28 janeiro 2019

O dilema entre ajudar as vítimas e punir os culpados


Em uma pequena cidade, morava o poderoso Dr. Aristóteles. Era dono de uma enorme fazenda, responsável por toda a produção de feijão, milho e arroz e criava muito gado, para a produção de leite e carnes. Possuía também vários caminhões, que escoam a toda a produção, abastecendo a cidade e a região circunvizinha.
O Dr. Aristóteles não respeitava as leis e, por ser poderoso e responsável pela sobrevivência da população, as autoridades faziam vistas grossas aos seus abusos e crimes. Os trabalhadores da sua fazenda trabalham em sem nenhuma proteção; os motoristas dos seus caminhões não possuíam habilitação e dirigiam embriagados; os caminhões transportavam cargas acima de suas capacidades e não atendiam as condições mínimas de segurança. Tudo isso, é claro, para que o Dr. Aristóteles aumentasse cada vez mais os seus lucros.
Certa vez, um dos seus motoristas transportava uma carga acima da capacidade do caminhão. O caminhão estava com os pneus carecas e não passava por revisão há muito tempo. O motorista sem habilitação e alcoolizado, dirigia em alta velocidade.
Um policial rodoviário viu aquilo e nada fez, pois, percebeu que o caminhão era do Dr. Aristóteles e ele recebera ordens do seu superior para não incomodá-los, pois, o Dr. Aristóteles movimentava a economia da cidade e gerava muitos empregos. Esta situação se repetia toda semana.
Como era de se esperar, em uma destas viagens, o motorista perdeu o controle e chocou-se com um ônibus que vinha em sentido contrário, cheio de passageiros. A maioria dos passageiros morreu na hora e os sobreviventes sofreram ferimentos graves. Alguns ficaram tetraplégicos.
A Polícia rodoviária veio ao local, mas, com ordens de aliviar para o motorista. No boletim de ocorrência constou que foi apenas ‘um acidente’. Nem o motorista, nem o Dr. Aristóteles foram responsabilizados e tudo continuou como era antes.
Para “aliviar” a situação das vítimas, o motorista do ônibus foi orientado a dizer que o motorista do caminhão não teve culpa, para que assim as vítimas pudessem receber o dinheiro do seguro obrigatório.
Diante de tanta imprudência, irresponsabilidade e descaso criminosos das autoridades, um vereador da cidade, indignado com a situação, tentou de várias formas, alertar que aquilo não fora um acidente comum, mas, uma sequência de atos criminosos. Alertou também, que aquela tragédia iria se repetir. Ninguém lhe deu ouvidos. Ao contrário, permitiram que o Dr. Aristóteles aumentasse a sua frota, com caminhões nas mesmas condições.
O vereador tinha razão. A segunda tragédia aconteceu, em proporções muito maiores. Um dos caminhões do Dr. Aristóteles, com pneus carecas, como de costume, e motorista sem habilitação, faltou freio por falta de manutenção e chocou-se com uma escola, matando dezenas de crianças. Diante da tragédia, equipes de resgates de outras cidades se mobilizaram para socorrer as vítimas. Doadores de sangue estavam a postos. Ambulâncias e bombeiros corriam contra o tempo para salvar as vítimas mais graves. Mas, infelizmente, poucos sobreviveram.
Diante desta tragédia anunciada, o vereador que denunciara o primeiro acidente como criminoso, de novo se manifestou, cobrando a identificação e punição dos responsáveis por estas tragédias criminosas e não naturais. Porém, boa parte da população o acusou de insensível, que só sabe criticar e não se preocupa em ajudar as vítimas. Segundo diziam, aquele não era momento de apontar culpados, mas, de se preocupar com as vítimas.

Já dizia Victor Hugo:
“Quem poupa o lobo, sacrifica a ovelha.”

Este relato é uma ficção. Qualquer semelhança com os nomes ou acontecimentos reais, terá sido mera coincidência.

Weliano Pires


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