16 março 2022

COMO AS EPÍSTOLAS PAULINAS NOS INSTRUEM - Parte 1

Instruções salvíficas

Neste primeiro tópico, estudaremos as Epístolas do Apóstolo Paulo. O apóstolo parece seguir um roteiro padrão em suas epístolas. Ele começa com a sua saudação pessoal, que em algumas delas inclui os companheiros de ministério. Depois usa uma saudação em forma de bênção aos destinatários. Agradece a Deus por seus leitores cristãos. Costuma fazer menção às suas orações pelo bem-estar de seus leitores. Apresenta também os principais interesses de seus leitores e os assuntos que serão tratados ao longo da epístola. Dedica também um espaço para questões práticas ou éticas e aplica a estas questões os princípios doutrinários. Apresenta uma benção, mensagens pessoais, saudações e uma breve autobiografia, talvez para autenticar a epístola. Finaliza com a bênção apostólica ou uma bênção e exaltação ao Senhor. 


Para fins didáticos, o nosso comentarista dividiu as Epístolas Paulinas em quatro grupos, de acordo com o tipo de instrução predominante que elas trazem em seu conteúdo: inscrições salvíficas ou sobre a doutrina da salvação; instruções sobre Cristo ou cristológicas; instruções escatológicas, ou sobre as últimas coisas; e instruções pastorais e pessoais. 


1 - Instruções salvíficas. Neste grupo estão as Epístolas aos Romanos, 1 e 2 aos Coríntios e aos Gálatas.

a. Romanos. A Epístola aos Romanos, embora seja reconhecidamente do Apóstolo Paulo, pois há a sua identificação como remetente no início (Rm 1.1), foi escrita por Tércio (Rm 16.22). Paulo não foi o fundador da Igreja de Roma e, quando escreveu esta Epístola por volta de 56 d.C., nunca havia estado com os irmãos de Roma. Conhecia-os apenas de ouvir falar. 


Na introdução à Epístola, Paulo se identifica como autor (Rm 1.1-7) e manifesta o seu desejo de visitar Roma (Rm 1.8-15). Em seguida, o apóstolo fala sobre a depravação dos gentios que honraram mais a criatura que o Criador e faz um resumo do evangelho (Rm 1.18-31). 


Na sequência o apóstolo fala sobre a universalidade do pecado. Todos, sem exceção, pecaram e foram destituídos da Glória de Deus  (Rm 1.18-3.20). Depois de argumentar que todos os seres humanos, judeus e gentios, estão debaixo do pecado, Paulo apresenta que a justificação do pecador diante de Deus se dá unicamente pela fé em Cristo e que pelas obras da Lei ninguém será justificado. (Rm 3.21-5.21). 


Paulo fala também sobre a prática da Justiça na vida Cristã, mostrando o contraste entre a lei de pecado que escraviza e a lei do Espírito que liberta. Muitos entendiam, equivocadamente, que Paulo ao pregar sobre a justificação pela fé independente das obras da Lei, estaria dizendo que as pessoas poderiam permanecer no pecado para que a Graça fosse mais abundante. Paulo explica que o cristão está morto para o pecado e, portanto, vive uma vida nova em Cristo. (Rm 6.1-8.39).


O próximo tema tratado por Paulo com os cristãos de Roma é o relacionamento entre Deus e Israel. Paulo explica que Deus jamais rejeitou o seu povo e que a incredulidade de Israel em relação a Cristo permitiu a salvação dos gentios  Entretanto, Deus voltará a tratar com o seu povo e todo o Israel será salvo. Paulo conclui este capítulo com um profundo cântico de adoração a Deus por sua infinita sabedoria e riqueza (Rm 9.1-11.36).


Na sequência, o apóstolo discorre sobre vários preceitos de aplicações práticas na vida cristã, como os dons de serviço, o amor, a esperança,  o fervor, o amor aos inimigos e a submissão às autoridades (Rm 12.1-15.13).


Nos capítulos 14 e 15, o apóstolo fala sobre a sua situação como apóstolo dos gentios e a respeito da tolerância para com os fracos na fé, que são aqueles que se abstêm de alguns alimentos e seguem algumas restrições por causa da lei. Paulo argumenta que a cristão que se considera forte e superou estas coisas deve evitar escandalizar o seu irmão, por quem Cristo morreu.  No capítulo 16, o apóstolo se despede com uma lista enorme de recomendações pessoais a vários cooperadores da obra do Senhor e conclui com a benção aos irmãos e exaltação ao Senhor. 


b. 1 Coríntios. Por volta do ano 50 d.C. o apóstolo passou 18 meses em Corinto e estabeleceu uma Igreja ali (At 18.1-11). Em 55 d.C., Paulo se encontrava em Éfeso e recebeu algumas notícias sobre Corinto, dando conta de vários problemas seríssimos naquela Igreja. O apóstolo inicia a Carta com a sua saudação de praxe, identificando a si e ao irmão Sóstenes como remetentes. Identifica também os destinatários Coríntios e faz um breve agradecimento a Deus pela vida deles, fazendo menção das suas qualidades. Em seguida, apresenta um dos principais problemas que o motivaram a escrever a carta, que foi o partidarismo entre os irmãos e a preferência por seus líderes, devido à suposta superioridade. 

Depois de relatar este problema aos Coríntios, Paulo discorre sobre o poder da mensagem da Cruz. Fala também da insignificância da sabedoria humana na comunicação e na recepção da mensagem do Evangelho e o sublime efeito da revelação da cruz de Cristo na vida daqueles que a ouvem. 


Em seguida, Paulo fala sobre os quatro partidos existentes na Igreja de Corinto: os de Paulo, que representavam os que se acham os liberais; os de Apolo, que se acham intelectuais; os de Pedro, que são os legalistas; e os de Cristo, que são os exclusivistas que se acham os únicos salvos. 


Na sequência, o apóstolo fala sobre os ministros de Cristo, que são despenseiros dos mistérios de Deus, que são as verdades bíblicas sobre a salvação e a Igreja, outrora oculta e agora revelados em Cristo. Paulo explica que os ministros de Cristo devem ser fiéis e que a vida do ministro de Deus precisa ser observada, respeitada e aprovada não apenas pelos descrentes, mas, principalmente, pelos irmãos em Cristo. O apóstolo alerta aos obreiros que o nosso trabalho será julgado no Tribunal de Cristo pelo Justo Juiz, onde todas as coisas serão postas às claras, inclusive as intenções e desígnios secretos de cada um. Ainda neste capítulo, Paulo expõe a vanglória dos coríntios e defende a sua autoridade apostólica.


