tentativas de se auto justificar e apelar para um mediador divino, que possa dedendê-lo diante de Deus. No versículo 25, ele diz: "Eu sei que o meu Redentor vive e que por fim se levantará sobre a terra.". A palavra traduzida por "redentor" é "goel", que significa alguém que defende um familiar em um tribunal, quando este não pode se defender. De forma profética, Jó prediz a ressurreição de Cristo, quando Ele se levanta do túmulo, sobe aos Céus e assenta-se à destra do pai para interceder por nós. A melhor defesa de um crente, que está sendo acusado injustamente, é apelar para o seu Redentor. 


III. O PECADO EM CONTRASTE COM A MAJESTADE DE DEUS


1. A grandeza de Deus. Bildade defende a majestade de Deus, contrapondo-a com a pequenez humana e reforçando a idéia de um suposto distanciamento entre Deus e o ser humano. Esta é a concepção sobre Deus que tinham os deístas, no final do século XVIII. Segundo este pensamento, Deus criou o Universo, com leis inflexíveis para regê-lo e se ausentou dele. 

2. Onipotente, mas não ausente. Evidentemente, a Bíblia destaca a transcendência de Deus, ou seja, a sua infinita superioridade em relação às suas criaturas. Mas, revela também o seu amor, compaixão, bondade, misericórdia e cuidado para com o ser humano. Precisamos tomar cuidado para não enfatizar demasiadamente alguns atributos de Deus em detrimento de outros. Deus é onipotente, onipresente, onisciente, soberano e imutável. Mas, Ele é também amoroso, bondoso, compassivo, piedoso e justo.


CONCLUSÃO


Assim o Elifaz, Bildade também tinha uma concepção errada sobre Deus. Em sua opinião, Deus é santo, reto, justo e grande. Neste ponto ele está certo. Porém, ele seguia a tradição religiosa daquela época, que afirmava que Deus pune todos os pecadores com o sofrimento nesta vida. Logo, se alguém está sofrendo é porque está sendo punido por Deus. Partindo deste argumento, Bildade afirmava que a razão do sofrimento de Jó eram pecados que ele cometera em oculto. Chegou ao cúmulo de afirmar que os filhos de Jó foram mortos por causa dos seus pecados. 

Este não é o Deus da Bíblia. Embora seja, de fato, santo, justo, reto e todo poderoso, o nosso Deus não tem prazer na morte do ímpio. (Ez 33.11). Ele deseja que todos se arrependam e cheguem ao conhecimento da verdade. (1 Tm 2.4). Se pecarmos, temos um advogado perante Deus, Jesus Cristo, o justo. (1 Jo 2.1).


REFERÊNCIAS:

Revista LIÇÕES BÍBLICAS. RJ: CPAD, 4° Trimestre de 2020. 
Revista Ensinador Cristão.  RJ: CPAD, 4° Trimestre de 2020.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Antigo Testamento: Jó a Cantares de Salomão. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.92

06 novembro 2020

Estudo da lição 06: A teologia de Elifaz: Só os pecadores sofrem?


Culto online de estudo bíblico com o Presbítero Weliano Pires e sua família. Estudamos a lição 06, da nossa Escola Bíblica Dominical, com o tema: A teologia de Elifaz: Só os pecadores sofrem? 

Estudamos nesta lição os seguintes pontos: 

  • O eixo da teologia de Elifaz é a chamada justiça retributiva. 
  • No primeiro tópico temos a lei da semeadura e colheita: o ser humano colhe o que planta. 
  • O segundo tópico apresenta que a teoria de Elifaz representa a tradição religiosa da época e as palavras de Jó representavam a quebra dessa tradição. 
  • O terceiro tópico faz um paralelo entre um Deus transcendente e o homem finito. Segundo a teologia de Elifaz, Deus não se importaria com as queixas humanas, pois Ele está muito acima do homem.

05 novembro 2020

Lição 6: A teologia de Elifaz: Só os pecadores sofrem?


Data: 08 de Novembro de 2020.

TEXTO ÁUREO

 

“Lembra-te, agora: qual é o inocente que jamais pereceu? E onde foram os sinceros destruídos? Segundo eu tenho visto, os que lavram iniquidade e semeiam o mal segam isso mesmo” (Jó 4.7,8). (ARC).


