No terceiro tópico, veremos as principais características do pentecostes bíblico. Inicialmente, veremos que o Pentecostes foi uma experiência específica, distinta da salvação, pois aqueles discípulos já eram salvos. Em segundo lugar, veremos que foi uma experiência definida e contínua, pois os crentes “começaram a falar em outras línguas” e este fato se repetiu em outras ocasiões. Por último, veremos que o falar em línguas foi a evidência inicial de que os discípulos foram cheios do Espírito Santo e não o amor ou a alegria.
1. Uma experiência específica. A primeira característica do Pentecostes bíblico é que ele é uma experiência específica. Isto significa que o batismo do Espírito Santo é uma experiência diferente da salvação. Infelizmente, há muita confusão, sobre a obra do Espírito Santo. Muitas pessoas confundem a entrada do Espírito Santo no crente, por ocasião da sua conversão, com o batismo no Espírito Santo. Outros pensam que aqueles que não são batizados no Espírito Santo não tem o Espírito Santo. Há ainda os chamados cessacionistas, que dizem que o batismo no Espírito Santo e os dons espirituais cessaram após a conclusão das Escrituras.
A entrada do Espírito Santo no crente, quando ele se converte, é indispensável à salvação, pois é Ele que opera o novo nascimento e Jesus disse que “aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus.” (Jo 3.3). Paulo também disse que “se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”. (Rm 8.9 c). O batismo no Espírito Santo, por sua vez, não está relacionado à salvação. É um revestimento de poder, para os que já foram salvos, serem testemunhas de Cristo, com ousadia e poder (At 1.8). Serve também para capacitar o crente para uma vida cristã vitoriosa (At 6.8-10) e de adoração mais profunda (1 Co 14.26), conforme falamos no tópico anterior.
2. Uma experiência definida e contínua. O comentarista nos diz que o batismo no Espírito Santo é uma experiência definida e contínua. O texto bíblico diz que os discípulos “começaram a falar em outras línguas..”. Isso nos mostra que a evidência inicial do batismo no Espírito Santo é o falar em outras línguas. Evidentemente houve também outros sinais que se seguiram após o batismo no Espírito Santo, mas em todos os casos que vemos na Bíblia, mostram que as pessoas batizadas no Espírito Santo falaram em outras línguas.
No dia de Pentecostes, os discípulos foram cheios do Espírito Santo e falaram em “outras línguas”. Posteriormente, em Samaria, após a pregação de Filipe, com a chegada de Pedro e João, foram impostas as mãos sobre os que que creram e eles também foram batizados no Espírito Santo. Nesse caso, o texto não diz explicitamente que eles falaram em línguas. Porém, houve um sinal visível de que foram batizados, pois até o mágico Simão percebeu e ofereceu dinheiro para conseguir este dom (At 8.17,18). Na casa do Centurião Cornélio, as pessoas que ouviram a mensagem pregada por Pedro também foram batizadas no Espírito Santo e também falaram em línguas (At 10.46). Depois, em Atos 19, o apóstolo Paulo encontrou um grupo de 12 discípulos em Éfeso, que desconheciam a Doutrina do Espírito Santo. Depois de explicar sobre o Espírito Santo, Paulo impôs-lhes as mãos e eles também falaram em línguas (At 19.1-6).
A Doutrina Pentecostal clássica ensina desde os primórdios, que a evidência inicial do batismo no Espírito Santo é o falar em línguas desconhecidas. Este também é o posicionamento das Assembléias de Deus, desde a sua fundação. Podemos ver isso claramente na Declaração de Fé das Assembleias de Deus de 1916:
“O batismo dos crentes no Espírito Santo é testemunhado pelo sinal físico inicial de falar em outras línguas conforme o Espírito de Deus lhes dá capacidade de falar.'' (At 2.4).
3. As línguas e o amor. Conforme vimos acima, a evidência inicial do batismo no Espírito Santo é o falar em línguas. Isso está claro no Livro de Atos. Por que o comentarista falou sobre as línguas e o amor neste ponto? É porque alguns pentecostais na atualidade dizem que as línguas não são a evidência do batismo no Espírito Santo e sim o amor. Entretanto, não é isso que a Bíblia ensina.
Evidentemente, o amor é indispensável ao cristão, pois não é possível ser cristão sem amor, mesmo que não seja batizado no Espírito Santo. O amor de Deus foi derramado em nossos corações desde a nossa conversão e nos identifica como cristãos. A primeira virtude do Fruto do Espírito Santo é o amor. Além disso, Paulo coloca o amor como uma virtude superior aos dons do Espírito Santo (1 Co 13). Entretanto, o apóstolo não colocou o amor como evidência do batismo no Espírito Santo, mas de crescimento espiritual e maturidade.