No capítulo 5, o apóstolo trata do escândalo sexual, segundo ele, pior do que as pessoas de fora da Igreja. Era uma relação incestuosa de um indivíduo com a própria madrasta. Paulo reclamou da cumplicidade e complacência daquela Igreja, por não excluir do seu meio, alguém com uma conduta tão abominável. Paulo usou a ilustração do fermento que leveda toda a massa, para explicar que o pecado de um membro da Igreja pode contaminar todo o rebanho. 


Na sequência, no capítulo 6, o apóstolo trata do problema das questões judiciais envolvendo irmãos, perante um tribunal de ímpios. O apóstolo questiona se não haveria pessoas sábias na Igreja, capazes de resolver as desavenças entre eles. Aliás, ele diz que só o fato de haver demandas de uns contra os outros, já é algo condenável. Nos versículos finais deste capítulo, o apóstolo trata a respeito da liberdade cristã, alertando que esta liberdade tem limites. Nesse sentido, ele alerta a respeito da prostituição, um pecado contra o corpo, que é o templo do Espírito Santo.


Na seção seguinte, no capítulo 7, Paulo responde às perguntas dos coríntios sobre o casamento. Ele inicia dando a sua opinião pessoal de que seria bom o cristão viver só, talvez porque acreditava que Cristo voltaria naqueles dias e a vida de casado poderia prender os cristãos a coisas desta vida. Entretanto, ele mesmo diz que por causa da prostituição e das tentações, os que não conseguem ficar solteiros, devem casar e que não há nenhum pecado nisso. Entre as respostas de Paulo sobre este assunto, ele diz que o casal não deve se privar da intimidade um do outro para não serem tentados; que o casal não deve se separar e, caso a separação seja inevitável, não devem casar de novo; traz também orientações para os que têm cônjuge descrente e para as solteiras e viúvas. 


No capítulo 8, o apóstolo responde a questões sobre os alimentos sacrificados aos ídolos. Paulo explica que ídolo nada é e que as coisas oferecidas aos ídolos, na verdade, são oferecidas a deuses, que são demônios e operam através de ídolos. Paulo alerta para a questão da consciência, para não escandalizar os fracos na fé.

  

Na sequência, no capítulo 9, Paulo fala da liberdade e direitos dos apóstolos e defende mais uma vez a sua autoridade apostólica. O apóstolo defende, inclusive, que os apóstolos têm o direito de serem sustentados pela Igreja, pois, nenhum soldado milita à própria custa. Ele deixa claro que Barnabé e ele abriram mão desse direito para não causar impedimentos à obra de Deus, mas que isso seria um direito daqueles que pregam o Evangelho. 


No capítulo 10, apóstolo faz um alerta aos coríntios, usando como exemplo os israelitas que tentaram a Senhor no deserto e pereceram. Paulo recomenda aos coríntios que não imitem as práticas dos israelitas no deserto, como a prostituição, a idolatria e a murmuração. Depois, no mesmo capítulo, ele retoma o tema dos sacrifícios aos ídolos, alertando que estes sacrifícios são oferecidos aos demônios e que o cristão pode jamais se fazer participante deles. 


Em seguida, no capítulo 11, o apóstolo trata de dois temas importantes: a apresentação das mulheres na Igreja e as dissensões na Ceia do Senhor.  Por uma questão cultural da cidade de Corinto, o apóstolo recomenda às mulheres o uso de cabelos compridos e o uso do véu na adoração pública. Uma mulher que se apresentasse publicamente com a cabeça rapada e sem o véu era considerada imoral e insubmissa ao homem. O princípio que Paulo ensina aqui é o da submissão `liderança do marido. 


Na questão da Ceia do Senhor, Paulo foi informado de que estavam profanando esta ordenança do Senhor, com conduta abominável. A Igreja em sua maioria, era formada de pobres e até de escravos. Os ricos, sem querer dividir a sua comida, comiam antecipadamente a ceia e deixavam os pobres sem nada. O apóstolo condena esta atitude vil e explica como deve ser celebrada a Ceia do Senhor. 

Nos capítulos 12 a 14, Paulo discorre sobre os dons espirituais. Ele diz que há diversidade de dons, mas o Espírito que os concede é o mesmo. O apóstolo faz uma relação de nove dons concedidos pelo Espírito Santo à Igreja, para edificar, confortar e consolar os santos. Para explicar a unidade dos dons espirituais, ele usa a figura do corpo humano que possui muitos membros mas todos trabalham a favor do corpo. No capítulo 13, o apóstolo faz uma pausa, para mostrar que o amor é um caminho mais excelente e superior a todos os dons. No capítulo 14, retomando o assunto dos dons espirituais, o apóstolo fala sobre os dons de profecia e variedade de línguas e alerta para que haja ordem e decência no uso dos dons e no culto. 


No capítulo 15, Paulo discorre sobre a doutrina da ressurreição. Ele inicia falando da ressurreição de Cristo como um fato intestestável citando, inclusive, pessoas que foram testemunhas oculares deste acontecimento e que ainda estavam vivas, como Tiago, Pedro e outros apóstolos e ele próprio que depois viu Jesus ressuscitado. Paulo diz que se Cristo não tivesse ressuscitado a fé cristã seria inútil e os que morreram em Cristo se perderam. 


Na conclusão da Epístola, no capítulo 16, Paulo faz um apelo aos coríntios para que levantassem recursos para os cristãos carentes de Jerusalém. Em seguida fala de alguns dos seus projetos, traz diversas recomendações, saudações e a bênção apostólica. 


c. 2 Coríntios. A segunda epístola aos Coríntios foi escrita entre os anos 55 e 56 d.C. A primeira epístola não teve tanta eficácia na solução dos problemas apontados pelo apóstolo e os seus opositores acabaram ganhando força contra ele. Paulo inicia a epístola com uma saudação sua e do seu auxiliar Timóteo. Em seguida glorifica a Deus pelas consolações nas tribulações e explica aos coríntios a razão da sua demora em ir vê-los, pois havia decidido não ir em tristeza. 


Paulo faz uma longa explicação do seu ministério, apresentando o caráter e os frutos do seu ministério apostólico, fazendo uma comparação com o ministério da Antiga Aliança e demonstrando a superioridade do Ministério Cristão. O apóstolo mostra que as aflições e tribulações que o cristão atravessa são momentâneas e leves, se comparadas com as coisas da eternidade Ainda defendendo o seu ministério, ele fala sobre o ministério da reconciliação, onde Cristo morreu por nós para nos reconciliar com o Pai e nos comissionou como embaixadores de ministério da reconciliação. 