Nota sobre o texto áureo:

A palavra "jamais" usada neste texto pela versão Almeida Revista e Corrigida traz certa confusão, pois, está em desacordo com o contexto dos discursos de Elifaz. Veja a tradução da Nova Versão Internacional, que me parece mais adequada:

“Lembra-te: acaso, já pereceu algum inocente? E onde foram os retos destruídos?

Segundo eu tenho visto, os que lavram a iniquidade e semeiam o mal, isso mesmo eles segam.” (Jó 4.7,8 NVI).



VERDADE PRÁTICA


“Embora transcendente, Deus tem prazer em se relacionar com o homem terreno.” [imanência]


[A transcendência de Deus é um atributo que o torna infinitamente superior a todos os seres que Ele criou e a imanência significa que Ele está acessível e se relaciona com os seres criados]. 


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

Jó 4.1-8; 15.1-4; 22.1-5.


Jó 4


1 — Então, respondeu Elifaz, o temanita, e disse:

2 — Se intentarmos falar-te, enfadar-te-ás? Mas quem poderá conter as palavras?

3 — Eis que ensinaste a muitos e esforçaste as mãos fracas.

4 — As tuas palavras levantaram os que tropeçavam, e os joelhos desfalecentes fortificaste.

5 — Mas agora a ti te vem, e te enfadas; e, tocando-te a ti, te perturbas.

6 — Porventura, não era o teu temor de Deus a tua confiança, e a tua esperança, a sinceridade dos teus caminhos?

7 — Lembra-te, agora: qual é o inocente que jamais pereceu? E onde foram os sinceros destruídos?

8 — Segundo eu tenho visto, os que lavram iniquidade e semeiam o mal segam isso mesmo.

 

Jó 15

1 — Então, respondeu Elifaz, o temanita, e disse:

2 — Porventura, dará o sábio, em resposta, ciência de vento? E encherá o seu ventre de vento oriental,

3 — arguindo com palavras que de nada servem e com razões que de nada aproveitam?

4 — E tu tens feito vão o temor e diminuis os rogos diante de Deus.


Jó 22

1 — Então, respondeu Elifaz, o temanita, e disse:

2 — Porventura, o homem será de algum proveito a Deus? Antes, a si mesmo o prudente será proveitoso.

3 — Ou tem o Todo-Poderoso prazer em que tu sejas justo, ou lucro algum em que tu faças perfeitos os teus caminhos?

4 — Ou te repreende pelo temor que tem de ti, ou entra contigo em juízo?

5 — Porventura, não é grande a tua malícia; e sem termo, as tuas iniquidades?

 

HINOS SUGERIDOS: 31, 75 e 105 da Harpa Cristã.


INTRODUÇÃO


Relembrando a Lição anterior:


Estudamos na lição passada, O lamento de Jó e discorremos sobre os seguintes pontos: 


  • O início da parte poética do Livro de Jó, que começa no capítulo 3 e vai até ao capítulo 42 e versículo 6. 

  • No auge do seu sofrimento, Jó exprime de forma poética um profundo lamento, extravasando os seus sentimentos;

  • Jó, em profunda angústia, desejou a morte como uma forma de escapar dos sofrimentos terríveis a que foi submetido. Porém, jamais falou em suicídio, ou tentou fazê-lo. Ele desejou que Deus, o autor da vida tivesse evitado o seu nascimento.

  • As três perguntas do lamento de Jó: Por que nasci? Por que não nasci morto? Por que continuo vivo? 

  • O lamento de Jó representa as pessoas que estão em situações de desespero e  não veem nenhuma saída.


Lição 06: A teologia de Elifaz: só os pecadores sofrem? 


Resumo da lição:


  • A partir desta lição, veremos as teorias que os amigos de Jó começam a fazer acerca das calamidades que Jó estava sofrendo.

  • O eixo da teologia de Elifaz é a chamada justiça retributiva. 

  • No primeiro tópico temos a lei da semeadura e colheita: o ser humano colhe o que planta. 

  • O segundo tópico apresenta que a teoria de Elifaz representa a tradição religiosa da época e as palavras de Jó representavam a quebra dessa tradição. 

  • O terceiro tópico faz um paralelo entre um Deus transcendente e o homem finito. Segundo a teologia de Elifaz, Deus não se importaria com as queixas humanas, pois Ele está muito acima do homem. 


