Publicado pelo Pr. Daladier Lima
Com a proliferação das redes sociais e outros problemas, faz-se
necessário atentar a algumas dicas ao visitar um doente. Gary Collins,
em seu best seller Aconselhamento Cristão, nos dá dicas preciosas de
aconselhamento e visitação a pessoas em situações vulneráveis. Não desejo
repetir o livro, mas gostaria de resumir algumas dicas para aqueles que as
quiserem colocar em prática, tanto da obra quanto da experiência prática:
1. Esteja sempre
acompanhado. De preferência por mais de uma pessoa. Visitar uma senhora, cujo
marido não é evangélico, por exemplo, dois ou três homens, pode trazer sérias
consequências. Muitas vezes nada acontece ali, mas ao saírem os questionamentos
poderão ser feitos por um marido ciumento. Então, se vai visitar uma mulher,
solteira ou casada, se faça acompanhar da sua própria esposa e, se puder,
convide outro casal. Só não esteja acompanhado de uma grande multidão. Geralmente,
um doente quer paz e calma e um grupo grande tende a causar barulho;
2. Esteja sempre
acompanhado de pessoas equilibradas. Isso evita grandes problemas.
Instrua a que evitem perguntas sensíveis e julgamentos precipitados. Ainda
temos aquele mesmo senso dos discípulos de Jesus: “Quem pecou? Ele ou seus
pais?”. Ora, Joel Carlson, grande
desbravador assembleiano brasileiro, foi infectado pelo tifo ao batizar um novo
membro, vindo a falecer dias depois. Paulo, provavelmente, tinha miopia, num
tempo sem óculos era fatal para quem viajava e escrevia tanto quanto ele!
Então, grandes provas em termos de enfermidades podem vir a qualquer pessoa,
não necessariamente por pecado;
3. Se faça acompanhar
de pessoas preparadas espiritualmente. Não sabemos o que vamos encontrar
numa visita. Ao mesmo tempo que uma doença não necessariamente é pecado, pode,
por outro lado, ser possessão demoníaca. Já ouvi relatos de pessoas que foram
libertas pelo poder da oração, mas, infelizmente, alguém da comitiva que
visitava se tornou possesso em seguida. Outros meninos espirituais acham que
tudo é possessão, que todos devem ser curados, não percebem a necessidade de
silêncio e calma e tudo desanda. Dias atrás me chegou a informação que em
determinado hospital público as visitas feitas por evangélicos estão suspensas.
O motivo: Os irmãos faziam muito barulho, incomodando os pacientes ao redor;
4. Evite a tentação de
pensar que Deus vai curar todas as pessoas por quem você orar. Eu já orei
por diversas pessoas e elas foram curadas, outras não. Faleceram após diversas
visitas. Não adianta querermos estar no lugar de Deus. Nosso trabalho é orar e
oferecer um ombro amigo, o que passar disso é com o Criador. Nos contentemos
com nossa impotência diante dos males do mundo! Jesus disse certa vez a seus
discípulos: “Em verdade vos digo que muitas viúvas existiam em
Israel nos dias de Elias, quando o céu se cerrou por três anos e seis meses, de
sorte que em toda a terra houve grande fome; e a nenhuma delas foi enviado
Elias, senão a Sarepta de Sidom, a uma mulher viúva”. (Lucas 4:25,26);
5. Alerte ao grupo
para que se mantenha focado. É preciso atenção ao doente e à
sua condição. Divagar sobre assuntos que não tem nada a ver e até podem ser
abordados em outra hora é desnecessário. Alerte também para que o grupo evite
beber água ou comer na casa de um enfermo, a menos que isso seja extremamente
necessário ou seja oferecido pelos familiares. Evite as conversas paralelas e
cantar alto ou de maneira que incomode pessoas não evangélicas que estejam no
mesmo ambiente. Oriente a todos para que escolham seus versículos, de forma
adequada à visitação e sejam concisos no que vão falar;
6. Respeite as regras
do hospital. Se a visita for a um hospital, respeite os horários. Ainda que um
ministro do evangélico seja, por Lei, autorizado a entrar a qualquer momento
num hospital para prestar assistência espiritual a um doente, há horários para
ministração de remédios e outros fármacos, nos quais somente as pessoas
habilitadas tecnicamente para isso devem estar na sala. Por falar em sala de
hospital, há quadros clínicos complexos, nos quais o doente está na UTI e
outros lugares mais restritos, nos quais somente uma pessoa pode entrar de cada
vez. Não é maldade do corpo médico, é precaução. Então, respeite os
profissionais de saúde e as regras do próprio hospital ou clínica;
7. Nunca balance um
doente ou o faça sentar ou levantar sem permissão médica. Temos um
costume mais efusivo ao encontrar alguém querido. Apertamos fortemente suas
mãos, o abraçamos, etc. Porém, há casos em que o doente sente dores pelo corpo
e esse balanço é extremamente desconfortável. Às vezes, o
problema é uma cirurgia numa costela quebrada, uma prótese num dedo da mão, num
ombro, e por aí vai. Na dúvida não chacoalhe a pessoa que está sendo visitada,
especialmente se ela estiver deitada ou com alguma parte do corpo imóvel;
8. Evite perguntas
sobre que tipo de doença assola a pessoa visitada. Às vezes a
doença é numa região íntima do corpo e a pessoa sente vergonha de falar.