O apóstolo fala sobre a sua abnegação pelo Evangelho e faz um breve apelo e exortação à santidade, recomendando aos coríntios que não se prendam a jugos desiguais com os infiéis e se afastem de toda imundícia. Paulo demonstra alegria com a chegada de Tito, que lhe trouxera boas notícias dos coríntios, principalmente de que eles haviam demonstrado arrependimento, ante o conteúdo da primeira carta. Inicialmente, ficaram contristados, mas esta tristeza produziu arrependimento para a salvação. 


Nos capítulos 8 e 9, assim como fizera na primeira epístola, o apóstolo apela para que os coríntios levantem recursos para ajudar aos irmãos pobres da Judéia. Paulo explica que esta oferta para os pobres, é na verdade, uma semente dada por Deus, que resultará em grande colheita, pois, os que a recebem dão muitas graças a Deus por isto. O apóstolo explica que Deus ama ao que oferta com alegria e tornará abundante toda a graça e multiplicará a semente dos que semeiam. 


Na sequência, no capítulo 10, Paulo retoma a defesa do seu ministério apostólico, dizendo que se esforçou para anunciar o Evangelho, onde ainda não havia sido anunciado, para não se gloriar de trabalhos já preparados. No capítulo 11, Paulo faz a sua defesa diante das acusações dos falsos apóstolos que o acusavam de se aproveitar das Igrejas. Em seguida, o apóstolo relaciona uma série de sofrimentos que ele passou por amor ao Evangelho. 


No capítulo 12, Paulo fala em terceira pessoa, de um homem que foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis que não devem ser ditas aos homens. Depois ele fala na primeira pessoa que lhe foi dado um espinho na carne, que era um mensageiro de Satanás para o esbofetear, para que não se exaltasse face à excelência das revelações. Isso mostra que este homem que teve as revelações era ele próprio. Paulo diz que orou três vezes ao Senhor para livrá-lo deste espinho, mas, o Senhor lhe respondeu que a Sua Graça lhe bastava. 

Paulo finaliza com vários avisos e exortações aos coríntios e, por fim, com a bênção apostólica na forma trinitariana. 


d. Gálatas. A breve epístola aos Gálatas, se comparada às epístolas aos Romanos e aos Coríntios, contém apenas seis capítulos e foi escrita pelo apóstolo Paulo entre 55 e 56 d.C. Não foi endereçada a uma única Igreja, mas a um grupo de Igrejas, pois a Galácia não era uma cidade. Era uma região da Ásia Menor, que incluía as cidades de Antioquia da Pisídia, Icônio, Listra e Derbe, cidades onde Paulo plantou Igrejas e visitou nas três viagens missionárias. 

Como de costume, o apóstolo inicia a epístola com a sua saudação e dos irmãos que estão com ele. Diferente do que fez nas epístolas anteriores, Paulo não expressa ações de graças no início desta epístola, não faz menção a orações dele pelos gálatas e vai direto ao assunto principal da epístola, que é o retrocesso dos gálatas ao deixarem a mensagem do Evangelho da Graça, pregado por Paulo, para cederem aos apelos dos judaizantes. O apóstolo faz menção do seu passado no Judaísmo e que recebera o Evangelho diretamente do Senhor Jesus, em revelações no deserto da Arábia, onde passou três anos logo após a sua conversão. 


No capítulo 2, Paulo faz um relato de como expôs o evangelho da graça aos gentios e como reprendera a Pedro em Antioquia, em virtude do seu comportamento de dissimulação diante dos judaizantes. O apóstolo explica que o homem não é justificado pelas obras da Lei, mas pela fé em Jesus Cristo. 

No capítulo 3, o apóstolo repreende aos gálatas, chamando-os de insensatos, por terem se afastado da obediência a Cristo e se deixado fascinar pelos discursos dos judaizantes. Paulo faz uma longa exposição do Antigo Testamento, começando por Abraão, colocando-o como o pai da fé. 


Na sequência, no capítulo 4, o apóstolo faz uma analogia da lei com um herdeiro enquanto é criança, que é criado por tutores, até completar a maioridade e o tempo determinado pelo pai. Da mesma forma, quando Cristo veio, na plenitude dos tempos, nascido sob a Lei, libertou os que estavam debaixo da lei e concedeu a adoção de filhos de Deus aos que creram. Paulo faz também uma alegoria entre Sara e Agar e as duas alianças. Agar, a escrava de Abraão, representa a velha aliança e Sara, a nova aliança. Paulo conclui dizendo que somos filhos da promessa como Isaque e não filhos da escrava como Ismael. 


No capítulo 5, Paulo exorta os gálatas a permanecerem na liberdade cristã e não retrocederem ao jugo da servidão da lei. O apóstolo argumenta que os que se deixarem circuncidar e buscarem a justificação nas obras da Lei estão separados de Cristo. Depois, no mesmo capítulo, ele faz um contraste entre as obras da carne e o fruto do Espírito. Paulo explica que a liberdade cristã não se confunde com libertinagem e que o Espírito Santo nos permite dominar e mortificar os desejos da nossa natureza humana.


O apóstolo conclui a epístola no capítulo 6, com várias exortações, começando com a orientação para os crentes ajudarem uns aos outros nas suas cargas, compadecendo-se daqueles que cometerem alguma falha. Paulo alerta para que faça o bem, principalmente aos domésticos da fé. Nas palavras finais, o apóstolo diz que não tem do que se gloriar, a não ser na cruz de Cristo, pela qual ele estava crucificado para o mundo e vice-versa.  


REFERÊNCIAS:

BATISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.

LOPES, Hernandes Dias. Romanos, o Evangelho segundo Paulo. Editora Hagnos. pág. 28-31.

LOPES, Hernandes Dias. GÁLATAS, a carta da liberdade cristã. Editora Hagnos. pág. 113-120.

MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pág. 422-423.

ZUCK, Roy B. Teologia do Novo Testamento. Editora CPAD. 1ª edição: 2008 pág. 282-283.



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Pb. Weliano Pires


14 março 2022

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 12: AS EPÍSTOLAS INSTRUEM E FORMAM OS CRISTÃOS

REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA

Na lição passada estudamos o Evangelho segundo Lucas e o Livro de Atos, que se constituem em uma continuidade um do outro, escritos pelo mesmo autor, que foi Lucas, o médico amado, companheiro de ministério do apóstolo Paulo. 


Lucas foi o evangelista que mais falou sobre a ação do Espírito Santo, tanto no Evangelho, quanto no Livro de Atos. Por isso, estudamos a ação do Espírito Santo no ministério de Jesus, descrita no Evangelho segundo Lucas e, na Igreja Primitiva, como continuidade deste ministério, nos relatos em Atos dos Apóstolos. 


