06 maio 2025

JESUS, A PORTA DAS OVELHAS

(Comentário do 1º tópico da Lição 6: O Bom Pastor e as suas ovelhas) 

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico, falaremos do tema Jesus, a porta das ovelhas. Mostraremos o contexto do capítulo 10 de João, que é o episódio relatado no capítulo 9. Na sequência, falaremos do significado da figura da porta das ovelhas. Jesus apresenta-se como aquele que entra pela porta das ovelhas e em seguida diz que Ele é a porta do aprisco. Por último, falaremos da mensagem contida na declaração de Jesus: Eu sou a porta. 


1. O contexto. Sempre que lemos um texto bíblico, precisamos considerar o devido contexto, para interpretá-lo corretamente. Mas, o que é um contexto? De modo geral, contexto é o conjunto de circunstâncias à volta de um acontecimento ou de uma situação. Por exemplo, para compreendermos um acontecimento histórico, precisamos conhecer as circunstâncias em que ele aconteceu. Se lermos a história com os olhos voltados para a atualidade, certamente iremos deturpá-la. 


No caso da interpretação de um texto, o contexto são todas as informações que acompanham o texto, modo pelo qual as ideias se encadeiam no discurso. Alguém já disse, sabiamente, que texto sem contexto gera pretexto. Na interpretação dos textos bíblicos não é diferente. Muitos equívocos e heresias têm surgido ao longo dos anos, por causa da má interpretação dos textos bíblicos. 


A Hermenêutica bíblica é a matéria da teologia que estuda os princípios para uma correta interpretação dos textos bíblicos. Dentro das regras da Hermenêutica, para interpretar corretamente um texto bíblico, precisamos considerar o contexto daquele texto. O Pr. Ciro Sanches Zibordi, explica em sua exposição desta aula que, para uma análise correta de um texto bíblico, precisamos considerar sete tipos de contextos: 

  1. O contexto geral da Bíblia: É preciso analisar os textos bíblicos considerando todo o conteúdo da Bíblia e não isoladamente; 

  2. O contexto imediato: São os textos mais próximos do texto lido (Versículos e capítulos anteriores e posteriores); 

  3. O contexto remoto: São as passagens mais distantes, que tratam do mesmo assunto; 

  4. O contexto referencial: São os textos paralelos, não apenas de palavras, mas de ideias. Por exemplo: outros textos bíblicos que falam da ilustração de pastor e ovelhas. 

  5. O contexto histórico: A época e as circunstâncias em torno daquele texto; 

  6. O contexto literário: O gênero literário daquele texto, se é história, alegoria, parábola, profecia, poesia, etc. Cada gênero literário deve ser interpretado em seu respectivo estilo. 

  7. O contexto cultural: São os costumes, leis, valores, e crenças do povo onde o texto foi escrito. 


Em que contexto, Jesus fez este discurso do capítulo 10 de João? O contexto imediato são os fatos registrados no capítulo 9, que é a cura de um cego de nascença e as discussões com os fariseus, por causa desta cura. O homem depois de ser curado passou a testemunhar de Jesus e acabou sendo expulso da sinagoga. Jesus usou a ilustração do Bom Pastor e suas ovelhas, no calor dessa discussão. 


2. A Porta das Ovelhas. A principal atividade econômica do povo de Israel, desde o tempo dos patriarcas, era a agricultura e a pecuária. Na agricultura, eles dedicavam-se ao cultivo de trigo, para a produção de pães; uvas para a produção de vinho; e olivas para a produção de azeite. Na pecuária, criavam bois e ovelhas, para o consumo de carnes e também para os sacrifícios religiosos. 


Há vários exemplos de pessoas importantes da história de Israel, que se dedicaram à atividade de pastorear rebanhos: Jacó foi pastor das ovelhas do seu tio e sogro, Labão; os filhos de Jacó, quando venderam José, estavam no campo cuidando dos rebanhos do seu pai. Depois, quando se mudaram para o Egito, foram morar na terra de Gósen, porque eram criadores de gado e ovelhas. (Gn 46.31-34); Moisés, pastoreou as ovelhas do seu sogro por 40 anos (Ex 3.1); Davi também, antes de ser ungido rei de Israel, era pastor das ovelhas do seu pai (1 Sm 16.11).