Noutros casos são doenças graves e as pessoas estão vivendo o terror de se
adequar à nova rotina. É bem simples: Se não ficar claro de início, evite o
constrangimento a si mesmo e ao enfermo! Há pessoas inconvenientes que pedem
para ver cicatrizes, próteses, feridas, etc. Precisamos entender que muitos
preferem não expor tais partes do corpo. Só isso. Sua oração não terá mais ou
menos eficácia se você não souber qual a enfermidade que debilita o irmão,
então…
9. Evite expor a
intimidade do lar das pessoas visitadas. Às vezes é aquela foto sem
compromisso, mas ao ser publicada foi junto a TV, o computador, os móveis de
uma sala ou quarto, criando sério risco de assaltos, etc. Todos os
especialistas em segurança recomendam discrição ao expor o interior de uma casa
e já há inúmeros casos de ladrões se aproveitando de fotos para arrombar ou
furtar residências. Não devemos contribuir para isso! Se for extremamente
necessária uma foto procure um ângulo que não exponha objetos de valor. Outro
problema é a exposição de uma mobília de menor valor, com poucos e velhos
móveis e eletrodomésticos, constrangendo igualmente o doente;
10. Foto só com
autorização expressa do doente ou da família! É uma regra de ouro. Você vai
visitar com tanta boa vontade, leva a juventude, leva alguns amigos, etc. O
visitado está debilitado por febres, um diabetes, AIDS ou câncer. Por estar em
casa, sem esperar uma visita, às vezes, mal vestido, cabelo por pentear, boca
por escovar, sem dentadura, etc. Mas você quer mostrar produção, aí faz aquele selfie (tem gente que já anda
com o extensor!) e publica em suas redes sociais*. Não se espante se esta
atitude trouxer graves problemas com a família. Então, se não for autorizado,
sem forçar a barra, não faça a foto e verifique se pode
postar em suas redes sociais. Do contrário, evite! Mesmo que sua intenção seja
das melhores possíveis. E não se preocupe que seu pastor ou dirigente não veja,
Deus está vendo e dará sua retribuição. Ainda que o doente diga que ninguém o
visitou, sua consciência estará tranquila. Por capricho pessoal evito colocar
fotos de pessoas visitadas em meu perfil, quaisquer que sejam, nem celular levo
para não me sentir tentado. Isso não me diminui diante de Deus ou dos demais;
11. Evite sorrir e
fazer gracejos. Infelizmente, pessoas vão visitar um doente e se põem a sorrir,
tagarelar e contar piadas. Outros ainda transpõem essa reação para as
fotografias. É terrível. Pura falta de educação e senso de ridículo. Um quarto
de enfermaria ou de uma casa pede sobriedade. Claro que ninguém precisa dar uma
de carpideira, mas que algumas fotos transparecem felicidade com a desgraça
alheia não tenha dúvidas;
12. Se possível leve
dinheiro. Lembre-se da recomendação de Tiago: Meus irmãos, que aproveita se alguém
disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? E, se o
irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano,
e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e não
lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí? (Tiago
2:14-16). É de muito mau gosto visitar alguém doente e reconhecidamente
necessitado e não ajudar em nada. Mas atenção: se você apenas suspeita que o
irmão está necessitado, pergunte a alguém da família. Evite constranger o irmão
ao perguntar diante de todos se ele precisa de alguma coisa.
Se a visita se
refere a presídios e lugares semelhantes evite entrar nas celas, contato
visual (encarar) ou tocar nas pessoas visitadas. Evite também ser portador de
cartas** e recados. Bom senso nunca é demais!
* Recebi uma reclamação de uma pessoa
de determinada família em que os visitantes fizeram a foto com a senhora que
estava sendo visitada de camisola
** Dias desses
houve o caso de uma irmã que estava servindo de pombo
correio entre um traficante e seus comparsas do lado de fora de
determinado presídio. E sem saber. Toda vez que ia visitar trazia uma carta e
entregava a alguém, eram instruções de crimes!