Falamos sobre a ação do Espírito Santo no ministério de Jesus, no Evangelho segundo Lucas. Vimos que a ação do Espírito Santo está presente no nascimento de João Batista, no nascimento de Jesus, na tentação de Jesus e durante todo o seu ministério. 


Depois, falamos sobre a ação do Espírito Santo no Livro de Atos dos Apóstolos. Enfatizamos a promessa da descida do Espírito Santo, o cumprimento no dia de Pentecostes e a ação do Espírito Santo na expansão da Igreja. 


Por último, falamos sobre o mover do Espírito Santo como um modelo para a Igreja. Falamos também sobre a atualidade do batismo no Espírito Santo. Vimos que o falar em línguas é a evidência do batismo no Espírito Santo. Por último estudamos a plenitude do Espírito Santo na Igreja, que inclui o batismo no Espírito Santo, o fruto do Espírito Santo e os dons espirituais. 


INTRODUÇÃO À LIÇÃO 12


Na lição desta semana estudaremos a última categoria restante de livros da Bíblia, que são as Epístolas. Esta categoria de livros soma 21 dos 27 livros do Novo Testamento e representa cerca de 80% do texto neotestamentário. Apenas os Evangelhos, Atos dos Apóstolos e o Apocalipse não são considerados Epístolas. Entretanto, o Livro de Atos dos Apóstolos contém duas breves cartas, sendo uma do Concílio de Jerusalém e outra do Apóstolo Paulo (At 15.23-29; 23.26-30); e o Apocalipses contém sete cartas de Jesus às Igrejas da Ásia Menor: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia. (Ap 2.1-3.22). 


As Epístolas não são simplesmente uma carta pessoal a uma Igreja ou a uma pessoa. Elas trazem em seu conteúdo, um conjunto de doutrinas, com o objetivo de instruir e formar os crentes nos fundamentos da fé cristã e prepará-los para o encontro com o Senhor no arrebatamento da Igreja. 


As Epístolas se dividem em Epístolas Paulinas e Epístolas Gerais. Os estudiosos classificam as Epístolas Paulinas em quatro grupos:


  • Epístolas escatológicas: 1 e 2 Tessalonicenses. São chamadas de escatológicas, pois dão ênfase à Doutrinas últimas coisas.

  • Epístolas soteriológicas: Romanos, 1 e 2 Coríntios e Gálatas. São epístolas que falam bastante sobre a Doutrina da Salvação.

  • Epístolas da prisão: Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom. São as epístolas que foram escritas pelo apóstolo Paulo na prisão.

  • Epístolas pastorais: 1 e 2 Timóteo e Tito (embora a carta de 2 Timóteo também tenha sido escrita por Paulo na prisão). São epístolas escritas por Paulo a jovens pastores Timóteo e Tito.


Nesta lição, para fins didáticos, as Epístolas foram divididas de acordo com o tema e o autor, enfatizando-se os principais temas doutrinários contidos nelas: a pessoa de Cristo, a fé, a justificação, a regeneração, a santificação, as últimas coisas e os alertas contra os falsos ensinos.  


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Pb. Weliano Pires


11 março 2022

UM MODELO PENTECOSTAL PARA A IGREJA DE NOSSOS DIAS


(Comentário do 3º tópico da Lição 11: Lucas – Atos: o modelo pentecostal para hoje)


Neste terceiro e último tópico, falaremos sobre o mover do Espírito Santo como um modelo para a Igreja em todas épocas. Falaremos ainda sobre a atualidade do batismo no Espírito Santo. Por último, falaremos do falar em línguas como a evidência do batismo no Espírito Santo. Por último falaremos sobre a plenitude do Espírito Santo na Igreja, que inclui o batismo no Espírito Santo, o fruto do Espírito Santo e os dons espirituais. 


1- O revestimento de poder do alto. Há muita confusão, inclusive no meio evangélico, sobre a obra do Espírito Santo. Muitas pessoas confundem a entrada do Espírito Santo no crente, por ocasião da sua conversão, com o batismo no Espírito Santo. Outros pensam que aqueles que não são batizados no Espírito Santo não tem o Espírito Santo. Há ainda os que dizem que o batismo no Espírito Santo e os dons espirituais cessaram após a conclusão das Escrituras. 

No primeiro trimestre de 2021, nós estudamos o tema: O Verdadeiro Pentecostalismo - A atualidade da Doutrina Bíblica sobre a atuação do Espírito Santo, com comentário do Pr. Esequias Soares da Silva, presidente da Assembleia de Deus, Ministério do Belém, em Jundiaí-SP. Estas lições e outras de outros trimestres, nos elucidaram questões sobre a pessoa do Espírito Santo, a atuação do Espírito Santo na obra da redenção, o batismo no Espírito Santo, os Dons Espirituais, o Fruto do Espírito Santo e outros temas relacionados à terceira pessoa da Santíssima Trindade. 


Com relação à obra do Espírito Santo, entre os protestantes ou evangélicos, há três grupos: 

1) Os tradicionais ou cessacionistas. Acreditam que os dons do Espírito Santo se restringiram ao período apostólico e cessaram com a completude das Escrituras. Neste grupo estão as chamadas Igrejas Reformadas como a Igreja Presbiteriana, Igreja Batista e Metodista. Porém, na Igreja Presbiteriana há uma divisão chamada Igreja Presbiteriana Renovada, que é pentecostal. Algumas Igrejas Batistas independentes também são pentecostais. 

2) Os pentecostais. Crêem na atualidade dos dons espirituais e no Batismo no Espírito Santo, como uma experiência subsequente à Salvação. No Brasil, os primeiros adeptos deste grupo são a Assembleia de Deus e a Congregação Cristã no Brasil. Porém, a CCB, embora tenha um credo ortodoxo, tem algumas práticas que são características de uma seita, como o exclusivismo,

3) Os neopentecostais. Crêem na atualidade dos dons espirituais, mas, dão ênfase à prosperidade financeira, e bem estar físico. Pregam a chamada teologia da prosperidade, confissão positiva e triunfalismo. Os pioneiros deste movimento são a Igreja Universal e Internacional da Graça de Deus. Depois surgiram inúmeras denominações neopentecostais oriundas destas e também de Igrejas pentecostais. Muitas práticas neopentecostais são absolutamente antibíblicas, como o uso de objetos sagrados, supostamente milagrosos e troca de bençãos por ofertas e votos.