A ovelha é um animal quadrúpede, mamífero, herbívoro e ruminante, da família Bovidae. Por serem parecidas com as cabras, as pessoas acabam confundindo, mas ovelhas e cabras são muito diferentes em suas características. O macho da ovelha é chamado de carneiro e os seus filhotes são os cordeiros. O macho das cabras é o bode e os filhotes são os cabritos. 


As ovelhas são animais inteligentes, capazes de reconhecer os outros animais de seu rebanho e até os rostos humanos. A fêmea é tranquila e dócil. Porém, o carneiro é agressivo e tem muita força na cabeça. É capaz de derrubar uma pessoa com uma cabeçada. A ovelha é um animal míope e só enxerga até três metros à sua frente e só enxerga nitidamente até um metro. Por outro lado, a audição e o faro são muito aguçados. As ovelhas conseguem identificar a voz do seu pastor no meio de outras vozes e não seguem a estranhos. Elas reconhecem o cheiro do pastor e o seguem. 


Tanto o povo de Israel quanto os seus governantes conheciam profundamente a atividade do pastor de ovelhas. Por isso, esta ilustração usada por Jesus, comparando-se a um pastor de ovelhas, era perfeitamente compreensível pelos seus interlocutores. Em sentido literal, o pastor de ovelhas difere do pastor de outros tipos de rebanhos de tem características especiais. 


As atividades principais inerentes à função do pastor de ovelhas são: prover o alimento, conduzir as ovelhas ao pasto e ao aprisco, tratar das ovelhas feridas, buscar as que se perderam pelo caminho e proteger o rebanho dos predadores. Para entender o texto de João 10, quando Jesus fala do pastor e das ovelhas, não podemos comparar com a criação de ovinos na atualidade, com a tecnologia e os equipamentos disponíveis. Precisamos voltar os nossos olhos para a atividade pastoril daqueles tempos. 


Os pastores de ovelhas chamavam os seus rebanhos e iam à frente deles para conduzi-las a um lugar seguro chamado aprisco ou redil, como veremos no próximo tópico. Neste local cercado, havia apenas uma porta de acesso e, após todas as ovelhas entrarem, o pastor ficava na porta para que nenhuma delas saísse e para protegê-las dos predadores e ladrões. Sendo assim, o pastor desempenhava a função de uma porta, pois através dele, as ovelhas entravam no aprisco e eram protegidas.


3. A mensagem da porta. Jesus usou a ilustração do curral das ovelhas e do pastor, para falar da salvação. No primeiro versículo do capítulo 10 de João, Ele disse: “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que não entra pela porta no curral das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador.” (Jo 10.1). Como os seus ouvintes não entenderam o que Ele queria dizer, a partir do versículo 7, Jesus explicou: “Em verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas. Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os ouviram. Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens.” (Jo 10.7-9). 


Com esta ilustração, Jesus deixou claro que Ele é a única porta, ou o único acesso ao Pai. Não existe outro mediador entre Deus e a humanidade (1 Tm 2.5). Mais à frente, no capítulo 14, versículo 6, Jesus disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, senão por mim”. Em todas estas afirmações de Jesus sobre si mesmo, Ele usou os artigos definidos “a” e “o” no singular. Fica claro que Jesus não é uma entre outras portas, ou um entre outros caminhos que possam conduzir o homem a Deus. Ele é a única porta, o único caminho, o único meio de Salvação. O apóstolo Pedro afirmou que “em nenhum outro [Gr.heteros ‘outro diferente’] há salvação…” (At 4.12). 


REFERÊNCIAS: 


CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.

Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.39.

Comentário Bíblico Beacon. Volume 7. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, p.97, 98.

Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2025: https://dicionario.priberam.org/contexto.