I. OS PECADORES NO CONTEXTO DA TEOLOGIA RETRIBUTIVA


1. Quem foi Elifaz. A Bíblia fala de duas pessoas com o nome de Elifaz, cujo nome significa “Deus é forte” ou “Deus é a sua força”. A primeira citação do nome Elifaz, refere-se ao filho de Esaú com Ada, uma de suas mulheres (Gn 36.4,10, 11-16). Este foi o pai dos edomitas. O segundo personagem chamado Elifaz é o amigo de Jó, que é chamado de “o temanita”. Não se trata da mesma pessoa, pois, como já vimos em lições anteriores, Jó viveu na época dos patriarcas, próximo à época de Abraão, que era o avô de Esaú. Logo, não deve ter sido contemporâneo  de um filho de Esaú, que era bisneto de Abraão. 

Temã, a terra de Elifaz, pertencia ao território tribal dos edomitas. Temã era um neto de Esaú, que dera o seu nome a uma região da Iduméia do Sul, que era famosa pela sabedoria. 


2. A teologia de Elifaz. Em seu primeiro discurso, nos capítulos 4 e 5, Elifaz defende a chamada teologia retributiva, segundo a qual, todo sofrimento é uma punição ao pecador e, portanto, os justos não sofrem. É a chamada lei da causa e do efeito. Embora a lei da semeadura e da colheita esteja na Bíblia, isso não é uma regra geral. O apóstolo Paulo disse que “Tudo o que homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7). O ser humano, realmente, colhe aqui que planta, mas, não apenas isso. Nós colhemos também o que outras pessoas plantam. Sofremos as consequências das ações de outras pessoas e do Diabo. Além disso, somos submetidos às provações de Deus. Então, Elifaz tem razão quando diz que “...os que lavram iniquidade e semeiam o mal colhem isso mesmo”. (Jó 4.7b). Porém, ele erra quando diz que somente os pecadores sofrem ou que todos os que sofrem é porque pecaram.


3. A queixa de Jó. Evidentemente, Jó se contrapôs às afirmações de Elifaz. O caso de Jó não se enquadrava  na teoria de Elifaz, pois, Jó era um homem justo e, mesmo assim, estava em profundo sofrimento. Jó apelou para Deus, desejando abrir um canal de diálogo com o Todo Poderoso, para que Ele ouvisse as suas queixas. Esta é, sem dúvidas, a melhor atitude a  ser tomada, quando somos incompreendidos e acusados injustamente. Deus é o nosso juiz. 


4. A teoria do carma. A teoria de Elifaz se assemelha ao carma das religiões orientais, presente também no Espiritismo. Segundo estas religiões, o ser humano sofre, para pagar os seus erros em “vidas passadas”. Nessa teologia, não há espaço para Graça de Deus, pois, entendem que todos devem pagar pelos próprios erros, inevitavelmente. Ora, se o sofrimento fosse punição por pecados cometidos, Jesus teria sido o pior dos pecadores.

Infelizmente, esse tipo de discurso tem sido pregado até em Igrejas evangélicas, por pessoas que desconhecem a Palavra de Deus. Há pessoas que pregam que se alguém está sofrendo é porque está em pecado e Deus “está pesando a mão”. 


II. OS PECADORES NO CONTEXTO DA TRADIÇÃO RELIGIOSA


1. Uma teologia engessada pela tradição. O segundo do discurso de Elifaz se apóia na tradição religiosa (Jó 15.1-35). Elifaz acusa Jó de atentar contra a tradição religiosa vigente naquela época, que afirmava que os bons prosperam e os maus sofrem. 

Infelizmente, em nossos dias também, muitas pessoas se apegam cegamente aos dogmas de uma religião, negando a realidade ou acusando pessoas de não terem fé ou de estarem em pecado, por estarem sofrendo. Em vez de avaliarem os seus dogmas à luz da Palavra de Deus, tiram textos bíblicos do contexto, para tentarem justificar as suas teorias. Precisamos ler a Bíblia sem as lentes da nossa denominação. 

2. Jó representava uma ameaça à tradição. Em vez de questionar a falácia dos seus dogmas, Elifaz questiona a sabedoria e o conhecimento de Jó. Elifaz responde à pergunta que ele mesmo levantou, concluindo que, na verdade, Jó não é mais sábio do que eles: “Que sabes tu, que nós não saibamos? Que entendes, que não haja em nós? Também há entre nós encanecidos e idosos, muito mais idosos do que teu pai”. (Jó 15.10).

