10 julho 2019

O Sacerdócio Levítico e o Ministério Cristão

“Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas daqueles estavam sendo esquecidas na distribuição diária. E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: 

- Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas.  Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais encarreguemos deste serviço.  Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra.” (Atos 6.1-4)


Muitos evangélicos, especificamente pastores, confundem o Ministério Cristão com o Sacerdócio Levítico e, por conta disso, há muita confusão e problemas desnecessários, nas administrações de Igrejas.

Diante da experiência ministerial de alguns líderes evangélicos, eu sou apenas um menino, pois, mesmo sendo presbítero há onze anos, eu nunca dirigi uma Igreja, embora já tenha auxiliado a vários pastores e atuo como professor da Escola Bíblica Dominical há dezenove anos.

O fato é que o atual modelo de administração eclesiástica, especificamente o assembleiano do qual faço parte, está falido e muito distante dos parâmetros da Igreja Primitiva.

Ora, o Sacerdócio da Antiga Aliança não é o modelo de liderança para a Igreja. Há muitas diferenças entre ambos e eu gostaria de colocar as principais abaixo:

1) Os sacerdotes eram mediadores entre Deus e a Congregação de Israel. Os sacerdotes, especificamente o Sumo sacerdote, eram tipos de Cristo e, como tal, faziam o papel de mediadores entre o povo de Israel e Deus. Os ministros do Novo Testamento não exercem este ofício.

2) Os sacerdotes exerciam papel de juízes. Os sacerdotes, especificamente no período teocrático, como nos casos de Eli e Samuel, exerciam o papel de juízes da Nação, não apenas em questões religiosas, mas, em questões civis e criminais. Este também não é papel dos ministros da Nova Aliança, pois, isso é papel do estado.

3) O sacerdócio da Antiga Aliança era hereditário e automático. Todos os filhos de Aarão eram naturalmente sacerdotes e o filho mais velho era o sucessor automático do Sumo sacerdote. Na Nova Aliança não existe isso. Os ministros são chamados individualmente por Deus, sem critérios genealógicos.

4) O sumo sacerdote era o administrador do Templo e os sacerdotes os seus auxiliares. Não podiam ter outras atividades além do sacerdócio e não tinham herança em Israel. As demais tribos os sustentavam através dos dízimos e ofertas. Estas contribuições eram semelhantes aos impostos nos dias de hoje.


Isto posto, faço agora algumas considerações sobre os ministros da Nova Aliança, à luz dos escritos do Novo Testamento:

1) Os Ministros do Evangelho no Novo Testamento não são considerados mediadores entre Deus e os homens. Este papel é exercido por Jesus (1 Tm 2.5). O ministro do Novo Testamento é um servo da Igreja.

2) Os pastores do Novo Testamento não são juízes de questões civis e criminais. As questões que os pastores tratavam eram teológicas e referentes à doutrina ou ao pecado.

3) Os pastores do Novo Testamento não eram administradores de Igrejas. Este papel era exercido pelos diáconos. Em Atos 6, na instituição dos diáconos, Pedro deixa claro que não é razoável que os pastores deixem a pregação do Evangelho e a oração, para cuidar de assistência social. Lamentavelmente, hoje vemos pastores, que deveriam estar pregando o Evangelho, visitando doentes e orando, sendo secretário, tesoureiro, cuidando de construção, sendo deputados e uma série de atividades que nada tem a ver com a função de pastor no Novo Testamento.

4) Os Ministros do Novo Testamento não são donos ou dominadores da Igreja. Pedro falou que os Presbíteros devem apascentar o rebanho de Deus, não como dominadores, mas, servindo de exemplo ao rebanho.

5) Os Ministros do Novo Testamento não são intocáveis ou inquestionáveis. A ideia de líderes mundiais que não podem ser questionados nem dar satisfação dos seus atos a ninguém, não está no Novo Testamento. Paulo repreendeu a Pedro em Antioquia, quando este se afastou dos gentios para não 'se queimar com os judeus'. Pedro também teve que se explicar para a Igreja em Jerusalém, após ter batizado Cornélio e comido em sua casa.


Para concluir, eu acho que as Igrejas precisam urgentemente, restabelecer o modelo do Novo Testamento, onde os pastores cuidavam da parte espiritual, orando, ensinando e evangelizando; e a parte administrativa e assistencial era feita pelo diaconato.


É preciso urgentemente acabar com as capitanias hereditárias, nepotismo eclesiástico, ditaduras, estrelismo e politicagens convencionais. Isto é incompatível com a pureza e simplicidade do Evangelho.


Que Deus nos guarde!


Pb. Weliano Pires

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