Toda a Matéria: O que é contexto: https://www.todamateria.com.br/contexto/

ZIBORDI, Ciro Sanches. O Bom Pastor e suas Ovelhas | ​⁠Lição 6 | Evangelho de João. https://www.youtube.com/watch?v=KdzgQNAuptA&t=3626s


05 maio 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 6: O BOM PASTOR E SUAS OVELHAS

Ev. WELIANO PIRES / AD-BELÉM SÃO CARLOS, SP

REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA


Na lição passada, falamos de Jesus, a Verdade que liberta, com base em alguns versículos dos capítulos 7 e 8 de João. 

I. Jesus, a verdade em Jerusalém. Discorremos sobre o contexto em que Jesus se apresentou como a Verdade que liberta, falando sobre a ida de Jesus da Judéia para a Galiléia, o discurso de Jesus na festa dos tabernáculos e que é que é necessário não apenas para conhecer a verdade, mas a viver na verdade. 

II. Jesus como a Verdade diante dos escribas e fariseus. Falamos da Verdade no episódio envolvendo a mulher adúltera, que os inimigos de Jesus trouxeram perante Ele para tentar apanhá-lo em alguma falha. Falamos da Verdade revelada, que foi resistida pelos mestres da Lei, e da Verdade que o mundo precisa conhecer e a procura em outros lugares. 

III. Jesus como a verdade que liberta o pecador. Falamos da verdade que liberta, com base no texto de João 8.31-38, que mostra que Jesus é o único que proporciona a verdadeira libertação ao pecador. Vimos o que é a Verdade mencionada no Evangelho segundo João. Por último, vimos que aqueles que são verdadeiramente livres, estão inclinados às coisas do Espírito.


INTRODUÇÃO À LIÇÃO 06


Na continuação do estudo do Evangelho segundo João, na lição desta semana passaremos para o capítulo 10 de João e estudaremos a figura do Bom Pastor e suas ovelhas. Ficou de fora do nosso estudo, o capítulo 9, que relata a cura de um cego de nascença e a repercussão deste milagre perante os escribas e fariseus, que ficaram indignados porque Jesus curou o homem no sábado. O discurso de Jesus falando de Si mesmo como o Bom Pastor que dá a sua vida pelas ovelhas aconteceu neste contexto de contestação dos seus adversários. 


O que representa para nós o fato de sabermos que Jesus é o Bom Pastor que cuida das suas ovelhas? Ao longo desta lição aprenderemos Jesus nos guia com amor, cuidado e nos proporciona salvação, segurança e uma liderança genuína. Neste discurso de Jesus, podemos notar um enorme contraste entre o cuidado do Bom Pastor, que é Jesus e os falsos pastores, a quem Ele chamou de mercenários que não cuidam do rebanho e fogem quando veem os perigos.  Por isso, é muito importante reconhecer e obedecer à voz de Jesus, pois somente Ele nos conduz em caminhos de vida e proteção.


No primeiro tópico, falaremos do tema Jesus, a porta das ovelhas. Mostraremos o contexto do capítulo 10 de João, que é o episódio relatado no capítulo 9. Na sequência, falaremos do significado da figura da porta das ovelhas. Jesus apresenta-se como aquele que entra pela porta das ovelhas e em seguida diz que Ele é a porta do aprisco. Por último, falaremos da mensagem contida na declaração de Jesus: Eu sou a porta. 


No segundo tópico, falaremos da figura do aprisco das ovelhas. Inicialmente, o comentarista apresenta um dilema: O texto de João 10 é uma parábola ou uma alegoria? Nas sequência, falaremos da simbologia do aprisco das ovelhas, que literalmente era um lugar cercado, com apenas uma porta de acesso, para que as ovelhas descansassem em segurança. Por último, falaremos do aprisco como um lugar de proteção para as ovelhas. 


No Terceiro tópico, veremos a distinção entre o Bom Pastor e o mercenário. Inicialmente, falaremos das características do Bom Pastor, apresentadas por Jesus em João 10.11. Na sequência, falaremos das características do mercenário, descritas por Jesus em João 10.12. Por fim, faremos um contraste entre o Bom Pastor e os lobos vorazes, expressão usada pelo apóstolo Paulo para se referir aos falsos mestres. 


REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.

Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.39.