A Assembléia de Deus é uma Igreja Evangélica Pentecostal Clássica. Nós, os pentecostais cremos no batismo no Espírito Santo, como uma experiência subsequente à salvação, ou seja, primeiro a pessoa recebe a Jesus como Senhor e Salvador. O Espírito Santo, então, entra na pessoa e passa a habitar em seu corpo. Depois, o crente busca ao Senhor em oração e é revestido de poder para testemunhar de Cristo. Este revestimento de poder é o batismo no Espírito Santo. Pode acontecer após a regeneração, que é o Novo Nascimento, que também é operado pelo Espírito Santo no interior do crente. Foi assim que aconteceu em Samaria (At 8.15-17). Mas pode acontecer também junto com a regeneração, como  aconteceu na Casa do Centurião Cornélio. (10.44-46).


A entrada do Espírito Santo no crente, quando ele se converte, é indispensável à salvação, pois é Ele que opera o novo nascimento e Jesus disse que “aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus.” (Jo 3.3). Paulo também disse que “se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”.  (Rm 8.9 c). O batismo no Espírito Santo, por sua vez, não para a salvação. É um revestimento de poder, para os que já foram salvos, serem testemunhas de Cristo, com ousadia e poder (At 1.8). Serve também para capacitar o crente para uma vida cristã vitoriosa (At 6.8-10) e de adoração mais profunda (1 Co 14.26). 


2 - As línguas como evidência inicial.  Há duas palavras gregas, traduzidas por “falar em línguas”: “Glossolalia”, de “glossa” (língua) e “laleo” (falar), que significa falar em uma língua desconhecida para quem fala e para quem a ouve; e “xenolalia” de “xeno” (estrangeiro) e laleo (falar), que significa falar em uma língua estrangeira, desconhecida de quem fala, mas conhecida de quem a ouve. 


No dia de Pentecostes, os discípulos foram cheios do Espírito Santo e falaram em “outras línguas”. O termo grego é em Atos 2.4 é “heteros glossais”, que  significa outras línguas desconhecidas dos que estavam falando. Logo em seguida, o texto diz que algumas pessoas ouviram estas línguas e as entenderam, pois eram as suas próprias línguas. Em Cesaréia, na casa do Centurião Cornélio, as pessoas que ouviram a mensagem pregada por Pedro também foram batizadas no Espírito Santo e falaram em línguas (At 10.46). Depois, em Atos 19, o apóstolo Paulo encontrou um grupo de 12 discípulos em Éfeso, que desconheciam a Doutrina do Espírito Santo. Depois de explicar sobre o Espírito Santo, Paulo impôs-lhes as mãos e eles também falaram em línguas (At 19.1-6).

Em Samaria, após a pregação de Filipe, com a chegada de Pedro e João, foram impostas as mãos sobre os que que creram e eles também foram batizados no Espírito Santo. Nesse caso, o texto não diz explicitamente que eles falaram em línguas. Porém, houve um sinal visível de que foram batizados, pois até o mágico Simão percebeu e ofereceu dinheiro para conseguir este dom (At 8.17,18). Comparando com os outros relatos que dizem que as pessoas que foram batizadas no Espírito Santo falaram em línguas, ficam implícito, portanto que este foi o sinal. O mesmo aconteceu com Saulo, quando Ananias lhe impôs as mãos para que ele fosse cheio do Espírito Santo (At 9.17). Se ele não tivesse falado em línguas, Ananias não saberia que ele foi batizado Espírito Santo. Concluímos, portanto, que  “falar em línguas” é a evidência ou o sinal visível de que alguém recebeu o Batismo no Espírito Santo.

O apóstolo Paulo menciona dois tipos de línguas em 1 Coríntios 13.1: As línguas dos homens e dos anjos. Então entendemos que o Espírito Santo concede o falar em línguas celestiais ou em línguas estrangeiras, desconhecidas de quem fala, mas conhecida de quem a ouve. Depois, nos capítulos 12 e 14 de 1 Coríntios, ele fala do dom de variedade de línguas. Este dom é diferente do falar em línguas com sinal do batismo no Espírito Santo. O dom de variedade de línguas (1 Co 12.10) é a capacitação sobrenatural do Espírito Santo a uma pessoa, para entregar uma mensagem em uma língua desconhecida de quem fala e de quem a ouve. Paulo ensina que nesse caso é preciso também o dom de interpretação de línguas, onde é revelado o significado (não a tradução) daquela mensagem (1 Co 14.13,27,28).


3 - A plenitude do Espírito Santo. Muitos confundem também batismo no Espírito Santo com fruto do Espírito e dons do Espírito Santo. O batismo no Espírito Santo, conforme já vimos, é um revestimento de poder para o crente testificar de Cristo com ousadia. Já o fruto do Espírito Santo (Gl 5.22) é formado por nove virtudes que o Espírito Santo produz na vida do crente que anda no Espírito: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fé, mansidão, domínio próprio. Estas virtudes são o resultado da entrega do crente ao Espírito Santo, vivendo sob o seu domínio. Os dons espirituais, conforme definição da Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil, “são capacitações especiais e sobrenaturais concedidas pelo Espírito de Deus ao crente para serviço especial na execução dos propósitos divinos por meio da Igreja”. Os dons são distribuídos pelo Espírito Santo a cada um, segundo a Sua vontade, para aquilo que for útil. 


No contexto do Antigo Testamento, apenas algumas pessoas receberam capacitações sobrenaturais do Espírito Santo para determinadas obras, durante um tempo. Entretanto, após a ascensão de Jesus, Ele enviou o Espírito Santo para ficar para sempre conosco. Este conjunto de ações do Espírito Santo: o revestimento de poder, os dons espirituais e o fruto do Espírito Santo representam a plenitude do Espírito Santo na Igreja do Senhor. 


REFERÊNCIAS: 

BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.  

WILLIAMS, David J. Comentário Bíblico Contemporâneo. Atos. Editora Vida. pág. 73-74.    

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. págs. 638-639; 1255.    

PFEIFFER. Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pág. 1166-1167.    

MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 3. pág. 973.    

Pearlman, Myer. Atos: e a Igreja se Fez Missões. Editora CPAD. pag. 24-25.    

HENDRIKSEN, William. Exposição De Efésios. Editora Cultura Cristã. pag. 294-296.

(MENZIES, Robert P. Pentecostes: Essa História é a nossa História. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp.74.-75).    


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Pb. Weliano Pires


10 março 2022

ATOS DOS APÓSTOLOS: O ESPÍRITO SANTO NO MINISTÉRIO DA IGREJA


(Comentário do 2º tópico da Lição 11: Lucas – Atos: o modelo pentecostal para hoje)

Neste segundo tópico, destacaremos a ação do Espírito Santo, relatada por Lucas no Livro de Atos dos Apóstolos. O livro inicia com as últimas palavras de Jesus aos seus discípulos, após a ressurreição e antes da sua ascensão aos Céus. Entre estas palavras do Mestre, está a promessa da descida do Espírito Santo "não muito depois daqueles dias". (At 1.5,8).