Sempre que houver confronto entre a Palavra de Deus e a tradição religiosa, devemos ficar com a Palavra de Deus. Ela é o único manual de fé e prática do cristão. (Sola Scriptura!). Não é porque a maioria defende uma teoria que ela está correta.  


3. A defesa de Jó. Jó chama os seus amigos de “consoladores molestos” (Jó 16.2). De fato, eles eram péssimos consoladores. Em vez de consolar, acusavam e torturavam psicologicamente àquele que já estava sofrendo horrores. Jó reclamou, mas, não blasfemou contra Deus. As suas palavras devem ser lidas de forma poética e não literal. Jó não estava, de forma alguma, desprezando as coisas sagradas. Ele apelava para um defensor celeste: “O meu intercessor é meu amigo, quando diante de Deus correm lágrimas dos meus olhos.” (Jó 16:20). Assim, de forma profética, Jó prenuncia a vinda de um advogado justo, que é Jesus Cristo. (1 Jo 2.1).


III. OS PECADORES DIANTE DE UM DEUS INFINITO

Em seu terceiro discurso, no capítulo 22, Elifaz apela a transcendência de Deus para atacar Jó. 

1. A transcendência de Deus. A transcendência é o conjunto de atributos de Deus, que o torna infinitamente superior a tudo o que Ele criou. A transcendência de Deus é bíblica. De fato, Deus está infinitamente acima de nós, em todos os aspectos. Ele é Onipotente, Onipresente, Onisciente, Eterno, e Autoexistente. Nós sequer conseguimos compreender a dimensão destes atributos. Elifaz não estava errado ao defender a transcendência de Deus. Ele errou ao ignorar  a imanência de Deus. (Is 57.15)

2. A imanência de Deus. Quando falamos da imanência de Deus, estamos afirmando que Ele está acessível às suas criaturas e se interessa por seus problemas. Deus jamais abandonou a criação à própria sorte. 


CONCLUSÃO


Não há dúvidas, de que há a lei da semeadura e colheita. A Bíblia mostra que aquilo que o homem semear, irá colher. Porém, não podemos nos esquecer da Graça de Deus, que é o favor imerecido, que nos dá aquilo que não merecemos. 

Em meio às lutas, sofrimentos e dificuldades, Deus está conosco. Ele não nos trata segundo os nossos pecados, pois, conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó. Deus é longânimo, misericordioso, compassivo e bom. 

Precisamos tomar cuidado ao avaliarmos as causas dos sofrimentos. 

Nem sempre o sofrimento na vida de uma pessoa é uma punição ou consequência de pecado. Pode ser uma provação para nos ensinar e nos fazer amadurecer espiritualmente.


Pb. Weliano Pires
Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Ministério do Belém

São Carlos - SP.

REFERÊNCIAS:
Revista LIÇÕES BÍBLICAS. RJ: CPAD, 4° Trimestre de 2020. 
Revista Ensinador Cristão.  RJ: CPAD, 4° Trimestre de 2020.
CHAPMAN, Milo L.; PURKISER, W. T.; WOLF, Earl C. (et al). Comentário Bíblico Beacon: Jó a Cantares de Salomão. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, p.55

03 novembro 2020

Parabéns, meu irmão primogênito Urbano pelos seus 51 anos!


Hoje completa mais um ano

O meu irmão Francisco Urbano

Desde criança, amigo sincero

Trabalhador de muito esmero.


Por todos era considerado

E por sua conduta respeitado

A pecuária e a agricultura

Desde cedo eram a sua cultura.


Com esforço e dedicação

Ele concluiu a sua formação

Sempre levou o estudo a sério

E com êxito fez o magistério.


Aos dezoito anos foi chamado

Para assumir o professorado

Em uma escola da Zona Rural

Fez uma carreira magistral.


Mudou-se para outra cidade

Nas trilhas da honestidade

Foi traçando a sua trajetória

E aos poucos construiu história.


Na bela cidade de Parnamirim

Uma flor enfeitou o seu Jardim

Foi a minha primeira cunhada

Por todos nós, muito estimada. 


Esta bela e sólida união

Alegrou o nosso coração

Com duas belas sobrinhas

Que são princesas minhas. 


Parabéns, meu irmão primogênito

O bom caráter lhe é congênito

O meu desejo é a sua felicidade

Paz, saúde e prosperidade!