Comentário Bíblico Beacon. Volume 7. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, p.97, 98.


O BOM PASTOR E SUAS OVELHAS


SUBSÍDIO DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO /CPAD

Nesta aula, veremos Jesus representado na figura do Bom Pastor, aquele que cuida e sacrifica sua vida em favor das ovelhas (Jo 10.11). Diferentemente do mercenário, que trabalha por interesses espúrios, o Bom Pastor, zela pelo bem-estar das suas ovelhas, as protege, guia e traz de volta para o caminho certo, caso estas se desviem do redil. Além da figura do pastor, a mesma passagem refere-se a Cristo como a porta pela qual as ovelhas entram, saem e encontram pastagem (v.9). Trata-se de mais uma figura que representa o cuidado de Cristo pelas ovelhas, mais especificamente quanto ao sustento e à provisão no aprisco. Jesus também se revela como o caminho exclusivo para entrar no Reino de Deus (Jo 14.6).

De acordo com o Comentário Devocional da Bíblia (CPAD), “à noite, as ovelhas eram mantidas em um ‘aprisco’: um cercado de pedras, espinheiros ou, às vezes, uma caverna. Este curral tinha apenas uma abertura e, à noite, o pastor dormia nele. Nenhum animal selvagem ou ladrão podia chegar às ovelhas porque o próprio pastor ficava na porta. Como a porta, Jesus apresentava-se como o único meio de ingresso no seu rebanho e, ao mesmo tempo, a via pela qual o rebanho passaria para encontrar passagem. Não é de admirar que Jesus dissesse: ‘Eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância’ (v.10)” (2012, p.686).

Esta narrativa nos remete a entender o relacionamento entre Jesus e Seus discípulos. Ele, como o Bom Pastor da história, promete proteger Suas ovelhas das investidas dos lobos vorazes. No contexto bíblico, a figura do “lobo”, muitas vezes, é a representação dos falsos líderes e mestres que introduzem falsos ensinamentos entre os irmãos (Mt 7.15,16). Isso aconteceu e os apóstolos tiveram trabalho para combater os falsos ensinos nos primeiros anos da igreja (At 20.29,30). Atualmente, o Bom Pastor continua a alertar sua igreja quanto aos perigos das falsas crenças. Além disso, Jesus promete também guardar e guiar Seus seguidores, provendo tudo que fosse necessário para encaminhá-los rumo à eternidade. O alimento espiritual do crente é a Palavra de Deus (Lc 4.4; Jo 6.58). É por meio de seus ensinamentos que temos a nossa fé enriquecida e fortalecida para suportar os dias difíceis e continuar declarando que somente Jesus salva, cura, liberta, batiza no Espírito Santo e leva o homem ao céu. É por meio do cuidado do Bom Pastor que encontramos consolo para as tristezas e aflições da alma (Jo 14.27). Como ovelhas obedientes do seu rebanho, devemos depender do cuidado e amor dEle.

02 maio 2025

JESUS, A VERDADE QUE LIBERTA O PECADOR

(Comentário do 3º tópico da Lição 05: A Verdade que liberta).

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, mostraremos Jesus como a verdade que liberta o pecador. Inicialmente, falaremos da verdade que liberta, com base no texto de João 8.31-38, que mostra que Jesus é o único que proporciona a verdadeira libertação ao pecador. Na sequência, veremos o que é a Verdade mencionada no Evangelho segundo João.  Por fim, veremos que aqueles que são verdadeiramente livres, estão inclinados às coisas do Espírito. 


1. A verdade que liberta. Após o episódio envolvendo a mulher adúltera, Jesus prosseguiu em seu discurso e disse: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida”. (Jo 8.12). Ouvindo isto, os fariseus retrucaram dizendo: “Tu testificas de ti mesmo; o teu testemunho não é verdadeiro”. (Jo 8.13). De fato, a Lei mosaica dizia que o testemunho de uma única pessoa não deveria ser considerado para condenar alguém à pena capital: “Por boca de duas ou três testemunhas, será morto o que houver de morrer; por boca de uma só testemunha, não morrerá”. (Dt 17.6). 

