08 novembro 2013

A criminalidade na USP e as suas causas / Resposta ao Jornal do Campus.

Sou agente de Vigilância da Guarda Universitária. Trabalho na USP há 11 anos, três deles na Guarda Universitária. Li um texto no Jornal do Campus, órgão de imprensa dos alunos da ECA-USP, o qual noticiava o aumento de ações criminosas na USP, relatando os depoimentos de algumas vítimas e questionava a presença da PM dentro Campus. 

A princípio, quero me solidarizar com estas vítimas e lamentar pelo que lhes acontecera. Entretanto, quero dizer que conheço muito bem, o 'antes' e o 'depois' da entrada da PM no Campus da Capital. Antes da atuação da PM, aconteciam furtos, assaltos, sequestros, furtos e violações de veículos, agressões, etc. quase diariamente. Além disso, crimes como estupro e atentado ao pudor e até assassinato, ocorreram na USP. 

Após o convênio firmado entre a USP e a Polícia Militar, os índices de criminalidade na USP caíram cerca de 70%. Nós da segurança, hoje trabalhamos com muito mais segurança, uma vez que estamos direcionados ao trabalho preventivo e de orientação à comunidade USP. Não temos poder de polícia e não usamos armas. Ficávamos a mercê do perigo, correndo atrás de bandidos, sem nenhuma proteção e sendo cobrados, por uma função que não é nossa. Um dos nossos agentes chegou a ser levado cativo e passou por momentos de terror nas mãos de um marginal que ameaçava queimá-lo vivo. Escapou por um milagre. 

Hoje, quando se trata de crimes e perseguição a bandidos é a Polícia que vai na frente. Nós damos todo apoio à vitima, registramos a ocorrência, reunimos dados que podem colaborar no esclarecimento dos crimes e tomamos medidas que possam evitar que o fato se repita. Entretanto, concordo que os assaltos têm crescido ultimamente nas regiões citadas e dentro dos ônibus. Eu mesmo já atendi a pessoas que foram assaltadas. Esse fato ocorre principalmente pelo fato de a USP ter um acesso livre à Comunidade São Remo, onde a maioria dos criminosos que já foram presos na USP vivem. A maioria desses criminosos são menores de idade e não ficam presos. Diante desses fatos, não acho que se deva questionar a presença da PM no Campus, mas, tomar medidas, no sentido de fechar esses acessos à Comunidade, para dificultar a fuga desses bandidos e, reforçar o efetivo da PM. 

A criminalidade tem assolado não apenas a USP, mas, o Brasil inteiro, pelos seguintes motivos:

1) Código penal ultrapassado, com penas muito brandas, que se constituem em um verdadeiro incentivo à criminalidade. Para se ter uma ideia, se um criminoso matar alguém e não for preso em flagrante, se for réu primário, tiver endereço e emprego fixos, responde ao processo em liberdade. Se for condenado, o que é muito difícil, cumprindo 1/6 da pena entra para o regime semi-aberto e passa o dia na rua, indo apenas dormir na prisão. Muitos deles nem voltam.

2) A maioridade penal aos 18 anos. Apegando-se nisso, os menores de 18 anos cometem as maiores barbaridades, pois sabem que não podem ser presos. O crime organizado tem usado aos menores em ações criminosas, porque sabem que não serão presos.

3) Receptação de produtos ilícitos. A quantidade de pessoas e empresas que compram produtos de origem criminosa é muito grande. Um bandido que rouba um Smartphone vende-o com muita facilidade. É preciso que o estado brasileiro seja mais enérgico, para punir a receptação.

4) A existência de comunidades (favelas) com difícil acesso e sem endereço, onde bandidos se escondem facilmente. Nestas áreas a população fica refém dos criminosos e não os denunciam. Eles se escondem em vielas e dificilmente a polícia os encontra. 

5) O pensamento de esquerda, que acredita que os bandidos são vitimas da sociedade e não o contrário. Com o apoio de defensores dos ‘direitos humanos’ essas pessoas estão sempre defendendo bandidos e perseguindo policiais. 

Na USP, enquanto a Universidade estiver aberta dia e noite para entrar e sair qualquer um, sem identificação e sem nenhum vínculo com a Universidade será praticamente impossível diminuir a criminalidade. A comunidade USP também precisa se conscientizar de que a USP não é um ‘convento’ ou um ambiente que só tem pessoas de boa índole e adotar medidas de segurança, como evitar deixar objetos de valor à vista, evitar andar sozinho em horários noturnos, controle de acesso, etc. Se enfrentarmos estas questões, certamente os índices de criminalidade diminuirão. Caso contrário, irão crescer a cada dia e salve-se quem puder.

Weliano Pires
Agente de Vigilância da Universidade de São Paulo.

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