Do seu irmão, amigo e admirador,

Weliano Pires



01 novembro 2020

Depressão, uma prisão da alma

"Tira a minha alma da prisão, para que louve o teu nome; os justos me rodearão, pois me fizeste bem". (Salmo 142.7)

A Depressão é um dos problemas sociais mais graves da atualidade. Estima-se que de 15 a 20% da população mundial sofrem deste mal. A depressão é um dos principais fatores que levam ao suicídio.

A depressão é uma doença psiquiátrica crônica, caracterizada por tristeza profunda, desesperança, baixa autoestima e sentimentos de culpa e incapacidade. Não é uma tristeza normal, caracterizada por uma circunstância adversa, ou motivação justificada. A tristeza da depressão não tem motivo e não passa.

1. Causas da depressão

A depressão é multicausal e pode ser causada por fatores internos e externos. As principais causas da depressão são:
a) Disfunção bioquímica do cérebro. (Diferenças em certas substâncias químicas no cérebro).
b) Consumo de drogas, álcool ou outras substâncias tóxicas.
c) Traumas familiares (abusos, lutos, agressões, humilhações, etc)
d) Estresse e ansiedade crônicos;
e) Disfunções hormonais, problemas na tireoide;
f) Uso indiscriminado de alguns medicamentos, como os estimulantes e emagrecedores.

2. Equívocos sobre a depressão

Há alguns pensamentos equivocados sobre a depressão, inclusive no meio religioso, por falta de conhecimento.
a) Depressão é demônio. Embora o diabo use a depressão para oprimir as pessoas e até levá-las ao suicídio, não se pode dizer que a depressão em si é uma atuação demoníaca e que a pessoa deprimida está endemoninhada.
b) Depressão é pecado. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Há crentes fiéis a Deus que ficam deprimidos.
c) Depressão é frescura ou mimimi. Quem faz uma afirmação dessa não idéia do que seja depressão.
d) Depressão é preguiça. Igualmente absurda. Não tem nada a ver. Uma pessoa trabalhadora e esperta pode ficar deprimida pelas causas citadas.

3. A depressão é uma doença
Segundo Dr. Dráuzio Varella, a depressão é uma doença psiquiátrica denominada pelo CID 10 – F33: Transtorno depressivo recorrente, que pode ser leve, moderado ou grave. Sendo uma doença, a depressão exige acompanhamento médico, pois, é necessário avaliar o grau de depressão as causas e o tratamento adequado para cada caso.

4. Recomendações para quem tem depressão e para familiares
a) Depressão é uma doença como qualquer outra.
b) A depressão não escolhe pessoa ou idade
c) Familiares e a pessoa deprimida devem manter-se informados sobre a doença, causas, características, riscos e sintomas da doença.
d) O diagnóstico precoce é o melhor caminho para qualquer doença. Com a depressão não é diferente.

5. Exemplo bíblico de depressão e o tratamento dado por Deus.

Um exemplo mais claro de um quadro de depressão na Bíblia foi o profeta Elias. (1 Reis 19.3-5). Depois de haver enfrentado o Rei Acabe e sua esposa Jezabel, em um dos quadros mais graves de apostasia generalizada, Elias foi ameaçado de morte pela rainha Jezabel e fugiu para o deserto, Lá, deitou-se debaixo de uma árvore, extremamente desanimado e pediu a Deus a morte.
Deus deu o seguinte tratamento a Elias: (1 Rs 19.7-9)
a) Encontrou-o. Deus não abandona a pessoa deprimida.
b) Ouviu-o com sensibilidade. Deus ouviu as lamentações de Elias e continua ouvindo as nossas.
c) Alimentou-o. Deus preparou uma comida fortíssima para Elias, que o encorajou a caminhar 40 dias.
d) Encorajou-o e deu-lhe novas missões. Deus não desiste de um servo seu, porque está deprimido. A jornada não termina aqui.

CONCLUSÃO

Se você está em depressão, não se culpe, não se desespere e não desista da vida. Procure orientação médica para tratar a doença. Mas, principalmente, busque ajuda em Deus. Ele te conhece como ninguém, te ama como ninguém, te entende como ninguém e jamais te abandonará.

AS ARMAS DO CRENTE

(Comentário do 1º tópico da Lição 06: As nossas armas espirituais)  Ev. WELIANO PIRES No primeiro tópico, falaremos sobre as armas do crente...