Jesus confirmou diante deles que, de fato, a Lei dizia isto e comprovou que o seu testemunho era verdadeiro, pois contava com o testemunho do Pai: “Eu sou o que testifico de mim mesmo, e de mim testifica também o Pai que me enviou”. (Jo 8.18). A discussão continuou e muitos dos que o ouviam creram em Jesus. Para estes que creram, Jesus disse: “Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jo 8.31,32). 

Pensando que Jesus lhes falava da escravidão no sentido trabalhista, eles alegaram que eram descendentes de Abraão e nunca foram escravos de ninguém. Esta afirmação não era verdadeira, pois mesmo neste aspecto, naquele momento eles não eram livres, porque Israel estava sob o domínio romano. Jesus, então, explicou-lhes de qual escravidão estava falando: “Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado”. (Jo 8.34). Em seguida, concluiu: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres”. (João 8:36).

A Bíblia nos mostra em vários textos que todos os seres humanos herdaram a natureza pecaminosa de Adão e já nascem pecadores. Não há nenhum justo que nunca peque e, segundo o apóstolo João, “se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós” (1 Jo 1.8). Tendo nascidos com a natureza corrompida pelo pecado, somos por natureza escravos do pecado e incapazes de nos libertarmos desta escravidão. Somente o Senhor Jesus, que é a Verdade personificada, pode nos libertar desta escravidão. 


2. O que é a verdade? Esta pergunta perturba o intelecto humano desde a sua criação. Desde o princípio, o ser humano busca a verdade. Siddhartha Gautama, primeiro Buda e fundador do budismo, depois de buscar a verdade durante toda a sua existência, declarou: “Passei a vida inteira procurando a verdade e não a encontrei”. Outros sábios, filósofos, líderes religiosos e heróis da antiguidade, também trilharam vários caminhos em busca da verdade e se frustraram, pois a verdade não pode ser encontrada por meios humanos. 

Do ponto de vista bíblico, a verdade vai muito além de mera conformidade com os fatos. Na Bíblia, a verdade está relacionada ao caráter de Deus, à Sua Palavra, e a Jesus Cristo, que é a personificação da Verdade. Nos textos do Antigo Testamento, a palavra hebraica  “emet”, foi traduzida como “fidelidade, verdade e firmeza”. Estas são características inerentes de Deus, pois Ele não falha, não mente e não muda a sua essência e caráter. 

O Novo Testamento usa a palavra grega “Aletheia” que significa algo real, autêntico e revelado, para se referir à verdade. Há também o termo grego “Amém” transliterado do hebraico “Amén”, que significa algo que é verdadeiro e fiel. A expressão “em verdade, em verdade”, muito usada nos discursos de Jesus e somente João a registrou, é a tradução do grego “Amém, amém”. A duplicação serve para dar maior ênfase à veracidade do que foi dito. 

Deus se apresenta no Antigo Testamento como a mais absoluta verdade e tudo que se relaciona a Ele é absolutamente verdadeiro: “Ele [Deus] é a Rocha, cuja obra é perfeita, porque todos os seus caminhos justos são; Deus é a verdade, e não há nele injustiça; justo e reto é”. (Dt 32.4). Nos Salmos, Deus é mencionado como o Deus da Verdade:  “Nas tuas mãos entrego o meu espírito; tu me redimiste, SENHOR, Deus da verdade” (Sl 31.5); A Palavra de Deus também é chamada de verdade: “Porque o SENHOR é bom, e eterna é a sua misericórdia; e a sua verdade dura de geração em geração” (Sl 100.5).  

A verdade mencionada por Jesus no Evangelho segundo João, não é apenas um conceito filosófico abstrato. Ele próprio é a manifestação visível do Deus verdadeiro (Jo 1.18; Cl 1.15). Jesus também afirmou que a palavra de Deus é a Verdade: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17). O Espírito Santo também é chamado por Jesus de “o Espírito da Verdade: “O Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós”. (Jo 14.17). Portanto, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, a Verdade está relacionada às três Pessoas da Santíssima Trindade. 