Depois, temos o cumprimento dessa promessa, no dia de Pentecostes, quando os discípulos estavam reunidos em oração. De repente, veio do Céu, um som como de um vento forte e impetuoso e encheu o cenáculo. Todos foram cheios do Espírito Santo e falaram em outras línguas e profetizaram, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem (At 2.1-4).


O livro de Atos prossegue falando sobre a ação do Espírito Santo na expansão da Igreja. O Espírito Santo concedeu-lhes ousadia para proclamar o Evangelho diante das autoridades judaicas, em meio à perseguição e oposição ferrenha. Também lhes concedeu poder para operar sinais e maravilhas e dirigiu a obra missionária. 


1- O Espírito Santo em Atos.  Alguns sugerem que o Livro de Atos dos Apóstolos deveria se chamar "Atos do Espírito Santo", pois, os atos que vemos neste livro são, na verdade, do Espírito Santo e não dos Apóstolos. O Livro de Atos, conforme falamos no tópico anterior, é o segundo volume de duas obras escritas por Lucas, sendo a continuidade da primeira. O Evangelho segundo Lucas termina com a recomendação de Jesus aos discípulos, para que não se ausentassem de Jerusalém, antes de serem revestidos do poder do Espírito Santo (Lc 24.49). 


Em várias ocasiões no Livro de Atos vemos a ação do Espírito Santo, através dos apóstolos. No mesmo dia de Pentecostes, após a descida do Espírito Santo, a multidão ficou confusa sobre o que teria acontecido. Pedro, cheio do Espírito Santo, levantou-se e fez um eloquente discurso, com a ousadia concedida pelo Espírito Santo, que tocou fortemente o coração dos ouvintes. Ele não precisou fazer nenhum apelo e uma multidão, comovida com aquela poderosa mensagem, veio à frente perguntar-lhe o que deveriam fazer. Pedro respondeu:

- Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo. (At 2.38).

O resultado foi fantástico! Quase três mil almas se converteram. Somente o Espírito Santo pode fazer isso. Argumentos humanos e discursos vazios não são capazes de levar uma multidão a se converter a Cristo.      


2 - A promessa cumprida no Pentecostes.  A promessa da descida do Espírito Santo estava em várias profecias do Antigo Testamento (Is 44.3; Ez 39.29; Jl 2.28). Jesus também prometeu mais de uma vez aos discípulos, que após a sua ascensão aos Céus, não os deixaria órfãos, mas enviaria o Espírito Santo para que ficasse para sempre com eles (Lc 24.49; Jo 14.16; At 1.4,5). 


Após a ascensão de Jesus, os discípulos permaneceram por dez dias esperando a promessa se cumprir. Dos mais de 500 irmãos que viram Jesus ressuscitado, restavam apenas 120 em oração no cenáculo. Quando chegou o dia de Pentecostes, uma festa judaica que era comemorada 50 dias após a Páscoa, os discípulos estavam reunidos no mesmo lugar. Veio do Céu, de repente, um som como de um vento forte e impetuoso e encheu toda a casa. Foram vistas línguas como de fogo, sendo distribuídas e pousando sobre cada um deles. Todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar das maravilhas de Deus em outras línguas desconhecidas para eles, porém conhecidas de muitas pessoas que estavam em Jerusalém na festa. 


Uma multidão confusa cercou o local, sem entender o que estava acontecendo, pois cada um ouvia falar em sua própria língua e sabiam que todos aqueles homens eram galileus e desconheciam outros idiomas. Depois de muitos questionamentos e discussões, alguns insinuaram que os discípulos estavam bêbados. Foi aí que Pedro levantou-se e explicou que aquilo era o cumprimenta profecia de Joel, que dizia: 

“E há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas, naqueles dias, derramarei o meu Espírito.” (Jl 2.28,29), 


Três sinais marcaram este evento da descida do Espírito Santo no Pentecostes: o som como de um vento, línguas como de fogo pousando na cabeça deles e o falar em outras línguas. Somente o falar em línguas se repetiu nos outros registros em que pessoas foram batizadas no Espírito Santo, como na casa de Cornélio (At 10.44,45) e em Éfeso (At 19.1-6). Isso nos leva a crer que as línguas eram o sinal visível de que a pessoa recebeu o batismo no Espírito Santo, como veremos no próximo tópico. 


3- A expansão da Igreja Primitiva.  Depois do Pentecostes, com a conversão de três mil almas, Pedro e João subiam juntos ao templo para a oração. Na entrada, um coxo lhes pediu esmolas. Os apóstolos disseram: 

- Não temos prata nem ouro. Mas, o que temos te oferecemos: Em nome de Jesus Cristo, levanta-te e anda. 

Imediatamente, o homem andou, saltou e louvou a Deus, perante o povo. Atônitos, todos ficaram olhando para Pedro e João, sem entender o que havia acontecido. Novamente, Pedro fez um discurso eloquente e ousado, anunciando a Jesus, mostrando pelas Escrituras que Ele era o Messias prometido a Israel. Muitas pessoas creram e o número de convertidos chegou a quase cinco mil pessoas. 


Este milagre provocou um alvoroço na cidade, porque os sacerdotes, o capitão do templo e saduceus se doeram, porque os apóstolos ensinavam ao povo sobre Jesus e a ressurreição. As autoridades religiosas resolveram prendê-los, para interrogá-los no dia seguinte acerca do ocorrido. 


Diante dos sacerdotes e autoridades do templo, Pedro discursou novamente, reafirmando que Jesus é o Messias e que em nome dele, o coxo fora curado. Sem saber o que fazer, pois, o milagre era incontestável diante da multidão, resolveram soltar os apóstolos, alertando-os de que não mais falassem, nem ensinassem em nome de Jesus. Com autoridade do Espírito Santo, Pedro respondeu que para eles era mais importante obedecer a Deus do que aos homens, pois não poderiam deixar de falar daquilo que viram e ouviram. 


No capítulo 5 temos o episódio envolvendo Ananias e sua esposa Safira, que mentiram aos apóstolos, escondendo parte do valor da venda de uma propriedade, para parecer que estavam entregando todo o dinheiro, quando na verdade era só uma parte. O Espírito Santo revelou tudo a Pedro e a farsa foi desmontada. Ambos foram mortos, um após o outro. Este acontecimento trouxe grande temor a todos. 


