(Rev. Hernandes Dias Lopes)
A
Reforma Protestante do Século XVI foi o maior movimento na igreja cristã depois
do Pentecostes. Não foi uma inovação, mas uma volta ao cristianismo puro e
simples, uma retomada da doutrina apostólica, um retorno às Escrituras. A
igreja cristã havia se desviado da verdade, e introduzido doutrinas e práticas
estranhas às Escrituras. O culto às imagens, a mediação dos santos, a veneração
a Maria, a salvação pelas obras, o confessionário, o purgatório, as relíquias,
as indulgências e a infalibilidade papal foram desvios gritantes que
encontraram guarida na igreja. Era urgente uma Reforma, e Deus preparou o
momento e as pessoas certas para essa volta às Escrituras. No dia 31 de Outubro
de 1517, o monge agostiniano Martinho Lutero, fixava nas portas da igreja de
Wittenberg suas noventa e cinco teses contras as indulgências, deflagrando,
assim, esse decisivo movimento.
Hoje,
ao olharmos o cenário religioso brasileiro constatamos que a igreja evangélica
precisa de uma nova Reforma. Desviamo-nos do caminho da ortodoxia. As verdades
essenciais da fé evangélica estão ausentes de muitos púlpitos chamados
protestantes. Novidades estranhas às Escrituras têm sido introduzidas nas
igrejas sob a conivência de uns e o silêncio de outros. A igreja protestante já
não protesta mais. Somos chamados de evangélicos, mas o puro evangelho está
escasseando em muitas igrejas. Temos influência política, mas falta-nos
autoridade moral. Temos poder econômico, mas falta-nos poder espiritual. Temos
um explosivo crescimento quantitativo, mas falta-nos o crescimento qualitativo.
Precisamos de uma nova Reforma. Alistaremos a seguir três motivos que exigem
uma nova Reforma já.
1.
Porque o liberalismo teológico tem assaltado muitas igrejas em nossa Pátria – O
mesmo liberalismo que devastou as igrejas na Europa, e na América do Norte
chegou às terras brasileiras, e seu fermento maldito está presente em muitos
seminários, e este veneno letal tem sido espalhado das cátedras para os
púlpitos e dos púlpitos para os crentes e assim, muitas igrejas já não crêem mais
na inerrância e suficiência das Escrituras. Em consequência desse colapso
espiritual há algumas igrejas que defendem um concubinato espúrio entre
cristianismo e evolucionismo, negando a realidade da criação, conforme registrada
em Gênesis 1 e 2.
2.
Porque o misticismo sincrético tem invadido muitos arraiais evangélicos – Temos
visto a igreja evangélica brasileira capitular-se ao misticismo pagão. O
verdadeiro evangelho está ausente de muitos púlpitos. Prega-se sobre prosperidade
e não sobre salvação; prega-se sobre curas e milagres e não sobre arrependimento
e novo nascimento; o lucro substituiu a mensagem da salvação em muitas igrejas.
Temos visto igrejas se transformando em empresas, o púlpito em balcão, o
evangelho num produto e os crentes em consumidores. Além desse descalabro,
muitas crendices têm substituído a verdade em muitas igrejas. Esses crentes
incautos têm se alimentado do farelo do sincretismo, em vez de serem nutridos
pelo Pão da Vida. Há crentes, que olham para a Palavra de Deus como um livro
mágico e consultam a Bíblia como se ela fosse um horóscopo. Há aqueles que
colocam um copo d’água sobre o aparelho de televisão, enquanto o suposto homem
de Deus ora, pensando que essa água "benzida" tem poder extraordinário.
Essas práticas não são bíblicas e devem ser reprovadas. Urge, certamente, uma
nova Reforma.
3.
Porque muitas igrejas se acomodaram a uma ortodoxia morta – A Reforma restaurou
não apenas a supremacia das Escrituras e a primazia da pregação, mas também,
enfatizou a necessidade de uma vida piedosa. Não podemos separar a teologia da
vida; a doutrina da prática; a ortodoxia da piedade. Não basta conhecer a
verdade, precisamos ser transformados por essa verdade. Na Igreja Reformada
encontramos teologia pura e vida santa.
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