3. Verdadeiramente livres. Conforme falamos acima, todo ser humano, sem exceção, foi corrompido pelo pecado, tornando-se escravo dele. Escrevendo aos Romanos, o apóstolo Paulo disse: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. (Rm 3.23). Mesmo sendo livres, no sentido econômico, o ser humano não é livre no sentido espiritual, pois está preso aos grilhões do pecado, sem poder soltar-se por conta própria. 

O diabo mantém o ser humano escravo dos apetites desordenados da sua  natureza carnal. Somente através do conhecimento da Verdade é que o ser humano pode ser verdadeiramente liberto das amarras do pecado. Este conhecimento, ao qual Jesus se refere, não é apenas o conhecimento teórico da Verdade, mas um relacionamento com Ele, que somente acontece após o milagre do novo nascimento que o Espírito Santo opera em nosso interior. Há pessoas que conhecem a verdade teoricamente mas não são livres porque não foram regeneradas. 

A liberdade prometida por Jesus significa que o crente passou da condenação para a vida. Saiu da condição de inimigo de Deus, para a condição de filho de Deus, mediante a fé em Cristo (Jo 1.11,12). Com esta liberdade, não nos resta mais nenhuma condenação pelo pecado, pois Cristo assumiu o nosso lugar e pagou o preço da nossa redenção (Rm 8.1). Ele mesmo nos garantiu que estamos livres da condenação: “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida”. (Jo 5.24).


REFERÊNCIAS:

CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.

Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.38

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Volume 1. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2024, p.528, 545.

Comentário Bíblico Beacon. Volume 7. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2006, p.86.

JESUS, A VERDADE DIANTE DOS ESCRIBAS E FARISEUS

(Comentário do 2º tópico da Lição 5: A Verdade que liberta).

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos de Jesus como a Verdade diante dos escribas e fariseus. Falaremos da Verdade no episódio envolvendo a mulher adúltera, que os inimigos de Jesus trouxeram perante Ele para tentar apanhá-lo em alguma falha. Na sequência, falaremos da Verdade revelada, que foi resistida pelos mestres da Lei, mas ninguém pode obstruí-la. Por último, falaremos da Verdade que o mundo precisa conhecer e a procura em outros lugares, mas Jesus é a única Verdade. 


1. A verdade no episódio da mulher adúltera. O capítulo 7 termina com uma discussão entre os sacerdotes e fariseus a respeito de Jesus. Eles haviam mandado os seus servidores prenderem a Jesus, porém eles ficaram encantados com a mensagem pregada por Ele e não o prenderam. Quando retornaram, as autoridades religiosas perguntaram por que não haviam cumprido a ordem de prender a Jesus. A resposta deles foi: “Nunca homem algum falou assim como este homem”. (Jo 7.46). A partir daí, iniciou-se uma discussão, na qual Nicodemos defendeu Jesus e foi censurado por seus pares. Diante desse impasse, cada um foi para a sua casa. 

Neste intervalo, em que os religiosos discutiam a respeito de Jesus, ele foi para o Monte das Oliveiras, onde passou a noite. Na manhã seguinte, o Mestre voltou ao templo, uma multidão se aproximou dele e Ele voltou a ensiná-los. Os fariseus, trouxeram uma mulher que fora flagrada em adultério e colocam-na diante da multidão. O objetivo deles era apanhar Jesus em alguma contradição, ou má interpretação da Lei, para acusá-lo de violar a Lei. Para isso, colocaram diante de Jesus o seguinte dilema: “Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando. Na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?” (João 8.4,5).

Aqueles homens eram inescrupulosos e não estavam interessados em saber da aplicação da Lei. O que eles queriam era apenas acusar Jesus. O julgamento deles era parcial e injusto e não subsistiria ao crivo da verdade. A lei, de fato, prescrevia que a mulher adúltera fosse apedrejada, mas, não apenas ela, pois ninguém adultera sozinho. A lei ordenava que o homem também fosse apedrejado: “O homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera”. (Lv 20.10). 