Depois disto, no capítulo 6 de Atos, temos a instituição dos diáconos. Com o crescimento rápido e intenso do número de convertidos, a assistência social às viúvas estava deixando a desejar e houve murmuração por parte dos cristãos de fala grega. Os apóstolos, então, resolveram escolher sete homens para cuidar desta área. Um dos requisitos era que o candidato fosse cheio do Espírito Santo.

Dois dos diáconos escolhidos, Estêvão e Filipe, se destacaram na evangelização e foram usados pelo Espírito Santo em sinais e prodígios entre o povo. Estêvão pregou ousadamente em Jerusalém e foi apedrejado até à morte. Depois da morte de Estêvão, grande perseguição se levantou e os discípulos tiveram que sair de Jerusalém. Filipe foi a Samaria e foi usado pelo Espírito Santo para pregar o Evangelho e realizar milagres. Uma multidão se converteu. Até um mágico antigo que havia na cidade se converteu. 


No capítulo 9, temos a conversão de Saulo, em um encontro pessoal com o Senhor Jesus, no caminho de Damasco. Nos capítulo 11 temos a conversão de Cornélio. O Espírito Santo concedeu visões a Pedro para que ele se desvencilhasse do preconceito contra os gentios. Na casa de Cornélio, enquanto Pedro pregava, o Espírito Santo desceu e as pessoas foram batizadas no Espírito Santo. 


No capítulo 12, Lucas relata a perseguição de Herodes à Igreja, mandando matar Tiago e prender Pedro. A Igreja fez contínua oração e Pedro foi milagrosamente liberto da prisão. Quando Herodes procurou Pedro e não o achou, mandou executar os guardas. Na mesma noite, Herodes sentiu-se um deus e morreu comido de bichos. 


A partir do capítulo 13 todo o protagonismo passa a ser do apóstolo Paulo, conduzido pelo Espírito Santo, é claro. Inicialmente, Saulo foi chamado por Barnabé para ensinar a Palavra de Deus aos novos crentes em Antioquia. Em uma reunião de oração e jejum, o Espírito Santo falou àquela Igreja que separassem Barnabé e Saulo para a obra missionária. A partir daí, eles navegaram pelo mundo, sob a direção do Espírito Santo, levando o Evangelho aos gentios e plantando Igrejas. 


Conforme vimos no trimestre passado, o apóstolo Paulo foi o personagem mais importante do Cristianismo, depois de Jesus. Ele foi um missionário incansável, sedento por almas. Foi também o grande doutrinador da Igreja cristã, escrevendo treze epístolas. Paulo era um homem de uma profunda comunhão com o Espírito Santo, que viu coisas inefáveis, que segundo ele disse, "não seria lícito falar aos homens". 


REFERÊNCIAS:


BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.  

HORTON, Stanley M. O que a Bíblia diz Sobre o ESPÍRITO SANTO. Editora CPAD.

LOPES, Hernandes Dias. Atos. A ação do Espírito Santo na vida da igreja. Editora Hagnos. págs. 19-21; 50-55.          


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Pb. Weliano Pires

08 março 2022

O EVANGELHO DE LUCAS: O ESPÍRITO SANTO NO MINISTÉRIO DE CRISTO

(Comentário do 1º tópico da Lição 11: Lucas – Atos: o modelo pentecostal para hoje

Neste primeiro tópico, falaremos sobre a ação do Espírito Santo no ministério de Jesus, no Evangelho segundo Lucas. Lucas, o médico amado, foi companheiro de missões do apóstolo Paulo, a partir da segunda viagem missionária. O uso constante do pronome "nós", nos relatos de Atos dos apóstolos confirmam que ele estava presente naqueles acontecimentos (At 16.10-16).

 

Lucas é o único escritor gentio do Novo Testamento. O evangelho de Lucas possui menos capítulos que o de Mateus. Lucas tem 24 capítulos e Mateus tem 28. Entretanto, o conteúdo de Lucas é mais extenso. A base para afirmar que Lucas é o autor deste livro e do livro de Atos dos apóstolos são os prólogos de ambos, direcionados ao mesmo destinatário, que é Téofilo. 


O prólogo demonstra que o livro foi escrito mediante minuciosas pesquisas de Lucas, consultando documentos e ouvindo testemunhas oculares do ministério de Jesus. Este evangelho é considerado o Evangelho dos gentios. Lucas apresenta Jesus como o homem perfeito e estende a sua genealogia até Adão, diferente de Mateus que foi somente até Abraão, pois escrevia para os judeus. 


Lucas também dá bastante destaque aos gentios, relatando os casos da viúva de Sarepta (Lc 4.26); a cura de Naamã, o general sírio que venceu guerras contra Israel (Lc 4,27); a cura dos dez leprosos com destaque a um samaritano que voltou para agradecer (Lc 17.11-37); a parábola do  bom samaritano, que superou a insensibilidade do levita e do sacerdote (Lc 10.25-37); deu destaque às crianças (Lc 7.32); deu ênfase ao respeito de Jesus às mulheres (Lc 8.2; 23.27; 24.22); e aos pobres e oprimidos (Lc 7.22; 14.13; 18.22; 19.8). 


1- O Espírito Santo no Evangelho. A principal característica do Evangelho de Lucas que o diferencia dos outros dois sinóticos, Mateus e Marcos, é a ênfase dada à ação do Espírito Santo, que prossegue no Livro de Atos dos Apóstolos, conforme veremos no próximo tópico. Só nos primeiros dois capítulos, Lucas faz sete referências ao Espírito Santo: Lc 1.15, 16, 35, 41, 67; Lc 2.25, 26, 27). 


Nos dois primeiros capítulos Lucas, ao narrar os nascimentos de João Batista e Jesus, Lucas mostra a ação do Espírito Santo desde a concepção de ambos. No caso de João Batista, os seus pais eram idosos e a sua mãe era estéril. Zacarias, pai de João Batista recebeu a visita de um anjo que lhe anunciou que ele seria pai e que o menino seria cheio do Espírito Santo. Tanto Isabel, quanto Zacarias, foram usados pelo Espírito Santo. Ela, para engravidar sendo estéril e idosa. E ele, para profetizar e compor o seu cântico que é chamado em latim de “Benedictus”. (Lc 1.67-79). 


No nascimento de Jesus, a ação do Espírito Santo também aconteceu desde a sua concepção, de forma sobrenatural. Maria era uma virgem, desposada (prometida em casamento) com José. Antes de haver qualquer ajuntamento carnal entre eles, o anjo Gabriel anunciou a Maria: “Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; pelo que também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus.” (Lc 1.35). Jesus foi gerado no ventre de Maria, sem a participação masculina ou qualquer espécie de inseminação. 