Conhecendo a intenção maliciosa do coração deles, Jesus deu-lhes uma resposta que confrontou a própria consciência deles: “Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela.” (Jo 8.7). Tendo dito isso, Jesus inclinou-se e escrevia na terra. Acusados pela própria consciência, aqueles homens começaram a se retirar um a um, começando pelos mais velhos, ficando apenas Jesus e a mulher. Jesus não a condenou, mas perdoou-a e disse: “Vai-te e não peques mais”. Muitas pessoas confundem esta atitude de Jesus com transigência com o pecado> Entretanto, Ele perdoou o pecado cometido, mas alertou-a para que não continuasse na prática do pecado. 


2. Jesus, a Verdade revelada. Todo ser humano que tem um encontro com Jesus, tem a sua consciência confrontada pela verdade. Se reconhecer os próprios pecados e crer em Jesus, encontrará a libertação dos pecados. Nenhum ser humano tem condições de libertar-se dos seus pecados por seus próprios méritos. Somente a verdade, que é Jesus, pode proporcionar esta libertação. É necessário, porém que haja este confronto com a verdade. Esta é a verdade revelada em Jesus. Um evangelho adocicado, que não confronta o pecado, não é o Evangelho de Cristo.

O Evangelho segundo João revela Jesus como a Verdade personificada (Jo 14.6). Ele não é uma das verdades ou um dos caminhos que conduzem a Deus, como muitos apregoam na atualidade. Jesus é o único mediador entre Deus e a humanidade (1Tm 2.5) e o único que pode salvar do pecado e nos conduz ao Pai (Jo 14.6; At 4.12). As pessoas aceitando ou não, Jesus continua sendo a Verdade. 

Alguns tentam reduzir Jesus a um mero sábio ou igualá-lo a filósofos, líderes religiosos, pacifistas, humanistas, etc.. Entretanto, não existe ninguém que seja igual a Jesus. Ele é o Filho de Deus, Fiel e Verdadeiro, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim. No próximo tópico, voltaremos ao tema da verdade, trazendo o conceito de verdade mencionada no Evangelho segundo João. 


3. A Verdade que o mundo precisa conhecer. Muitos batem em outras portas, em busca da verdade. Alguns pensam que a verdade está em um conjunto de princípios éticos que possam nortear a sua vida. Por isso, mergulham em reflexões intermináveis a respeito do sentido da vida. Os gregos usavam a palavra Aletheia, formada pelo prefixo de negação “a” (não) e “Lethes” (esquecimento), para se referir à verdade. Para os gregos, Aletheia é aquilo que é revelado, verdadeiro, sincero e real, em contraste com o que é oculto, falso e enganoso. 

Outros buscam a verdade na ciência, através das suas descobertas, como se aquilo fosse a última palavra em tudo. Mas a ciência não tem respostas para tudo. A ciência busca compreender o universo, mediante observações e experimentos, mas os cientistas são seres humanos limitados e falhos, que não podem oferecer respostas e soluções para todos os questionamentos humanos. Há muitos mistérios insondáveis na criação de Deus. Quando se trata das coisas espirituais, a ciência não tem condições de analisá-las, pois elas se discernem espiritualmente (1 Co 2.14,15). 

Há ainda os que buscam a verdade por meio do esoterismo, que é um conjunto de mistérios sobrenaturais, tradições religiosas e filosóficas, que somente algumas pessoas supostamente iluminadas possuem. O esoterismo está presente em várias religiões como o Budismo, Hinduísmo, Espiritismo, Astrologia, etc. Mas, tudo isso são sutilezas e vãs filosofias, como disse o apóstolo Paulo: “Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo e não segundo Cristo.” (Cl 2.8). Nada tem de verdade nessas coisas. 

Jesus Cristo, o Filho de Deus, é a Verdade que o mundo precisa conhecer. Esta Verdade confronta a natureza pecaminosa do ser humano e é a única que é capaz de libertar da escravidão do pecado, como veremos no próximo tópico. Nós fomos libertos do pecado por esta verdade e comissionados por Jesus, para proclamar esta verdade a toda criatura. 


REFERÊNCIAS:
CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.38
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Volume 1. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2024, p.528, 545.
Comentário Bíblico Beacon. Volume 7. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2006, p.86.

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