Esta concepção virginal, havia sido profetizada pelo profeta Isaías, 700 anos antes de Cristo: “Portanto, o mesmo Senhor vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel.” (Is 7.14). É importante destacar que não foi apenas um nascimento virginal, pois, isso pode acontecer. Foi uma concepção virginal, sem que houvesse nenhum ato sexual. Por isso dizemos que Jesus foi concebido por obra do Espírito Santo. 


Temos ainda a ação do Espírito Santo na vida de Simeão, um servo de Deus, que o Espírito Santo estava com ele. Em idade avançada, Simeão havia recebido uma revelação do Espírito Santo, de que não morreria sem antes conhecer o Messias (Lc. 2.67). O Espírito Santo conduziu Simeão ao templo, para que conhecesse o menino Jesus (Lc 2.27). Depois que viu Jesus, Simeão tomou-o em seu braço e também compôs o seu cântico chamado em latim de ‘Nunc dimittis”, devido às primeiras palavras do cântico em latim: “Nunc dimittis servum tuum, Domine”. (Despedes em paz o teu servo, Senhor) (Lc 2.29-32). 


Temos ainda na mensagem de João Batista, a menção de que Jesus batizaria com o Espírito Santo e com fogo (Lc 3.16). Lucas relata também a ação do Espírito Santo no episódio da tentação de Jesus e durante todo o seu ministério, como veremos a seguir. 


2- O Espírito Santo e o batismo de Cristo.  No evangelho de João, quando lemos sobre o batismo de Jesus, João Batista nos informa que antes de batizar Jesus, aquele que havia lhe enviado a batizar, o orientou sobre quem seria o Cristo, e que Ele batizaria com o Espírito Santo: “E João testificou, dizendo: Eu vi o Espírito descer do céu como uma pomba e repousar sobre ele. Eu não o conhecia, mas o que me mandou a batizar com água, esse me disse: Sobre aquele que vires descer o Espírito e sobre ele repousar, esse é o que batiza com o Espírito Santo.” (Jo 1.32,33). 


Lucas relata que no momento do batismo de Jesus, aconteceram três eventos extraordinários: (a) o céu se abriu (Lc 3.21); (b) o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma de pomba (Lc 3.22a); e (c) ouviu-se uma voz vindo do céu que estava aberto (Lc 3.22b). Esta descida do Espírito Santo desta forma é uma indicação de que aquilo foi real e não apenas uma visão, como muitos poderiam imaginar. Isso também não significa que Jesus não tivesse o Espírito Santo antes do seu batismo, pois, conforme já falamos Jesus foi cheio do Espírito Santo desde a  sua concepção. 


A descida do Espírito Santo no batismo de Jesus significa que Deus estava confirmando publicamente que Ele é o Messias. Era também um sinal para João, pois como já falamos, Deus havia lhe dado este sinal. Há também uma manifestação visível da Santíssima Trindade: O Pai falando dos Céus, o Filho sendo batizado na terra e o Espírito Santo descendo sobre o Filho.


3 - O Espírito Santo e a tentação de Cristo. Todo o processo da tentação de Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo. O texto bíblico nos mostra que Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo ao deserto para ser tentado pelo diabo. “E Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto.” (Lc 4.1). No deserto, em jejum, oração e íntima comunhão com o Pai, Jesus foi tentado por um espaço de quarenta dias. 


O relato da tentação de Jesus nos ensina que Ele não foi tentado motivado por concupiscência interior, ou quaisquer resquício de soberba e cobiça, oriundo da natureza humana decaída, pois, Ele não tinha pecado e a sua natureza não era corrompida. Também não foi tentado por iniciativa do diabo. Fazia parte do plano de Deus e Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo a esse processo. Na tentação, o diabo tentou fazer com que Jesus desviasse o foco da sua missão e tentou fazê-lo ter dúvida de que Ele era o Filho de Deus. Mas, Jesus fortalecido no Espírito, venceu as investidas do inimigo com a poderosa Palavra de Deus.


Da mesma forma, quando somos tentados, nunca devemos  enfrentar as forças espirituais da maldade e do pecado, com as nossas próprias forças, sem o poder do Espírito. Precisamos nos equipar com toda a armadura de Deus, para vencer e depois da vitória ficar firmes. (Ef 6.10-18). 


4- O Espírito Santo e a missão de Cristo.  Após  a vitória de Cristo contra o diabo na tentação, o Espírito Santo continuou conduzindo os passos de Jesus em seu ministério. Ele foi conduzido pelo Espírito Santo para a Galiléia (Lc 4.14). Em Caná da Galiléia, o Mestre fez o seu primeiro milagre, transformando água em vinho (Jo 2.1-11). A sua fama correu por toda a região. Na Galiléia, Jesus pregou em vários lugares e, na sinagoga de Nazaré, cidade em que Ele foi criado, foi convidado para ler as Escrituras. Nazaré era uma cidade desprezada pelos judeus, como era toda a Galiléia. Mas, foi ali, que o anjo Gabriel havia anunciado o nascimento de Jesus. 


Na sinagoga de Nazaré, o Mestre abriu o rolo do Livro do profeta Isaías e leu o início do capítulo 61, onde declara que o Espírito Santo estava sobre Ele e o ungiu para evangelizar, quebrantar os corações, proclamar liberdade aos cativos, dar vista aos cegos e anunciar o ano aceitável do Senhor, que era uma referência ao ano do Jubileu de Israel, onde se perdoava as dívidas e libertava-se os escravos. (Lc 4.15,16).


Após a leitura, todos fitaram os olhos em Jesus, aguardando a explicação daquela Escritura e Ele lhes disse: “Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos.” (Lc 4:21). Jesus fez a aplicação deste texto ao seu ministério como o Messias prometido a Israel. O povo ficou admirado das suas palavras, pois todos o conheciam, sabendo que Ele era o filho de José e Maria. Os seus pais e os seus irmãos também eram conhecidos ali. Por isso, Jesus acabou sendo expulso daquela sinagoga e seguiu para Cafarnaum, outra cidade da Galiléia, onde fez muitos milagres e pregou nas sinagogas da região.  


REFERÊNCIAS: 


BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.    

LOPES, Hernandes Dias. Lucas: Jesus o Homem. Editora Hagnos. 1 Ed 2017.        

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Editora CPAD. pag. 1529.    


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Pb Weliano Pires


JESUS CRISTO CURA SIM

(Comentário do 3º tópico da Lição 06: A promessa de cura divina)  Ev. WELIANO PIRES  No terceiro tópico, veremos que Jesus Cristo cura sim. ...